Eu suponho que uma das coisas que mais irrita meus adversários (nem são tão terríveis assim, pessoas que não compreendem a revolução heraclitiana) é que me esforço para mudar mentes. A minha própria, mentes de ex-alunos e alunas, amigos, amigas, colegas, namoradas, mulheres, ex-mulheres, mãe, filho e todos os que se dispõem a ouvir. O meu único poder é a argumentação, o "verbo que se fez carne" e criou o mundo material. Meus inimigos (os contrários, nem sei lá o que são) falham, justamente porque são sofistas, eles lidam com truques de linguagem. E neste hemisfério não leram as Tópicas de Aristóteles. Sem um raciocínio lógico básico fica difícil tentar algo frutífero comigo. Sou um lógico e saco de dialética. Eu só me rendo por cansaço. Mas não ganho nada com isso, não aumento minha conta bancária nem exibo variações patrimoniais positivas (papo de um economista que fez matérias de contabilidade, matemática financeira e administração financeira). Talvez o Senhor desses fariseus que Jesus enxotou do Templo (que deve ser um Asmodeu da Bíblia, não vou aqui abordar minha especialidade, demonologia) me veja como um mentecapto. "Aos mentecaptos pertence o Reino de Deus". Na Jerusalém de 2.000 anos atrás Jesus diversificaria seus investimentos sem precisar enganar ninguém, ele não precisava de um Soros ou Warren Buffet, muito menos de um Eike Batista que é um medíocre. Tudo o que ele disse de relevante se resumia ao postulado: "Não faças a outrem o que não querem que te façam". E a sentença não é tão nova, ela foi cunhada pelo Rabino Hillel anos antes mas, em essência, dizia o mesmo. Nos Evangelhos Canônicos ele, Yeheshua, jogou por terra as tendas dos vendilhões do templo. Ele não admitia que esses caramujos saíssem da casca quando se tratava de ética e colocassem à leilão as pedras do Templo de Salomão. Ele foi o pai do "imperativo kantiano" na "Crítica da Razão Pura" (já deixei de namorar muita gente na adolescência perdendo tempo com isso, inclusive mereci um justo corno de uma namorada aos 17 anos). Como um agregado, um ser de carne, osso, sangue e fezes (como dizia o divino Shantideva) eu acredito que se você conseguir mudar uma cabeça por ano - pressupondo que elas possam influenciar outras tantas - no escopo limitado de nossa vida na Terra já teremos feito muita coisa. E me sinto emocionado muitas vezes quando alguns me dizem que eu os ajudei a pesquisar, a fazer um curso superior, a ingressar em um mestrado, a jogar no lixo idéias arraigadas, a desviar um pouco o cérebro para o lado direito, esquerdo ou o centro, tentar encarar aquela massa de neurônios no cocoruto não como um computador, mas como uma maquinha toda especial que o G.'.A.'.D.'.U.'., o Grande Arquiteto do Universo colocou dentro da gente e deve ser embebida com um pouco de espírito para realmente funcionar. É isso o que eu almejo e me deixa realizado nesta minha passagem pela terra tão breve e bela quanto o alento de uma borboleta ou a existência de um ...
segunda-feira, abril 29, 2013
sábado, abril 27, 2013
JACK KEROUAC.Cenas de Nova York & outras viagens.
