Lendo aos 40 anos a obra "A Queda" de Albert
Camus me dei conta, repentinamente, da grandiosidade do autor, traduzida
em sua habilidosa forma de captar o elevado conceito que o indivíduo da
espécie humana forma de si mesmo. É como se eu me visse retratado no
seu mundo interior, com as mesmas aflições, sofrimentos, angústias e
aquela típica inclinação terráquea de se enxergar bem no íntimo como
superior ao outro, um pequenino Deus separado do restante da humanidade.
Creio que qualquer pessoa experimentaria impressão análoga lendo os
seus livros, o que torna a sua obra realmente universal. Há uns vinte e
tantos anos atrás achei o mesmo livro tedioso.
"Mais voilá, j'étais du bon côté, cela suffisait à la paix de ma
conscience. Le sentiment du droit, la satisfaction d'avoir raison, la
joie de s'estimer soi-même, cher monsieur, sont de ressorts puissants
pour nous tenir debout ou nous faire avancer. Au contraire, si vous en
privez les hommes, vous les transformez en chiens écumants. Combien de
crimes commis simplesmente parce que leur auter ne pouvait supporter
d´être en faute!"
quinta-feira, dezembro 06, 2012
quinta-feira, novembro 22, 2012
Jean Yves Leloup - O Significado de "Igreja"
“A igreja supõe a comunhão das pessoas entre elas e a comunhão
com aquilo que as transcende.
Quando o ser humano, através da consciência de si mesmo,
para de se apropriar, ou seja, de fragmentar a vida, ele descobre sua unidade
com todos os outros. Não se trata de uma simples similaridade de condições, mas
de uma unidade ontológica de todos os homens, nós somos ‘consubstanciais uns
com os outros’.
O ser humano que tem consciência de si mesmo não se apega à
sua própria vontade, ao seu bem particular, ele tem tendência a fazer apenas um
com a Vida que se dá. Dessa maneira, ele não existe mais apenas para si mesmo,
ele concretiza tanto a unidade com o outro quanto a sua perfeita indiferença.
A consciência de ser ‘Eu Sou’ não é apenas ‘consciência do
Self’, mas consciência da comunhão, consciência de ser ‘Eu sou com’.
Essa consciência de ser em comunhão com o Outro e com os
outros, unidos e diferenciados, é o que chamamos de ‘Igreja’.
A ausência desta consciência de ser em comunhão, unidos a
tudo e a todos, é o que chamamos de ‘mundo’: o mundo totalitário, que em nome
do Um ou do único, abole as diferenças e as liberdades; o mundo individualista
que, em nome da diferença, fecha-se em seus particularismos e nega a união e a
interdependência entre todos.
Infelizmente, esses dois mundos, como sabemos, são ‘invisíveis’.
A Igreja é o mundo que tenta, através da consciência e do amor, ser ‘viável’”.
LELOUP, Jean-Yves. Sabedoria do Monte Athos. Petrópolis,
RJ: Vozes, 2012.
sábado, setembro 08, 2012
Peter Singer - A Atualidade de "Libertação Animal"
O que dizer de uma obra lançada em 1975 e que mantém válidos seus postulados essenciais? Este é o caso de "Libertação Animal", livro escrito pelo professor australiano de bioética Peter Singer. Se hoje em dia muita gente adotou o vegetarianismo integral, uma versão parcial dele ou, simplesmente, absteve-se de uma alimentação à base de produtos processados em instalações da indústria de corte ou latícinios que maltratem os animais, isto se deve ao trabalho pioneiro do Sr. Singer, sem sombra de dúvida. Estamos no século XXI e ainda hoje em dia milhões de pessoas ingerem carne ou produtos de origem animal desconhecendo como são obtidos e a maneira como são tratados os animais em seus criadouros (confinados em baias diminutas que não lhes permite movimentos básicos como virar-se, levantar-se, deitar-se, limpar-se, esticar-se ou simplesmente dar vazão a seus instintos), abatidos (com métodos intensamente dolorosos ou às vezes brutais como aqueles preconizados pelo judaísmo ou islamismo ortodoxos) e processada sua carne (por exemplo, montando-se embalagens com os membros que restaram de frangos despeçados por bicadas de seus congêneres em compartimentos de engorda com tamanho muito aquém do ideal). Por mais incrível que pareça, crianças são "doutrinadas" desde que nascem a comer carne, sendo levadas a crer piamente que um bife nada mais é que uma suculenta peça (talvez como um "donuts" que provém não se sabe de onde) e bois, bezerrinhos e vacas pastam divertidamente nas pradarias (como naquela joguinho "Fazenda Feliz" do Orkut). Para completar o "cardápio" é incutida nos pimpolhos a indiscutível "verdade" de que uma dieta que subtraia carne, ovos, leite e seus derivados de sua mesa é potencialmente mortal em virtude de sua carência proteíca.
Transcorridos 37 anos de sua primeira formulação, os argumentos apresentados por Singer em sua obra seminal permanecem atuais, tendo recebido ao longo de sucessivas edições alguns retoques nas cifras envolvidas no cômputo de atrocidades cometidas em fazendas industriais ou, então, nos resultados nefastos da produção de carne, ovos e leite para consumo humano sobre o meio ambiente. Além disso, graças à atuação de Organizações Não-Governamentais (um dos exemplos é a PETA ou "People for The Ethical Treatment of Animals"), dispendiosas e inúteis pesquisas com "cobaias" (cães, gatos, hamsters, pássaros, guaxanins e até elefantes) têm sido submetidas a controle mais rigoroso, ao menos em alguns países centrais.
A linha de discussão do livro como um todo gira em torno da tese central desenvolvida em seu primeiro primeiro capítulo de "não existe uma razão obrigatória, do ponto de vista lógico, para pressupor que uma diferença factual de capacidade entre duas pessoas justifique diferenças na consideração que damos a suas necessidades e a seus interesses. O princípio da igualdade dos seres humanos não é a descrição de uma suposta suposta igualdade de fato existente entre seres humanos: é a prescrição de como devemos tratar os seres humanos".
Tomando como linha de base as conhecidas justificativas do racismo e do "sexismo" (a notória inclinação humana a conceder privilégios a determinado sexo, em detrimento de outro), Singer chamou então de "especismo" o "preconceito ou atitude tendenciosa de alguém a favor dos interesses de membros da própria espécie, contra os de outras".
Esta abordagem o conduz à fórmula que o filósofo utilitarista do século XVIII Jeremy Bentham incorporou a seu peculiar sistema ético, ou "cada um conta como um e ninguém como mais de um", o que equivale a dizer que os interesses de cada ser que é afetado por uma ação devem ser levados em conta, recebendo o mesmo peso que interesses semelhantes de qualquer outro ser. Outro utilitarista, Henry Sidgwick viria a expressar a mesma idéia como se "o bem de qualquer indíviduo não tivesse importância maior, do ponto de vsita (se assim se pode dizer) do Universo, do que o bem de qualquer outro".
