Gurdjieff

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Quem é Gurdjieff?

segunda-feira, dezembro 28, 2009

Uma Técnica de Magia Sexual

A magia sexual encanta o homem ocidental. No Oriente é chamada de "Tantrismo" ou "Caminho do Diamante". Não há país que não a conheça, não a povo que não a glorifique. "Magia Sexual" é explorar o centro sexual de modo a vivificar e animar os demais centros e tornar o homem pleno, integral.
Sob várias denominações ela persiste ao longo dos séculos. Empiricamente todos os povos antigos a descobriram e mesmo um rude habitante de uma ilha inóspita do Pacífico pode descobrir a esmo alguns de seus princípios mais elementares.
A técnica básica de magia sexual consiste no seguinte, ao menos para produzir o "andrógino perfeito".
A produção do andrógino perfeito pressupõe a união de dois seres que se amam, adoram-se mutuamente. Em conjunção amorosa plena (o homem deitado de forma ereta e a mulher deitada sobre ele, ambos completamente nus e beijando-se) inicia-se o processo yogue que evoluciona em direção à penetração plena. O leito deve ser coberto por um lençol azul (os detalhes do uso do lençol são dispensados por hora) e o conúbio carnal deve ser realizado por, pelo menos, três vezes.
A resultado de três espécies de fluídos (tipicamente astrais ou do baixo astral, fluídos corpóreos oriundos dos perfumes ou do cheiro natural dos pares e os fluídos sexuais-seminais) combina-se no lençol e dá origem à forma que poderá, ou não, transformar-se no andrógino perfeito (não se trata simplesmente de um súcubo ou íncubo).
O andrógino perfeito só se manifesta vigorosamente quando o componente masculino repousa no estado intermediário entre o sono e a vigília e num tênue lapso de tempo não só vocaliza como também por gestos sensíveis (o futuro novo SER é totalmente astral) expressa sua vontade de tornar-se algo. Cabe ao mago decidir se ele deve ou não materializar-se e cumprir seus propósitos.

quinta-feira, dezembro 24, 2009

Oração - Malba Tahan

Neste período natalino tão importante por dar vasão aos mais belos laços que unem homens e mulhereres, gostaria de transcrever a bela prece de Telassim, filha do Cheque a quem Beremiz Samir - o famoso personagem do "Homem que Calculava" de Malba Tahan - dava suas lições.

"- Ó Deus Onipotente, Criador do Céu e da Terra, perdoa a pobreza, a pequenez, a puerilidade de nossos corações. Não escutes as nossas palavras, mas sim os nossos gemidos inexprimíveis, não atendas as nossas petições, mas ao clamor de nossas necessidades. Quanta vez pedimos aquilo que possuímos e deixamos desaproveitado! Quanta vez sonhamos possuir aquilo que nunca poderá ser nosso!
Ó Deus, nós Te agradecemos por este mundo, por nosso grande lar; por sua vastidão e riqueza, e pela vida multiforme que nele estua e de que todos fazemos parte. Louvamos-Te pelo esplendor do céu azul e pela brisa da tarde, e pelas nuvens rápidas e pelas constelações nas alturas. Louvamos-Te pelos oceanos imensos, pela água corrente, pelas montanhas eternas, pelas árvores frondosas e pela relva macia em que os nossos pés repousam. Nós Te agradecemos os múltiplos encantos com que podemos sentir, em nossa alma, as belezas da Vida e do Amor!
Ó Deus, Clemente e Misericordioso, perdoa a pobreza, a pequenez, a puerilidade de nossos corações".

Que as mesmas forças cósmicas que produziram este poema e fizeram vir ao mundo o poeta, matemático e escritor, o professor brasileiro inesquecível, Júlio César de Mello e Souza nos iluminem e alavanquem nossas vidas!

Glória ao Grande Arquiteto do Universo e a todos os grandes Seres que vivem e viveram nesta grandiosa obra de arte viva que é o Planeta Terra.

Abraços fraternais,

Leo

domingo, dezembro 20, 2009

Progressos em Magia Sexual

Todo progresso ulterior em magia sexual pressupõe o domínio absoluto do conceito de "Ágape", o verdadeiro amor. Não o confundamos com o "amor" que interpretações baratas do Novo Testamento fizeram equivaler ao "conceito 'cristão' do amor" ou algo mais amplo mas o entendamos como a conjunção direta, esplêndida e mágica do "phalus" masculino e a "vulva feminina". Não há lugar para falsos moralismos no trato de questões tão sublimes, tão afeitas aos verdadeiro iniciado que na própria India Sagrada se metamorfoseiam no culto do "Lingam". Sem progressos nesse mister não se verificam quaisquer avanços. Sem o amor genuíno entre um homem e uma mulher qualquer incursão no terreno da união mística via comunhão dos sexos é fadada ao insucesso. Porém poucos são aqueles capazes de dar a fórmula iniciática composta por instruções práticas para os primeiros passos nessa Grande Arte ou, como dizem alguns iniciados, nessse "grande arcano". Apenas o clarividente ou aquele que dotado pelo Cosmos da virtude de estabelecer comunicação direta com grandes inteligências ou o aquinhoado pelo conhecimento de técnicas milenares e arcanas que propiciem a yoga sexual - sim, a união, portanto YOGA sexual - estão aptos a falar sobre o assunto. Sim, e YOGA entre homem e mulher é algo sutil e acessível a poucos neste mundo material e denso em que os sexos apenas se vêem como instrumentos imediatos do prazer sensual.
Este é um tema delicado que pode ser proferido apenas diante de um público seleto.

sexta-feira, dezembro 11, 2009

Magia Sexual

Sob a denominação de "magia sexual" nós ocidentais nos acostumamos a engolir durante décadas uma grotesca mistura do que os leigos consideram "tantrismo da mão esquerda" e um amontoado de lugares comuns tirados de livros do calibre do célebre opúsculo publicado no Brasil e que para a desonra do Bispo, Intelectual e Mago de Cartago decidiram batizar de "Livro de São Cipriano".
Magia Sexual na verdade é uma forma de união com o absoluto através da carne, não a dissolução no todo universal, na "anima mundi" mas o encontro do todo através da conjunção carnal. Este é um dos grandes mistérios da vida humana que vários tentaram desvendar sem sucesso mas a chave para sua solução é mais simples e direta do que se supõe.
Se admitirmos que existem várias "yogas", várias formas de se unir ao absoluto, devemos igualmente admitir que há vários objetivos e várias maneiras de encarar a espiritualidade. O SEXO aparece então como um instrumento para o alcance de um nível superior de consciência e, por definição de SER, por estabelecer os meios práticos para a geração de um corpo mais sutil, pois sabemos que da união do princípio masculino ao feminino ou se origina o novo ser carnal ou se fabrica o corpo espiritual em escala menos densa, mais etérea. Esta é a verdadeira magia sexual.
No Ocidente Austin Osman Spare, um dos amigos de Aleister Crowley e criador da Magia do Caos exerceu importante papel no sentido de desenvolver uma abordagem original da magia sexual embora tenha sido acusado pela "besta" de ser um "irmão negro" (epíteto usualmente atribuído ao próprio Crowley).
A abordagem mais sensata e realista tanto do papel do sexo no interior da máquina humana (dividida por sua vez em centros diferentes) pode ser atribuída ao inesquecível Professor de Dança GEORGES ILLITCH GURDJIEFF que via na relação entre o homem e mulher a operação do hidrogênio 12 e a possibilidade de, através de um choque externo, ser impulsionada a criação do corpo sutil do homem. Sobre estes e outros mistérios e as técnicas para obtenção de resultados em MAGIA SEXUAL falaremos em outra ocasião.

terça-feira, outubro 20, 2009

sexta-feira, outubro 16, 2009

Não Tagarelar

Em meio ao corre-corre do cotidiano e no ambiente de trabalho nada tão comum e atordoante quanto o hábito arraigado e despropositado de certas pessoas e colegas de falar pelos "cotovelos" ou falar como um "pagagaio". Em sua versão mais radical, é claro, pois em geral as pessoas se limitam a falar demais ou falar mais do que é necessário.

A observação e coerção do hábito de falar em demasia é tão importante quanto o enfrentamento da identificação e da consideração. Uma pessoa que não consiga "dobrar a própria" língua é totalmente inepta o trabalho.

"Para a maioria de nós, a principal dificuldade, como ceso se constatou, era o hábito de falar. Ninguém via esse hábito em si mesmo. Ninguém podia combatê-lo, porque estava sempre ligado a alguma característica que o homem considerava positiva nele. Se falava de si mesmo ou dos outros, é porque queria ser 'sincero' ou porque desejava saber o que um outro pensava ou também porque queria ajudar alguém, etc., etc...

Percebi rapidamente que a luta contra o hábito de tagarelar ou, em geral, de falar mais do que é necessário, podia tornar-se o centro de gravidade do trabalho sobre si, porque esse hábito tocava tudo, penetrava turo e era, para muitos de nós, menos notado. Era verdadeiramente curioso observar como, em qualquer coisa que o homem empreenda, este hábito (digo 'hábito' por falta de outra palavra; seria mais correto dizer este 'pecadao' ou esta 'calamidade') apossavam-se imediatamente de tudo".

Há entretanto que tomar guardar contra o 'silêncio completo'.

"- O silêncio completo é mais fácil, disse, quando tentei comunicar-lhe minhas idéias as respeito. O silêncio completo é simplesmente um caminho fora da vida, bom para para um humem no deserto ou num mosteiro. Aqui falamos do trabalho dentro da vida. E pode-se guardar o silêncio de maneira tal que ninguém perceba. O problema todo é que dizemos coisas em demais. Se nos limitássemos apenas às palavras realmente indispensáveis, só isto poderia ser chamado 'guardar silêncio'. E é assim com tudo: com a comida, os prazeres, o sono; para cada coisa, o que é necessário tem um um limite. Além dele, começa o 'pecado'. Tente captar bem isto: o 'pecado' é tudo aquilo que não é necessário'".

O Exercício do "Stop"

No sistema de Gurdjieff o conhecimento de si mesmo e o estudo de si parte da observação do próprio corpo, seus movimentos, gestos e posturas. As funções motoras são indissociáveis das demais funções que caracterizam a 'máquina humana' e qualquer um que queira satisfatoriamente prosseguir no quarto caminho deve esforçar-se para dominá-las.

" - Cada raça, disse, cada época, cada nação, cada país, cada classe, cada profissão, possui um número definido de posturas e de movimentos que lhe são próprios. Os movimentos e as posturas, ou atitudes, sendo o que há de mais permanente e imutável no homem, controlam tanto sua forma de pensamento domo sua forma de pensamento como sua forma de sentimento. Mas o homem nem mesmo faz uso de todas as posturas e de todos os movimentos que lhe são possíveis. Cada um adota certo número delas, conforme a sua individualidade. Assim, o repertório de posturas e movimentos de cada indivíduo é muito limitado".
"(...) O homem é incapaz de mudar a forma de seus pensamentos e de seus sentimentos enquanto não tiver mudado seu repertório de posturas e movimentos do pensamento e do sentimento, e cada um tem um número determinado delas. Todas as posturas motoras, intelectuais e emocionais estão ligadas entre si".
"É uma ilusão crer que nossos movimentos sejam voluntários. Todos os nossos movimentos são automáticos. E nossos pensamentos, nossos sentimentos também o são. O automatismo de nossos pensamentos e de nossos sentimentos corresponde de maneira precisa ao automatismo de nossos movimentos. Um não pode ser mudado sem o outro. De maneira que, se a atenção do homem se concentrar, digamos, na transformação de seus pensamentos automáticos, os movimentos e atitudes habituais intervirão imediatamente no novo curso de pensamento, impondo-lhes as velhas associações habituais".
"Nas circunstâncias usuais, não podemos imaginar o quanto nossas funções intelectuais, emocionais e motoras dependem umas das outras; e, no entanto, não ignoramos quanto nossos humores e nossos estados emocionais podem depender dos movimentos e das posturas. Se um homem assume uma postura que nele corresponde a um sentimento de tristeza ou de desencorajamento, pode estar certo, então, de que rapidamente se sentirá triste ou desencorajado. Uma mudança deliberada de postura pode provocar nele o medo, a aversão, o nervosismo ou, ao contrário, a calma. Mas como todas as funções humanas - intelectuais, emocionais e motoras - têm seu próprio repertório bem definido e reagem constantemente umas sobre as outras, o homem nunca pode sair do círculo mágico de suas posturas".
"Mesmo que um homem reconheça essas ligações e empreenda lutar para livrar-se delas, sua vontade não é suficiente. Devem compreender que esse homem tem apenas vontade bastante para governar um só centro por um breve instante. Mas os outros dois centros opõem-se a isso. E a vontade do homem nunca é suficiente para governar três centros ao mesmo tempo".