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Jack Kerouac |
"Eu simplesmente me deitava nos campos da montanha ao luar, com a cabeça na grama, e ouvia o reconhecimento silencioso das minhas angústias passageiras. - Sim, desse modo, tento atingir o Nirvana quando você já está nele, atingir o topo de uma montanha quando já está lá e tem apenas que permanecer - assim, permanecer na bem-aventurança nirvânica é tudo o que tenho a fazer, que você tem a fazer, sem esforço, sem caminho realmente, sem disciplina, mas saber que tudo é vazio e desperto, uma Visão e um filme da Mente Universal de Deus (Alaya-Jnanana) e permanecer mais ou menos sabiamente em meio a isso. - Porque o silêncio em si é o som dos diamantes que podem cortar tudo, o som da Vacuidade Sagrada, o som da extinção e da Bem Aventurança, esse silêncio de cemitério que é como o silêncio do sorriso de um bebê, o som da eternidade, da beatitude na qual certamente é preciso acreditar, o som de que jamais-houve-nada-senão Deus (que em breve eu ouviria em uma ruidosa tempestade no Atlântico. - O que existe é Deus em sua Emanação, o que não existe é Deus na sua serena Neutralidade, o que nem existe nem não existe é a divina aurora primordial do Céu Pai (este mundo neste exato instante). _ Por isso eu disse: 'Permaneça nisso, aqui não existem dimensões para quaisquer das montanhas ou mosquitos ou vias lácteas inteiras dos mundos'.
Porque sensação é vazio, envelhecimento é vazio. - Tudo é apenas a Dourada Eternidade da Mente de Deus, por isso pratique a bondade e a compreensão, lembre que os homens não são responsáveis por si mesmos, por sua ignorância e maldade, se deve ter pena deles, Deus se compadece porque o que há para se dizer a respeito de qualquer coisa visto que que tudo é apenas o que é, livre de interpretações - Deus não é 'aquele que alcança', ele é 'viajante' naquilo em que tudo é, o 'que subsiste' - uma lagarta,mil cabelos de Deus. _ Portanto, saiba sempre que isto é apenas você, Deus, vazio, desperto e eternamente livre como os incontáveis átomos da vacuidade em todos os lugares".
sábado, abril 20, 2013
Maquiavel - A Farsa Demoníaca
Maquiavel - A Farsa Demoníaca
O grande barato de hoje em dia é estourar de rir no seu íntimo com aquelas pessoas que se julgam "maquiavélicas", lucrécias bórgias de araque que mudam da água para o vinho de uma hora para outra. A popularização das edições de bolso associada a um pequeno incremento da escolarização e agigantamento dos cursos de administração onde todos leem Maquiavel e a "Arte da Guerra" (fingem ao menos lê-los) facilitaram o processo de fabricação em massa dos espertalhões de orelha de livro. Em razão disso, a maioria dos formandos em nível superior é um fracasso total na vida, principalmente a financeira, já que a moral ou intelectual não merecem a mínima consideração. Por isso são uns Maquiáveis à venda, arrendando seu labor a quem dá mais, ou a quem lhes dê qualquer coisa em que seja uma sinecurazinha no governo (não era isso que o florentino mendaz sempre desejara?). Alguns deles já se esforçou a duras penas para ler o próprio (não apenas uma resenha ou uma máxima isolada na internet) e pensou tê-lo entendido (o que é impossível no limite, Nicólo Macchiavelli apenas faz um jogo de palavras ali, demoníaco em si) e crê ter entendido o que não era para ser entendido e o autor florentino entendeu bem isso, deve ter rido muito e esvaziado barricas de vinho só de imaginar a cara dos seus "estudiosos" no futuro. Maquiavel era o diabo, um tinhoso chifrudo (há quem diga, literalmente) magrelo e sórdido pintado com todas as cores de um Giovanni Papini, o melhor especialista em capetologia que já li na vida, subsumindo toda a sabedoria de um Doutor Fausto, um Paracelso, um Agrippa ou dos autores de tratados árabes e grimórios medievais de magia negra . Satanás (do hebraico, "Shaitan", o "adversário"- é o anjo rebelde, o tentador e o colaborador no plano material, dotado de essência espiritual, ao contrário do homem, de natureza densa e imbricado na matéria). O inimigo tão onipresente quanto o criador ( sobretudo em nós mesmos) é um ser etérico e sutil, um Ariel élfico shakesperiano e o homem ao acalentar a ilusão de que poderia igualá-lo (ou suplantá-lo), procura então os Maquiáveis da vida como uma alavanca para o "sucesso". Olavo de Carvalho já caracterizara o italiano como um bufão no seu ensaio "Maquiavel ou a Confissão Demoníaca" ao advertir-nos de que "toda paródia tem um fundo moral, mas Maquiavel flutua entre condenar os costumes políticos em nome da moral e condenar a moral em nome de uma idealização dos piores costumes políticos. É, em toda a linha, uma especulação ficcional". Não diria que o demônio é maquiavélico. Se ele seguisse à risca o que disse o "expert" italiano teria se afundado na sarjeta tanto quanto o próprio. O demônio é o que é justamente porque não é maquiavélico.
