Gurdjieff

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Quem é Gurdjieff?

quinta-feira, novembro 17, 2005

Plano da Obra - II

Nos "Atos dos Apóstolos", obra atribuída a "Lucas, nosso amigo", o diálogo de Paulo com os filósofos de Atenas é um curto testemunho do início da contaminação daquela portentosa sociedade pela medíocridade monoteísta, pelo Deus invisível, o Amon reencarnado em Cristo. "Havia até filósofos e epicureus que conversavam com ele". Aí disseram os filósofos:

"Realmente estás sempre a nos atezanar os ouvidos com afirmações estranhas, e nós queríamos saber o que é que elas significam". Então, "De pé no meio do aerópago, Paulo tomou a palavra: 'Atenienses, eu vos considero, sob todos os aspectos, homens quase religiosos demais. Com efeito, quando percorro as vossas ruas, o meu olhar se dirige, muitas vezes, para os vossos monumentos sagrados, e descobri entre outros um altar com esta inscrição: 'Ao Deus desconhecido'. Aquilo que venerais assim, sem o conhecer, é o que eu vos venho anunciar".

Este discurso de Paulo no sagrado aerópago marcou o termo formal da civilização antiga. Paulo de Tarso, o judeu convertido, zombava das tradições e da cultura de Atenas (a bem da verdade, já empobrecida intelectualmente) e contaminava aquela sociedade com o veneno do misticismo egípcio-oriental. Este mesmo Paulo, formado na tradição greco-romana, lançava mão das artes da retórica contra a civilização que lhe fizera um homem livre (condição de que se valeu nas inúmeras vezes em que esteve prestes a morrer). Pela primeira vez na história da humanidade uma sociedade avançada e livre, magnânina e benéfica com os povos, cedia à força de milhares de sorrateiros conspiradores infiltrados em seus poros: os cristãos.

Foi este mesmo Paulo que deu os retoques finais nas doutrinas rudes de pescadores que seguiam Jesus de Nazaré, cuja existência histórica - além do "Novo Testamento" - é mencionada apenas da "História dos Hebreus" de Flávio Josefo. É opinião geral, partilhada por Ernest Rénan ("La vie de Jésus"), que o próprio Jesus, se existiu, jamais aprendeu o grego, sendo seu idioma o dialeto siríaco misturado ao hebraico palestino. Não tinha nenhum conhecimento da cultura grega, proscrita pelos doutores da Lei que exerciam absoluta autoridade sobre sua classe.


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