O que é o STOP?


G.I.Gurdjieff transmitiu ao ocidente uma antiga técnica psico-fisiológica aprimorada no Ocidente que se tornou conhecida como "método do 'Stop'".
O stop consiste:

"Para opor-se a esse automatismo e adquirir um controle das posturas e movimentos dos diferentes centros, existe um exercício especial. Consiste no seguinte: a uma palavra ou a um sinal do mestre, previamente combinado, todos os alunos que o ouvem e o que vêem devem no mesmo instante suspender seus gestos, quaisquer que sejam - imobilizar-se no lugar na mesma posição em que o sinal o surprendeu. Mais aindas, devem não só cessar de se mover, mas conservar os olhos ficos no mesmo ponto que olhavam no momento do sinal, conservar a boca aberta se estiverem falando, conservar a expressão da fisionomia e, se estivessem sorrindo, manter esse sorriso. Nesse estado de 'stop', cada um deve também suspender o fluxo dos pensamentos e concentrar toda a atenção, mantendo a tensão dos músculos, nas diferentes partes do corpo, no mesmo nível em que se encontrava e controlá-la o tempo todo, levando, por assim dizer, a atenção de uma parte do corpo a outra. E deve permanecer nesse estado e nessa posição até que outro sinal convencionado lhe permita retomar uma atitude normal, ou até que caia de cansaço a ponto de ser incapaz de conservar por mais tempo a primeira atitude. Mas não tem nenhum direito de mudar seja o que for, nem o olhar, nem os pontos de apoio; nada. Se não pode aguentar, que caia - mesmo assim, é preciso que caia como um saco, sem tentar proteger-se de um choque. Do mesmo modo, se tivesse algum objetivo nas mãos, deve conservá-lo durante tanto tempo quanto possível; e se as mãos se recusarem a obedecer e o objeto lhe escapa, isto não é considerado falta grave".
"Cabe ao mestre vigiar para que nenhuma acidente aconteça, devido às quedas ou às posições desascostumados, e esse respeito, os alunos devem ter plena confiança em seu mestre e não temer nenhum perigo".
"(...) Um estudo de si mecânico só é possível com a ajuda do 'stop', sob a direção de um homem que o compreenda".

Fonte: OUSPENSKY, P.D. Fragmentos de um ensinamento desconhecido - em busca do milagroso. São Paulo, Ed. Pensamento.

sexta-feira, setembro 18, 2009

Ibn Tufayil - "O Filósofo Autodidata"

TUFAYL, Ibn. O filósofo autodidata. Fundação Editora da UNESP. Coleção Pequenos Frascos, 2005.

PREÂMBULO

Em nome de Deus clemente e misericordioso: que ele cubra com suas bênçãos nosso Senhor Maomé, sua família e companheiros, e lhes conceda a salvação.
Tu me pediste, excelente irmão, sincero e caro – que Deus te dê vida eterna e alegria infinita! – que te revelasse o que pudesse dos segredos da filosofia iluminativa que nos foi comunicado pelo mestre Avicena, príncipe dos filósofos.
Que o saibas: aquele que quer a verdade sem véus deve procurar esses segredos por conta própria e fazer todos os esforços para obtê-los.
Mas teu pedido insuflou-me ardor bastante para fazer-me atingir – Deus seja louvado! – a intuição de um estado extático que não havia experimentado antes, alcançando uma etapa tão extraordinária que nem a língua me todos os recursos do discurso poderiam dar conta dele, porque esse estado não tem relação com a linguagem e é de natureza completamente diferente.
A única relação desse estado com a linguagem é que aquele que alcança uma de suas etapas, em virtude da alegria, do contentamento e da volúpia que sente, não pode calar-se a seu respeito nem guardá-lo para si. Ele é presa de uma emoção, de um júbilo, de uma exuberância, de um regozijo que o levam a comunicar esse estado e a divulgá-lo de uma maneira ou outra.
Se for um homem falto de ciência, ele o fará sem discernimento. Um dentre ele, por exemplo, chegou a dizer: “Que eu seja louvado! Como sou Grande!”. Um outro declarou: “Eu sou a Verdade”. Um outro, por fim: “Aquele que está debaixo desta vestimenta é o próprio Deus!”.
Tendo chegado a esse estado, Al-Ghazali (2 Xeque Abu Hamid) escreveu este verso: “O que ele é, não saberia dizê-lo. Pensa bem dele e não peças para saber o que ele é”. Mas era um espírito afinado pela cultura literária e fortificado pela ciência.
Considera também as palavras de Avempace (3 Ibn Bajja ou Abu Bakr Ibn al Saig) que vêm depois de sua descrição da conjunção ( 4 Conjunção: termo do vocabulário místico que significa a união do intelecto humano com o intelecto divino. É uma das ‘estações’ da progressão mística. Encontraremos esses termos no fim do romance. Na última das ‘sete etapas’ que constituem o desenvolvimento do espírito do herói’.
“Quando se chega a compreender o que quero dizer, vê-se então claramente que nenhum conhecimento pertencente às ciências ordinárias pode ser posto na mesma posição. A compreensão dele é dada numa condição em que nos vemos separados de tudo o que nos precede, munidos de convicções novas que nada têm de material, nobres demais para terem relação com a vida física. Esses estados próprios aos bem-aventurados, libertos da composição que depende da vida natural, são dignos de serem chamados estados divinos. Deus os concede a quem lhe agrada dentre seus servidores”.
Essa condição de que fala Avempace, a ela se chega pela via da ciência especulativa e da meditação, Talvez ele mesmo tenha alcançado esse ponto.
Mas a condição de que falei antes é diferente. Ela é a mesma no sentido de que aí não se revela nada de distinto da evocada por Avempace, mas difere dele por uma clareza muito maior, e porque a intuição aí se produz com uma certa qualidade que chamamos metaforicamente de intensidade, na fatal de encontrar uma linguagem ordinária ou na terminologia técnica um termos próprio que exprima a qualidade de uma tal intuição. Esse estado, cujo sabor tem pedido me levou a sentir, é um daqueles que Avicena assinalou ao dizer:
“Em seguida, quando a vontade e a preparação o conduziram até uma certa etapa, ele capta breves e suaves aparições da verdade, cuja aurora entrevê, semelhantes a clarões que apenas veria brilhar e desaparecer. Se perseverar nessa preparação, essas iluminações súbitas se multiplicam e ele torna-se perito em provocá-las, a ponto de lhe chegarem sem preparação. Em todas as coisas que percebe, só considera a relação delas com a santidade sublime, enquanto conserva uma certa consciência de si mesmo. Em seguida, chega-lhe uma nova iluminação súbita, e pouco falta para que veja a verdade em todas as coisas. Por fim, a preparação o conduz a um ponto em que seu estado momentâneo se transforma em quietude perfeita. O que era furtivo torna-se habitual, o que era luz frouxa torna-se chama brilhante; chega a um conhecimento estável que se assemelha a uma sociedade contínua”.

Avicena descreve assim as etapas sucessivas, até que cheguem à obtenção, um estado no qual

“seu ser interior torna-se um espelho polido orientado para a verdade. Então os gozos do alto se derramam abundantemente sobre ele. Regozija-se em sua alma com os traços da verdade que nela capta. Nessa situação, ele está em relação, por um lado com a verdade, por outro com sua alma, e flutua de uma à outra. Por fim, perde consciência de si mesmo. Só considera a santidade sublime, ou então, se considera sua alma, é somente na medida em que ela contempla. Nesse momento ocorre necessariamente a unificação completa”.