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Nicólo Macchiavelli |
quarta-feira, fevereiro 06, 2013
Cap.1.REVOLUÇÃO CONTRARREVOLUÇÃO TRADIÇÃO (Parte II-Final)
Continuação (Cap.1. "Os Homens entre Ruínas. Julius Evola)
A fim de
assegurar esta continuidade enquanto se aferra rapidamente aos princípios
subjacentes, é necessário eventualmente jogar fora tudo o que necessite ser
descartado, ao invés de enrijecer-se, entrar em pânico ou confusamente procurar
novas ideias quando a crise ocorre e os tempos mudam: isso é de fato é essência
do espírito conservador. Por esta razão, o espírito conservador e o tradicional
são a mesma e única coisa. De acordo com o seu verdadeiro e vital sentido, a
Tradição não é nem conformidade servil ao que foi, nem uma lenta perpetuação do
passado no presente. A tradição, em sua essência, é algo simultaneamente
meta-histórico e dinâmico, é uma força ordenadora global, a serviço de
princípios consagrados por uma legitimidade superior (podemos chamá-los mesmo de “princípios de cima”). Esta força age através das gerações, em continuidade
com o espírito e inspiração através das instituições, lei e ordens sociais que
podem até mesmo exibir uma marcante variedade e diversidade. Um engano análogo
que já condenei consiste na identificação ou confusão de várias formulações de
um passado mais ou menos com a tradição em si.
Metodologicamente,
na busca por pontos de referência, uma dada forma histórica deve ser
considerada exclusivamente como a exemplificação e uma aplicação mais ou menos
fiel de certos princípios. Este é um procedimento perfeitamente legítimo,
comparável ao que nas matemáticas denominamos a transformação de a diferencial
em uma integral. Neste caso não há anacronismo ou regressão; nada se tornou um
ídolo, ou se converteu em absoluto, aquilo não era ainda isso, desde que
esta é a natureza dos princípios.
De outro modo, seria como acusar de
anacronismo aqueles que defendem certas virtudes peculiares da alma meramente
porque as últimas foram inspiradas por certas pessoas no passado, nas quais
estas virtudes eram exibidas em elevado grau. Como o próprio Hegel disse:
“Trata-se de reconhecer no surgimento das coisas temporais e transitórias,
tanto a substância, que é imanente,
quanto o eterno, que é atual”.
Com isto em
mente, podemos ver as premissas derradeiras de duas atitudes opostas. O axioma
do conservador revolucionário ou mentalidade do reacionário revolucionário é o
de que os valores supremos e princípios fundacionais de qualquer instituição
normal e segura não são passíveis de mudanças e para que se tenha algo que se
adéque a estes valores, por exemplo, o verdadeiro Estado, o imperium, a auctoritas
(autoridade), hierarquia, justiça, classes funcionais e a primazia do elemento
político sobre os elementos social e econômico. No domínio destes valores não
há “história’ e pensar sobre eles em termos históricos é absurdo. Tais valores
e princípios têm tido caráter essencialmente normativo. Na ordem pública e política eles têm a mesma dignidade
como na vida privada, e é típico de valores e princípios de absoluta
moralidade, pois são princípios imperativos requerendo um reconhecimento
direto, intrínseco (é a capacidade de tal reconhecimento que difere
existencialmente uma certa categoria de seres de outras. Estes princípios não
são comprometidos pelo fato de que em várias instâncias um individuo, a exceção
da fraqueza ou devido a outras razões, foi incapaz de compreendê-los ou mesmo
implementá-los parcialmente em um ponto em sua vida e não em outro, à medida
que tal indivíduo não os abandona no seu interior, ele as compreenderá mesmo em
uma situação abjeta ou de desespero. As ideias às quais me refiro têm a mesma
natureza. Vico as chamou “as leis naturais de uma república eterna que varia no
tempo e em lugares diferentes”. Mesmo onde esses princípios são objetivados em
uma realidade histórica; eles não são totalmente condicionados por ele; mas
sempre apontam para um plano metafísico mais elevado.