Para Singer, "uma das implicações desse princípio de igualdade é que nosso interesse pelos outros e nossa prontidão em considerar seus interesses não devem depender a aparência ou das capacidades que possam ter". Retomando Bentham, trata-se precisamente da "capacidade de sofrer como a característica vital que confere a um ser o direito a igual consideração". E os animais sofrem, e muito, o que é demonstrado por sinais externos comuns ao ser humano (gritos, contorções, espasmos, diarréia e movimentos involuntários de terror no movimento do abate) como pela comprovação de que as características de seu sistema nervoso são bem parecidas com as nossas. Este raciocínio vale tanto para mamíferos (os porcos, por exemplo, são tão ou mais inteligentes que os cães) como para pássaros, peixes ou até mesmo ostras e mexilhões. Os peixes e répteis, contrariando o senso comum e as "lendas de pescadores" têm praticamente o mesmo comportamento dos mamíferos no momento da dor. Embora possuindo o sistema nervoso diferente, compartilham sua estrutura básica das vias nervosas centrais, inclusive possuindo vocalização, não audível para ouvidos humanos.
Para evitar o especismo, então, é necessário "admitir que seres semelhantes, em todos os aspectos relevantes, tenham direito semelhante à vida. O fato de um ser pertencer à nossa espécie biológica não pode constituir um critério moralmente relevante para que ele tenha esse direito. Isto, entretanto, não elimina a questão de que todas as vidas tenham igual valor. Há uma nítida distinção colocada por Singer entre "não infligir dor aos seres" e "tirar suas vidas". São questões bem diferentes, até certo ponto. Embora uma perpectiva humanista tenha de ser calcada na minimização do sofrimento imposto aos animais (regulamentando seu uso em pesquisas científicas, criando condições menos penosas para o abate e confinamento etc), isto não significa que uma decisão do tipo "quem deve viver" seja tomada em termos simplistas. Singer conclui que "a rejeição do especismo não implica que todas as vidas tenham igual valor. Embora a autoconsciência, a capacidade de pensar o futuro e de ter esperanças e aspirações, bem como a de estabelecer relações significativas com os outros, e assim por diante, não sejam relevantes para a questão de infligir dor - uma vez que a dor é dor, sejam quais forem as demais capacidades que o ser tenha, além daquela de sofrer -, essas capacidades são relevantes para a questão de tirar a vida. Não é uma arbitrariedade afirmar que a vida de um ser autoconsciente, capaz de pensamento abstrato, de planejar o futuro, de ações complexas de comunicação e assim por diante, é mais valiosa do que a vida de um ser que não possua essas capacidades".
Como um todo, o trabalho de Peter Singer ainda se constitui em um manancial inesgotável de questionamentos filosóficos. Acrescido de substancial aporte empírico relativo aos experimentos de laboratório envolvendo animais nos campos da psicologia, medicina, veterinária, indústria militar e testes de produtos (sobretudo dermatológicos) e das reais condições de vida dos animais na indústria de processamento de carnes, ovos e laticínios; sua leitura é essencial. Enquanto incentivo às práticas vegetarianas - em uma escala que vai da simples rejeição da produtos animais obtidos por meios cruéis até a plena abstenção seus derivados - ainda é positivamente recomendável, sobretudo porque em muitos países - não só da periferia, mas do primeiro mundo "desenvolvido" - insiste-se em tratar animais como meras coisas ("autômatos" como diria Déscartes) à mercê dos caprichos humanos. Da mesmíssima forma como, vergonhosamente, abusava-se dos escravos em passado não tão longínquo.
SINGER, Peter. Libertação animal. O clássico definitivo sobre o movimento pelos direitos dos animais. São Paulo: Ed. WMF Martins Fontes, 2010. 461 pp.
Jeremy Bentham sobre a Escravidão Animal
Jeremy Bentham, filósofo e jurista inglês (1748-1832) |
"Talvez
chegue o dia em que o restante da criação animal venha a adquirir
os direitos que jamais poderiam ter-lhe sido negados, a não ser pela
mão da tirania. Os franceses já descobriram que o escuro da pele
não é razão para que um ser humano seja irremediavelmente
abandonado aos caprichos de um torturador. É possível que um dia se
reconheça que o número de pernas, a vilosidade da pele ou a
terminação do osso sacro são motivos insuficientes para abandonar
um ser senciente ao mesmo destino. O que mais deveria traçar a linha
intransponível? A faculdade da razão, ou, talvez, a capacidade de
linguagem? Mas um cavalo ou um cão adultos são incomparavelmente
mais racionais e comunicativos do que um bebê de um dia, de uma
semana, ou até mesmo de um mês. Supondo, porém, que as coisas não
fossem assim, que importância teria tal fato? A questão não é
"Eles são capazes de raciocinar? , nem "São capazes de
falar"?, mas sim: "Eles são capazes de sofrer"?
sexta-feira, setembro 07, 2012
Colombiano faz 10 exorcismos por semana há 25 anos
Globo.com
07/09/2012 11h59 - Atualizado em 07/09/2012 11h59
Colombiano faz 10 exorcismos por
semana há 25 anos
Interessados deitam sobre círculo no solo entre cruzes e fogo.
Hermes Cifuentes diz que já praticou ritual 35 mil vezes.
Do G1, com agências internacionais
4 comentários
Colombiano Hermes Cifuentes pratica exorcismo em Marleny Munoz, 55, nesta sexta-feira (7) (Foto: Reuters)
O colombiano Hermes Cifuentes, 50, afirma que faz dez exorcismos por semana há 25 anos, contabilizando 35 mil rituais.
Os interessados são submetidos à sessão de branco e pintados de preto. Eles deitam sobre um círculo no solo entre cruzes e fogo.
Gisela Marulanda, 23, que diz estar possuída, participa de ritual encabeçado por Hermes Cifuentes em La Cumbre, Valle, nesta quarta-feira (5) (Foto: Reuters)
Hermes Cifuentes, o 'Irmão Hermes' pratica exorcismo em Gisela Marulanda, 23, em La Cumbre nesta quarta-feira (5) (Foto: Reuters)
terça-feira, agosto 28, 2012
Sobre a Resenha "Ectoplasma - Descobertas de um Médico Psiquiatra"
Meus amigos. Quanto à breve resenha
(apresentada logo abaixo) do livro "Ectoplasma - descobertas de um
médico psiquiatra" convém tecer algumas considerações. Embora utilize termos espíritas e não teosóficos,
achei realmente admirável a forma lógica e até convincente com que ele
desenvolve o tema. Eu realmente desejava estudar um pouco mais a idéia que os
espíritas fazem do "ectoplasma". Me parece mais uma apropriação do
fluído etérico pelos "cascões" ou outras classes de habitantes do mundo
astral e a literatura e a prática tem mostrado muitos casos de
materialização desta espécie.
