quinta-feira, dezembro 30, 2010
Arte Objetiva e as Antigas Escolas
Georges Ivanovitch Gurdjieff, expressava sua interpretação das escolas de conhecimento e de mistérios como meios de transmissão de verdades arcanas que não poderiam ser traduzidas nos marcos da linguagem convencional. Segundo ele deveria haver uma “ciência objetiva”, uma unidade de todas as coisas e “procurava-se, pois, colocá-la em formas capazes de assegurar sua transmissão adequada, sem risco de deformá-las ou corrompê-las”.
Assim, “dando-se conta da imperfeição e da fraqueza da linguagem usual, os homens que possuíam a ciência objetiva tentaram exprimir a idéia da unidade sob a forma de ‘mitos’, ´símbolos’ e ‘aforismos’ particulares que, tendo sido transmitidos sem alteração, levaram essa idéia de uma escola a outra, freqüentemente de uma época à outra”. Estas idéias não atuavam sobre os estados convencionais, normais de consciência do homem mas sobre níveis superiores, o que ele denominava “centro emocional superior” e o “centro intelectual superior”. Ao primeiro, o “centro emocional superior”, destinavam-se os mitos, ao segundo, o “centro intelectual superior”, os símbolos.
Símbolos e Mitos. Destes recursos se nutre a "Arte Objetiva" que se reflete diretamente nos recônditos superiores do ser humano. Os grandes monumentos do passado, as catedrais européias, as ruínas de Susa, as construções de Macchu Picchu, as pirâmides egípcias.
No renascimento, as escolas de arte objetiva, além da construção de templos se concentraram nas escolas de pintura, sediadas na Itália. Livros com "The Secret History of the World" de Mark Booth apontam nesta fase o surgimento de uma estranha e pujante arte no continente europeu. Em minha opinião ela se manifesta com maior intensidade nos pintores alemães e de Flandres, mais particularmente em Bruegel, Hyeronimus Bosh e do insuperável Albrecht Dürer.
Deixo o autorretrato da Dürer para que o leitor possa tirar suas próprias conclusões acerca de sua expressão. Por enquanto.
Reencarnação e Eterno Retorno
Se há uma distinção significativa efetuada por Ouspensky - ausente em Gurdjieff, que não se ocupava do tema - é aquela entre reencarnação e eterno retorno, "eterna recorrência'. Ela está ligada ao choque no ponto 6 do eneagrama, o "choque das impressões". Lembremo-nos de que inscrito no eneagrama há um triângulo com os pontos 9, 3 e 6. Em um segundo giro, uma oitava atinge o ponto 3, é o "choque mecânico" do ar. Os outros dois choques são "choques conscientes" ensinados por G. nas aulas de Moscou. As idéias do trabalho podem produzir este impacto direto sobre a mecanicidade e libertar-se da mecanicidade é transformar sua vida atual e as futuras (quiçá as passadas pois no eneagrama, por difícil que pareça compreender, o passado afeta o futuro assim como o futuro o passado).
O Sr. Nicholls (1) (discípulo de Ouspensky que ministrava aulas em Londres) registrou em um de seus inúmeros encontros que "a memória é nossa relação com a quarta dimensão, é nossa relação com o tempo". Na morte, nossa personalidade "é destruída mas a essência retorna. Nesse momento nos é oferecida a oportunidade de recordar algo, somente se a essência registrou algo.Tudo quanto fazemos genuinamente toca a essência e a essência recordará ao retornar. Esta é uma das razões pelas quais o gênio de faz presente muito cedo, isto é, tudo que se fez de forma genuína".
Por uma boa razão o trabalho de Gurdjieff coloca ênfase na "recordação de si". Como a memória nos coloca em relação com a 4a dimensão - pois a vida não é uma linha reta - ela para nós é a única maneira de permanecer e não voltar exatamente no mesmo ponto de tempo em que paramos. Sem os choques, nós voltamos sempre ao mesmo tempo em paramos. Os famosas sequencias de Oupensky em "Fragmentos de um Ensinamento Desconhecido" (2) delineiam oitavas descontínuas, quebrando-se em emendado-se umas outras até que ao final ao invés de uma linha definida de ação sempre se perfaz um círculo. O homem mecânico sempre volta para o ponto de partida, suas intenções iniciais se evaporam e nenhum projeto é cumprido. Esta é a "Lei dos Sete" que no nível maior das séries existenciais é a "Lei do Eterno Retorno", que sob certas condições vale para a maioria dos homens deste planeta.
