Gurdjieff

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Quem é Gurdjieff?

segunda-feira, abril 26, 2010

Notas sobre as Relíquias do Buda

Uma Visita às "Relíquias" do Buda


Dirigi-me pessoalmente à exposição das relíquias do Buda e seus discípulos no dia 25/04/2010, no Museu da Misericórdia que fica situado na Igreja da Misericórdia, logo na entrada do Pelourinho, Salvador.
Logo ao aproximar-me do Museu, acompanhado de meu filho, senti o enorme poder espiritual que fluía daqueles objetos. È indescritível o impacto que a presença da cristalização de um grande mestre espiritual produz sobre os homens. Ao entrar no recinto fomos conduzidos a um pequeno átrio, logo na entrada, onde foi exibido um curta metragem sobre a origem das "relíquias", seu significado, os mestres que as originaram e o percurso da mostra por uma série de países.
Em seguida fomos conduzidos ao salão principal da igreja que circumbulávamos no sentido horário, fixando-nos primeiramente nas relíquias de Buda, Tsongkhapa e outros. As duas primeiras eram muito brilhantes e esféricas, contando com uma "bolinha" maior que as outras. Delas emanava quase toda a energia vibracional de emitida por todo o conjunto. As duas certamente eram "colares de buda" em "strictu sensu".
Os monges e religiosos budistas exotéricos presentes pareciam bastante satisfeitos com os efeitos produzidos pelo espetáculo. Na verdade, estes eram mais oriundos do próprio caráter das relíquias (entre as quais, além das falsas pérolas havai os ossos e dentes de preceptores falecidos) que tendem a atrair os crédulos como em qualquer outra região.
Pouquíssimos ou talvez nenhum dos presentes sequer nutria uma fraca concepção do real alcance do que estava diante de seus olhos. O espesso véu da matéria e do engodo de "maya" cobria seus olhos presunçosos.

segunda-feira, abril 19, 2010

AS RELÍQUIAS DO BUDA - O VERDADEIRO "COLAR DE BUDA"

Algumas "relíquias" de Buda 

As Relíquias do Buda - O Verdadeiro Colar de Buda



As relíquias do Buda Sakiamuni foram oferecidas por Sua Santidade, o Dalai Lama ao Lama Zopa Rinpoche. Muitos outros mestres budistas uniram-se ao projeto e ofereceram relíquias para serem colocadas no coração da estátua do Buda Maitreia. Quando os corpos de mestres espirituais são cremados, entre suas cinzas surgem cristais parecidos com pérolas. Estes objetos são especiais porque guardam a essência das qualidades do mestre. As relíquias são evidências físicas de que ele desenvolveu muita compaixão e sabedoria antes da morte. Elas proporcionam uma oportunidade única de conexão espiritual com seres iluminados”.

O trecho acima foi reproduzido de um convite para a apresentação das relíquias do Buda Sakiamuni em capitais do Brasil. Não só deste Buda, mas discípulos notáveis como Maudgalyayana, Ananda e Sariputra e antecessores como o Buda Kasyapa. Quando estes mestres espirituais deixam a terra e são cremados surgem estas pequenas “pérolas” como testemunho de sua santidade.

Mas o que são estas pequeninas “pérolas” veneradas como relíquias do Buda por toda a extensão do Oriente? Os Budismos Exotéricos cegadas por cerimônias cuja chama espiritual oculta deixaram de compreender há muitos séculos não são capazes de compreender o que são estas “relíquias”, que não são cristalizações de virtudes ou “parâmitas” dos Budas mas representam a própria sobrevivência física e dos Budas e seu vínculo material com o presente e o passado.

Este misterioso ensinamento permaneceu oculto por séculos, talvez milênios, até que Georges Illitch Gurdjieff na série de revelações em Moscou no início do século XX trouxe a lume o segredo do “Colar de Buda”. Este termo não expressa a cadeia de reencarnações como usualmente é aceito, mas um vínculo permanente com Buda. A exposição ora realizada em várias capitais do Brasil, entre elas Salvador, pode trazer algumas destas peças entre as quais somente o verdadeiro clarividente saberia distinguir aquelas que são falsificações produzidas nos mosteiros tibetanos os verdadeiros “colares de Buda”.


Mas do que se tratam? O que são e qual é a verdadeira natureza destas relíquias?

Em “Fragmentos de um Ensinamento Desconhecido” Piotr Demianovich Ouspensky relata de forma conspícua observações magistrais de Gurdjieff sobre o “Colar de Buda”. Permitam-nos reproduzir estes preciosos argumentos:

Noutra ocasião, falávamos do Budismo do Ceilão. Eu expressava a opinião de que os budistas devem ter uma magia, cuja existência não reconhecem e cuja possibilidade é negada pelo Budismo oficial. Sem nenhuma relação com essa observação e enquanto mostrava minhas fotografias a G., falei-lhe de um pequeno relicário que vira numa casa amiga, em Colombo, onde havia, como de costume, uma estátua de Buda e, ao pé desse Buda, uma pequena dágaba (*) de marfim em forma de sino, isto é, uma pequena réplica cinzelada de uma verdadeira dágaba, interiormente vazia. Meus anfitriões abriram-na em minha presença e mostraram-me alguma coisa que era considerada uma relíquia, - uma pequena bola redonda, do tamanho de uma bala de fuzil de grosso calibre, cinzelada, segundo me parecia, numa espécie de marfim ou de nácar.
G. escutava-me atentamente.
- Não lhe explicaram a significação dessa bola? Perguntou.
-Disseram-me que era um fragmento de osso de um discípulo do Buda; que era uma relíquia sagrada de grande antiguidade.
- Sim e não, disse G.. O homem que mostrou o fragmento de osso, como você, diz, nada sabia ou nada queria lhe dizer. Pois não era um fragmento de osso, mas uma formação óssea particular que surge em torno do pescoço como uma espécie de colar, em decorrência de certos exercícios especiais. Já ouviu essa expressão: “colar de Buda”?
- Sim, disse, mas o sentido é completamente diferente. É a cadeia de reencarnações do Buda que chamam “colar de Buda”.
- È exato que esse seja um dos sentidos dessa expressão, mas falo de um outro sentido. Esse colar de ossos que rodeia o pescoço, sob a pele, está diretamente ligado ao que é chamado ‘corpo astral’. O corpo astral está, de certo modo, ligado a ele ou, para ser mais preciso, esse ‘colar’ liga o corpo físico ao corpo astral. Ora, se o corpo astral continua a viver depois da morte do corpo físico, a pessoa que possui um osso desse ‘colar’ poderá sempre se comunicar com o corpo astral do morto. Essa é a magia deles. Mas eles nunca falam dela abertamente. Tem, pois, razão, em dizer que têm uma magia, e temos aqui um exemplo dela. Isso não significa que o osso que viu seja verdadeiramente um osso. Encontrará ossos semelhantes em quase todas as casas; estou lhe falando apenas da crença que está na base desse costume.
E eu devia admitir uma vez mais que nunca encontrara tal explicação.
G. esboçou para mim um desenho que mostrava a posição dos ossinhos sob a pele; formavam na base da nuca, um semicírculo que começava um pouco adiante das orelhas.
Esse desenho relembrou-me de imediato o esquema ordinário dos gânglios linfáticos do pescoço, tais como são representados nos quadros anatômicos. Mas nada mais pude saber
”.


Ao visitante desatento tais observações sobre as “relíquias” dotadas do dom de cura e capazes de trazer inolvidáveis benefícios espirituais e físicos àqueles que por isso anseiam (assim como, supostamente o fazem as relíquias católicas ou de outras religiões) podem proporcionar-lhes um vislumbre do que dos resultados do contato físico com o elo cristalizado dos Budas. Essa é verdadeira “magia oriental” e suas relíquias – se verdadeiras – são os atributos físicos dos verdadeiros Santos.

(*) Santuário budista em forma de cúpula.