O que mais chamou atenção foi o enfoque
"bioquímico" do autor e o papel que ele atribui ao fígado como produtor
de ectoplasma no quadro de uma "síndrome ectoplasmática". Há inclusive
indicações de substâncias à base das vitaminas do "Complexo B" e que
estimulem as secreções de bílis além, é claro, de alimentos mais
saudáveis. Há
algum tempo comecei a prestar atenção em algumas situações que eu
chamaria de "mediunidade induzida", produzida ao que parece pelo contato de indíviduos "não médiuns" com "médiuns" nas adjacências (oa distâncias menores que um metro). Aos poucos via o grupo introduzido entre os "médiuns" desenvolver habilidades tipicamente descritas como "mediúnicas" pela literatura kardecista, o que de fato me intrigava. Uma hipótese provável era a que tornar-se uma marionete sem vontade de seres desconhecidos desconhecidos (algumas vezes criminosos ou de péssima índole) do plano astral era uma possibilidade prática e terrível.
O que mais me espicaçava a
curiosidade era uma certa impressão de entupimento das vias nasais e uma
secreção seca vertida através dela e perceptível na criança. A isto se
seguiam percepções inusitadas e principalmente uma ocorrência muito
comum que são as visões naquele estágio intermediário entre o sono e o
despertar que afetam algumas pessoas.
Estas
consequências coincidem com aqueles sintomas que o autor informa, entre
eles, dores de cabeça, depressão, sensação de peso nos pés, ventre
cheio etc. Embora o livro descambe no final para a defesa da
mediunidade, no final das contas ele acaba sendo um libelo contra esta
mal que a teosofia há anos detectou.
Por outro lado, mostra que o
"ectoplasma" (ou o que os teósofos
devem compreender como tal), como algo material, pode ter seus níveis
reduzidos no ser humano e, consequentemente, atenuar-se as desagradáveis
circunstâncias envolvidas nas manifestações mediúnicas.
segunda-feira, agosto 27, 2012
Ectoplasma – Descobertas de um Médico Psiquiatra
O mercado editorial
brasileiro de esoterismo e ocultismo encontra-se muito bem servido
com o livro “Ectoplasma – descobertas de um médico psiquiatra”,
publicado pela Editora Conhecimento em 2008. Frutos de intensa
experiência clínica do Dr. Luciano Munari, as pesquisas e hipóteses
trazidas à baila na obra são estimulantes para o estudioso do
oculto, embora o próprio autor abrace claramente o espiritismo
kardecista como se deduz do seu “ferramental” conceitual. A feliz
coincidência dos objetivos dos militantes espiritas – calcados na
caridade e na assistência ao próximo – e a ambição nitidamente
ocultista de conhecer a fundo os fenômenos não explicados da
natureza realizaram bodas felizes nesta ocasião, sendo conveniente
anunciar a “boa nova” (nem tão nova assim mas cuja qualidade só agora se percebeu) aqui neste blog.
O raciocínio
do Dr. Munari desenvolve-se com peculiar elegância e sem afetação desnecessária de estilo em torno do caráter do “ectoplasma”(de “ektos”, fora e
“plasma”, formação) segundo a doutrina espírita. Desfia sucintamente o histórico
dos casos de materialização no mundo e no Brasil, papel cumprido
pelo ecotoplasma enquanto fluído vital - por meio do qual se
manifestavam “aparições”-; sua bioquímica e vinculação com doenças psicossomáticas e, como corolário, sua “fabricação”
indevida no organismo - o que possibilita inorportuno manuseio por formas
desencarnadas ou “presenças do passado” que desejam se vingar do
indivíduo vivo como ajuste de "contas cármicas" de vidas anteriores.
Ectoplasma partindo da médium |
Já o famoso
criminologista italiano e tardio prócer do espiritismo, Cesare
Lombroso, considerava o ectoplasma como um tipo de substância ou
protoplasma gelatinoso, inicialmente amorfo, que saía do medium e
tomava forma mais tarde. A análise de diversos autores e a
experiência e as demonstrações em centenas de sessões espiritas
demonstrava que esta substância saía pelos orifícios humanos e um
caso tornado célebre fora analisado pelo próprio Lombroso em sua
“opus magna”, “Hipnotismo e Mediunidade: o da médium italiana
Eusápia Paladino. O ectoplasma era visto, enfim, como substância
manipulada por espíritos, geralmente inodora, frio, húmido, por
vezes vezes viscoso e semilíquido, raramente apresentando-se seco e
duro e neste estado formando cordões fibrosos e nodosos de modo a
dilatar-se e expandir-se como uma “teia de aranha”.
Em
sua vida como profissional o Dr. Munari testemunhou que vários
pacientes exibiam quadros de transtorno de somatização como
“nós na garganta”, que se davam em situações de tensão
emocional. Outros sintomas recorrentes eram tonturas, angústias no peito, falta
de ar súbita (com sensação de sufoco), dores articulares ou
generalizadas além de sensação de peso nos ombros e nas
panturrilhas e também era dores de cabeça, embaçamento visual,
náuseas ou dor abdominal. Observando a caso da paciente que apelidou
de "Senhora Gioconda", o médico decidiu em certo momento abandonar sua renitente postura
ortodoxa, realizando um curso de terapia passada em que, pela
primeira vez, tomou contato com a ideia das chamadas “presenças
do passado”, as quais poderiam manipular os ectoplasma e produzir
diversos síntomas. Diz então que:
“O
que seria esse tal de ectoplasma? Uma substância semi
material/semi-espiritual que, portanto, permeia tanto o mundo
material como mundo espiritual; faz a ponte entre os dois mundos. È
ele que permite a atuação dos espíritos sobre o mundo físico. Ele
é a substância de que eles os espíritos se utilizam para
impressionar o mundo físico e causar, por exemplo, os fenômenos de
poltergeist, ou de materialização”
Ao aproximar-se de conhecido médium e espírita, o Sr. Manoel Saad e ao utilizar com mais intensidade a técnica de regressão, tornou-se paulatinamente evidente para nosso autor que “uma gama enorme de sintomas físicos era decorrente da ação espiritual sobre o corpo físico. Eram os mais variados sintomas: dores nas diversas partes do corpo, falta de ar, palpitações, ou mesmo sintomas que eu associava a uma doença orgânica, como por exemplo as dores articulares da jcitada artrite reumatóide”. A mais clássica dor era aquela que afetava a região da cabeça, mas havia inúmeras outras, como já mencionamos.
Neste
ponto, aliando novas teorias à constatação clínica, Munari cunha o
termo “Síndrome Ectoplasmática” para dar conta deste espectro de sinais e sintomas que englobaria até mesmo a síndrome de tensão pré-menstrual. A produção de
ectoplasma parecia, a princípio, ligada à ingestão de
carboidratos, principalmente vinculada à alimentação artificial
(refrigerantes, enlatados, alimentos benefeciados ou “refinados”,
dieta carnívora etc). Ao voltar-se para a literatura de medicina
ortomolecular, notou a correlação entre a
deficiência de vitaminas do
complexo B e a população que se alimenta de produtos
artificiais ou industrializados, deduzindo que, de certa maneira, a
produção excessiva de ectoplasma poderia estar associada
deficiência de vitaminas desta classe, obtendo resultados palpáveis
ao usar megadoses deste complexo vitamínico em pacientes. Outra
constação do Dr. Munari foi de que muitos pacientes com quadro
depressivo apresentavam a síndrome ectoplasmática.