Avicena quer que o sabor possa ser obtido apenas por esses estados que descreveu, e não pela via da percepção especulativa, que é obtida por raciocínios, pondo premissas e tirando conclusões.
Se quiseres uma comparação que te faça claramente captar a diferença entre a percepção assim compreendida e a percepção tal como se a entende habitualmente, imagina um cego de nascença, dotado entretanto de uma boa natureza, inteligência viva e firma, memória seguro, espírito reto. Ele teria crescido desde o nascimento numa cidade onde não teria parado de aprender, por meio dos sentidos que lhe restam, a conhecer individualmente os habitantes, numerosas espécies de seres vivos ou inanimados, a conhecer as ruas da cidade, as ruelas, as casas, os mercados, de modo que possa percorrer a cidade sem guia e reconhecer imediatamente todos aqueles que encontra. Só não conheceria as cores, a não ser pelas explicações dos nomes que têm e por certas definições que as designam.
Supõe que neste ponto seus olhos se abra, que comece a ver, que percorra toda a cidade e que lhe dê a volta: não achará nenhum objeto diferente da idéia que fazia dele, não encontrará nada que não reconheça, encontrará as cores segundo as descrições que lhe tinham sido dadas, e nisso tudo não haverá nada de novo para ele, a não ser duas coisas importantes, uma como conseqüência da outra: uma claridade, um brilho maior e uma grande volúpia.
O estado dos homens de pensamento que não chegaram à fase da familiaridade com Deus é o primeiro estado do cego. As cores que conhece nesse estado pelas explicações de seus nomes são as coisas que Avempace diz que são sublimes demais para serem relacionadas com a vida física, e que Deus concede a quem lhe agrada dentre seus servidores. O estado dos pensadores que chegaram à fase da familiaridade, e aquém Deus doou essa coisa que eu disse que não era chamada intensidade senão metaforicamente, é o segundo estado desse cego. Mas encontra-se raramente um homem que, quando tem os olhos abertos, goze de uma vista sempre penetrante sem ter necessidade de olhar.
Por ‘percepção dos pensadores’ não entendo aqui – Deus te honre com sua familaridade! – o que eles percebem do mundo físico, assim como não entendo por ‘percepção dos familiares de Deus’ o que eles percebem de suprafísico, pois esse dois gêneros de objetos perceptíveis soa muito diferentes entre si e não se confundem um com o outro. O que nós entendemos por ‘percepção dos pensadores’ é o que eles percebem de suprafísico: é o que percebia Avempace. Ora, a condição dessa percepção especulativa é que ela seja verdadeira e fundamentada. Em conseqüência, ela está em conformidade com a percepção própria dos familiares de Deus, que conhecem as mesmas coisas, mas com mais clareza e com extrema volúpia.
Avempace denigre essa volúpia de que falam os sufis (5 Sufis: praticante de uma seita mística do Islã, que visa ao puro amor de Deus sem medo do inferno nem esperança num paraíso). Ele a relaciona com a faculdade imaginativa e se empenha em expor as condições que provocam esse estado de ventura. Mas é preciso lhe responder aqui: não declares como doce o sabor de uma coisa que não experimentaste e não pises a cabeça dos homens de bem. Por ele não manteve esse empenho. É provável que tenha sido impedido pela falta de tempo de que fala e pelo transtorno causado por sua viagem a Ora.; ou viu também que, se descrevesse esse estado, seria levado a condenar sua própria conduta e o encorajamento que havia dado à aquisição, à acumulação de grandes riquezas e ao emprego de meios diversos para consegui-las.
Porém afastei-me mais do que o necessário do assunto que me convidaste a tratar.
Resulta claramente do que precede que teu pedido não pode visar senão a um destes dois fins:
Ou bem desejas conhecer o que vêem os homens que gozam da intuição do gosto, e que chegaram à fase da familiaridade com Deus – mas é uma coisa de que não se pode dar idéia adequada num livro e, desde que se tente, desde que se procure exprimi-la com palavras ou escritos, sua natureza se altera e ela cai n outro gênero: o gênero especulativo. Pois ao se revestir de consoantes e de vogais e ao se aproximar do mundo sensível, ela perde sua identidade originária, e as maneiras de interpretá-la diferem grandemente: alguns se desviam muito do reto caminho, outros parecem ter se desviado quando não é absolutamente o caso. Isso provém de ser uma coisa não delimitada numa extensão exterior, e que envolve ser envolvida.
Ou bem, esse é o segundo fim, pois teu pedido, dizia eu, não podia visar senão a um outro, desejas conhecer essa coisa segundo o método dos filósofos; e aí – Deus te honre com sua familiaridade! – é uma coisa própria a ser consignada em livros e expressa em palavras. Mas ela é mais rara que o enxofre vermelho, sobretudo neste mundo onde vivemos, pois é aí tão estranha, que só um outro homem recolhe dela algumas parcelas. E mais, aqueles que dela recolheram um pouco só falaram por enigmas, uma vez que a religião revelada proíbe que nos entreguemos a essa coisa e nos põe em alerta contra ela.
Não acredites que a filosofia que nos chegou nos escritos de Aristóteles, de Al-Farabi e no Livro da Cura de Avicena satisfaça teu desejo, nem que qualquer dos andaluzes tenha escrito algo que baste nesse domínio. Pois os homens de espírito superior que vivem na Andaluzia antes da difusão da lógica e da filosofia nesse país consagraram a vida às ciências matemáticas. Nelas atingiram um alto grau de perfeição, mas nada mais fizeram. Uma geração de homens os seguiu, e superou-os em certos conhecimentos em lógica, eles ocuparam-se dessa ciência, mas ela não os conduziu à verdadeira perfeição. Um deles disse: ‘È para mim aflitivo que as ciências sejam reduzidas a duas: uma verdadeira impossível de adquirir, e uma inútil, cuja aquisição não serve para nada’.
Veio em seguida uma outra geração de homens mais hábeis na especulação, que se aproximaram mais da verdade. Nenhum deles possuiu espírito mais penetrante, raciocínio mais seguro, vista mais justa que Avempace, mas os negócios do mundo o absorvera de tal modo que a morte o levou antes que tivesse tempo de trazer à luz do dia os tesouros da sua ciência e revelado os segredos de sua sabedoria. A maioria de suas obras não tem acabamento e ficou incompleta, como o livro sobre a alma, o Regime do Solitário, os escritos sobre lógica e sobre física. Quanto a seus escritos acabados, são compêndios e pequenos tratados mal ajambrados. Ele mesmo o confessa, ao declarar que seu pequeno tratado ‘Da Conjunção’ não dá uma idéia clara da tese que aí se propôs a demonstrar, senão à custa de muito esforço e cansaço, que o ordenamento da exposição em certos lugares, não tem um método perfeito e que ele os remanejaria de bom grado se tivesse tempo para isso.
Eis o que aprendi no que concerne à ciência desse homem, pois não o conheci pessoalmente. Quanto a seus contemporâneos, que têm um lugar no mesmo plano que ele, não lhes vi as obras. Aqueles que os seguiram por fim, nossos próprios contemporâneos, estão ainda em pleno desenvolvimento, ou então pararam antes de atingir a perfeição, ou não nos manifestaram seu verdadeiro valor.
Dos livros de Al-Farabi que chegaram até nós, a maioria é concernente à lógica. aqueles que nos chegaram sobre a filosofia estão cheios de incertezas. Em seu livro ‘Da boa seita’ ele afirma que as almas dos maus permanecem depois da morte em tormentos eternos, ao passo que declara na sua Política que elas se dissolvem e retornam ao nada e que só sobrevivem as almas virtuosas e perfeitas. No Comentário da Ética, fazendo uma descrição da felicidade humana, ele a localiza unicamente na vida deste mundo. E acrescenta, logo a seguir: ‘Tudo que se conta fora disso não passa de extravagância e de histórias de velhas’. Assim, leva os homens a perderem a esperança na misericórdia divina, pondo no mesmo plano os bons e os maus, já que, segundo ele, o nada a todos espera.
Equívoco! Passo em falso que não tem perdão – além das más doutrinas que professa sobre a inspiração profética relacionando-a à faculdade imaginativa e escolhendo contra ela a filosofia – e todas essas outras idéias que não é inútil lembrar.
Quanto aos escritos de Aristóteles, Avicena se encararrega de explicar-lhes o conteúdo.e Ele segue-lhe a doutrina e pratica seu método filosófico no livro Da Cura. Declara no início desse livro que, no seu entender, a verdade não se encontra nas doutrinas que aí expõe, que ele se limitou a reproduzir o sistema dos peripatéticos e que aquele que quer a verdade pura deve procurá-la em seu livro Da filosofia iluminativa.
Se nos dermos ao trabalho de ler a Cura e as obras de Aristóteles, vermos que estão de acordo na maioria das questões, embora o Livro da Cura contenha certas coisas que não nos chegaram sob o nome de Aristóteles. Mas, se tomarmos todas as proposições dos escritos de Aristóteles e do Livro da Cura em seu sentido exotérico, sem procurar seu sentido profundo e esotérico, Avicena nos adverte, nessa mesma cura, que não se alcançará desse modo a perfeição.
Al-Ghazali, pór seu lado, quando se dirige ao grande público, faz associações em tal lugar, desfaz em outro, condena certas opiniões e professa-as mais tarde. Dentre as acusações de impiedade que faz contra os filósofos em sua Ruína dos Filósofos, ele os condena por negaram a ressurreição dos corpos e por afirmarem que recompensa e castigo concernem exclusivamente às almas. diz, no entanto, no início de A Balança das Ações que essa opinião é formalmente professada por doutores sufis. Por fim, declara em sua Libertação do Erro e exposição dos estados extáticos que só se deteve nela após um longo exame. Há em seus livros muitas contradições desse gênero que podem ser observadas por qualquer um que os leia e examine com cuidado.
Ele pediu desculpas por isso no final de A Balança das Ações dizendo que há três espécies de opinão: uma, que se professa para conformar à opinião do vulgo; em seguida uma opinião cômoda para responder a qualquer um que interrogue e peça para ser dirigido; e por fim uma opinião que se guarda para si mesmo e que apenas se mostra a quem compartilhar a mesma convicção. Ele acrescenta: ‘ estas palavras só tiverem como efeito fazer-te duvidar daquilo em que acreditas por uma tradição herdade, já seria de bastante proveito; pois, quem não duvida, não examina; quem não examina, não percebe; e quem não percebe, permanece na cegueira e na confusão’.
Em seguida, cita este verso como um provérbio: ‘Aceita o que vês e abandona o que ouviste dizer. Quando o Sol se levanta, ele te prepara para que dispenses Saturno’.
Essa é sua doutrina. A maior parte consiste em enigmas, alusões vagas que podem ser proveitosas para quem as examine primeiramente com o olhar da alma e que, em seguida, as ouça explicar por uma voz interior, ou então a inteligência superior, a quem a menor indicação basta. No livro Das Pedras Preciosas

quarta-feira, setembro 16, 2009

Necessidade da Astrologia

Sendo mecânico como é o mundo dos homens faz-se importante estudar-lhes a psicologia através da mecânica. Como tudo o que fazem e seu próprio destinam prosseguem fora de sua ´"órbita de atuação" e é ditado pelos astros (dois ou mais astros se movimentando no sistema solar ou chocando-se em uma gáláxia distante) compreendidos como o "raio de criação" que se estende desde o absoluto, então o domínio da mecânica celeste e da Ciência da Astrologia ajudará a explicar as patéticas peripécias do ser humano na superfície do planeta.
A astrologia verdadeira, a ciência esotérica da astronomia é a mais poderosa ferramenta para a compreensão do funcionamento da máquina-homem em seu atual estágio de evolução. Desejável seria o conhecimento da verdadeira astrologia, porém esta só resta incólume entre pequeninos grupos de iniciados no Oriente próximo e na Ásia. Há pistas de escolas que a estudam em certas partes do Egito e em Madagáscar, em especial o ramo da astrologia lunar (não a hindu mas a árabe cujos rudimentos foram trazidos para o Ocidente).
A astrologia saturniana ou lunar é ainda mais útil que o zodíaco solar jupiteriano babilônico pela profusão de indícios do "esquema geral de funcionamento humano" que contém. Isto, dado o papel da lua no ramo inferior do raio de criação e a função da vida orgânica sobre a terra enquanto alimento para o planeta.
Há que se explorar melhor as imensas possibilidades da ciência astrológica. A nefasta separação entre ciência, filosofia e teologia produzida pelos seres diabólicos que desde a período iluminista vêm tingindo a humanidade com o sangue dos mártires. Este é o monstruoso vagalhão de cretinos e assassinos que na oitava ascendente se converteu no comunismo soviético e seus rebentos e que tanto mal têm provocado á humanidade ao incrementar sua mecanicidade e estupidez robótica.

sábado, setembro 05, 2009

A Duração dos Diversos Corpos do Homem

A vida do homem comum é rememorar. Relembrar os antigos tempos, velhos personagens, parentes que se foram, pai, mãe, irmãos, amigas. Hoje estava contemplando um copo de suco em um restaurante e, repentinamente, veio-me à mente a imagem de meu pai, falecido há tantos anos. De todos os amigos dos quais falava, poucos restam vivos. Dos conhecidos de seu pai e sua mãe que o ajudaram, assim como a seus irmãos, na juventude, poucos ou nenhum resta vivo. A memória de meu pai reside exclusivamente em minha mente e a de meu irmão e mãe posto que que todos os seus irmãos e parentes, exceto uma irmão, pereceram.
Recordei-me também de um tio alemão, o Ernesto. O Tio Ernesto era exímio calculista, torneiro mecânico e assim como meu pai extremamente hábil nas artes manuais que dominava com uma maestria que atingia as raias do inacreditável. Hoje homens desse quilate, aptos a concertar todas as coisas e construir e arrumar tudo o que se possa são raros de encontrar. A lembrança do tio Ernesto reside em seu filho de crição, no legítimo e na segunda esposa, além de parcos sobrinhos.
O que isso tudo quer dizer? Quer dizer que em muitos casos, senão a maioria, restam após a morte as impressões causadas no corpo astral das pessoa próximas e que tomam o nome de "sensações" no terreno da filosofia acadêmica e paupérrima do ponto de vista espiritual. Homens que são capazes de produzir "sensações" mais duradouras em outros equivalem a seres cujo corpo astral permanece um pouco mais além.
Se estes mesmos homens forem capazes de se notabilizar pela produção de pensamento mais genuíno e objetivo - não no "entender" ocidental que é conhecimento raso mas no "entender" do Ser - estes também perdurarão através da solificação do corpo mental.
Já os grandes homens que alimentam a humanidade com valores nobres e notáveis aptidões do Ser são aqueles que fazem mais robustos seus veículos superiores e perdurarão um pouco mais. Sobre os demais pouco poderia ser dito.
Estas são opiniões derivadas de reflexões próprias e de um "spleen". Não são se baseiam em "literaturas".

quinta-feira, setembro 03, 2009

Ocultistas Profissionais - Inimigos do Trabalho

Os principais inimigos do trabalho sobre si mesmo são os ocultistas profissionais isto é, aqueles que professam o ocultismo como profissão. Especialistas em Tarot,I-Ching, cartas,adivinhação. Médiuns e clarividentes. Bruxos e feiticeiros. Todos estes são inimigos declarados de qualquer linha que vise o desenvolvimento de si mesmo, salvo raras excessões. Estas excessões precisam ser determinadas pelo mestre,cujo objetivo claramente definido dado seu alto nível consciencial o permite escolher aqueles que terão um papel ativo no grupo responsável pelo desenvolvimento de um conjunto de indíviduos reunidos a fim de estudar a si mesmos.
Mas, de pronto, há de se buscar os critérios da ciência objetiva para excluir os ocultistas profissionais.