Mais informações sobre a exposição no Brasil em:

http://www.cebb.org.br/noticias/344-exposicao-reliquias-do-buda-brasil-2010

domingo, abril 18, 2010

Os Santos na Religião Universal

Os Santos na Religião Universal - Universalidade, Fenômenos e Possibilidades

Em todas a principais religiões exteriores do mundo se adoram indivíduos “santos” ou "santificados" (a diferença não é trivial porque alguém "santificado" não necessariamente é "santo" e um "santo" não é santificado mas santifica-se), seja no cristianismo, no islamismo, no judaísmo ou nas tradições orientais que não orbitam o paradigma “abrahâmico” (o hinduísmo, o budismo o zoroastrismo, o janaísmo etc) além de outras denominações . Um Santo ou Santa é sinônimo de pureza, perfeição, retidão, justiça. Um Ser que alcançou a perfeição ou iluminação.

São José de Cupertino
Há tempos atrás se acusava a Igreja Romana de haver moldado seu próprio politeísmo não só ao atribuir a triplicidade ao Divino mediante a aceitação do dogma da “Santíssima Trindade” - que caracterizava todas as religiões pagãs que a antecederam - mas também por introduzir em seu culto uma miríade de santos com estatura quase divina e que não raro ultrapassavam em muito sua condição de intermediários junto ao Todo-Poderoso Criador do Universo. Entre estes santos figuravam tanto exemplos comoventes de desprendimento e amor ao próximo como um Francisco de Assis, quanto potentados civis e religiosos que pelos mais torpes motivos políticos ou à força do uso do vil metal eram canonizados por Roma.

Na Índia, pelo contrário, o Santo ganha corpo na figura humilde e despida de vaidades do “sadhu”, alguém que, a grosso modo, se esforça por despertar algo mais sutil em si mesmo através das inúmeras práticas espirituais que o povo da Índia recebeu como galardão. O festival “Kumbh Mela” de 2010,apresentado na fotogafia abaixo, mostra uma multidão desses Santos em uma das quatro cidades em que se realiza o encontro, sempre no período em que ocorre um determinado alinhamento dos astros. Não que apenas a Ìndia resguarde este imenso tesouro espiritual, mas no mundo ocidental o obscurantismo das religiões estabelecidas, no passado, casado com a vigilância autoritária da atual "sociedade da ciência" impedem que as pessoas acatem com naturalidade seus dons e ouçam o chamado da divindade.

No “Glossário Teosófico” de Helena Petrovna Blavatstky o termo sânscrito “Sâdhu” é descrito como possuindo o seguinte significado: “Bom, puro, justo, reto, virtuoso; agradável, belo, excelente. Como substantivo: um muni, um santo. [Santos, ascetas e também faquires que pratica o Yoga tântrico, isto é, magia]”. Na Índia a santidade é um fenômeno comum e onipresente. Como indicam relatos de diferentes pesquisadores espirituais ou, casualmente, visitantes bem pouco interessados em perscrutar os segredos da vida interna indiana, estes homens e mulheres são capazes de produzir em seus próprios corpos ou no mundo externo - compreendendo os outros homens e objetos materiais - maravilhas em que dificilmente se pode crer.

Sadhus no Festival Kumbh Mela 2010


Estes dons aparentemente miraculosos são o que antigos tratados como os “Yoga Sutras” do sábio Patânjali denominam tecnicamente“sidhis” ou “perfeições”. estas faculdades se manifestam como conseqüência inevitável da prática da Yoga e do mergulho em níveis cada vez mais profundos da matéria mental. Não é bom que sejam voluntariamente perseguidas mas inevitavelmente vêem à tona, sendo que o iogue realmente alcança a maestria ao comprovar que está apto a resistir às tentações oferecidas por eles. No Ocidente Santa Tereza D’Àvila - muitos outros santos - era sujeita à levitação com inoportuna freqüência. Suas experiências místicas eram tão complexas que dizia “se entende, não entende como entende”. Assim como no Oriente, casos como a da levitação, da bi-locação (estar em dois lugares ao mesmo tempo) ou mesmo da invisibilidade são citados a “torto e direito”.

