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segunda-feira, janeiro 21, 2013

Não há Tolerância com os Sistemas do Erro mas Caridade com seus Expoentes - Michele Sciacca

SCIACCA, Michele Federico. Filosofia e antifilosofia. São Paulo. É Realizações Editora, 2011.

Pelo caminho da tolerância, portanto, não é possível a conciliação dos sistemas filosóficos, e é contraditório que o sistema da verdade faça concessão ao sistema do erro, o qual, todavia, pode também se adaptar para conviver com a verdade, porque não teme a contradição e lhe convém fingir-se de tolerante, uma vez que não tem nada a perder e tudo a ganhar. Daí segue que a intolerância da verdade para com o erro é também imposta filosoficamente pela insuperável oposição entre o não passível de contradição e o controvertível; entre as duas só pode haver o contraditório, quer dizer, guerra aberta, ainda que com todas as boas regras, do ponto firme da verdade que sabe que não pode se conciliar com o erro sem renegar a si mesmo - cedendo assim à contradição - e sem causar dano a quem erra, que seria confirmado no erro por debilidade ou má vontade nossa, e não da verdade.

Se sou capaz de tolerar, e essa tolerância representa carregar um peso com sofrimento e paciência, a verdade não pode carregar pacientemente o peso do erro, que lhe é absolutamente insuportável; mas tolerar sifgnifica também "alimentar" e "sustentar", e disso resultaria que uma verdade tolerante deveria nutrir e sustentar o erro! Isso confirma como a tolerância pode ser exercitada apenas a respeito de pessoas e opiniões; quem erra, sim, deve ser "tolerado" com toda plenitude de significado desse termo, o qual, por si mesmo, é ainda insuficiente; com efeito, quem erra não deve apenas ser carregado sobre nossos ombros com sofrimeno e paciência, alimentado e sustentado, respeitado em sua liberdade de assentimento, mas deve também ser amado; antes, quanto mais ele nega a verdade, tanto mais é inimigo e se faz distante de nós, e, no entanto, mais devemos amá-lo, porque justamente assim ele necessita de nossa compreensão e de todo o amor. Mas isso já é caridade, bem outra coisa da diplomática e "aparentemente bela" - quanta species! - tolerância, sobretudo no significado de pouca tensão e preço vil com que a palavra é comumente usada.


SCIACCA, Michele Federico. FIlosofia e antifilosofia. São Paulo. É Realiações Editora, 2011.

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