Nepotismo

Indagado sobre o nepotismo (a arte de dar dinheiro para parentes em todos os graus no governo de um reino) o célebre Mullah Nassr Eddin em andanças pelo Norte do Afeganistão disse:
"Até que uma pulga venha a parir um filhote com cabeça de elefante e rabo de macaco a divina e cósmica arte do nepotismo sobreviverá no Reino da Pérsia".

segunda-feira, agosto 24, 2009

A Famosa “Serpente Kundalini” e o Papel do Sexo em Gurdjieff segundo P.D. Ouspensky e os “Fragmentos (...)”

A Famosa “Serpente Kundalini” e o Papel do Sexo em Gurdjieff segundo P.D. Ouspensky e os “Fragmentos (...)”



Muitos dos candidatos à senda iniciática e os neófitos em ocultismo exalam suspiros ansiosos diante da simples menção da palavra “sexo”. O pronunciar do mantra “Kundalini” exerce efeito vibracional da mesma magnitude ou maior, sem dúvida ampliado quando conjugado ao vocábulo sânscrito “Tantra” ou junto ao supra sumo dos gurus orientais, a “Yoga”.

Isso resulta em “Kundalini Yoga” ou “Tantra Yoga”. Seria engraçado notar outras associações que só a risível mecanicidade dos homens explicaria mas não é outro nosso propósito que anotar o pensamento de P. D. Ouspensky contido em “Fragmentos de um Ensinamento Desconhecido – Em busca do Milagroso”, esta obra notável que, em que pesem as diferenças com o estilo argumentativo e a didática do mestre conserva em linhas magistrais o essencial de seu pensamento apresentado nas conferências a que compareceu P.D.O.

A visão de G (como chamaremos à moda usual de Georges Illitch Gurdjieff) começa a ser esboçada quando fala do repertório definido de pais que o homem representa habitualmente e como “(...) o estudo dos papéis que cada um representa é uma parte indispensável do conhecimento de si. O repertório de cada homem é extremamente limitado’. Esses papéis, como observa, exercem uma função prodigiosa nas relações entre homem e mulher (pg. 290) e demonstram como o tipo real, a essência, é escondida nestas mesmas relações pois elas se travam com base em uma espécie de “coincidência de gostos”, por assim dizer, correlacionada à personalidade (aparência e não à essência) do casal. “(...) o homem 'mecânico' não pode amar. Nele, isto ama ou isto não ama”.

A grosso modo, o “sistema” de Gurdjieff é fundamentada no pressuposto de que o homem é uma máquina e para estudá-lo é antes necessário compreender a mecânica que a psicologia em sentido estrito. Para o homem “tudo acontece” e ele dificilmente escapa ao conjunto de “leis da mecanicidade” por esforço próprio o que, não obstante, pode ser feito por um esforço consciente em grupo capaz de produzir “choques artificiais” adicionais que garantam a cristalização de algo mais sutil em si mesmo.

Poucos compreendem, entretanto, a importância que desempenha o sexo no conjunto do sistema porque via de regra se resumem os “centros do homem” aos centros instintivo, motor, emocional e mental. O “centro sexual” cumpre um papel que é ignorado por muitos adeptos do “Quarto Caminho” (ou a escola introduzida por G. Gurdjieff no Ocidente) ou é entendido como a contrapartida conceitual da famosa “kundalini” hindu, ao qual difere em número, gênero e grau.

“Kundalini” para Gurdjieff em nada se aparenta à “serpente ígnea” que se aloja no chackra situado na base da coluna e o “despertar de kundalini” não se relaciona em absoluto ao acréscimo de faculdades desconhecidas ou poderes (“sidhis”) transcendentes. Na realidade:

“(...) é a potência da imaginação, a potência da fantasia, que usurpa o lugar de uma função real” (...). “Kundalini é uma força introduzida nos homens para mantê-los em seu estado atual”. Despertar para o homem significa ser “deshipnotizado”.

Kundalini é algo que foi colocado no homem “por fora” e serve para mantê-los escravizados, sujeitos ás leis mecânicos e reféns das influências planetárias, transformando-se em “alimento para a lua” de acordo com a utilidade quer forças de ordem cósmica reservaram à terra na economia da universo. Sem “Kundalini” o homem não é mais hipnotizado, não age como na velha fábula em que o cordeiro pensa que é um Leão.

Kundalini, posteriormente tratada nos “Contos de Belzebu a seu Neto” nada mais é que o estranho órgão “kundabuffer” que faz com que os homens e mulheres neste pequeno planeta, estes insólitos seres “tricerebrados” ajam de maneira tão estranha diante dos olhos do estupefato neto do velho e sábio Belzebu.

Como afirmava o velho caucasiano em suas conversas com os mais seletos discípulos,

Ao mesmo tempo, o sexo desempenha um papel enorme na manutenção da mecanicidade da vida. Tudo o que as pessoas fazem está em ligação com o sexo; a política, a religião, a arte, o teatro, a música, tudo é sexo”. (...) Essa é a principal fonte de energia de toda a mecanicidade. Todos os sonos, todas as hipnoses dela decorrem. Tentem compreender o que quero dizer. A mecanicidade é particularmente perigosa quanto as pessoas não a querem tomar pelo que é e tentam explicá-la por outra coisa. Quando o sexo é claramente consciente de si mesmo, quando não se esconde por trás de pretextos, não se trata mais de mecanicidade de que falo. Ao contrário, o sexo é claramente consciente de si mesmo, quando não ser esconde por trás de pretextos, não se trata mais da mecanicidade de que falo.Ao contrário, o sexo, que existe por si mesmo e não depende de mais nada já é uma grande realização. Mas o mal reside nessa perpétua mentira de si mesmo”.

O sexo é a principal fonte da escravidão humana e o laço que o ata em caráter quase irrevogável à mecanicidade, impedindo-o de ser algo mais que uma simples e previsível máquina. Contudo, há algo de positivo nele, desde que exploradas suas possibilidades enquanto fator de “transmutação” do homem.

Lembram-se do que foi dito a respeito das quarenta e oito leis? Não podem ser modificadas, mas é possível libertar-se de grande número delas. Quero dizer, há uma possibilidade de mudar. O estado de coisas para s
i mesmo pode escapar à lei geral. Aí, como em qualquer outra parte, a lei geral não pode ser mudada, tanto mais que a lei de que falo, isto é, o poder do sexo sobre as pessoas, oferece possibilidades muito diversas. O sexo é a principal fonte de nossa escravidão, mas também nossa principal possibilidade de libertação
”.

Neste ponto ingressa-se no campo da alquimia enquanto ciência das transmutações e estudo da unidade da matéria. O sexo se torna ingrediente indispensável no processo que conduz ou ao nascimento de um novo corpo físico à base da união dos princípios masculino ou feminino ou à constituição de um corpo astral sem “bodas alquímicas”, sem o “sol e lua” como se pode dizer (Gurdjieff e Ouspensky não usavam essa notação alquímica.

O processo de Criação de um Novo Corpo Físico depende da forma como são manipuladas substâncias sutis, em especial a mais fina e rara que pode ser produzida pela fábrica humana (o corpo humano de três andares), o hidrogênio si 12. Por assim dizer:

O novo ‘nascimento’ de que falamos, depende da energia sexual tanto quanto o nascimento físico e a propagação das espécies”. “(...) o hidrogênio si 12 é o hidrogênio que representa o produto final da transformação do alimento no organismo humano. É a matéria a partir da qual o sexo trabalha e produz. É a ‘semente’ ou o ‘fruto’. “(...) si 12 pode passar ao dó da oitava seguinte com o auxílio de um ‘choque adicional’. Mas esse ‘choque’ pode ser de dupla natureza e duas oitavas diferentes podem começar, uma fora do organismo que produziu si, outra no próprio organismo. A união dos si 12 masculino e feminino – e tudo que a acompanha – constitui o ‘choque’ da primeira espécie e a nova oitava começada com a sua ajuda desenvolveu-se independentemente, como um novo organismo ou uma nova vida’.
“Essa é a maneira normal e natural de utilizar a energia de si 12. entretanto, no mesmo organismo há outra possibilidade. É a possibilidade de criar uma vida nova dentro do organismo onde si 12 foi elaborado, mas desta vez sem a união dos princípios masculino e feminino
”.

Gurdjieff deixa claro que a energia sexual só pode ser gasta de duas maneiras legítimas, a vida sexual normal e a transmutação. “(...)Neste domínio, qualquer invenção é das mais perigosas”. Isso pode ser entendido como uma admoestação que visa coibir as chamadas práticas da “mão esquerda” (não entendidas, diga-se de passagem, à moda piegas de vários autores ocultistas, principalmente “teósofos” mas como um conjunto de ações que deturpam o caminho e aumentam a mecanicidade do homem).

O sexo, em si, se normal e bem utilizado é bom e saudável. O grande mal, o mais pernicioso é o “abuso do sexo” Como Gurdjieff entende a expressão “abuso do sexo”?

Ela designa o mau trabalho dos centros em suas relações com o centro sexual ou, noutros termos, a ação do sexo exercendo-se através dos outros centros e a ação dos outros centros exercendo-se através do centro sexual, ou para ser mais preciso, o funcionamento do centro sexual com o auxílio da energia tomada dos outros centros e o funcionamento dos outros centros com o auxílio da energia tomada do centro sexual”.

Abuso do sexo é qualquer situação que produz o mal funcionamento dos centros, sua desarmonia e desorganização. O centro sexual rouba energia dos demais centros (o motor, o emocional e o mental) e estes se alimentam, por seu turno, das energias do centro sexual. Nesse caso o homem se descontrola e tende a se tornar um ser horrendo e desprezível. O sexo como parte neutralizante do centro motor deixa de operar e seu centro, o centro sexual, passa a se “alimentar” de coisas mais impuras e grosseiras.

”(...) O centro sexual trabalha com o hidrogênio 12, disse ele desta vez. Isto é, deveria trabalhar com ele. O hidrogênio 12 é si 12 mas o fatoé que raramente trabalha com o seu hidrogênio próprio. As anomalias no trabalho do centro sexual exigem estudo especial”.

Além de tomar para si “hidrogênios inferiores”, o centro sexual começa adquirir caraterísticas que não são próprias dele, é contaminado por atributos dos demais centros e, em especial, do centro emocional. Como demonstra G.; no centro sexual, no centro emocional superior e no intelectual superior não há duas partes.

Tudo o que se relaciona com o sexo deveria ser, quer agradável, quer indiferente. Os sentimentos e as sensações desagradáveis provêm todos do centro emocional ou do centro instintivo”.
Mas em conseqüência do mau trabalho dos centros, acontece freqüentemente que o centro sexual entra em contato com a parte negativa do centro emocional ou do centro instintivo. A partir daí, certos estímulos particulares ou mesmo quaisquer estímulos do centro sexual, podem evocar sentimentos desagradáveis, sensações desagradáveis”.

O sexo é importantíssimo por fim pois é o mais rápido dos centros por trabalhar com o hidrogênio 12.

“(...) Isto significa que ele é mais forte e mais rápido que todos os outros centros. De fato, o sexo governa todos os outros centros (pq. 292)”.

“(...) Quando a energia do sexo é saqueada pelos outros centros, é esbanjada num trabalho inútil, nada resta para ele mesmo e deve, a partir de então, roubar a energia dos outros centros, que é de qualidade bem inferior à sua e bem mais grosseira”.
Mas quando o centro sexual trabalha com energia que não é a sua, isto é, com os hidrogênios relativamente inferiores, 48 e 24, suas impressões tornam-se muito mais grosseiras e ele cessa de ter no organismo o papel que poderia desempenhar. Ao mesmo tempo sua união com o centro intelectual e a utilização de sua energia pelo centro intelectual provocam um excesso de imaginação de ordem sexual e, por acréscimo, uma tendência a satisfazer-se com essa imaginação. Sua união com o centro emocional cria a sentimentalidade, ou, ao contrário, a inveja, a crueldade”.