Estes são exatamente os mesmos fenômenos que marcaram as vidas do Cristo físico na Galiléia e pontuaram a passagem de Apolônio de Tyana pela terra. Incluem-se entre estes poderes a capacidade de entender sons emitidos por qualquer ser vivo, o conhecimento da mente dos outros, a invisibilidade do corpo, o conhecimento exato da hora do morte e o dom de pressagiar o futuro, o aumento da força física, o conhecimento do sistema solar, a imobilidade, a cessação da fome e da sede, a levitação e muitos outros. Aqueles sobre os quais se derrama o espírito santo ou se enroscam línguas de fogo falarão a língua dos anjos, ou seja, desenvolverão faculdades que contribuem para demonstrar aos incrédulos os limites de sua miserável existência física.

O “sadhu” não equivale ao pai de família que, tendo cumprido sua obrigação, passa a ingressar em uma fase da existência, mais contemplativa, abrindo mão de qualquer apego (“vairagya”). Ele se dedica integralmente à união com o Ser Absoluto. È um homem despojado de bens materiais - no limite das próprias roupas - e que perambula só ou em grupo em meio a um mundo que só ele sabe ou começa a perceber como uma simples ilusão, produto da disposição dos gunas em determinado momento.

Entre os hebreus, o ritual de ungir um menino e torná-lo “nazireu” (em hebraico, “separado, afastado”) embora revestido de caráter iniciático, deixa entrever que em tempos arcaicos o Senhor de Israel escolhia homens desde o berço para que cumprissem suas injunções. Em Juízes 13:5 se diz com relação à mãe de Sansão: “porque tu conceberás e terás um filho, sobre cuja cabeça não passará navalha, porquanto o menino será nazireu de Deus desde o ventre de sua mãe; e ele começará a livrar a Israel da mão dos filisteus”. A Sra. Blavatsky sugere que São Paulo era claramente um nazireu de nascença pois o capítulo 18 de Atos dos Apóstolos, versículo 18 é explicito em garantir que “Paulo, tendo ficado ali ainda muitos dias [em Corinto], despediu-se dos irmãos e navegou para a Síria, e com ele Priscila e Áquila, havendo rapado a cabeça em Cencréia porque tinha um voto”. Paulo, ademais, chegara ao grau de “Mestre Construtor” (I Coríntios, 3).

Junto a outros “Santos” como Sansão, Samuel, José (título nazireu segundo Blavatsky) não seria demasiado exagero incluir entre os modernos santos hebraicos (ou judeus) os grandes rabinos durante o exílio da Babilônia e após a queda do Templo foram os responsáveis pelas compilações dos grandes livros que compõem junto à Torah e o Tanach o Pentateuco e demais livros da Bíblia Judaica - o berço comum e repositório último da moderna tradição judaica. Estes recebiam títulos honrosos que denotavam não apenas respeito e admiração mas reconhecimento genuíno por seu exemplo de vida. Em termos espirituais o judaísmo reconhece ainda os “Tzadki” ou corretos cujo número é bastante pequeno, ou trinta e seis.

Na comunidade islâmica ou “Umma” ao lado da crença na linhagem ininterrupta dos “imames” (e da existência de um “imame vindouro” cuja semelhança com o “Buda Vindouro”, o “Messias” judaico ou o Jesus “ressuscitado” é mais ou menos óbvia) predomina até a atualidade em algumas localidades a crença nos poderes especiais de indivíduos e localidades que em nada se afastam do que no mundo católico e ocidental se associa aos Santos e locais sagrados de peregrinação onde são depositados os “Ex-votos”.

Para Mathew Gordon, “(...) em todo o mundo islâmico, persiste a crença de que indivíduos e linhagens de família podem ser privilegiados com poderes espirituais especiais ou com uma proximidade com o sagrado. Existe considerável sobreposição entre a veneração de tais ‘santos’ e os aspectos mais populares do sufismo, inclusive o uso do termo corânico wali Allah(“amigo de Deus”) para ‘santos’ tanto sufis quanto muçulmanos”.

E continua: “(...) O mundo islâmico mostrou muitas vezes desconforto, e mesmo uma nítida hostilidade, em relação a essas crenças e às práticas a elas associadas. Suas relações baseiam-se geralmente na idéia de que a santidade deveria ser atribuída somente a Deus, e nunca a Seres humanos. Para muitos muçulmanos comuns, porém, a idéia de “santos”, ou de santidade nos seres humanos não tem nada de censurável e a veneração dessas figuras tem sido parte importante de sua vida religiosa e espiritual até os dias de hoje. Estas crenças podem girar ao redor da piedade e reputação moral do ‘santo’ ou concentrar-se na capacidade dele de transformar o mundo físico (por exemplo, através da cura) ou de impor-se aos elementos naturais. Em muitas regiões do mundo islâmico esta presente a crença na baraka - uma benção espiritual que pode ser transmitida de um ‘santo’ ou de relíquias de um ‘santo’ (como seu túmulo) para o seguidor. Outras figuras santas aparecem mais como heróis populares famosos, por exemplo, por sua resistência diante de soberanos opressores”.

“(...) Por exemplo, a cidade de Marrakech no sul do Marrocos - muitas vezes mencionada como “o túmulo dos santos”, devido a grande numero de pessoas santas ali sepultadas - é associada particularmente a sete ‘santos’ que são celebrados em sete festivais de bairro”. Outros santos muçulmanos famosos são o egípcio Sayyd Ahmad Al-Badale (morto em 1276 D.C.) e Abd Sha Ghazi, em Karachi, Paquistão.

Os ensinamentos que se pode tirar da quase universal presença de santos, no Oriente é Ocidente é que a santidade é um estado acessível a todos os mortais. De acordo com a Lei da Evolução que é ascendente, não descendente, todos se tornarão santos um dia, seja porque possuam uma disposição inata do espírito - kármica - seja por mostraram-se retos na senda e alcançarem novos progressos. O caminho da efetiva iniciação, a real iniciação cujos percalços são espelhados nos símbolos e rituais especulativos é longo e tortuoso.

Se tomarmos um automóvel dirigindo-o em alta velocidade ou desembestarmos montados em um robusto cavalo através das íngremes montanhas dos Andes corremos o sério risco de despencar de um penhasco e perdermos o corpo físico. Na iniciação real em direção à Santidade a pressa ou à busca de atalhos é muito pior pois esta pode envolver muitas vidas e um pequeno desvio nos lançaria no fundo de um abismo que tomaria longo tempo para ser galgado.

O exemplo dos homens e mulheres santos de todas as partes do planeta é valioso para os buscadores porque os anima a perseguir o mesmo ideal virtuoso que os levou ao encontro da real identidade do “self” e à conquista do mundo ilusório, a liberdade. Estes seres, obedecendo à Lei Universal do Ajuste, romperam seus grilhões. Pouco podemos dizer sobre os mecanismos internos que os levaram ao êxito pois que isto foge aos nossos atuais possibilidades de compreensão. Estes são os homens realmente livres e maiores que os Anjos e os Deuses (Devas) porque vencendo a batalha contra o mal alcançarão primeiramente os céus e no futuro se tornarão Senhores do Sistema Solar.

segunda-feira, abril 12, 2010

OCULTISMO Versus CIÊNCIAS OCULTAS

OCULTISMO Versus CIÊNCIAS OCULTAS
Excerto

IN: BLAVATSKY, H.P. Ocultismo prático e as origens do ritual na igreja e na maçonaria. Clássicos Pensamento. São Paulo: Pensamento, 2010.