segunda-feira, janeiro 21, 2013
JULIUS EVOLA - HOMENS ENTRE RUÍNAS - Reflexões do Pós-guerra de um Tradicionalista Radical
HOMENS ENTRE RUÍNAS - Reflexões do Pós-guerra de um Tradicionalista Radical
Julius Evola
Tradução: CB
Cap. 1. REVOLUÇÃO - CONTRAREVOLUÇÃO - TRADIÇÃO (Parte I)

Estritamente
falando, a palavra correta deveria ser “contrarrevolução”,
contudo, as origens revolucionárias são agora remotas e quase
esquecidas. A subversão há muito tomou raízes, a ponto de se
tornar óbvio e natural na maioria das instituições existentes.
Assim, para todos os propósitos práticos, a fórmula da
“contrarrevolução” faria sentido somente se as pessoas fossem
aptas a ver claramente os últimos estágios que a subversão mundial
está tentando encobrir através do comunismo revolucionário. Por
outro lado, outra palavra de ordem seria melhor, “reação”.
Adotá-la e chamar alguém de “reacionário” é um teste de
coragem. Há bastante tempo já, os movimentos de esquerda fizeram do
termo “reação” sinônimo de todos os tipos de iniquidade e
vergonha e uma oportunidade para estigmatizar todos aqueles que não
fossem úteis à sua causa, ou não vão junto à corrente (que se segundo eles é o “fluxo da história”). Enquanto é muito natural
para a Esquerda empregar esta tática, acho antinatural o senso de
angústia a que o termo frequentemente induz as pessoas, o que devo
à sua falta de coragem política, intelectual e mesmo física; esta
falta de coragem que atinge até mesmo os representantes da assim
chamada Direita ou “nacional-conservadores” que, tão logo sejam
“reacionários”, desculpam-se e tentam mostrar que não merecem
este título.
O
que se espera que a Esquerda faça? Enquanto os ativistas da esquerda
estão “agindo” e levando a cabo o processo da subversão
mundial, é possível supor que um conservador se refreie de reagir
e olhe, festeje-os e mesmo os ajude ao longo de seu caminho? Falando
historicamente é deplorável que a “reação” tenha sido
ausente, inadequada ou incompleta, carente de pessoas, meios e
doutrinas adequadas, justamente no momento em que a doença estava em
seu estado embrionário e suscetível de ser eliminada por
cauterização imediata de seus pontos de infecção. Fosse este o
caso, as nações europeias teriam sido poupadas de incontáveis
calamidades. O que é necessário, antes e mais nada, é um novo 'front' radical, com limites claros entre amigos e inimigos. Se o
“jogo” ainda não terminou, o futuro pertence àqueles que
partilham de ideias híbridas e fragmentadas predominantes em grupos
que nem mesmo pertencem à Esquerda, mas sobretudo aos que têm a
coragem de esposar o radicalismo – sobretudo, o radicalismo das
“negações absolutas” ou “afirmações majestáticas”, para
usar expressões caras a Donoso Cortes. Naturalmente, o termo
“reação” possui intrinsecamente uma conotação ligeiramente
negativa: aqueles que reagem não têm a iniciativa da ação, apenas
reagem de uma forma polêmica ou defensiva; quando confrontados com
algo que já havia sido afirmado ou feito. Deste modo, é necessário
especificar que a reação não consiste em deter os movimentos do
oponente sem ter algo positivo para se lhe opor. Essa percepção errônea poderia ser eliminada associando-se a formula da “reação”
com aquela da “revolução conservadora”, uma fórmula na qual um
elemento dinâmico é evidente. Neste contexto, “revolução” não
mais significa a derrota violenta de uma ordem legitimamente
estabelecida, mas antes uma ação que visa eliminar uma nova
desordem emergente; restabelecendo um estado de normalidade. Joseph
de Maistre observa que o que se precisa é mais que uma
“contrarevolução” em um sentido polêmico e estrito, é o
“oposto à revolução”, em outras palavras uma ação positiva
inspirada pelas origens. É curioso como os termos mudam: antes de
tudo, “revolução”, de acordo com seu significado latino
original (“revolvere”) referia-se a um momento que levava
novamente ao ponto inicial. Portanto, a “força revolucionária”
da renovação que deve ser empregada contra a situação existente
deve derivar das origens.
Contudo,
se alguém quiser abraçar a ideia do “conservadorismo” (isto é,
da “revolução conservadora”), é necessário proceder com
cautela. Considerando a interpretação imposta pela Esquerda, o
termo “conservador” é tão intimidador quando o termo
“reacionário”. Obviamente, é necessário em primeiro lugar
estabelecer exatamente de maneira tão exata quanto possível o que
deve ser “preservado”, hoje há muito pouco que o mereça,
especialmente na medida em que as estruturas sociais e instituições
políticas são consideradas. No caso da Itália, isto é verdadeiro
sem exceção, em menor grau é válido para a Inglaterra e França,
e menos ainda para as nações da Europa Central, nas quais os
vestígios das tradições superiores continuam a existir mesmo no
plano da vida cotidiana. De fato, a fórmula “revolução
conservadora” foi escolhida por intelectuais germânicos
imediatamente após a I Guerra Mundial, mesmo com as recentes
referências históricas. Na medida em que tudo o mais é
considerado, temos de levar em conta a realidade da situação que é
um alvo fácil para as polêmicas da esquerda, para as quais os
conservadores não são campeões de ideias mas defensores de uma
classe particular (os capitalistas), os quais se organizam
politicamente a fim de ser perpetuar, para seu proveito próprio, o
que alegadamente é um regime meramente de privilégios e injustiças
sociais. Assim se tornou muito fácil colocar juntos conservadores,
“reacionários”, capitalistas e burgueses, criando um alvo falso,
para ser usar um termo militar usado nos destacamentos de artilharia.
Como se não bastasse, a mesma tática foi empregada no tempo em que era
representada pelo liberalismo e pelo constitucionalismo. A eficácia
desta tática era devida ao fato de que os conservadores de ontem
(não como os contemporâneos, pois os antigos eram de um calibre
inegavelmente maior) limitam-se a defender suas posições
sócio-políticas e os interesses materiais de uma dada classe ou uma
dada casta, em lugar de se dedicarem a uma defesa franca de um
direito mais elevado, dignidade e a um legado impessoal de valores,
ideias e princípios. Isto de fato é sua fraqueza fundamental e
mais deplorável.
Hoje
nós afundamos em um nível ainda mais baixo, portanto a “ideia
conservadora” a ser defendida não deve apenas ter conexão com a
classe que substituiu a aristocracia derrubada e unicamente tem o
caráter de uma mera classe econômica (isto é, a “burguesia
capitalista”) – mas também deve ser resolutamente oposta a
isso. O que necessita ser “preservado” e defendido de uma maneira
revolucionária é a visão geral de vida e do Estado que baseada em
valores superiores e interesses, transcendendo definitivamente o
plano econômico, de modo que tudo possa ser definido em termos de
classes econômicas. Com relação a estes valores, o que se refere a
orientações concretas, instituições positivas e situações
históricas é somente uma conseqüência, não é o elemento
primário mas o secundário. Se as coisas foram colocadas desta
maneira, recusando-se a colocar os pés no campo onde a esquerda
treina sua mira em um “alvo falso”, esta polêmica poderia se
tornar totalmente inefetiva.