Notas:
1. Nichols, Maurice. Comentarios psicologicos sobre las enseñanzas de Gurdjieff y Ouspensky, v. II. Buenos Aires: Kier, 2006. 2a Edição.
2. Ouspensky, P.D. Fragmentos de um ensinamento desconhecido. São Paulo: Pensamento, 2001.
quarta-feira, dezembro 22, 2010
Maçonaria Operativa Versus Especulativa - Ragon x Jorge Ferro
Desde que Elias Ashmole e iniciados britânicos introduziram novos rituais na Ordem Maçônica, esta se difundiu seu esplendor pelos quatro cantos do globo com a rapidez de um raio. Sob a batuta do Reverendo James Anderson em 1717 foram sancionadas na Inglaterra as novas constituições, agora ditas especulativas em contrate com os regulamentos dos maçons operativos que ergueram as catedrais e monumentos que até os dias de hoje fascinam o expectador na Europa .
Foram eles também os construtores da vasta maioria das edificações públicas das capitais européias e os encarregados de sua reconstrução após catástrofes como os grandes terremotos de Londres e Lisboa e, bem mais recentemente, a Segunda Guerra Mundial, quando pequenos agrupamentos de “operativos” foram identificados e chamados aos trabalhos de “oficina” pois só eles - e somente eles - guardavam a sete chaves os segredos da geometria sagrada.
Estes mesmos “pedreiros livres” cujas origens remontam à Gália e às corporações do antigo Império Romano (quiçá às corporações de obreiros da Alta antiguidade e, com certeza, aos construtores da Ìndia durante os anos de magnificência de seus impérios). Na obra “La Masonería Operativa” de Jorge Francisco Ferro (Buenos Aires: Ed. Kier, 2008) é assinalada a presença na Índia da “Ordem de Vishwakarma” (literalmente, “O Grande Arquiteto do Universo”), composta por indivíduos da casta artesanal dos “Vaishas”.
O mesmos grêmios artesanais existiam na Turquia, Bulgária, Servia (“Esnafs”). No império romano, sua matriz, eram os “Collegia Romani”, anteriores à era cristã, mais precisamente no reinado de Numa Pompilio (700 A.C.). Na Itália persistiram por décadas como os “Magistri Comacini”. Corporações similares se multiplicavam na Itália, na Inglaterra (York, Oxford, Londres) e Alemanha. Este foi o substrato humano e material que engendrou a maçonaria operativa.
Os ensinamentos e a importância dos operativos foi desprezado por muito tempo. Era como se homens superiores em conhecimento e sabedoria “especulativa e simbólica” não pudessem se misturar a pobres e ignorantes operários que grosseiramente viam uma pedra bruta como uma pedra bruta e o malhete e o cinzel como reles instrumentos de trabalho braçal. O incensado Ragon (deveras elogiado por Madame Blavatsty) insinua que a arte das catedrais é inferior à obra monumental de Milton (nada temos contra a Milton mas sim contra a arrogância de Ragon) e considera os “operativos” como ambiciosos e lacaios dos patrões.
Do alto dos seus elevados estudos maçônicos e com o tom unificador e universalista que lhe foi peculiar Ragon sentencia em sua “Ortodoxia Maçônica”:
“(...) a Franco-Maçonaria nada tem a ver, pois, com o pacto dos maçons construtores”. Comentando alguns autores, aduz que:
“(...) Aqui se vê que a questão não foi sobre a arte material de edificar cujos segredos se vulgarizaram, desde longo tempo, e que são bastantes inúteis ao franco-maçom (pois a arte de construir não era sua profissão)”.
“(...) De outro lado, os maçons de profissão compreenderão a linguagem dos maçons filósofos, tratando das altas ciências ou dos mistérios antigos dos quais provieram? Deixemos esses obreiros geometrizar e se instruir nas suas honoráveis corporações, cuja meta é fornecer habitações aos ricos, que lhe podem retribuir e consintamos que os franco-maçons trabalhem nas Lojas, com zelo e gratuitamente, para o aperfeiçoamento e a ventura da Humanidade, esclarecendo e melhorando os seres humanos, pobres e ricos, fracos e poderosos.
Uma é profissão material e compulsória, pois todo homem deve ter uma situação para viver. A outra é o oficio que requer devotamento freqüentemente oneroso e de uma abnegação voluntária.