Como
consequência do relativo êxito na comprovação destas hipóteses,
passou a tomar força para o autor a tese de que o órgão-chave
do ectoplasma talvez fosse o fígado, responsável pela oxidação
existente no corpo, pela síntese proteica (albumina), lipídica
(e o responsável pela produção de 70% do colesterol circulante no
sangue) e metabolização e desintoxicação de substâncias, como,
por exemplo, os medicamentos. A água, veículo portador de fluidos
etéricos que vitalizam o corpo segundo a medicina antroposófica
talvez tivesse também alguma correlação com o ectoplasma, sendo
notável que muitos depressivos exibissem ingestão reduzida de água.
Assim, escreve Munari:
“Evidências empurravam para se pensar no fígado. Decidi, então, baseado no pensamento de que hnum fígado preguiçoso nos portadores da síndrome ectoplasmática, utilizar medicamentos que pudessem estimular suas funções, quer fossem da antroposofia ou da halopatia. Utilizei medicamentos chamados de coleréticos e colagogos (eles estimulam a produção de bile pelo figado, assim como sua secreção pela vesícula biliar que onde fica armazenada para do duodeno), e observei uma diminuição nas queixas sintomáticas: o paciente sentia-se mais “leve”. Estavam então formadas associações entre síndrome ectoplasmática, trantorno de somatização, depressão, síndrome da tensão pré-menstrual e insuficência funcional hepática”.
O
fígado assume a condição ímpar de “grande usina de fabricação”
do ectoplasma. Munari explica esta “dinâmica ectoplasmática” ao
longo do trajeto de produção desta misteriosa substância. Em
termos simples, os alimentos provenientes de diversos reinos da
natureza (mineral, vegetal ou animal) portam qualidades diferentes de
ectoplasma, que passa ser aproveitado no reino “hominal” quando é
“humanizado” ou transformado por algum órgão do
corpo, a fim de que seja utilizado pelos espíritos como no fenômeno
de poltergeist que depende de “doador” ou epicentro para ocorrer.
Faz-se necessário para que algo desta magnitude se dê que esteja
presente no ser humano um tipo mais “refinado” de ectoplasma do
que o encontrado de forma bruta nos alimentos, ou na natureza.
Presenças do passado podem estar manipulando depósitos de ectoplasma. |
A
produção de ectoplasma pode ser normal ou não. Do grau de
“normalidade” neste processo - como descrito pelo autor - depende a
intensidade da “síndrome ectoplasmática” ou mesmo a sua
manifestação. Estes níveis de produção normal de ectoplasma
ocorrem quando há nutrição celular adequada em termos de micro e
macronutrientes, registrando-se ausência de fatores intervenientes
no metabolismo da glicose para gerar o ATP. Pelo contrário, se há
deficiência qualitativa e quantitativa de nutrientes para a formação
do ATP (ou presença de produtos tóxicos) produzir-se-ia “um
desvio para uma via ectoplasmática que levaria a uma produção
anormal, podendo chegar a nível prejudicial”.
Mas
como se observa a ocorrência da “síndrome ectoplasmática” no
cotidiano? Ela é mais comum do que se pensa, podendo-se associá-la
a determinados tipos de indivíduos segundo o local em que se
deposita o ecotoplasma no corpo humano. Como veremos logo adiante,
a maneira como este ectoplasma é conduzido e direcionado para
determinada parte do organismo físico do homem depende da influência
das denominadas “presenças do passado” e da qualidade de nossas vibrações pois a atuação destas “presenças” é influenciada
sobremodo pela raiva ou emoções negativas.
Com
efeito, Munari acentua que existe no homem um “(...)
corpo espiritual que
sobrevive à morte do corpo físico, e é nele que ficam registradas
nossas vidas passadas. Como tivemos vários experiências, e nelas
podemos ter apresentadas lesões físicas (Por exemplo, a enxaqueca
ou um traumatismo craniano), estas ficam registradas no corpo
espiritual. É o que chamamos “cicatrizes do corpo espiritual”.
Justamente nestas cicatrizes concentra-se o ectoplasma,
retransmitindo lesões do passado para o corpo físico ao fazer a
ligação deste como “corpo espiritual”, isto é, “reativa-se
a dor do traumatismo de uma existência pretérita”.
Construída
por Munari, a tabela seguinte relaciona os subtipos de ectoplasma ao
tipo de temperamento do homem, elemento predominante, órgão chave e
níveis de densidade.
Subtipo de Ectoplasma
|
Tipo de Temperamento
|
Elemento
|
Órgão Chave
|
Densidade de Ectoplasma
|
Craniano
|
Colérico
|
Fogo
|
Coraçao
|
Aérea
|
Torácico
|
Sanguíneo
|
Ar
|
Rins
|
Líquida
|
Gastrintestinal
|
Melancólico
|
Água
|
Fígado
|
Muscular
|
Sural
|
Fleumático
|
Terra
|
Pulmões
|
Óssea
|
Em
síntese pode-se assim definir os termos constantes do quadro:
A) Subtipos de Ecotoplasma quanto à localização
- Craniano – expressões alérgicas no revestimento nasal e oral e na trompa de Estáquio (o canal que comunica a garganta com o ouvido medido) e no ouvido médio. Favorece fenômenos como rinites, sinusites, otires e laringite e também a alergia do conduto auditivo externo.-
- Torácico – expressão do ectoplasma ocorre como se fosse algo que “sobe”, como uma onda que se origina na região entre o abdome e o tórax e segue ascendente para a cabeça; contudo, localiza-se em nível cardíaco, levando a uma dor opressiva, constritiva, e às vezes até com caráter “esmagante”.
- Gastrintestinal – costuma causar impressão de abdome distendido entre outros sintomas (gases etc).
- Sural – depósito de ectoplasma ocorre mais na região sural, que nada mais é senão que a região das panturrilhas (batatas da perna)
B)
Classificação baseada na maior ou menor afinidade do ectoplasma
por áreas de maior ou menor densidade orgânica
- Aérea – sensação de falta de ar e/ou nó ou bola na garganta, dando impressão de asfixia
- Líquida – deposita-se no líquido sinovial (líquido entre as articulações), causando dores articulares ou próximo a estas, sem sinais inflamatórios,(fibromialgia). Pode também depositar-se no sangue, acometendo órgãos mais sensíveis como o labirinto.
- Muscular/parenquitomosa : deposição nas “batatas da perna”.
- Óssea – mais rara, ocasionando as dores do crescimento nas crianças, ou dores de friagem nos idosos.
C) Classificação quanto aos Tipos de Temperamentos
- Colérico - comportamento enérgico,
- Sanguíneo - pessoa alegre, não se atêm a determinado fim;]
- Melancólico – indivíduo de ar tristonho e cansado, tendendo revolver o passado (preocupado e negativista).
- Fleumático - indivíduos “lentificados”, possuem forma facial arrendonda, ou “duplo queixo”; com olhar alegre e simpático. Apreciam o bom paladar e desfrutam com enorme satisfação da alimentação.
Do
ponto de vista da interação dos sintomas da “síndrome
ectoplasmática”, verifica-se que a concentração de ectoplasma em
determinado órgão ou área do organismo depende da convergência de
fatores como:
- Ingestão de alimentos com maior quantidade de ectoplasma;
- Tipo de alimentação que produziria maior ou menor quantidade de ectoplasma;
- “Leveza/peso” do ectoplasma;
- Sua afinidade por locais de maior ou menor densidade;
- Cicatrizes espirituais;
- Atuação de “presenças” espirituais, manipulando o ectoplasma para concentrá-lo em determinada cicatriz espiritual.
O
ponto “f” é de suma importância neste elenco de fatores. O
ecotoplasma pode ser compreendido como “matéria-prima” da
síndrome, ao passo que as “'presenças' são a 'mão-de-obra' a
trabalhar para a construção do sintoma num ambiente propício – a
cicatriz espiritual”. O fator desencadeante destes “males”
está vinculado a um profundo desequilíbrio entre o “pensar e
agir” na pessoa que é afetada por entidades deste tipo, possuindo
vínculos estreitos com a idéia da mediunidade do paciente que
recebe os efeitos da atuação destas “presenças” devido a seu
mal uso ou desconhecimento de suas leis de atuação.
Tomando
a analogia com aparelho de TV, o autor chega a advertir-nos ser preciso, portanto, evitar uma mesma “freqüência no modo de
pensar e sentir e que se assemelha ao das “presenças” (que
cobram do desafeto encarnado a ação errônea por ele cometida)”.
Este é um caminho básico para evitar-se a contaminação pela "doença". Mas há outros
abertos a quem humildemente progrida na senda individualíssima da
espiritualidade.
terça-feira, agosto 14, 2012
O Poder da Sincronia
Recomendo a todos a leitura do livro "O Poder da Sincronia" de Luiz Bassuma. Com leveza de estilo o autor recapitula as biografias de personagens históricos como Sócrates, Buda, Confúcio, Joana D'Arc, entre outros, evidenciando o que todos eles tinham em comum: sincronia. Sobre Confúcio: "Como profundo estudioso do assunto, ele enxerga um grande enigma da História. Trata-se mais uma vez do poder da sincronia entre o saber, o falar e o fazer. Assim como Sócrates e Jesus Cristo, Confúcio não apenas falava defendendo idéias simples e eficazes para a evolução do gênero humano. Acima de tudo, eles vivenciavam o que defendiam para os outros. Eram essencialmente coerentes e absolutamente fiéis à verdade. Exercitaram com grande elevação a sincronia entre o saber, o falar e o fazer, visando sempre o bem".
segunda-feira, agosto 13, 2012
A Religião sincrética conhecida como santeria renasce em Cuba
Religião sincrética conhecida como santeria renasce em Cuba
Paulo A. Paranagua
- Arquivo FolhaAltar de terreiro de candomblé, culto afro-brasileiro que tem semelhanças com a santeria cubana
Natalia Bolívar Aróstegui, 77, é a principal referência viva dos estudos sobre os cultos afro-cubanos. Ela mora em Havana, em um apartamento animado pelo canto dos pássaros e pela agitação dos cachorros. As paredes são cobertas por quadros de mestres como Lam, Portocarrero, além dos irmãos Tony e Patricio de la Guardia, sacrificados no julgamento de Ochoa (1989), ou ainda por suas próprias obras.
Seu livro sobre os Orixás em Cuba é um clássico, tanto para os acadêmicos quanto para os curiosos, que querem conhecer as divindades da santeria, o panteão ioruba (proveniente da Nigéria). Natalia Bolívar foi discípula de Lydia Cabrera, autora do livro “El Monte – As florestas e os deuses”, considerado uma bíblia.
“Eu era seu cão de estimação, a seguia em todas as conferências, tomava notas para ela e a ajudava”, conta Natalia. Lydia Cabrera não queria títulos acadêmicos, ela se via como a depositária da tradição oral.
Natalia tem orgulho de suas origens bascas e aristocráticas (“não burguesas”, ela explica). Em sua árvore genealógica coexistem Simon Bolívar, independentistas e escravagistas, divididos pela política, sem contar um inquisidor: “A família inteira se banhava na História, ela continua a se reunir em Miami a cada cinco anos”. “Fui educada pelas freiras no catolicismo, mas minha governanta negra, vinda das plantações de cana da família, me contava histórias de aparições e espíritos, me falava das propriedades das plantas e das árvores. Ela morreu aos 104 anos, depois de ter criado minhas filhas”.
Militante do Diretório Revolucionário Estudantil, Natalia foi presa e torturada durante a ditadura de Fulgêncio Batista, em 1958. Seu torturador descobriu que ela usava uma corrente de Ogum, uma “proteção” do mesmo babalaô (sacerdote afro-cubano) que ele seguia, e decidiu soltá-la, em vez de afogá-la na baía de Havana, como haviam prometido.
A santeria deixou de ser uma religião “étnica” há muito tempo, ela permeia todas as camadas da sociedade cubana. Dizem que o próprio Batista era um crente. “Desde os tempos das colônias, a religiosidade popular passou por altos e baixos”, diz Natalia. A crise dos anos 1990 favoreceu as crenças submersas. Hoje, assiste-se a um florescimento inédito: “As sociedades secretas Abakuá, os Cabildos, ainda existem no interior...”
A beleza dos rituais
Sem ligações institucionais, Natalia Bolívar continua a fazer pesquisas, a escrever e a fumar. Um website resume suas contribuições. Ela ainda admira a beleza dos rituais, a harmonia de uma comunhão com a natureza, mas prefere ver os babalaôs do município de Diez de Octubre, em Havana, sem envolvimentos políticos. “A Associação Ioruba de Cuba responde ao Comitê Central”, ele observa, referindo-se à secretaria de assuntos religiosos do Partido Comunista de Cuba.
“Que Elegua te abra os caminhos...”, ela escreve para o visitante, autografando um dos exemplares de sua obra sobre o general Quintín Bandera, um herói negro desconhecido da independência, assassinado durante a presidência de Estrada Palma. Biografia romanceada, escrita a quatro mãos com sua filha Natalia del Rio Bolívar, as duas autoras se valeram da licença poética a ponto de colocar seu personagem conversando com Federico García Lorca, fascinado por Havana.
“A História é fundamental”, afirma Natalia Bolívar. Antes da revolução, o grande historiador Leví Marrero havia feito pesquisas nos Arquivo Geral das Índias, na Espanha. Ela mesma continuou seus estudos na África, para compreender melhor o sincretismo cubano. “Nos últimos cinquenta anos, houve problemas com a História”, ela diz subitamente, antes de citar outras lembranças. O espaço e o tempo nela parecem dilatados pela energia de uma vida muito plena.
Tradutor: Lana Limquinta-feira, julho 26, 2012
Cientologia - Definição e Principais Conceitos (Parte I)
“A
entidade superior é o thetan. O thetan é a pessoa. Você é você
num corpo”.
Edifício da Igreja da Cientologia - Los Angeles, California. |
Cientologia
- Definições
Cientologia
é o “o estudo e tratamento do espírito em relação a si mesmo,
universos e outras formas de vida”. As pessoas são processadas
(exercitadas) em cientologia com exercícios de Scientology, podendo
ser curadas de uma série de pessoas doenças psicossomáticas
(doenças físicas, causadas pela mente ou espírito). Advoga-se que
elas podem tornar-se mais inteligentes, despertas e mais competentes.
Seu primeiro princípio formula-se assim: “é possível conhecer a mente, o
espírito e a vida”.
A base da
cientologia é o “ciclo-de-ação” que, em aparência, toma a
forma de criação-sobrevivência-destruição. Porém, não
existe “destruição” para a cientologia mas apenas “criação”.
“Destruir” uma casa envolve uma criação, isto é, a criação
de uma casa arrasada. O correto seria dizer que o ciclo possui a
seguinte configuração:
Criar –
fazer, manufaturar, construir, postular, trazer à existência =
criar
Criar-criar-criar
= criar de novo continuamente em um momento após o outro =
sobreviver
Criar-contra-Criar
= criar algo em oposição a uma criação = criar uma coisa e depois
criar outra coisa em oposição a ela – Destruir.
Não-Criação
– ausência de qualquer criação (nenhuma atividade
criativa).
A
utilidade da teoria vincula-se ao fato que ela se resume a duas
opções: criar e saber o que se está a criar ou criar e não saber
o que se está a criar, sendo sempre errado iniciar uma nova criação
para contrapor à antiga criação. Quando faz isso, ela obtém
confusão e caos.
As
condições de existência são três: ser, fazer e ter. SER é a
“assunção de uma categoria de identidade”, ou o papel num jogo.
FAZER define-se como ‘ação, função, concretização, realização
de objetivos, alcançar um propósito ou qualquer mudança de posição
no espaço”. TER compreende-se como “ser dono de algo, possuir,
ser capaz de comandar, posicionar, tomar a seu cargo objetos,
energias ou espaços”.
"O jogo
da vida exige que se assuma uma beingness (Ser) para se ser capaz de
realizar uma doingness (Fazer) em direção a uma havingness (ter)"
O
indivíduo não é tratado em cientologia como um Eu isolado. Ele se
insere em oito dinâmicas que são impulsos (pulsões, ímpetos) na
vida. As capacidades e fraquezas dos indivíduos podem ser
compreendidas pela observação de sua participação nestas oito
dinâmicas, que são os impulsos para a existência como indivíduo,
como atividade sexual, em grupos de indivíduos, como a Humanidade,
no reino animal, no universo físico, como espíritos ou de espíritos
e, por fim, como o infinito.
Outro
aspecto da cientologia é o chamado “Triângulo ARC”, a chamada
“pedra angular das associações vivas. Este triângulo é o
denominador comum de todas as atividades da vida”, realacionando
afinidade (A), realidade (R)e comunicação (C), propiciando a
compreensão.
Triângulo A-R-C. Fonte: http://www.scientologycourses.org/pt/ |
O segundo ângulo, a realidade, entende-se em cientologia como “aquilo que parece ser” e o que se acordar ser real é real. A comunicação, terceiro vértice do triângulo é o verdadeiro “solvente universal”. Operando conjuntamente os três elementos geram “compreensão”. A comunicão, diga-se ainda, é o ponto de que parte todo o resto, pois:
“Se
não houver um elevado grau de afeição e se não houver algumas
base de acordo, não há qualquer comunicação. Sem comunicação e
alguma base de resposta emocional, não pode haver realidade. Sem
alguma coisa para acordo e comunicação, não pode haver afinidade.
Assim sendo, nós chamamos a estas três coisas m triângulo. A menos
que tenhamos dois vértices de um triângulo,não pode existir um
terceiro vértice. Ao desejar qualquer
A Vida como um Jogo
Para a
cientologia a vida é um jogo e envolve interesse, competição,
atividade e posse. Este jogo consiste de liberdade, barreiras e
propósitos e quando a relação entre a liberdade e as barreiras
desequilibra-se até certo ponto, o resultado é uma infelicidade.
Segundo Ron Hubbard:
“Fixo
em demasiadas barreiras, o Homem anseia ser livre. Porém, quando
colocado em total liberdade, ele fica sem qualquer propósito e
infeliz”.
O homem
não deve ser passivo mas deve tomar parte da vida. Este é um quadro de “determinação das atividades de dois
ou mais lados num jogo simultaneamente”. Em outras palavras, “Um
ser é Pandeterminado em relação a qualquer jogo ao qual ele seja
superior. Em um jogo em que é subordinado, ele é Autodeterminado”.
Na
“armadilha” derivada da ausência de barreiras passa a operar o
ciclo da vida aparente (Criar-Sobreviver-Destruir). Ao considerar
todas as restrições e barreiras seus inimigos, o homem recusa-se a
controlá-las e sucumbe a barrreiras. As restrições tornam-se
aparentemente menores mas na verdade aumenta enquanto a libertade
diminui, ficando a vida insípida, caótica, aleatória e desprovida
de propósitos. O exemplo da revolução francesa cabe aqui.
Resolveu-se tomar o poder de nobres que tornaram-se autoderminados em
relação à sociedade e foram massacrados no jogo. A destruição
das instituições (eliminação das barreiras), ao invés de criar
liberdade instalou os fundamentos do Terror e da morte... Como um
componente na fórmula é adicionado, entretanto, o livre arbítrio
ou a escolha do indivíduo em participar ou não do jogo.
Ainda no
terreno dos jogos, o que são problemas? Todos falamos de
“problemas”, muitas vezes sem saber o que realmente quer dizer o
termo. Problemas se verificam quando dois ou mais propósitos se
confrontam. Paradoxalmente, não é “ruim” tê-los. Para os
cientologistas, testes reais, evidenciaram que a pessoa começa a
sofrer de problemas quando não os tem em número suficiente.
Algo terapêutico que auxiliaria o homem a equilibrar-se seria pedir
ao homem que “invente problemas” um após o outro, tornando-o
“Pandeterminado quanto aos problemas em vez de estar num lugar
com todos os problemas contra ele.
Espírito, Mente e Corpo
A
Cientologia diferencia o espírito da mente e o corpo, afirmando sua
contribuição pioneira para a humanidade quanto ao “isolamento,
descrição e tratamento do espírito humano”, o que foi “(...)
realizado em julho de 1952 em Phoenix, Arizona, onde eu (Hubbard)
estabeleci por meios científicos (ao invés de mera crença) que: a
coisa que é a pessoa, a personalidade, pode ser separada do corpo
e da mente, voluntariamente, e sem causar a morte do corpo ou
distúrbio mental”.
O
espírito (Thetan) “não tem massa, comprimento de onda, energia,
tempo ou localização no espaço, exceto por consideração ou
postulado” Ele não pode ser considerado uma “coisa”, mas um
criador de coisas, residindo habitualmente no crânio ou na
proximidade do corpo. Um thetan pode deteriorar-se ou a “qualquer
momento, retornar à plenitude da sua capacidade. Como ele associa
beingness com massa e ação, ele não considera que tem uma
identidade ou um nome individual a não ser que esteja ligado a um ou
mais jogos da vida”
Embora
isso seja difícil de compreender para um iniciante em cientologia, um
thetan poder estar numa de quatro condições (sendo condição
“ótima” a segunda):
1.
Separado de um corpo ou até do universo;
2.
próximo do corpo e controlar conscientemente o corpo;
3. dentro
do corpo (o crânio)
4.
condição invetida em que estaria compulsivamente afastado do corpo
e sem poder aproximar-se deste.
Uma das
muitas metas do processamento (atividades a que se submete um
“clear”, aquele que se propõe a ter uma mente ótima) em
Scientology é “exteriorizar” o indivíduo, colocando-o na
segunda condição acima (próximo de um corpo e a controlar
conscientemente uo corpo), visto que se descobriu que ele está mais
feliz e mais capaz quando está situado aí.
E como é
concebida a mente? Ela é tida como “um sistema de comunicação e
controle entre o Thetan e o seu ambiente”. Esta “mente” tem
três divisões principais: mente analítica, mente reativa, mente
somática. Em suma:
a) A
mente analítica é aquela que “combina percepções do ambiente
imediato, do passado (através de imagens) e estimativas do futuro,
para gerar conclusões que são baseadas nas realidades das
situações" com a "cognoscência potencial do thetan com as
condições do seu ambiente e leva-o a formar conclusões
independentes”;
b) A
mente reativa que se comporta como um “mecanismo de
estímulo-resposta e nunca pára de operar, atuando abaixo nível de
consciências. É uma mente de estímulo-resposta. Sua capacidade de
extrair conclusões racionais é pobre sendo a fonte dos “impulsos
aberrados”, ou peculiaridades da personalidade como a
excentricidade, neuroses e psicoses. Ela “armazena todas as coisas
más que aconteceram a um indivíduo para mais tarde lançá-las de
novo contra ele, em momentos de emergência ou perigo, de modo a
ditar as suas ações de acordo com linhas que anteriormente foram
consideradas 'seguras'”. Ela é totalmente literal na sua
“interpretação” de palavras e ações;
c) A
mente somática, mais “pesada” por não conter “pensatividade”
mas apenas “atuação”. Os impulsos colocados sobre o corpo pelo
thetan atingem níveis voluntários, involuntários e glandulares,
sendo que este tipo de mente está sujeita a aos dois tipos de mente
imediatamente acima dela e ao thetan. As doenças “psicossomáticas”
residem neste nível, pois o thetan (espírito) não tem consciência
dos mecanismos de transmissão da mente analítica contra o corpo,
afetado diretamente pelo conteúdo estímulo-resposta da mente
reativa. Uma doença psicossomática é causada pelas percepções
recebidas na mente reativa durante momentos de dor e inconsciência.
Em sua obra, “Dianética, a Evolução de uma Ciência”, detendo-se um
pouco mais sobre a mente reativa (a grande descoberta da dianética), L.R.
Hubbard concluiu que “ela pensa em termos de identidade. É uma
mente de estímulo-resposta. "As suas ações são determinadas
exteriormente. Não tem livre-arbítrio. Esta apresenta dados de dor
física durante momentos de dor física, numa tentativa de salvar o
organismo. Desde que suas ordens e comandos sejam obedecidos, ela
retém a dor física. Mal o organismo comece a ir contra os seus
comandos, ela inflinge dor”.
A mente
reativa alimenta seu próprio banco de dados composto por “engramas”
(um conceito crucial em cientologia) e seus locks. “Um engrama é
simplesmente um período de dor física em que o analisador está
fora de circuito e o organismo experimenta algo que concebe ser, ou
que é contrário, à sua sobrevivência. Só se recebe um engrama na
ausência de poder analítico”. Dito de outro forma, recebe-se um
engrama quando se está inconsciente, sendo “inconsciência
designada pela palavra “anaten” (atenuação analítica , do
inglês analytical atenuation).
Há,
portanto, “energia mental”, embora mais fina e de um nível
superior. E a cientologia afirma ter feito testes conclusivos de que
um thetan ao criar quadros de imagem mental e inseri-los no interior
do corpo pode aumentar a massa deste.
O corpo,
ultimo elemento da “unidade humana” tem caráter “estrutural”
e o que há de mais interessante em cientologia é sua ênfase na
existência de um “um campo elétrico fixo em torno do corpo,
totalmente independente mas influenciável pela mente humana”. O
corpo existe em um “espaço (que) é criado por pontos-âncora
(pontos que estão ancorados num espaço diferente do
universo físico à volta de um corpo). Desse modo, “o
corpo não é apenas influenciado pelas três mentes, este também é
influenciado pelo seu próprio campo elétrico”.
Todos
os postulados da Cientologia sobre o Espírito (thetan), a Mente e o
corpo são lastreados em testes empíricos. A Cientologia não se
arvora em algo independente da ciência que tem
como estranhos os métodos tradicionais de pesquisa. Mas existe
também uma Para-Cientologia, que “inclui todas as
incertezas e áreas desconhecidas da vida que até agora não foram
completamente exploradas e explicadas”. Independentemente disto,
alguns fatos são amplamente conhecidos:
- O próprio indivíduo é um espírito a controlar um corpo através da mente.
- O thetan é capaz de criar espaço, energia, massa e tempo.
- O thetan é separável do corpo sem o fenômeno da morte e pode manejar e controlar um corpo estando bem exterior a este.
- o thetan não está interessado em lembrar-se da vida que acabou de viver, depois de ter partidodo corpo e da mente.
- uma pessoa que está a morrer exterioriza-se sempre.
- a pessoa, tendo exteriorizado, geralmente volta a um planeta e obtém, normalmente, outro corpo do mesmo tipo de raça que a anterior.
O thetan
é imortal e não experimenta a morte, apenas a simula com o
“esquecimento”. Ele vive novamente e “está muito ansioso por
colocar algo na linha do tempo (algo para o futuro) para que tenha
algo ao qual regressar”. Isto não só explica as ansiedades
sexuais como sugere que o que se cria durante a vida nos afeta na
próxima vida.
quarta-feira, julho 18, 2012
Em Defesa da Cientologia - O Caso Tom Cruise
"A missão de Scientology não é a conquista - é a civilização. È uma guerra contra a estupidez, a estupidez que nos conduziu à última guerra de todas.
Para um Scientologist, o verdadeiro barbarismo da Terra é a estupidez. Somente no lamaçal negro da ignorância é que podem germinar os conflitos irracionais das ideologias".
L. Ron Hubbard. Scientology - Os Fundamentos do Pensamento.
Lafayette Ron Hubbard - Criador da Cientologia e da Dianética |
Muito raramente assisto televisão. Hoje estava aguardando minha vez para ser atendido no consultório médico e me surpreendi com as declarações sobre a cientologia na TV de alguém que deve tê-las colhido no "tesouro informacional" que é o Google. Como era de se esperar, o episódio foi exibido no programa de Ana Maria Braga na Globo. O "especialista" em questão apenas se esqueceu de dizer que as obras cientológicas são editadas em Los Angeles, California, em várias línguas. Não é possível "baixá-las" na internet nem encontrá-las integralmente reproduzidas em sites. Suas traduções em língua portuguesa são sofríveis (deduzo que por excessivo zelo da sede americana) e difíceis de entender, sendo preferível adquirir os volumes em inglês. Portanto, lixo eletrônico já foi escrito aos montes sobre o assunto, sem qualquer respaldo no que foi produzido de próprio punho ou anotado a partir das gravações originais das conferências de Laffayette Ron Hubbard, fundador e também criador da "dianética", a precursora da cientologia.
Este é o caso do superficial comentarista que se contenta em repetir à exaustão o que deve ter lido na Wikipedia (este depósito on line de opiniões indigentes e divergentes). Considerar que a emigração de almas para o planeta Terra (após devastador ataque com a bomba H deslanchado pelo tirano intergalático Xenu) é mais improvável que alguém ter morrido na cruz e ressuscitado é o mal de todo aquele que estupidamente confunde alegorias com narrativas históricas. Neste ponto, o indivíduo fanatizado não difere do ateu libertino e irreligioso, como diria a Senhora Helena Blavatstky. Quanto à veracidade da cosmogonia cientológica ou da sua versão propagandeada na WEB pouco se pode afirmar, pelas razões apontadas em parágrafo anterior (as estórias divulgadas não se encontram em nenhuma publicação acessível mas povoam a verborragia de alguns dissidentes do ramo principal da cientologia).
Do ponto de vista religioso, se o "mito de Xenu" possuir qualquer credencial quanto à fonte (Ron Hubbard), devemos convir que ele é tão válido quanto qualquer outro nos limites da sociedade atual. Ouso dizer que em nada fica a dever a outros mitos de criação, pois impregna com corte análogo uma série de idéias propagadas por correntes da Nova Era. Logo, beneficia-se de uma "base antropológica" a sancioná-lo (por mais anedótica que seja a necessidade da contratação de um profissional especializado - preferencialmente por dispensa de licitação - para elaborar um parecer sobre o que é ou não é religião).
Pois bem, pode-se discordar da cientologia mas ela nada tem a ver com a versão estilizada de "Star Wars" que a TV brasileira vem difundindo. Lafayette Ron Hubbard publicou inúmeros livros com suas próprias pesquisas sobre a possibilidade de se conhecer o homem, o espírito e a vida e tive a oportunidade de ler alguns deles. Já conversei com membros da cientologia em Los Angeles e conheci de perto alguns de seus instrumentos de medição do nível de stress, familiarizando-me com certos conceitos que me soaram pertinentes. Aprecio a forma como a cientologia enxerga o homem e seu enfoque grupo versus indivíduo. Menospreza-se muito os escritos de Ron Hubbard, que são equiparados a "desvarios" mas, na verdade, muitos não admitiriam que a moderna teoria dos jogos, a física quântica ou a cosmologia são extravagantes, mas ao voltarem-se contra os métodos da cientologia (a eficaz relação auditors x preclears, por exemplo) os mesmíssimos algozes se mostram unânimes em classificá-los como inaceitáveis. Willhem Reich também foi considerado um charlatão e louco ao defender suas teses sobre o orgone e construir máquinas para acumulá-lo, quando tão somente descobriu a força de Kundalini (o fogo serpentino dos hindus que sobe pela base da coluna) por meios próprios.
Foto do Centro de Testes da Cientologia. Hollywood Boulevard, L.A. CA. Aqui fiz os testes cientológicos em 18/02/2012. Foto própria. 18/02/2012 |
Prédio da Cientologia (Highland-Hollywood L.A. - CA). Foto própria. 18/02/2012 |
Hollywood L.A. Meca da Cientologia. Foto própria. 18/02/2012 |
Tom Cruise, cientologista, comemorando o novo filme "Rock of Ages". Êxito material e busca da "super-humanidade" contrariam uma sociedade que cultua a derrota. |
Pior ainda: o velho Ron é usado por "gurus" (entenda-se bem, impostores) de auto-ajuda sem ser citado. Esta é uma típica estratégia oportunista: vilipendia-se um determinado autor ao tempo em que sua obra é expropriada e, com um pouco de maquiagem, reproduzida com outra assinatura. É inadmissível comparar um polígrafo, físico nuclear e novelista profícuo com diversos de seus críticos, pessoas de nível mediano e formação porosa. É ainda mais fácil criticar quem adota padrões elevados de vida e não se engaja nos jogos mesquinhos e torpes da contemporaneidade. Falar de Homens e mulheres que aspiram tornar-se Deuses é um sacrilégio indesejável no planeta do deboche e da sensualidade abjeta.
Os filiados à cientologia buscam seu aperfeiçoamento, a superação de suas limitações. Nisto não diferem de outros "crentes", mas seus métodos são mais rigorosos e testados. Em minha opinião como alguém externo ao grupo, entendo por "superação" o estabelecimento de controles mais rígidos sobre os veículos físico, mental e emocional, o que proporciona a cristalização de um "Eu Superior", aquele núcleo perene que conserva a memória ao longo do fio das existências. Este não é um vocabulário típico da cientologia mas nos auxilia a compreender melhor o que os adeptos desta "religião" almejam. Não é algo muito diferente do que pregam os cristãos, budistas ou advogam os hinduístas e sufis muçulmanos. È apenas o "refinamento da alma".
Alguém que cultiva a espiritualidade pode ser visto como metódico ou aborrecido, seja ele um cristão, budista, cientologista ou o quer que seja. Ele não é alguém que arreganha os dentes levianamente, entretém-se com intrigas fortuitas, gosta de bebidas e farras ou é afeito à vida social. Esta pessoa não se interessa pela malevolência alheia ou está preocupada em parecer "normal", ajustando-se a regras societárias que contrariem seus próprios objetivos. A cientologia define um jogo com uma combinação de elementos como liberdade, barreiras e propósitos. Seu participante (ao menos aquele que tem nível elevado de "Beingness"-SER e conhece seu papel) quer obter resultados neste jogo, muito embora respeite outras dinâmica da vida além daquela do seu próprio EU. Este é um comportamento extravagante para o padrão dominante. Aliado ao êxito material, configura-se como odioso para uma sociedade aferrada dramaticamente à derrota.
As luzes que a imprensa e seus parvos articulistas lançaram sobre a
recente separação do ator Tom Cruise trazem à tona uma evidente e pavorosa ignorância sobre o que preconiza a cientologia. A bolha de sabão explode ao mínimo contato com a realidade por meio da observação das próprias atitudes do artista e seu
sucesso profissional. Contra fatos não há argumentos, apenas ódio cego e artimanhas da velha serpente sob a forma do pecado da inveja.
Viva Tom Cruise, John Travolta e Ron Hubbard!
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