Outrossim,
o que é preciso não é artificial e coercitivamente perpetuar
formas particulares atadas ao passado que tenham exaurido suas
possibilidades vitais estando distantes do tempo atual. Para o conservador revolucionário autêntico, o que realmente conta não é
ser fiel às formas do passado e instituições, mas sobretudo aos
princípios pelos quais estas fórmulas e instituições foram
expressões foram particulares adequadas para cada
período específico de tempo em uma área geográfica específica. E
assim como estas expressões particulares devem ser vistas como
variáveis e efêmeras em si mesmas; uma vez que são conectadas a
circunstâncias históricas que não se repetem com freqüência, os princípios que os animam têm um valor que não é
afetado por tais contingências, pois gozam de atualidade perene.
Novas formas, correspondendo na essência a estas mais velhas, são
capazes de emergir delas como de uma semente, assim, mesmo que
eventualmente substituam estas velhas formas (em uma “maneira
revolucionária”) o que permanece é uma certa continuidade entre
os fatores históricos, sociais, econômicos e culturais cambiantes.
Julius Evola - Homens entre Ruínas
![]() |
Julius Evola |
Filho de um representante da pequena nobreza rural, o poeta, escritor, filósofo, pintor e tradicionalista italiano, Barão Julius Cesare Andrea Evola (Roma, 19 de maio de 1989 - 11 de junho de 1947) ofertou ao mundo uma obra vasta como o oceano, produto de uma mente clareada pelo estudo dos maiores clássicos do Oriente e do Ocidente, balizado por sólido anteparo histórico e um compromisso inequívoco com a verdade e a beleza da vida. Ao longo de sua trajetória neste mundo foi visto com maus olhos pela "direita" italiana (fascistas, apoiadores de ocasião e falastrões de meia tigela que farfalham nestes meios), pelos teóricos nazistas (cuja teoria da "superioridade racial ariana" refutou, substituindo-a pela "tradição") e, naturalmente, converteu-se em alvo dos esquadrões de vigilantes ideológicos comunistas e socialistas por cujas vistas sequer passou uma página de sua opulenta produção.
Apresento-lhes na postagem seguinte um curto trecho de "Homens entre as Ruínas", obra de maturidade do grande intelectual italiano que me encontro traduzindo e, com a graça do Senhor, espero disponibilizar gratuitamente aos leitores em breve, como já o fiz com relação a outros autores. Ela acomoda com bastante cuidado termos que são "ideologizados" e que perderam seu significado prístino após uma longa série de adulterações das matilhas que desde o Iluminismo, as Trevas travestidas de verdadeira Luz Divina; abalroam conceitos e lhes enxertam sentidos os mais espúrios que se possa imaginar, a exemplo da própria palavra "revolução" que aos ouvidos da contemporaneidade soa qual tal os macabros e satânicos objetivos de um desprezível Robespierre lhe emprestara.
Não há Tolerância com os Sistemas do Erro mas Caridade com seus Expoentes - Michele Sciacca
SCIACCA, Michele Federico. Filosofia e antifilosofia. São Paulo. É Realizações Editora, 2011.
