Gurdjieff

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Quem é Gurdjieff?

sexta-feira, junho 25, 2010

A Curta Vida do Homem como um Fenômeno Cósmico - Relações entre a Cristalização do Órgão Kundabuffer e o Raio de Criação no sentido de Gurdjieff

Vale do Capão, Chapada Diamantina. Foto do autor.
Estou em uma pousada no Vale do Capão, na Chapada Diamantina. A paisagem é bucólica, apaixonante como os picos dos Alpes, mais nova e menos imponente que os Andes mas transbordam mistérios da "mãe natureza". A temperatura é baixa e agradável, contrastando com o sempiterno calor da cidade de Salvador e a alta umidade do ar que me deixa enxaguado de suor durante todo o dia. Nas trilhas da Chapada colho pequenas amostras da flora local e cheiro seu aroma com o intuito de associá-lo a algo conhecido. As casas enormes dos cupins do mato abundantes por aqui me intrigam. Elas são feitas de terra amalgamada em substância secretada pelos pequenos insetos. Furo como uma espécie de "experiência científica" uma delas com o golpe de um pequeno martelo e centenas deles saem do seu reino. Intimamente me debato com certo sentimento de culpa por ter destruído trabalho tão belo e ao mesmo tempo me assaltam três idéias: em primeiro, a de que aquele "drama de proporções cósmicas" que abalou todo o "mundo dos cupins" partiu de um ato de vontade de minha parte (tomar o matelo e batê-lo na casinha). Outra foi a conclusão de que, do ponto de vista dos cupins,nada poderia ter sido antecipado, o choque com o meu martelo não poderia ser evitado. Elas são exatamente como nós, sujeitos a "leis superiores" e sujeitos ao acaso pois, assim como para nós, tudo para os cupins acontece. A terceira idéia é menos filosófica e se relaciona com o remorso que desencadeia ato tão brutal do ponto de vista dos valores "espirituais" ou o que nos ensinaram nos cursos de "bom mocismo" da religião da "Nova Era" quanto aos animais.
À noite volto para meu canto e durmo com o zunido das cigarras e os barulhinhos dos grilos. Ressinto-me de que ainda preciso um longo trabalho sobre mim mesmo para que as impressões que borbulham em meio tão rico possam ser assimilados pelo meu mecanismo interno e produzir as substâncias de ordem superior de que meu organismo realmente precisa.
Da varandinha do quarto vislumbro as montanhas que circundam o vale. Caminhando por ma trilha que conduz a um mirante, à tardinha, percebo que o efeito da tênue luz solar sobre as formas gigantescas ao longe compõe um espetáculo fascinante. Com a câmera reflex mais um tripé tiro algumas fotografias e usando meu lápis grafite faço esboços rápidos da paisagem em um caderno de desenho, para retocá-los depois. Espanto-me como a visão física das coisas pode mudar graças a meros deslocamentos do sol em sua carreira diurna. Assim como no mundo físico, nossa interpretação dos fenômenos também é sujeita às distorções de perspectiva. A forma como a luz incide ou não sobre nossa razão é que determina seu grau de objetividade.
Antes do anoitecer de ontem, ainda no mirante, contemplo o infinito. Tudo se cala e com os ouvidos capto apenas um som básico que reúne em um fio vibratória continuo as emanações de toda a natureza, o vento batendo nas pedras, os bichinhos e animais da caatinga, os resquícios da atividade humana em uma a vila próxima. Nestes momentos de intensa atividade consciente vieram-me à mente algumas implicações da idéia do raio de criação ensinada nas escolas e transmitida ao Ocidente por Georges Gurdjieff principalmente as relações entre os vários cosmos e a duração da vida do homem na atualidade.


