O que é o homem? Todos nós realizamos conjecuturas todo o tempo acerca do que é o homem e em que consiste seu papel no universo. Rememoramos a criação de Santo Adão e Santa Eva, da lama da qual foi gerado o homem primordial e e da corrupção em que foi lançado após a "queda", após a deliciosa mordiscada do pomo da vida no Paraíso e o exílio no mundo sublunar.
Acostumamo-nos a um acalentar o sonho de um lugarzinho especial do Ser Humano junto ao Todo-Poderoso Criador do Céu e e da Terra e ao ledo engano de que o homem é um ser especial na ordem cósmica.
Realmente um ledo engano.
"Sois pó e ao pó voltarás", escreveu São Moisés.
O que São Moisés intentou expressar com esta frase? Apenas a óbvia conclusão de que o homem é nada, ele é pó, ele nada significa no interior da economia geral do universo..
O homem em geral faz um elevado juízo de si mesmo, sempre se julga superior ao que realmente é caso se pudesse conhecer enquanto tal. Ele é o "Ò do Borogodó", para usar uma gíria antiga do Brasil ou o suposto "Califa de um reino de milhões de Egos" que ele confunde com sua altaneira personalidade.
O homem entretanto é menos que uma pequena formiga no universo e seu desaparecimento sequer é notado na ordem cósmica. Morto a "solda universal" representada pela força ígnea do sol deixa de manter coesos os elementos que compõe a frágil máquina humana, o "prana" como dizem na Ìndia não mais opera. O homem se torna uma massa amorfa em fase de putrefação e se desintegra como matéria mal cheirosa e úmida na terra mãe.
O homem se dilui na vida orgânica da terra e contribui para que a lei setenária do universo se realiza. Sua alma alimenta a lua e nada mais.
O homem não é nada sobre a terra. È insignificante, pequeno e desprezível, ao menos em seu estado atual de mecanicidade. Como a maior fração percentual de seu gênero está rotulada como "mecânica", sua própria extinção enquanto tal não causaria maiores impactos sobre o funcionamento do relógio universal.
Hoje choram os mortos do Haiti mas nunca é demais recordar uma pequena lição: "O homem assiste a milhares de mortos em um cataclismo natural, faz suas orações, deita-se em sua cama e dorme tranquilamente. Caso soubesse na véspera, entretanto, que perderia para sempre um pequeno pedaço de seu dedo mindinho, apenas um pequeno pedaço, ele não só ficaria acordado a noite toda como pediria ajuda a todos os seus irmãos, amigos e pais, quiça à polícia, para defender-se".
Este é o homem.