As mais grandiosas obras em todos os terrenos são frutos inegáveis da ação do centro sexual. Essa energia se reconhece “(...) por um ‘sabor’ particular, por um certo ardor, por uma veemência ‘desnecessários”. O maior desafio do homem que trabalha sobre si mesmo no espírito do quarto caminho e compreender (e antes SER para COMPREENDER) como utilizá-la da forma correta e não fazer mal uso do sexo tornando-se um infra-sexual conforme ensina Ouspensky em “Um Novo Modelo do Universo”. Um demônio vil, asqueroso e perverso aguilhoado pela torpe sujeição aos mais abjetos prazeres que satisfaçam sua mecanicidade.

domingo, agosto 23, 2009

Fragmentos de um Ensinamento Desconhecido - Ouspensky

Li "Fragmentos de um Ensinamento Desconhecido - Em Busca do Milagroso" há muitos anos e desde o início percebi que estava diante de algo "diferente", algo que jamais vira em muita busca pelo oculto, o desconhecido, as chaves do desenvolvimento espiritual. Tudo era misterioso e excitante, a forma da narrativa em primeira pessoa conjugada com as observações cáusticas de Gurdjieff transcritas pontual e tempestivamente por Ouspensky o tornavam uma obra da estatura dos grandes romances maometanos do século XII ou dos relatos de aventuras incríveis e impossíveis. Definitivamente é algo que se inscreve no rol do abstruso e "fora do sentido comum" porque para a maioria dos homens e mulheres em seu estado de consciência vigente tudo o que Gurdjieff ensinava em suas palestras ressoaria como misticismo absurdo e um conjunto de paradoxos evidentes (Ouspensky fala logo nas primeiras páginas sobre um livrinho infantil de "paradoxos evidentes" da Coleção Stolypin,muito apreciada nos lares russos. O real é necessariamente um "paradoxo" evidente para quem possui a consciência objetiva).
Em 1914 o Império dos Czares estava dava seus estertores finais. O resultado da guerra estava sendo decidido no front e era pouco aspicioso para a aristocracia russa. Em Moscou Ouspensky observava os caminhões cheios de muletas novas em folha e sequer pintadas ainda que seriam destinadas às tropas na fronteira. As grandes cidades da Mãe Rússia eram assoladas pela fome e agitação social. O mundo estava prestes a ruir e nunca em toda a história se tinha tido notícias de guerra desta magnitude e extensão.
Em meio ao turbilhão de informações de um estado de guerra e uma economia paralisada Ouspensky tenta se situar em Moscou, onde exerce a profissão de jornalista. Havia publicado seu opúsculo "Tertium Organum" e contava com um bom círculo de amigos na capital imperial e certo prestígio. Há pouco tempo retornara de viagem ao Oriente (India e Tibete) e descrevera suas experiências em pequenos artigos, o que não passara desapercebido ao grupo de um misterioso "oriental" que vendia tapetes. Ao mesmo tempo, ao manusear os folhetins da época tomara conhecimento de um ballet que estava sento representado em Moscou que se chamava "A Luta dos Magos". Seu autor era um "hindú", um "oriental". Posteriormente travaria contato pessoal com esse "oriental" e os primeiros rudimentos publicados da orientação do "Quarto Caminho" iriam vir à luz.

quinta-feira, agosto 20, 2009

A Alquimia de Gurdjieff

Não é novidade para nenhum leitor que considero Georges Ivanovitch Gurdjieff,o G.,o maior filósofo, teólogo e psicólogo do último centênio. Simplesmente genial e magistral, o mestre greco-armênio falou sobre tudo o que a pobre psicologia ocidental tentou explicar através de seus modelos sexuais ou simbólicos construídas à base de um material livresco e poroso.
Gurdjieff, como diria o baiano, é "o cara"!
Nesse sentido, desde que me isolei em meu pequeno apartamento na Barra dediquei-me a a destrinchar, esmiúçar seus livros. Comecei por "Encontros com Homens Notáveis" (nome de título análogo do cineastra Peter Brooks) tentando associar cada um daqueles tipos humanos às características do eneagrama sufi,esse hieroglifo do funcionamento do mundo. O outro passo associa-se ao esforço de pela primeira vez explanar de forma objetiva e compreensível sobre o esquema "quimico/alquímico" dos hidrogênios transcrito pelo russo P.D. Ouspensky em seus "Fragmentos de um Ensinamento Desconhecido", demonstrando sua logicidade e unindo-o a outros esquemas que ajudaram os leitores a compreender o funcionamento da "fábrica humana", regida pela "Lei da Oitava". Esta, inclusive, é o ponto de partida para todo o sistema,
Há ainda outras novidades sobre a vida do próprio G., em especial o estudo sobre as localidades relatadas em sua obra seminal.

quarta-feira, agosto 19, 2009

Mudanças

Deixei de escrever no blog há mais de um mês em virtude de mudança de residência. Após uma dolorosa separação - elas sempre são doídas - vendi um apartamento em um processo penoso que se arrastou por dois meses e me preparava para efetuar uma nova compra quando o "negócio gorou". Queria abandonar o mais rápido possível a antiga residência em Vila Laura e após comparar os preços e sondar amigos decidi alugar um guarda-móveis em Águas Claras a preços módicos, incluso o custo de transporte para o depósito. Nesse meio tempo - para ter um pouco de paz de espírito e estar próximo do mar (sou de peixes, Júpiter e Urano) - tomei a resolução íntima de alugar um apartamento em temporada na Barra, bem defronte ao restaurante Barravento e ao mar,a um preço conveniente para baixa estação e que inclui o condomínio e as demais despesaas. Não só posso sair daqui quando encontrar uma nova morada definitiva - aqui ou em outro município da Bahia, a depender das circunstâncias futuras - mas ficarei perto da praia da barra e do calçadão onde posso caminhar tranquilamente à tardinha ou pela manhã até o farol ou o Porto da Barra.
O mais inquietante nesta eventualiade de trocar de endereço é a percepção do quanto a identificação - ou "apego" para quem prefere a consagrada terminologia budista - se manifesta em momentos em que temos de chacoalhar o esqueleto e nos movimentar. Entra em ação e Lei Cósmica da Oitava que tende a contrariar toda ação em sentido positivo e nos desviar da meta, jogando-nos na indecisão e no comodismo. Ao mesmo tempo perdemos um tempo precioso para julgar do que podemos nos livrar, o que não mais nos interessa e nos será útil. Esforçamo-nos para encontrar justificativas interiores para manter pilhas de "papers" inúteis que jamais leremos, anais insossos e vazios de Congressos "Científicos" ou revistas que nunca mais compulsaremos porém algo que provém da nossa mecanicidade insiste em dizer que tudo aquilo que poderá ser proveitoso um dia.
Com todo o sofrimento que implica e por mais que nos atordoe qualquer processo forçado de mudança representa uma valiosa lição espiritual rica em ensinamentos sobre o quanto nos desgastamos com o bobo apego às coisas materiais e ao hábito de remoer velhas impressões do passado. Portanto, mudanças sempre são bem vindas sim!

domingo, junho 21, 2009

Pequena Cosmogênese - Stanislas de Guaïta"

“No princípio, na raiz do Ser, é o Absoluto. O Absoluto- que as religiões denominam Deus – é insuscetível de ser conceituado, e quem quer que pretenda defini-lo desnatura sua noção, colocando-lhe limites: “Um Deus definido é um Deus finito” (Èliphas Lévi).
Porém, desse insondável Absoluto emana eternamente a Díade Andrógina, formada por dois princípios indissoluvelmente unidos: o Espírito Vivificador e a Alma viva Universal (símbolo do mercúrio).
O mistério de sua união constitui o Grande Arcano do Verbo. Ora, o Verbo é Homem coletivo considerado em sua síntese divina, antes de sua desintegração. È o Adão Celeste antes de sua queda, antes que esse Ser Universal se modalizasse, passando da Unidade ao Número, do Absoluto ao Relativo, da Coletividade ao Individualismo, do Infinito ao Espaço e da Eternidade ao Tempo.
Sobre a Queda de Adão, eis algumas noções do ensinamento tradicional. Incitados por um móbil interior sobre cuja natureza intrínseca devemos silenciar aqui, móbil que Moisés (nome hebraico) denomina NAHASH e que definiremos, se quiseres, como sendo a sede egoística da existência individual, um grande número de Verbos fragmentários, consciências potenciais, vagamente despertadas em forma de emanação no seio do Verbo Absoluto, separou-se deste Verbo que continha.
Eles se destacaram – ínfimos submúltiplos – da Unidade-mãe que os havia criado. Simples raios deste sol oculto, dardejavam infinitamente nas trevas sua individualidade nascente, individualidade que almejavam ver independente de todo princípio anterior. Em suma, almejavam autonomia.
Contudo, como o radio luminoso goza apenas de uma existência relativa, com relação ao lume que lhe deu origem, esses Verbos, igualmente relativos, despojados de principio autodivino e de luz própria, obscureceram-se na medida em que se distanciaram do Verbo absoluto.
Eles se precipitaram na matéria, falácia da substância em delírio de objetividade; na matéria que é, para o Não-Ser, aquilo que o Espírito é para o Ser. Desceram até a existência elementar: até a animalidade, até o vegetal, até o mineral... Assim nasceu a matéria, que foi logo elaborada pelo Espírito, e o Universo concreto tomou um caminho ascendente, que remonta da pedra, apta à cristalização, até o homem suscetível de pensar, orar, aprovar o inteligível e se devotar a seu semelhante.
Essa repercussão sensível do Espírito cativo, que sublima as forças progressivas da Matéria e da Vida para empreender a saída de sua prisão, é constatada e estudada, sob o nome de Evolução, pela Ciência Contemporânea.
A Evolução é a Redenção Universal do Espírito. Evoluindo o Espírito reascende.
Todavia, antes de reacender, o Espírito decaíra. È o que chamamos de Involução.
Como o submúltiplo verbal se deteve em determinado ponto de sua queda? Que força permitiu que retrocedesse? Como a consciência adormecida de sua divindade coletiva pôde, enfim, despertar nele sob a forma ainda imperfeita da Sociabilidade? Há tantos mistérios profundos, que não poderíamos abordá-los aqui. Se a Providência estiver contigo, conseguirás compreendê-los.
Aqui me detenho. Já foste suficientemente conduzido pela senda. Eis-te munido de uma bússola oculta que, se não evitar que te desvies, pelo menos permitirá que sempre reencontres o caminho certo".
Guaita, Stanislas. No umbral do mistério. São Paulo, Martins Fontes, 1985.pp.94-95

sábado, junho 20, 2009

"Deus desce até o homem de gênio, enquanto o Mago ascende até Deus".
Stanislas de Guaïta

