Gurdjieff

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Quem é Gurdjieff?

domingo, março 11, 2007

Cristo versus Jesus

Estas são observações que fiz na Comunidade "Teosofia e Esoterismo" do Orkut, em resposta a uma indagação sobre a existência, ou não, do Jesus histórico.

"Chréstés" é aquele que serve a um oráculo ou um Deus, tanto que o primeiro escritor cristão, Justino mártir, designava "chrétianos" a seus correligionários. "Chrestos" para os pagãos - também na Alexandria Helênica - era um iniciado posto à prova, um candidato a hierofante. Quando alcançava a sua meta e havia sido UNGIDO (isto é, friccionado com óleo como todos os iniciados) seu nome era transformado em "Christos", o "purificado", segundo a linguagem dos "mistes", mais esotérica. Era aquele que já havia percorrido o caminho ou a senda. È claro que muita coisa foi apagada dos anéis do passado e das chamadas escrituras porque a ninguém interessava dar conhecimento que o HOMEM, Jesus, era um INICIADO (inclusive muitos termos empregados pelos apóstolos eram comuns aos mistérios gregos) que alcançou o ESTADO DE CRISTO. Sobre esse tema, aliás, já debatemos muito nesta lista
Por acaso eu estava com o volume V da "Doutrina Secreta" nas mãos hoje e sua pergunta pareceu-me até proverbial. Na Seção XXXII H.P.B. retomar uma digressão já apresentada em "Ísis sem Véu" sobre as diferenças entre "Chrestos" e "Christos". "Em 1877, quem escreve estas linhas, apoiando-se nas opiniões de eminentes eruditos, atreveu-se a afirmar que há grande diferença entre os termos Chrestos e Christos, diferença que encerra profunda significação esotérica. Porque, enquando Christos quer dizer "viver" e "nascer para uma vida nova", Chrestos, na linguagem da iniciação, significa a morte da natureza inferior ou pessoal do homem; o que dá a explicação do título bramânico de "duas vezes nascido". E finalmente afirmou que:
"muito tempo antes do Cristianismo havia crestãos, e entre eles os essênios".
Citando LEPSIUS, diz: "A palavra Nofre significa Chrestos (o bom), e que 'Onofre' um dos nomes de Osíris, equivale a 'manifestação da bondade de Deus. Sobre isto diz Mackenzie: 'Naqueles primeiros tempos não era universal o culto de Cristo, isto é, não se havia ainda introduzido a Cristolatria; mas desde muitos séculos antes já existia o culto de Chrestos (o Bom Princípio), que até sobreviveu à difusão do Cristianismo, do que fazem prova monomentos existentes até hoje... E há um epitáfio cristão com os seguintes dizeres:
"Jacinte Darisaion Desmosie Pros Kreste Xaire"
Por fim, desconheço qualquer "deus solar" denominado Crestus em Alexandria. Sei que a mescla de cultural de Alexandria gerou um Júpiter-Amon ou um Serapis, mas nenhum "Crestus" (não será Creso, o famoso rei grego?). Bem, de qualquer forma Jesus é citado por Flávio Josepho (na "História dos Hebreus, obra completa publicada em 1990 pela CPAD no Brasil) e estudado por Mead (como disse a Aláya), Ernest Rénan e tantos outros. Também não faria sentido "criar" um "Deus" Jesus, pois até o terceiro século D.C. os cristãos eram ainda um pavor para muitos romanos e outros povos (os romanos estavam mais interessados em perseguir o culto de Ìsis e outras coisas). Quanto à Igreja Católica, ela é uma criaçâo recentíssima. Leia os "Crimes dos Papas" do Sr. Maurice Lachatre para se inteirar da estória de terror desta instituição, que só surgiu após muitas lutas do Bispo de Roma com outras igrejas do Oriente.
Agora vai uma opinião particular. Quem já leu com cuidado o Novo Testamento - não falo dos apócrifos, mas do convencional - nota que o discurso de Jesus nada tem de pitagórico, isto é, os elementos fundamentais da filosofia pitagórica - tal como nos chegou - não estão presentes ali. Nem mesmo os elementos do neo-platonismo (ambos acreditavam em formas diferentes de reeencarnação, o prínpio das emanações do segundo, hábitos alimentares etc). Bem, mas se tomarmos a posição de discípulos como Paulo, aí sim se nota a onipresença da filosofia helênica mas, nem assim, da sua faceta neo-pitagórica (pelo que já li, até Paulo foi acusado de ser Apolônio de Tiana também, será que Apolônio era Jesus e Paulo, ao mesmo tempo, ou esperou o primeiro morrer?). Na minha humilde opinião eu vejo mais no Adepto Paulo uma profunda ligação com o estoicismo e até algumas nuances de epicurismo (que estava longe de ser um mero "culto ao prazer"). Tanto que há muitos anos atrás, ao ler o catecismo romano (coordenado pelo impagável Ratzinger...) o que me chamou atenção foi o fato de suas "virtudes capitais" serem quase as mesmas preconizadas por Sêneca e Cícero.
Então a Igreja Católica romana era mais romana que católica? O próprio grego do novo testamento era o "koiné", uma versão simplificada (como o inglês moderno) e que podia ser facilmente difundida pelo mundo helênico, daí, talvez, o sucesso "mercadológico" do cristianismo primitivo, combinado com elementos d da primeira filosofia de "auto-ajuda" que se tem notícia na história, o estoicismo-epicurismo... Mas estas são impressões próprias...