Todas as duas são honradas, mas não comparáveis: quem ousaria, seriamente, colocar em termos de comparação o plano em que se encontra traçada a magnífica Igreja de São Paulo e o em que foi descrita a obra imortal de Milton - duas obras primas, sem duvida, que entretanto, seria extravagante querer confronta-lãs
Quem impediria a Grande Loja da Inglaterra estabelecer, pouco a pouco, aquele traço de demarcação. Era seu dever.
Tendo-o faltado, ela arremessou para os séculos, uma confusão que a dividiu e que não havia sido esclarecida, na França. Desde o começo, ela deveria ter abjurado a trivial denominação de “freemason” (mentirosa para os seus membros) e adotado (se o orgulho nacional o tivesse consentido) o nome Frances de francmaçon, que não tem de comum com o outro senão a terminação.
Então, a divisão ficaria transparente e cessaria a discussão“. O posicionamento de Ragon, felizmente, foi contrariado pela historiografia moderna. Com efeito:
“A antiguidade do ritual operativo se sustenta na própria evidência interna e em sua coerência, as quais constituem uma das principais provas de autenticidade possíveis, possuindo os critérios corretos de avaliação das mesmas. Este ritual [dos operativos, N.T] possui referências ao culto às estrelas em relação direta com a estrela polar, ao culto ao Sol, expresso na saudação ao Sol Nascente, ao culto ao fogo escondido sobre os lugares elevados, por meio dos candelabros colocados sobre as três colunas da Loja, cada uma das quais representa um dos três montes sagrados: Moriah, Sinai e Tabor. Muitos destes elementos foram conservados primeiramente por meio da tradição oral, a qual, não se deve duvidar, existiu muito antes da história escrita, e este é principalmente o caso quando se tratava de segredos que não era legítimo colocar por escrito. Os mais antigos dos livros sagrados do mundo foram conservados por meio da tradição oral antes de serem escritos”.
“O ritual operativo é mais arcaico em suas formas e mais completo que o ritual especulativo e contém instruções práticas das quais o ritual especulativo só conservou ecos distantes. Quase todos os ensinamentos especulativos podem ser rastreados nas cerimônias operativas, mas muitos dos ensinamentos operativos não possuem nenhum tipo de correspondência com o ritual especulativo. Deste modo, muitas das cerimônias especulativas podem ser explicadas a partir do ritual operativo, ao passo que nenhuma das cerimônias operativas pode explicada pelo ritual especulativo”.
Nos dia de hoje, rendemos tributo ao Sr. Ferro que não só reabilita os operativos como revela o esplendor de escola das escolas de pedreiros livres que antecederam as “landmarks” do Século das Luzes. Que esta contribuição não seja nunca mais olvidada e acresça ainda mais o patrimônio de todos nós, maçons.
Creomar Baptista
Foram eles também os construtores da vasta maioria das edificações públicas das capitais européias e os encarregados de sua reconstrução após catástrofes como os grandes terremotos de Londres e Lisboa e, bem mais recentemente, a Segunda Guerra Mundial, quando pequenos agrupamentos de “operativos” foram identificados e chamados aos trabalhos de “oficina” pois só eles - e somente eles - guardavam a sete chaves os segredos da geometria sagrada.
Estes mesmos “pedreiros livres” cujas origens remontam à Gália e às corporações do antigo Império Romano (quiçá às corporações de obreiros da Alta antiguidade e, com certeza, aos construtores da Ìndia durante os anos de magnificência de seus impérios). Na obra “La Masonería Operativa” de Jorge Francisco Ferro (Buenos Aires: Ed. Kier, 2008) é assinalada a presença na Índia da “Ordem de Vishwakarma” (literalmente, “O Grande Arquiteto do Universo”), composta por indivíduos da casta artesanal dos “Vaishas”.
O mesmos grêmios artesanais existiam na Turquia, Bulgária, Servia (“Esnafs”). No império romano, sua matriz, eram os “Collegia Romani”, anteriores à era cristã, mais precisamente no reinado de Numa Pompilio (700 A.C.). Na Itália persistiram por décadas como os “Magistri Comacini”. Corporações similares se multiplicavam na Itália, na Inglaterra (York, Oxford, Londres) e Alemanha. Este foi o substrato humano e material que engendrou a maçonaria operativa.