Claude Debussy - Arte e Sinestesia

O compositor francês Claude-Achille Debussy (Saint-Gérmain-en-Laye, 1862; Paris, 1918) foi uma das personalidades musicais mais importantes do final dos novecentos e início deste brutal e contraditório Século, tendo falecido sob o impacto das bombardeios e o terror nas trincheiras da Primeira Guerra Mundial que fizeram com que muitos homens deixassem de perceber o artista de elevada estatura que se despedia do mundo material em meio os mais atrozes desvios resultantes da degradação da consciência humana que são a guerra e os regimes satânico-totalitários como o comunismo de tipo soviético.
Por suas inovações em harmonia, com novas combinações nos acordes sua extraordinária capacidade de explorar novas possibilidades ritmicas, Débussy despontava como continuador genial de precursores da música moderna como Liszt, Chopin e Mussogorsky, tendo se interessado vivamente por Richard Wagner na juventude, cuja obra estudou profundamente. Entre os contemporâneos, influenciou Bártok e nosso conterrâneo Villa Lobos, entre outros.
Ouvir uma composição para piano de Claude Debussy, muito especialmente um "arabesque" é uma experiência deliciosa. Literalmente deliciosa, agrada ao olfato, à visão, ao tato, às papilas gustativas e, por que não, à audição. È que a música do compositor francês cigano (pouquíssimos sabiam dessa sua faceta à época) contém tanta densidade, é tão encorpada, onipresente e "onipenetrante" - sobretudo quanto executada por um virtuose do piano que lhe acrescente ornamentos técnicos pessoais - que é como se a cheirássemos, a fitássemos, à sentissemos com os membros e a saboreássemos como uma dos aqueles pequeninos biscoitos molhados que desmancham na boca ou um licor italiano fino.
A música de Débussy é feita como pequenos mosaicos plenos de sentido, singularidades como "mônadas" que se desprendem nos quatro elementos e que percebemos através de todos os sentidos atuais e outros perdemos há muito tempo ou um dia poderemos adquirir. Ela atesta a veracidade e pertinência das observações realizadas por certos clarividentes como Charles E. Leadbeater ainda no alvorecer do século passado sobre a estrutura da matéria nos diferentes planos e arrozoados de que versam sobre a interessante capacidade de "cheirar sons e ouvir cheiros" comuns àqueles que possuem a visão superior desperta.
A junção do prefixo grego "sin" e a palavra "aesthesia" gera o termo "sinestesia" que, conceitualmente, expressa a relação de diferentes planos sensoriais. Tanto pode representar uma figura de linguagem como uma condição neurológica que, até pouquíssimo tempo, era vista por psiquiatras ou por este estranho e perigoso grupo formado na sociedade atual por "analistas e psicólogos" (os inquisidores modernos) como um sério distúrbio que merecia tratamento médico e cuidados específicos.
Este é sem dúvida um excelente objeto de estudo clarividente. Também excitante pois nos instiga a investigar a maneira como artista do calibre de Débussy, poetas, pintores e escultores puderam criar uma arte objetiva que reproduzissem em pessoas medianas a faculdade de perceberem fenômenos precipuamente captados por clarividentes ou pobres seres que sofrem de alterações neurológicas tão perigosas...

PS: Em recente edição de uma revista brasileira, todas as pessoas entrevistas pelo repórter e que "sofriam" dos dos "distúrbios sinestésicos" afirmaram se sentir muito felizes em sua atual condição que é vista como um dom, o que contraria a pobre perspectiva da psiquiatria.
Vejam aqui uma matéria interessantíssima: http://revistaepoca.globo.com/Revista/Epoca/0,,EDG78439-8055-481,00.html

quinta-feira, junho 18, 2009

Lento e Cansado

Havia colocado as minhas coisas em alguma espécie de alojamento em uma cidade que parecia ser O.P. tudo estava lá, porém o restante julguei haver esquecido em lugar relativamente ermo. Olho tudo em volto e decido caminhar em direção ao lugar ermo, sempre o mesmo visto em outras ocasiões: algo como o parque distante a que temos de ir buscar algo. Mas sempre que caminhamos naquela direção nos sentimos imensamente cansados, quase rastejamos. As forças nos faltam, nos sentimos incapazes de alcançar o que buscamos. Sentimo-nos exaustos ao despertar.

Os Três Cérebros - Les Trois Cerveaux

Estamos em uma ampla casa de campo. T.K.D está deitada na cama e chama C.B. Ela não se levanta do amplo leito e permanece dormindo, imersa em profundo sono. O recinto é vasto, conta com uma grande cozinha. O Sr. M., pai de V.R.N, levanta-se repentinamente diante de uma pia com armário em madeira. A pia não tem limites, não é cercada por janelas dá para um quintal onde aparece terra escavada. O pai de V.R.N, jocoso e brincalhão como lhe é de costume, fala que desenterrou três cérebros da chão. Penso com meus b0tões, três cérebros quentes e vivos não podem ter permanecido muito tempo na terra. Pergunto se ele havia chamado a Polícia, dando uma rotunda gargalhada ele diz que não. Tudo é muito estranho e ao mesmo tempo compreensível.

segunda-feira, junho 15, 2009

A Questão do Auto-Conhecimento - "O Barato saiu Caro"

Muitas pessoas vêm me procurar e falam que estão buscando a si mesmas. Costumeiramente se referem ao "Oráculo de Delfos" e repetem com insistência que o "conhecer a si próprio" é realmente o que importa, o resto é negligenciável. Em parte correta a resposta. Porém, apenas em parte.
Me deparo o tempo todo com homens e mulheres que admiram os "gurus" do auto-conhecimento (os dois termos separados mesmo por um traço). Um punhado deles é sumamente respeitável e merece que se teçam mil elogios às suas pessoas. Homens e mulheres que atravessaram momentos difíceis, aprenderam com seus erros e estão tentando mostrar uma das vias possíveis para que o homem possa se inteirar dos meandros do SER.
A outra parcela nem sempre é tão admirável. Como sabemos, estamos habitando um mundo pequeno no sistema solar que possui um silencioso, misterioso e incompreendido satélite chamado "lua", que segundo alguns mestres é alimentado pelo que emana da vida orgânica em seu planeta, na verdade um simples e útil alimento para a amiga que o circunda em 29,4 dias. Isso parece fazer sentido, dado o absurdo de vivermos em um lugar onde as pessoas deixam de lado o que realmente importa na vida real em troca da aquisição de bens e objetos aos quais se identificam e passam a fazer parte do seu próprio ser.
Um observador distante - como diria sábio Mestre - não compreenderia tal comportamento da massa cárnea que apelidamos de "humanidade". Bem, seus gurus também não o "compreendem", mas o "entendem" com seu cérebro tripartido e tentam eles mesmos obter a máxima quantidade possível de coisas que possam amealhar graças a estultície dos pobres discípulos que os ouvem com o ouvido esquerdo e os vêm com o olho direito, buscando um outro bem - muito mais sofisticado e "espiritual" - que os "Broshos", "Krushnamurtas" e os "Yenganandos" passaram a vender no mercado sob o título de "autoconhecimento".
O "auto-conhecimento" que ofertam ( e a toda curva de oferta corresponde uma curva de demanda e seu respectivo preço de equilíbrio) é conhecimento autista, auto-conhecimento como confesso esquecimento e embrutecimento de si mesmo. É a falsa convicção de que brandidas algumas palavrinhas mágicas como "karma", "dharma", "dharana" (extraídas preferencialmente de um "Mestre" hindu que nada mais poderá lhes enganar e basta contemplar com irônica distância as grotescas querelas "intelectuais" travadas pelos "pobres de espírito" que jamais tomaram contato com a "divina essência" que promana do novo guru.
Bem. O auto-conhecedor de si mesmo, além de enriquecer o guru - materialmente ou inflando-lhe o maléfico ego - nada acrescenta a si e, muitas vezes, cai em um lodaçal de esquecimento e ignorância de si maior que o pobre "erudito" escravizado pela letra morta dos livros. Esta, ao menos, se for boa, um dia pode fazer que um fósforo se acenda no interior da alma. O guru apenas vai lhe provocar um rombo no bolso e a decepção de constatar o erro persistente na jornada e o que "o barato acabou saindo caro".

quinta-feira, junho 11, 2009

Mediunidade X Necromancia

São costumeiras as alusões aos "espíritos brincalhões" a que se refere Allan Kardec em seus escritos. Auxiliado como diz ter sido pelas mais elevadas inteligências do passado clássico e da Idade Moderna quem somos nós para questionar o maior expoente do espiritismoo ocidental que apenas no Brasil conta com milhões de seguidores - mais que em sua pátria natal, a França, onde é visto como expressão discutível do positivismo levado à espiritualidade ou uma afirmação às avessas da "religião positivista" à La Auguste Comte.
Espiritismo entretanto equivale a necromancia mais crua. Não há outra maneira de se inteirar das intenções de seres - ou restos de seres - que habitam os outros planos e em especial o astral inferior que não seja sua evocação, a chamada dos mortos. Desde a mais longínqua antiguidade esta prática é condenada como o mais detestável, espúrio e danoso ato de magia negra, capaz de produzir consequências cármicas de magnitude incalculável sobre quem o pratica. Dois casos célegres de operações necromantes - não "teúrgicas" a bem dizer, pois envolvem exatamente o contrário do trabalho divino: o recurso do Rei Saul à necromante com o intuito de tomar conselho do profeta Samuel e a célebre e nefasta prática ritualista em que Èliphas Lévy buscava evocar o "espírito" do grande Apolônio de Tyana.
Os resultados relativos aos dois exemplos são bem conhecidos: em um deles a inevitável derrota do primeiro Rei de Israel e repugnante morte pela espada além da perpétua execração de seu nome real. No segundo, segundo as palavras do próprio mago - cuja estatura espiritual é inegável, apesar de todos os seus erros - a quase loucura e uma estranha atração pela morte.
Que estes e outros exemplos esclarecedores possam incutir nas pessoas, em particular aos brasileiros - facilmente seduzidos pela idéia idílica da mediunidade - que perturbar o tranquilo repouso e período de aprendidagem dos que se foram do "mundo cèu" é o pior dos crimes que se pode intentar contra um Ser do ponto de vista cármico. Por outro lado, aproximar de nosso plano os moradores demoníacos das Qliphot, o que fica abaixo do mundo mais inferior é loucura e perdição absoluta que pode acarretar atrasos substantivos na evolução espiritual de quem se sujeita a semelhante atitude.
Quero fazer notar, não obstante, que os dois seres a quem os "evocadores" se dirigiram nos exemplos foram dois Entes de grande estatura neste mundo, um dos mais inspirados profetas de Israel e aquele que, segundo relatos históricos (o de G.R.S. Mead representa síntese brilhante destes nos tempos atuais) por pouco não se igualou ao próprio Jesus de Nazaré em sabedoria e milagres operados diante das gentes. Não são estes, justamente, os "espíritos elevados" cujos ensinamentos orientam os espíritas? Será que se sentem mais confortáveis em se manifestar diante de alguns cidadãos e mais tímidos ou "vingadores" quando falam a Saul, o Rei Ungido de Israel por vontade de YHVH?

terça-feira, junho 09, 2009

O que buscamos? Samadhi? Nirvana? Superconsciência? O que afinal?

Ouço dos amigos e interlocutores freqüentes afirmações sobre o que consideram sua "busca". Outro dia um amigo me confidenciou que se sente "bem e solto" ou "leve e relaxado" em suas sessões de Yoga. Outro pode se sentir bem mais confortável e tranqüilo após praticar a meditação "Nadabrahma" do Osho ou exercitar-se em "respiração profunda" e uma série de "pranayanas" selecionadas (técnica hindú da respiração, para ser rápido e conciso).
Muitas pessoas confudem a Yoga e suas técnicas com relaxamento. Outras se encantam com "Nova Era" e crêem que se confunde com um amálgama de técnicas voltadas para o bem viver e a conquista da felicidade e o bom relacionamento com os outros. Ledo engano. As verdadeiras conquistas se dão pelo choque e pela luta. No meu caso, meu primeiro episódio de "iluminação" ocorreu após muitas noites mal dormidas, má alimentação, aborrecimentos, profundo cansaço físico e dores. Há outros caminhos, sem dúvida. Mas nenhum passa pelo conforto e a acomodação. Porém, isto será discutido em outro momento.
Há também aqueles que buscam um caminho célere para o que consideram ser a real "iluminação". Buscam e acabam por encontrar atalhos nas drogas, na hipnose ou na auto-hipnose. Na primeira hipótese quando apelam a ayahuasca ou o Santo Daime (uma espécie de "beberagem" à base de plantas da Amazônia brasileira), nos moldes do que Carlos Castañeda batizava de efeitos das "plantas de poder". Ora, toda planta é uma planta de "poder" e os limites entre as "drogas naturais" e aquelas produzidas em laboratório se encontram apenas no grau de concentração de seu princípio ativo. E não há qualquer droga que não produza efeitos no nível consciencial e altere seus estados. Cada uma delas possui sua pecualiaridade e produz determinado estado de consciência mais ou menos agradável ao seu usuário.
O fundamental é que o buscador autêntico não confunde os fins com os meios e seleciona os seus fins. Dito de outra forma, oa "fins não justificam os meios". Não é o alcance de um estado diferenciado e superior de consciência, a navegação a um outro plano, mas a união definitiva e perpértua com o UNO e as esferas inefáveis do SER que se constitui na meta concreta e última. Isto exclui a vã ilusão caracterizada pela busca do que se julga ser o "Nirvana" ou qualquer estágio consciencial como reles conquista de um objeto do desejo.
Neste caso, os partidários da "via rápida" rumo à libertação final não são diferentes do Silvio Santos quando mira juntar uma quantia significativa de dinheiro com seus programas. Talvez inferiores porque nosso sábio empresário sabe muito bem o que quer e, pelo visto, conquistou a vontade, alqo em que que nosso pequeno "aprendiz de Iogue" está apenas patinando...

domingo, junho 07, 2009

O Pequeno Pai

Estamos viajando em algo como um ônibus, poderia ser uma carruagem. À frente, sentada, minha amiga S.U. atrás um vulto. Chegamos a um lugar onde é comemorada a festa de C.A.S.S.B. Ele vem atrás de mim L.H., ele atrás, lépido, em determinado momento se adianta a nós. Ele não sabe que ele é meu pai. Ele se aproxima de um peitoral distante metros de C.A.S.S.B. mesmo assim estende suas mãos miraculasamente a ele e o abraça, ele sem nada entender e compreender rejeita o abraço. Apresento a S.U. meu pai, ele diminui, parece um pequeno anão. Noto que não desejaria apresentá-lo porque era moreno, tendendo ao negro. Quando o olho novamente não parecia meu pai mas um pequeno bebê risonho. Ele ao mesmo tempo amedronta e arrebata. O transe acaba.

Ocultismo Ocidental

A tradição esotérica oculta ocidental é superior à oriental porque não pode ser captada pelo cérebro físico inferior. A razão mais baixa ou inferior foi iluminada pela luz divina que no Ocidente a vivificava e fazia com que as verdades mais excelsas não pudessem ser expressas na línguas dos homens, mas na língua dos anjos e compreendidas pelo dom do espírito santo. No Ocidente que que alguns se referem com desprezo como "medieval" ou pré-moderno medraram as tradiçoes alquímicas e ocultas, muitas delas arrebanhando sem distinção homens humildes do povo a quem foram negadas as letras mais elementares, príncipes e os endinheirados da época dispostos a "renunciar a si mesmos" e seguir a cruz.
Neste pequeno grupo de estudiosos sobressaiam-se os verdadeiros adeptos, que falavam das verdades que haviam descobertos não através de conceitos claramanete inteligiveis através da apreensão do significado da linguagem humana mas mediante o uso de faculdades suprassensíveis acessadas em planos superiores superiores de existência.
Tais verdades eram anunciadas não através de "conceitos precisos" avalizados pela "academia" reinante no universo do ensino formal mas através de símbolos, correspondências, gravuras, figuras geométricas, cores, analogias e o recurso a personagens, situações e passagens escolhidas da literatura religiosa apropriada pela população européia, o Antigo e o Novo Testamentos.
Não se cunharam termos "rigorosos" para que a "verdade" - digo a "verdade" bruta, terrestre e material - pudesse ser descortinada via esforços ingentes proveninentes da razão humana inferior. Estas verdades, a bem dizer, jamais poderiam ser percebidas sequer num relance por ela, permanecendo "ad saeculum seculurum" impermeáveis a seu inquérito.
Sem a mais profunda busca interior e o encontro de si mesmo, que corresponde à união com o altíssimo, o abandono da ilusão irradiada do reino diabólico da matéria jamais seria compreendida e o método para tal nunca absorvido em não consistindo em um método didático apreensível em separado da própria busca em si.

quinta-feira, junho 04, 2009

Papa Bento XVI

Bento XVII, um Tradicionalista
A cada uma de suas viagens e preleções o novo Papa Bento XVI comprova que sua indicação a tal hierarquia no Ocidente - a de sumo Hierofante da Cristandade - foi realmente inspirada pelo Espírito Santo sob os auspícios dos Santos Anjos. Sempre a receber a palavra divina sob a forma da magnífica intuição que provém do alto, sempre firme e resoluto na defesa dos propósitos cristãos, Bento XVI representa a superação dialética do que João Paulo II fez, enquanto combatente e guerreiro santificado pela unção dos mártires contra o artífice das forças do malévolo, de SHAITAN, espelhado no diabólico sistema comunista.
Aos desesperados servidores da matéria abjeta, a decidida oposição do novo Pontífice à luxúria, à perdição, ao engano, ao aborto e ao desprezo à instituição do casamento pode soar medieval, como um velho idiota e vulgar - alguém que não soube atrair para si os benefícios adivindos dos cabelos encanecidos - enfatizou em tom pueril em certo restaurante em que o autor desde artigo, semana passada, estava almoçando. Em outra ocasião, outra anciã pouco sábia referia-se ao Sumo Pontífice como "idiota", como se os anos fossem lhe abater os milhares de anos em pecado. Pobres e corruptas almas que querem a partir de suas muralhas egóicas justificar sua pobreza e decadência e renunciar ao alerta do Infinito...
Bento XVI, quiçá o maior dos Papas eruditos da atualidade, baluarte da Fé Católica Romana e expoente maior da reuniao da Cristandade e Unificação dos Ritos, que lhe seja longa a vida e prolongado o apostolado pelo que representa de compromisso místico e espiritual com a verdade.
Não há de faltar os conspiradores de plantão ou jovens revoltosos que condenem a veemência com que Sua Santidade - Supremo Hierofante do Ocidente - condena a vulgaridade e impetuosidade pueril predominantes nos comportamentos verificáveis da atual população européia e não-muçulmana ou não-cristã.
Nenhum verdadeiro continuador da GRANDE OBRA pode permitir que sejam destruídos os fundamentos da FAMÍLIA e da verdadeira UNIÃO entre os sexos que expressa a verdadeira aliança ARCANA entre os princípios fundadores da manifestação material na terra. Só os estúpicos enfeitiçados pela imagem do real podem supor o contrário.
Bento XVI caminha em direção ao posto de mais esclarecido Sumo Pontífice nos séculos XX e XXI e Defensor Perpétuo dos valores da cristandade, autor esclarecido do SAL DA TERRA.

História Oculta da Humanidade - Idade Moderna (De John Dee à Aurora Dourada - Golden Dawn - ao Novo AEON)

John Dee e Edward Kelley - auxílio á Rainha da Inglaterra e criação do "British Empire", o Grande Império Britânico. Derrota da forma como Felipe II encarava o catolicismo genuíno, maculada pela longa luta contra os árabes e libertação da Espanha e Portugal, infelizmente manifesta na criação de sua "invencível" armada - aniquilada pela evocação dos anjos enoquianos pelo Sr. John Dee que apelaram aos poderes das quatro torres - e criação das bases do futuro estado democrático na Europa e do moderno capitalismo.
Manifestos Rosa-Cruzes - Alemanha. Surgimento do luteranismo. Os príncipes se engalfinham pelo poder político, alguns aliados a Lutero, outros ao Papa. Em meio ao luto por milhões de vítimas inocentes ressurge a Rosa Cruz e Christian Rosenkreuz. Jacob Böehme e os rosa-cruzes e verdadeiros teósofos alemães reencarnam.
Vésperas da Revolução Francesa - Os Grandes Mestres do Mundo Oculto, a Hierarquia Oculta que governa o mundo determina a vinda à terra, especialmente a Europa, sob a forma do Conde de Saint Gérmain e o ser inferior a ele na luz, mas não em papel, Cagliostro. Preparação para os grandes eventos que se sucederam à revolução francesa, a ascensão de Bonaparte e sua inclinação ditada pelos mestres em direção ao hermetismo egípcio e a decifração de sua escrita, os hieroglifos. Surgimento do Adepto Champollion.
Inglaterra, sec. XIX - Auge da Revolução Industrial. Surgimento de movimentos satânicos e materialistas na Inglaterra e continente, em particular o socialismo fabiano e a social-democracia, além do anarquismo bakunista assassino - com a mediação exercida pelo grande Richard Wagner na Alemanha, como contraponto místico-cultural à barbárie que brotava naquele período. Nestes anos os mestres e adeptos ocultos preparam homens e mulheres que resgatariam as velhas tradições herméticas em uma nova ordem que viria a corrigir e apeiçoar a maçonaria teórica e operativa: a "Golden Dawn" ou "Aurora Dourada. Seus grandes expoentes são Wescott, Mathers e Waite.
Ainda no século XIX, Helena Petrovna Blavatsky, acionada pelos grandes Mestres ou Mahatmas do Ocidente e Oriente é instada a interpretar o Livro de Dzian - tentativa antes realizada por Eliphás Lévy ao ter acesso ao Sépher Dzeûnita. Este, cedendo aos caprichos da juventude perdeu suas faculdades ao tentar métodos equivocados de evocação que o mergulharam em profunda melancolia. (a célebre operação  dirigida ao suposto fantasma de Apolônio de Tyana). Publicação da Doutrina Secreta e Ìsis sem Véu, erigindo-se uma ponte para a união entre Ocidente e Oriente e fundação da moderna Índia através da Sociedade Teosófica em Adyar.
Século XX - A Luz infinita ganha manifestação no grande Mestre Gurdjieff (João em carne na ilha de Patmos) e seus discípulos. Frater Perdurabo (Therion) anuncia o advento do AEON de HORUS e se afirma a reencarnação de Edward Kelley (o que em si traduz a dualidade do período), aproximando-se o desfecho do ciclo histórico ditado pela hierarquia oculta do mundo.

domingo, maio 31, 2009

Mensagens dos Mestres, Falsos Anéis Tetragrammaton Samael Awn Weor

Um amigo dizia ter recebido uma mensagem do "Mestre" Morya. Isso me lembra de estar em uma determinada cidade há algum tempo e alguém afirmar ter recebido uma mensagem do Mestre Kut Humi, o que prova que os mestres são bastante comunicativos e pouco seletivos... Tudo muito genérico... Cuidado com "mensagens" que venham dos mestres. Ultimamente, até o símbolo de Baphomet vi na internet retirado do clássico livro de Èliphas Lévy e chamado de "MAIORAL" em Umbanda, uma espécie de DIABÃO maléfico e idiota! Quanto desconhecimento e ignorância estamos vendo invadir nossa própria comunidade teosófica!
Outra coisa. Ontem outro amigo me alertou sobre o fato do grupo de Samael Awn Weor vender pentagramas trocados de Lévy, ou seja, pentagramas em prata com os símbolos trocados (em especial o da taça antes do "TRA"). Muito cuidado quando for comprar algo desse tipo para você, pois se for o anel, a depender da disposição dos elementos pictóricos pode ser bastante perigoso e maléfico.
Se quiser mais informações sobre quem é Samael Weor, o autoproclamado "Avatar da Era de Aquário", procure no Orkut a comunidade "Samael Awn Weor é BOGUS".