Pelo caminho da tolerância, portanto, não é possível a conciliação dos sistemas filosóficos, e é contraditório que o sistema da verdade faça concessão ao sistema do erro, o qual, todavia, pode também se adaptar para conviver com a verdade, porque não teme a contradição e lhe convém fingir-se de tolerante, uma vez que não tem nada a perder e tudo a ganhar. Daí segue que a intolerância da verdade para com o erro é também imposta filosoficamente pela insuperável oposição entre o não passível de contradição e o controvertível; entre as duas só pode haver o contraditório, quer dizer, guerra aberta, ainda que com todas as boas regras, do ponto firme da verdade que sabe que não pode se conciliar com o erro sem renegar a si mesmo - cedendo assim à contradição - e sem causar dano a quem erra, que seria confirmado no erro por debilidade ou má vontade nossa, e não da verdade.
Se sou capaz de tolerar, e essa tolerância representa carregar um peso com sofrimento e paciência, a verdade não pode carregar pacientemente o peso do erro, que lhe é absolutamente insuportável; mas tolerar sifgnifica também "alimentar" e "sustentar", e disso resultaria que uma verdade tolerante deveria nutrir e sustentar o erro! Isso confirma como a tolerância pode ser exercitada apenas a respeito de pessoas e opiniões; quem erra, sim, deve ser "tolerado" com toda plenitude de significado desse termo, o qual, por si mesmo, é ainda insuficiente; com efeito, quem erra não deve apenas ser carregado sobre nossos ombros com sofrimeno e paciência, alimentado e sustentado, respeitado em sua liberdade de assentimento, mas deve também ser amado; antes, quanto mais ele nega a verdade, tanto mais é inimigo e se faz distante de nós, e, no entanto, mais devemos amá-lo, porque justamente assim ele necessita de nossa compreensão e de todo o amor. Mas isso já é caridade, bem outra coisa da diplomática e "aparentemente bela" - quanta species! - tolerância, sobretudo no significado de pouca tensão e preço vil com que a palavra é comumente usada.
SCIACCA, Michele Federico. FIlosofia e antifilosofia. São Paulo. É Realiações Editora, 2011.
Pelo caminho da tolerância, portanto, não é possível a conciliação dos sistemas filosóficos, e é contraditório que o sistema da verdade faça concessão ao sistema do erro, o qual, todavia, pode também se adaptar para conviver com a verdade, porque não teme a contradição e lhe convém fingir-se de tolerante, uma vez que não tem nada a perder e tudo a ganhar. Daí segue que a intolerância da verdade para com o erro é também imposta filosoficamente pela insuperável oposição entre o não passível de contradição e o controvertível; entre as duas só pode haver o contraditório, quer dizer, guerra aberta, ainda que com todas as boas regras, do ponto firme da verdade que sabe que não pode se conciliar com o erro sem renegar a si mesmo - cedendo assim à contradição - e sem causar dano a quem erra, que seria confirmado no erro por debilidade ou má vontade nossa, e não da verdade.
Se sou capaz de tolerar, e essa tolerância representa carregar um peso com sofrimento e paciência, a verdade não pode carregar pacientemente o peso do erro, que lhe é absolutamente insuportável; mas tolerar sifgnifica também "alimentar" e "sustentar", e disso resultaria que uma verdade tolerante deveria nutrir e sustentar o erro! Isso confirma como a tolerância pode ser exercitada apenas a respeito de pessoas e opiniões; quem erra, sim, deve ser "tolerado" com toda plenitude de significado desse termo, o qual, por si mesmo, é ainda insuficiente; com efeito, quem erra não deve apenas ser carregado sobre nossos ombros com sofrimeno e paciência, alimentado e sustentado, respeitado em sua liberdade de assentimento, mas deve também ser amado; antes, quanto mais ele nega a verdade, tanto mais é inimigo e se faz distante de nós, e, no entanto, mais devemos amá-lo, porque justamente assim ele necessita de nossa compreensão e de todo o amor. Mas isso já é caridade, bem outra coisa da diplomática e "aparentemente bela" - quanta species! - tolerância, sobretudo no significado de pouca tensão e preço vil com que a palavra é comumente usada.
SCIACCA, Michele Federico. FIlosofia e antifilosofia. São Paulo. É Realiações Editora, 2011.
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