“Esta última palavra certamente se presta a equívocos, traduzida que foi da palavra composta Gupta-Vydia, ‘conhecimento secreto’. Conhecimento de quê, entretanto? Algumas palavras sânscritas podem nos ajudar.
Há quatro nomes (entre muitos outros) para designar as várias espécies de conhecimentos ou ciências esotéricas ou mesmo exotéricos Puranas. São elas: (1) Yajna-Vidya, conhecimento das forças ocultas que podem ser despertadas na natureza a partir de certas cerimônias e ritos religiosos; (2) Mahavidya, ou ‘magnífico conhecimento’, a magia dos cabalistas e das seitas Tantrika, quase sempre feitiçaria da pior espécie; (3) Guhya-Vidya, conhecimento das forças místicas que habitam o som (éter), presentes, por conseguinte, nos mantras (preces e ladainhas cantadas), segundo o ritmo e a melodia usadas; em outras palavras, um espetáculo de magia baseado no conhecimento das forças da natureza e em sua correlação; e (4) ATMA-VIDYA, palavra cuja tradução é simplesmente ‘conhecimento da alma’, verdadeira Sabedoria segundo os orientalistas, mas cujo significado é muito mais amplo do que esse”.

Esta última é a única modalidade de ocultismo que os teosofistas, aqueles que se consiram admiradores da ‘Luz no Caminho’ ( (Light on the Path), que se querem sábios altruístas, deveriam se esforçar por obter. Tudo o mais não passa de um ramo ou outro das ‘ciências ocultas’, ou seja, métodos que visam ao conhecimento da essência última de tudo que existe no reino na natureza - como os minerais, as plantas, os animais, logo, dos fatos que dizem respeito ao domínio da natureza material, por mais que tal essência continue continue invisível à compreensão da ciência.

O candidato tem que escolher decididamente entre a vida mundana e a vida do ocultismo. É inútil e vão tentar juntar as duas coisas, pois ninguém pode servir a dois senhores e satisfazer a ambos. Ninguém pode ao mesmo tempo servir ao corpo e à alma superior ou cumprir com seus deveres familiares e universais sem privar uma coisa ou outra de seus direitos; assim também, o aspirante ou se dispõe a ouvir a ‘vozinha’ e deixar de ouvir o choro de seus pequenos, ou bem atende a estes e permanece surdo à v voz da humanidade. Para todo homem casão que busca o verdadeiro ocultismo prático e não a sua filosofia teórica, isso seria uma tarefa interminável e enlouquecedora. Pois ele estaria sempre hesitando entre a voz impessoal do divino amor da humanidade e a voz do amor pessoal, terrenal. E isso somente conduz ao fracasso numa ou noutra direção, ou até mesmo em ambas. Pior que isso: todo aquele que, tendo se comprometido com o OCULTISMO, rende-se às delícias do amor ou da cobiça humana, sentirá imediatamente as conseqüências - será irresistivelmente arrastado do estado divino impessoal para o plano inferior da matéria. A autogratificação sensual ou mesmo mental implica a perda imediata das faculdades de discernimento espiritual; a voz do MESTRE não mais poderá ser distinguida da voz das próprias paixões ou mesmo daquela de um Dugpa, nem o certo do errado, nem a moral sadia do mero casuísmo”.

“Uma vez equivocados e ainda assim persistentes no equivoco, muitos se recusam a reconhecer os seus erros, afundando-se cada vez mais no lamaçal. E muito embora seja a intenção que em principio determina se a magia é branca ou negra, nem por isso o resultado da feitiçaria mais involuntária deixará de produzir um mau karma. Já se disse muitas vezes que feitiçaria é qualquer espécie de influência maléfica a que se procura expor o outro, fazendo com que sofra e, por conseguinte, provocando o sofrimento também de outros. O karma é como uma pesada rocha a despencar nas águas calmas da vida, produzindo círculos cada vez mais amplos que se estendem, longamente, quase ad infinitum.
Assim produzidas, as causas exigem efeitos posteriores como evidenciam as justas leis da retribuição.
Tudo isso poderia ser evitado em grande parte se as pessoas simplesmente renunciassem ao exercício de práticas cuja natureza ou importância elas não compreendem. Não se pode exigir que alguém carregue um fardo mais pesado do que suas forças permitem”.