Aqui no Ocidente nós encaramos a meditação de forma diametralmente oposta ao Oriente. Meditação nas línguas tibetana e no sânscrito é um estado de espírito apaziguado e a ação mental que é a causa principal de paz mental. A maçonaria e os rosa cruzes autênticos são guardiões desta velha tradição meditativa ocidental, que remonta às antigas escolas de mistérios. Em suas fórmulas fazem referências a um "Oceano de Tranquilidade" e à "Paz Profunda" que em alguns ensinamentos budistas são comparados ao mar aberto sem agitação que provoque ondas. Ou seja, nossa mente plenamente centrada, em equilíbrio.
Mas principalmente no século XX a penetração de técnicas e dos textos do Leste nos países da Europa e América mesclou-se ao cientificismo em voga para o qual cérebro e mente são a mesma coisa ou, então, muito parecidos. Com o passar do tempo a eficácia da "meditação" foi aceita, porém considerada apenas como uma terapia válida de relaxamento, diminuição do stress e alívio do desconforto associado ao uso intenso e prolongado do cérebro.
Porém, o cérebro não é a mente. Este um princípio basilar em todas as tradições do Oriente. O cérebro é um órgão físico que cumpre seu papel no âmbito do ser-forma. Haverá um dia, creio, que até mesmo este órgão poderá ser transplantado com facilidade de um crânio para outro. Há indícios que sequer a perda substancial de uma grande parte do cérebro sequer afeta funções vitais ou a fala, memória e capacidade de raciocinar das pessoas.
Então, o cérebro é apenas um instrumento. A mente é algo sutil, que perdura. Ela tem uma função no âmbito do ser, mas que transcende a forma: perceber e entender os objetos só isso. Penso que ao mesclar-se excessivamente com que os teosofistas chamam de "manas inferior", ao cérebro físico e suas elaborações, a mente é contaminda por uma série percepções errôneas que estabelecem falsas relações entre os fenômenos, as delusões.
Um dos principais objetivos da nossa vida é combater estas delusões. Os métodos de meditação recomendados pelos bons instrutores são ótimos caminhos para destruí-las, desde que se saiba meditar. O primeiro passo para se fazer uma correta meditação é deixar de lado o foco no cérebro físico. Muitas pessoas tentam meditar mas seu foco está no cérebro físico e o processo como um todo não surte efeito. Lembro-me que antes me esforçava para controlar os pensamentos, mas todo o meu esforço era guiado impulsivamente para a área no centro da testa, havendo dias em tinha até mesmo dores de cabeça.
Uma técnica budista que tem provado ser útil - ao menos para mim - é a da "mente raiz". Ela parte da natureza de clareza e da função da mente que é perceber e conhecer. Após as atitudes preparatórias, o meditador deve se esforçar para direcionar sua percepção para o chacra do coração, no centro do peito, criando uma imagem mental desta "mente raiz". Concentrando-se neste imagem e em sua função - que é pura clareza - o meditador afasta-se aos poucos da falsa percepção da mente física.
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