Minha Vida - Um Resumo (Vivendo com Espíritos, Deuses e Demônios)

Ainda que nunca tenha sido espírita, espiritualista ou kardecista (apenas um tio o era na minha família) desde pequeno experimentei episódios estranhos que de tão banais me convenceram firmemente a buscar outras práticas e métodos espirituais pela necessidade premente de entender algo que aos outros parecia tão pouco acessível ao intelecto formal.
Hoje não dou importância a esses fatos enquanto "poderes especiais" ("sidhis") porque graças aos estudos percebi o quão preocupante é isso tudo e como podem arruinar sua própria vida, caso não sejam tratados a tempo. Infelizmente há sempre aqueles que se sentem felizes por poder manipulá-los como um mágico no circo... Meu falecido pai havia sido filiado a certo grupo oculto e possúia dons invulgares, o principal deles era o da adivinhação por meios estranhos e o de falar outras línguas. Afora isso, tendo nascido em 1920, papai sempre nos falava acerca de estórias sobrenaturais que tinha testemunhado, com grande riqueza de detalhes. Eu mesmo presenciei diversos fatos que ultrapassavam meu escopo mental em nossa casa, um deles quando meu tio veio a falecer repentinamente e papai estava há centenas de quilômetros de distância e apareceu no enterro sem ninguém tê-lo avisado e dizendo que sabia que o Antônio havia morrido... (naquela época não havia celular e telefones fixos eram raros). Já meu principal dom era conviver com seres do passado que caminhavam ao meu lado como se fossem criaturas normais ou conversar com pessoas que se esfumaçavam pelo ar. Quantas vezes passei o ridículo de estar falando com alguém com roupas engraçadas e comentava com meu pai e minha mãe e ela, particularmente, achava aquilo absolutamente inconpreensível (A última vez que me ocorreu fato semelhante foi há uns 4 anos, porém de maneira totalmente diferente e por duas vezes, no Brasil e em outro país). Quando vim para a Bahia, há muitos anos, tive um sonho que me mostrava um lugar que seria exatamente aquele onde estaria hoje. Quando me mudei para cá e morei em uma pensão no Largo da Vitória numa certa noite fui acordado por arrebatamento e vi um Ser gigantesco e negro na Baía de Todos os Santos que me falava sobre minha vida e vários episódios futuros, porém na época não pude entender completamente o que era. O que eu me lembro é que dizia que não deveria jamais revelar algumas coisas que me eram ditas, o que eu segui à risca. Esse ser com toda a certeza era um Deus - no sentido teósofico -, dada a grandeza da manifestação de que se revestia.
Nesse tempo, após a primeira manifestação, eu conquistava muitas vitórias materiais e ao mesmo tempo passava a conviver com outro ser que falava inglês ao modo americano, era branco e extremamente sensual, sendo que este exercia uma influência dúbia sobre mim, era certamente maléfico e não tinha a mesma magnitude do ser interior. Sua principal característica era a excessiva sensualidade. Com o passar do tempo vim a saber quem era e graças aos estudos em que estava me aprofundando consegui me livrar dele.
Aliás, foi a partir deste momento que várias coisas negativas começaram a se manifestar em minha vida. Meus estudos sempre foram constantes desde os 20 e poucos anos de idade aproximadamente, através de várias escolas. Porém à medida que avançava na leitura de determinadas linhas ocultas e apreendia certos conceitos tudo se tornava simultaneamente mais claro e compreensível. Tinha certeza de que não podia ser manipulado mais por estes seres e a justificativa da inocência ou imaturidade não era mais válida para suportar o seu jugo espiritual ou ameaças frequentes.
Poucos anos depois veio a se manifestar quiça o mais maravilhoso de todos os fenômenos em minha vida. Eu havia procurado por duas décadas vários caminhos no ocultismo, todos eles falhos ou incompletos. Minhas conquistas materiais haviam encontrado um termo. Eu era jovem e havia conquistado a superintendência em uma firma, ganhando bastante. Fui demitido e estava desesperançoso, não sabia o que havia acontecido comigo já que havia me preparado tanto, me formado em economia e feito um mestrado para ganhar muito. Entrei em depressão acentuada e parei de fumar. Tudo parecia negro e nebuloso para mim.
Diante disso, resolvi voltar as raízes, ao que havia de mais antigo em mim. Lembrei-me de minhas fotos de batismo no catolicismo com minha jovem e linda mãe e decidi retornar às raízes, voltar a frequentar a Igreja Católica e Apostólica Romana e abandonar o materialismo e o ocultismo.
Morando em Salvador, passei a frequentar uma pequena Igreja em Brotas, Vila Laura. Um Padre Jesuíta me amigo havia me dito que precisava cumprir os demais votos além do batismo (a crisma e primeira comunhão) e outro padre da Igreja Principal de Brotas me assegurou, do alto de seus setenta e tantos anos, que eu deveria pedir a uma velha beata em uma Igreja próxima a minha residência que me procedesse ao catecismo e aos futuros sacramentos.
Foi o que fiz, dirigi-me ao apartamento desta Senhora que me recebeu algo assustada - um doutor pedindo os sacramentos? - e recomendou que me encaminhasse ao Padre de Vila Laura, o que fiz alguns dias depois.
Porém, fato miraculoso, alguns dias antes, em uma Livraria do Shopping Iguatemi, reconheci o Padre em trajes comuns (leigos) e o perguntei se havia sido comunicado do meu pedido, ao que ele respondeu serenamente e disse que sim. Dias depois vim humildemente a uma missa nesta mesma Igreja, participei dos ritos humildemente e ajoelhei-me fervorosamente por todas as vezes em que isso foi solicitado. Num determinado momento o Padre falava do Demônio e sua missão destruidora nesse mundo. Só me lembro que todas as luzes quebraram nesse momento, o que reputo à minha presença naquela cerimônia e talvez a falhas vibracionais do regente místico naquela ocasião ou da própria audiência.
Dias depois, decidi frequentar o mosteiro de São Bento, cujo arquiabade me passava uma visão de conhecimento e distinção e a própria medalha de Sâo Bento, abençoada por um monge em uma primeira visita, salvara-me da morte em uma viagem de trabalho à Cuiabá. Estes foram meses em que minha consciência se alçou ao limite, tamanha era a prática de orações cristâs e a meditação no próprion Cristo Salvador, na Virgem Maria, nos Santos e os Anjos. Eu havia me redescoberto santamente na Igreja Católica e através da oração sistemática alcançando uma transformação do meu ser interior e exterior.
Em certo domingo, no ano de 2005, estava ouvindo Cantatas de Bach, talvez uma das mais esplêndidas obras do compositor alemão. Naquele momento dirigi-me à sacada de meu apartamento e tive o mais belo de todos os vislumbres de toda a minha existência. O dogma da TRINDADE foi revelado perante mim em um átimo de segundo. Quão belo e inesquecível aquele momento único de contato com o divino, desencadeado pela audição de Bach! Tudo aquilo sobre o qual se debruça o crente compromissado revelado pelo Espírito Santo em uma diminuta fração de tempo!

domingo, maio 24, 2009

A Sabedoria Oculta na Bíblia Sagrada - Geoffrey Hodson

Sem dúvida “A Sabedoria Oculta na Bíblia Sagrada” (publicado pela Editora Teosófica) do eminente Teósofo, Membro da Sociedade Teosófica (MST) e clarividente Geoffrey Hodson merece ser adquirida por todo estudante sério e pelo buscador sincero das verdades ocultas nos escritos sagrados da Tradição Ocidental. È uma das maiores tentativas de interpretação alegórica e exegese bíblica à luz do ocultismo, bastante abrangente e fundamentada em critérios básicos de análise. Não irá encontrar aí comentários a todas as passagens do Velho e Novo Testamentos mas algumas tentativas de Geoffrey Hodson no sentido de compreender os ensinamentos secretos por trás de estórias, personagens, símbolos e situações escabrosas ou inusitadas que desafiam nosso senso comum e pudor tais como o sol que pára no alto diante de Josué ou a relação de Ló com suas próprias filhas. São princípios evolutivos e instruções dos mestres que Hodson investiga por trás do aparente “non sense” dos relatos bíblicos. Por exemplo, no capítulo 8 (“As Quatro Chaves Principais”) arrolam-se algumas proposições básicas que devem orientar exegese e hermenêutica dos livros bíblicos:
a) Tudo acontece interiormente. “(..) todos os eventos registrados,externos e supostamente históricos, também ocorrem interiormente. Tudo acontece no interior de uma raça, nação e indivíduo.
b) As pessoas personificam as qualidades humanas, isto é, cada pessoa introduzida nas estórias representa uma condição de consciência e uma qualidade de caráter. “Todos os atores são personificações de aspectos da natureza humana, de atributos, princípios, poderes, faculdades, limitações, fraquezas e erros do homem. Daí Hodson analisar o papel e posição de cada um dos irmãos de José, Esaú e Jacob, a natureza de Potifar e sua mulher, Ló e sua mulher que se transforma em estátua de sal segundo seu significado analógico e interior
c) As estórias dramatizam as fases da evolução humana, isto é, fases da jornada evolutiva em direção á Terra Prometida ou consciência cósmica.
d) Simbolismo da Linguagem, ou seja, todos os objetos e certas palavras,cada qual têm seu próprio significado simbólico e real segundo Hodson. É a questão da linguagem sagrada, com significado constante e incorporada nos hieróglifos e símbolos.
Enfim, um aspecto que acho interessantíssimo é o fato e Hodson enxergar as incongruências como indícios de significados mais profundos. Veja o que diz: “Ao estudante da linguagem alegórica é quase sempre dado um indício – que, no entanto, parecer à primeira vista muito estranho. Essa pista consiste num véu adicional, proteção ou cortina que tende a aumentar a confusão e a repelir quem se aproxime com a mente puramente literal ou profana do santuário onde o divino conhecimento está entesourado. A pessoas devem precaver-se cuidadosamente contra essa repulsão, quer devida a uma declaração que é incongruente, inacreditável, impossível ou a uma estória que ofende a lógica e o senso de justiça ou mesmo a decência e a moralidade”.
Convenhamos, o esforço de Hodson para dirimir estas dúvidas é monumental. Se eu fosse apresentar um balanço do livro diria que possui alguns defeitos porém virtudes invejáveis. Acho que Hodson força algumas análises atráves do recurso freqüente à idéia da Kundalini (que sempre fecha um caso mais difícil de interpretaçao), o exagero no transplante dos sete corpos do homem em algumas situações e a distinção entre Eu Superior e inferior e ao domínio da matéria. As virtudes estão no método sugerido de interpretação e alguns “insights” que sem dúvida são fruto do exercício de clarividência que caracterizava o MST Geoffrey Hodson (veja a análise das qualidades dos apóstolos, a vinculação das tribos aos signos do zodíaco, a análise da relação entre Jesus e seus discípulos e de sua paixão etc).
Também é válido na obra o fato de que ajuda a desmontar ironias infantis e críticas acerbas às escrituras judaicas – mais que ao cânone cristão – a maior parte delas decorrente de uma traumática relação com a Bíblia imposta por pais e mestres que ou desconheciam o verdadeiro significado de certas passagens ou medrosamente as deixavam de lado por julgá-las incompreensíveis.

quarta-feira, maio 06, 2009

Ouro Preto

Ouro Preto é uma cidade mágica, resplandencente, divina. Sempre que a visito me sinto rejuvenescido e vitalizado. É uma pólis no sentido etimologicamente correto da palavra. Seus edifícios são velhos, as ruas pedregosas centenárias, a paisagem circundante magnífica. É pequena e não é, é velha e não é, é cosmopolita embora cravada no coração das Minas Gerais. Respira-se juventude em suas vielas e ladeiras, nos bares frequentados pela gente bela das repúblicas que se espalham pelo centro da cidade. A comida tem um sabor inigualável onde quer que se vá. A temperatura é fria mas são tantos os lugares em que podemos ouvir uma boa música ou bater um bom papo que mesmo a gélida madrugada não nos incomoda ou tira o bom humor.
Quando caminhamos por suas ruas - comprando aqui e ali um docinho, olhando uma loja ou tomando um gostoso café - é como se sentíssemos os homens e mulheres que viviam lá à época do Aleijadinho ou do Tiradentes cumprindo seu ritual quotidiano como se ainda comesessem, bebessem e respirassem o ar da cidade. A percepção única de se estar ao lado do poeta Thomaz Antônio Gonzaga e presenciá-lo a escrever seus versos à Marília, na velha mansão que lhe pertencia e da qual foi retirado pelos dragões quando dos autos da inconfidência. Tudo nos faz retornar a um passado não tão distante de lutas e martírio dos grandes homens que com sua vida honraram a pátria brasileira no solo das Minas Gerais.