A formação rochosa da Chapada Diamantina faz parte de um subgrupo comportado pela Serra do Espinhaço no Brasil. Há cerca de um bilhão de anos atrás o Ser Vivo que é o planeta Terra foi depositando ao longo de sua evolução geólógica, umas sobre as outras, camadas rochosas e areníticas que resultaram na atual conformação da sua superfície que se assemelha às delicadas capas de um doce folheado. Há algumas centenas de milhões um movimento de “ejeção” propiciado pela peculiar dinâmica energética do “fogo interno” que arde nas camadas que circundam frenético núcleo terreno elevou estas paragens situadas na Bahia alguns metros. O mesmo ocorreu nos Andes, por isso este "autor" teve a oportunidade de colher várias amostras de conchas em povoados nos arredores de Cuzco, situados milhares de metros acima do nível do mar. Em sua esfera cósmica e no seu lugar no raio de criação que emana do Absoluto, o Planeta que habitamos não se encontra em uma posição confortável. Fica apenas um pouquinho acima do “pior lugar do universo”, a lua. Aqui as possibilidades de evolução do homem são muito pequenas, senão inexistentes. Só com “sofrimentos intencionais e trabalhos conscientes” o homem pode esperar alguma mudança em seu destino.A “cronologia geológica” é trilhões de vezes mais abrangente que a humana segundo a escala dos cosmos. Penso que não é possível comparar a vida do homem com a da terra por dois motivos. Em primeiro lugar, a terra “ab initio” tem uma fim determinado para sua existência e um período de vida estipulado. O homem também tem um fim determinado para sua existência - suprir um dos seus satélites,a lua ou Anulios de alimento, isto é, manter a pulsação do “raio de criação” , ou seja, a oitava cósmica, desde a origem à sua nota final , a lua. Se o fim a que tende o homem enquanto gênero é definido, sua duração vital nem sempre o foi. Hodiernamente, pequenas mudanças na "qualidade de vida do homem" (mais alimento físico, sistemas de saúde eficientes, melhores remédios ou menos guerras e violência urbana) alteram o que os "demógrafos" (esquisitos "especialistas" hasnamussem em "populações humanas")batizaram de "expectativa de vida" que, no geral, oscilam no intervalo compreendido entre uns 70 e 90 anos, no máximo. Mas nem sempre foi assim.
Antes que as conseqüências do órgão que fazia com que os seres humanos não vissem as coisas como elas realmente são - o órgão “Kundabuffer” de que Gurdjieff fala nos “Relatos de Beelzebub a seu Neto“- fossem cristalizadas na “psique” do homem (um termo adorado pelos modernos “hanasmussem-demagogos”, os psicólogos) - o homem vivia o número de anos que fossem necessários até que alcançasse a “razão objetiva”. Costumo dizer que as elevadas idades dos patriarcas bíblicos, de São Noé a São Matusalém, não são apenas alegóricas ou mesmo equivalentes à nossa atual “métrica etária” mas escritas com outros nomes que eram usados na alta antiguidade. Estas idades expressas em livros do Novo Testamento, para o horror dos "hermeneutas de salão", expressavam a real duração de suas vidas e talvez pecassem por serem inferiores ao termo real da existência daqueles homens e mulheres com nível elevadíssimo de Ser.
Ocorre, para ser mais exato, que no “plano da obra cósmica” o homem não é importante. Não interessa ao desenvolvimento da oitava descendente cósmica que o homem evolua.Muito pelo contrário. Se todos os homens fossem conscientes de si mesmos a lua não teria alimento e o grande mecanismo equilibrante concebido pelos maiores "engenheiros do universo" para remediar os efeitos do impacto de corpo celeste Condoor sobre o planeta há milhões de trilhões de anos não mais funcionaria. Haveria uma grande perturbação cósmica (uma nova "perturbação transalpânica", de acordo com a terminologia adotada pelo Sr. Gurdjieff)que influenciaria até mesmo os outros raios de criação, trazendo incessantes preocupações ao “TODO BONDOSO” e particularmente ao nosso “TODO GLORIOSO SOL”.
Na Idade Média - que outro grupo de "fazedores de intrigas", os "historiadores" competentemente transformaram em "Idade das Trevas" - os teólogos e pensadores sistematizaram visões do mundo como criado por um Grande Arquiteto do Universo manipulando seus instrumentos de trabalho, o esquadro e o compasso. Segundo orientações de um antigo povo de pescadores em busca de passatempo, os gregos, foram construídos mecanismos reais e representações gráficas do sistema solar como um conjunto de órbitas colocadas em movimento por meio de uma alavanca central impulsionada pelo “primum móbile”.
As teorias dos teólogos, válidas ou não a depender da escola escolhida, seja de Ptolomeu, Brahe ou Copérnico, podem ser aceitas como uma tentativa de compreender o sistema solar como um todo articulado e mutuamente dependente. Nesse sentido, os velhos filósofos que são alvos da zombaria e sarcasmo dos modernos “papagaios empolados da pseudo-ciência capitalista” estariam corretos. O “raio de criação” (o Absoluto, Todos os Mundos, a Via Láctea, o Sol, os Planetas, a Terra e a lua) iniciando-se no absoluto ou o dó original e a lua, o dó final, é organizado racionalmente. Seu primeiro semi-tom é preenchido pela vontade do absoluto em si. O segundo semi-tom pela vida orgânica sobre a terra, na qual está o gênero humano.
Se apenas um por cento da humanidade alcançasse a consciência objetiva, o raio de criação seria rompido. A destruição de todos os cosmos e raios de criação seria uma possibilidade objetiva. Isso então não é possível para a maioria das homens o que não significa que haja possibilidades. Estas possibilidades são dadas, mas apenas para alguns que entram em contato com as verdadeiras escolas. A escola cujos ensinamentos originais GURDJIEFF trouxe ao Ocidente é a ÚNICA que detém o real segredo da evolução do homem. Todas as demais tradições ficaram apenas com algumas migalhas daquele pão que fora feito com o fermento original dos GRANDES MESTRES que visitaram esse planeta nos principais momentos de sua história.
Antes que a Chapada Diamantina fosse sedimentada através da deposição de materiais esparsos, antes que se elevasse alguns metros acima de seu nível primordial, os grandes Mestres que conceberam este ensinamento e acompanharam os percalços da Terra e dos recentíssimos seres humanos já estavam por aqui. Alguns foram enviados em seu nome. Santo Ashieta Shiemah, São Moisés, Santo Buda, São Jesus, São Lama. Pouquíssimos homens de três cérebros ou três centros independentes foram iluminados por por um pequeno raio desse feixe de luz. Seus ensinamentos foram desvirtuados por seguidores inescrupulosos ou simplesmente escravizados no inferno real, o “reino da mecanicidade”.
Todos os verdadeiros adeptos possuíam longa vida no mundo físico, todos aqueles que viveram antes da cristalização do famigerado órgão “Kundabuffer” viviam até o alcance da consciência objetiva. Costumo dizer que a ênfase dada ao mundo físico neste Sistema é fundamental pois é a realidade material que temos como verdadeiro parâmetro. Qualquer discussão sobre "reencarnação" representa enorme perda de energia e lenha para a fogueira da imaginação, sem qualquer utilidade real para o Trabalho. O fato é que temos a chance de mudar nossa “cronologia” e nos aproximarmos da cronologia da Chapada Diamantina que é um pedaço rugoso da epiderme terráquea. Quiça podermos cristalizar elementos solares em nós. A única forma de fazê-lo é encetar o trabalho na linha do Gurdjieff, o QUARTO CAMINHO. O momento para tal é o AGORA, a união entre o horizontal e o vertical.