Gurdjieff

Gurdjieff
Quem é Gurdjieff?

terça-feira, dezembro 06, 2005

A Visão da Reencarnação entre os Antigos Gregos (Parte I)

Que a Grécia é o berço da civilização, legando-nos as letras (prosa e poesia), a escultura, a pintura, o teatro, a filosofia (a grande construção metafísica daqueles povos) e a ciência, não há quem duvide. Nossa tradição política ocidental deve, e muito, ao ideal grego da polis, combinado a institutos previstos no “Codex” romano e aperfeiçoados durante os séculos em que vigorou aquele império do qual Edward Gibbons dizia, não sem razão, ter sido “simples, prudente e benéfico” – dizendo com simplicidade, o maior e mais justo da história da humanidade - em sua “History of the Decline and Fall of the Roman Empire”.
Os estudiosos vulgares e toda a sorte de comentadores de baixo escol difundiram o infame boato nas instituições de ensino – talvez incentivados pelos mestres de orientação marxista, ou religiosos grotescos que abominavam a cultura greco-romana – a falácia memorável de que gregos e romanos adoravam ou se deleitavam em ritos orgiásticos rendendo preces a entidades assassinas e voluptuosas, que se compraziam no mal, ou imitavam, no Monte Olimpo, todas as vicissitudes e erros em que incorriam os mortais na terra.
Não raramente, o mentecapto de formação cristã ou pertencente a qualquer uma das assim chamadas “religiões do deserto” (o judaísmo, o cristianismo e o islamismo) identifica o panteísmo greco-romano, seus mistérios, sua admirável teologia (sim, ao menos os helenos possuíram uma teologia), sua rica imagética, seu apelo imanente aos mais altos desígnios do Ser humano, com o animismo mais puro e simples ou a idolatria de um bezerro de ouro que representava os sentimentos mais torpes da parcela podre da antiga Mesopotâmia.
Estas miseráveis “religiões do deserto”, o desprezível monoteísmo da Era Axial (expressão de Karl Jaspers) que espezinhou toda uma herança cultural que irmanava os homens e os associava a seus antepassados (“manes”), granjeando-lhes um senso de pertencer a algo maior e mais duradouro, a “espécie”, toda este imenso arcabouço de valores, uma vez associado ao paganismo, fora deitado fora, mergulhando toda a civilização conhecida – ou um arremedo dela – à obscuridade.
Este episódio é relatado em minúcias na história escrita, aparecendo na parábola de “São Bento, Vida e Milagres”, escrito por São Gregório Magno (o Papa que criou o canto gregoriano e uma nova notação musical) e que ilustra simbólica e esotericamente o significado oculto da “Idade das Trevas” (muito embora não o fosse essencialmente, em parte graças à obra dos escolásticos e dos “faylasufs” árabes como Ibn Sina, Ibn Al Arabî e Ibn Róis).
No momento correto, as verdades ocultas serão desveladas, mas este não é o horário. Falaremos por enquanto da maneira como os gregos e seus filósofos (pré-socráticos sobretudo, os neo-platônicos com suas teorias do Uno e suas hipóstases) incorporavam a morte e a reencarnação em suas teses.

Nenhum comentário: