
Em "Bestas, Homens e Deuses", Ossendowisky recapitula suas aventuras no interior da Grande Rússia, quando fugiu das garras dos revolucionários vermelhos que consolidavam seu processo de destruição civilizatória. Como profundo conhecedor do território imperial, em particular da Sibéria, Ossendowisky traçou um plano de fuga que compreendia o perscurso a partir de Krasnojarsk até a transposição da fronteira com a Mongólia, entrando em território neutro. Neste ínterim, a obra não só revela a capacidade adaptativa dos polônes face à mais cruenta realidade e impiedade humana, em um mundo dominado por bolcheviques torpes, capazes dos atos mais vis em prol de sua própria promoção na máquina estatal. Ao mesmo tempo - e isto é seu traço mais importante - relata milagres e poderes jamais vistos por ocidentais e, ao final, sua descrição de estórias colhidas em lamaserias do Mongólia e personagens como o "Lama Vingador", dotado de poderes que aos não-orientais angariaram a fama de "miraculosos" ou "espetaculares". Na Mongólia, conheceu de perto os "sidhis" ou faculdades psíquicas mais avançadas como a profecia, a clarividência e a manipulação dos gunas (princípios da matéria) facultada aos grande iniciados.
Outro personagens que se sobressai no (e Ossendowsky conheceu, pessoalmente) é o Barão Ungern, o "Barão Louco", o maior Herói anti-bolchevique do período, profundametne caluniado pela História. Convertido ao Budismo e profundamente devoto da sabedoria do Oriente, o Barão Ungern foi considerado um "Dharmapala" entre os mongóis, ou seja, recebeu o alto título de "Protetor do Dharma". Mais tarde, vítima de traição, foi morto pelas hordas bolcheviques sanguinárias, passando a se inscrever entre os mártires da Nação Russa, hoje reconhecidos pelo atual Governo de Moscou.
Também na Mongólia - a versão do livro não deixa margem à dúvida - foi constatada a degradação do budismo, entregue a lamas bêbados e títeres pró-bolcheviques, muito distantes da tradição original.Na Mongólia, trava amizade com o "Buda Vivo", o "Buda Encarnado", pois o "Guardião do Misterioso e do Desconhecido vive na Mongólia, terra dos milagres e dos mistérios", sua Santidade Djebtsung Damba Hutuktu Khã, Bogdo Gheghen, pontífice de Ta Kure. Entre estes homens ele vem a saber da existência do enigmático Rei do Mundo e seu Reino, Agharta, no interior da Terra. Em Agartha, alguns povoss, como os Olets e os Calmucos aprenderam suas ciências misteriosas que trouxeram para a superfície da Terra.
"Em Agharta, os sábios panditas escrevem sobre tabuletas de pedra toda a ciência do nosso planeta e dos mundos. Os sábios chineses sabem disso. A ciência deles é a mais alta e a mais pura. A cada século, cem sábios da China se reúnem em um lugar secreto, à beira-mar, onde cem tartarugas imortais saem das profundezes do oceano. Sobre suas escamas, os chineses escrevem as conclusões, às quais a ciência chegou naquele século".
O Rei do Mundo traz em ocasiões determinadas sua mensagem aos homens. Uma das últimas entregue a um chefe tibetano em uma tabuleta de ouro advertia:
"O Rei do Mundo aparecerá a todos os homens quando chegar o tempo de levar os homens bons para a guerra contra os homens maus. O tempo, porém, não chegou ainda. Os piores da humanidade ainda não nasceram".
Quando nascerão? Que viva eternamente em paz a alma do inigualável Ferdinand Ossendowsky, que o bom karma conduziu à Mongólia e à divulgação destes grandes e inefáveis mistérios.
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