Os ensinamentos e a importância dos operativos foi desprezado por muito tempo. Era como se homens superiores em conhecimento e sabedoria “especulativa e simbólica” não pudessem se misturar a pobres e ignorantes operários que grosseiramente viam uma pedra bruta como uma pedra bruta e o malhete e o cinzel como reles instrumentos de trabalho braçal. O incensado Ragon (deveras elogiado por Madame Blavatsty) insinua que a arte das catedrais é inferior à obra monumental de Milton (nada temos contra a Milton mas sim contra a arrogância de Ragon) e considera os “operativos” como ambiciosos e lacaios dos patrões.
Do alto dos seus elevados estudos maçônicos e com o tom unificador e universalista que lhe foi peculiar Ragon sentencia em sua “Ortodoxia Maçônica”:
“(...) a Franco-Maçonaria nada tem a ver, pois, com o pacto dos maçons construtores”. Comentando alguns autores, aduz que:
“(...) Aqui se vê que a questão não foi sobre a arte material de edificar cujos segredos se vulgarizaram, desde longo tempo, e que são bastantes inúteis ao franco-maçom (pois a arte de construir não era sua profissão)”.
“(...) De outro lado, os maçons de profissão compreenderão a linguagem dos maçons filósofos, tratando das altas ciências ou dos mistérios antigos dos quais provieram? Deixemos esses obreiros geometrizar e se instruir nas suas honoráveis corporações, cuja meta é fornecer habitações aos ricos, que lhe podem retribuir e consintamos que os franco-maçons trabalhem nas Lojas, com zelo e gratuitamente, para o aperfeiçoamento e a ventura da Humanidade, esclarecendo e melhorando os seres humanos, pobres e ricos, fracos e poderosos.
Uma é profissão material e compulsória, pois todo homem deve ter uma situação para viver. A outra é o oficio que requer devotamento freqüentemente oneroso e de uma abnegação voluntária.
Todas as duas são honradas, mas não comparáveis: quem ousaria, seriamente, colocar em termos de comparação o plano em que se encontra traçada a magnífica Igreja de São Paulo e o em que foi descrita a obra imortal de Milton - duas obras primas, sem duvida, que entretanto, seria extravagante querer confronta-lãs
Quem impediria a Grande Loja da Inglaterra estabelecer, pouco a pouco, aquele traço de demarcação. Era seu dever.
Tendo-o faltado, ela arremessou para os séculos, uma confusão que a dividiu e que não havia sido esclarecida, na França. Desde o começo, ela deveria ter abjurado a trivial denominação de “freemason” (mentirosa para os seus membros) e adotado (se o orgulho nacional o tivesse consentido) o nome Frances de francmaçon, que não tem de comum com o outro senão a terminação.
Então, a divisão ficaria transparente e cessaria a discussão“. O posicionamento de Ragon, felizmente, foi contrariado pela historiografia moderna. Com efeito:
“A antiguidade do ritual operativo se sustenta na própria evidência interna e em sua coerência, as quais constituem uma das principais provas de autenticidade possíveis, possuindo os critérios corretos de avaliação das mesmas. Este ritual [dos operativos, N.T] possui referências ao culto às estrelas em relação direta com a estrela polar, ao culto ao Sol, expresso na saudação ao Sol Nascente, ao culto ao fogo escondido sobre os lugares elevados, por meio dos candelabros colocados sobre as três colunas da Loja, cada uma das quais representa um dos três montes sagrados: Moriah, Sinai e Tabor. Muitos destes elementos foram conservados primeiramente por meio da tradição oral, a qual, não se deve duvidar, existiu muito antes da história escrita, e este é principalmente o caso quando se tratava de segredos que não era legítimo colocar por escrito. Os mais antigos dos livros sagrados do mundo foram conservados por meio da tradição oral antes de serem escritos”.
“O ritual operativo é mais arcaico em suas formas e mais completo que o ritual especulativo e contém instruções práticas das quais o ritual especulativo só conservou ecos distantes. Quase todos os ensinamentos especulativos podem ser rastreados nas cerimônias operativas, mas muitos dos ensinamentos operativos não possuem nenhum tipo de correspondência com o ritual especulativo. Deste modo, muitas das cerimônias especulativas podem ser explicadas a partir do ritual operativo, ao passo que nenhuma das cerimônias operativas pode explicada pelo ritual especulativo”.
Nos dia de hoje, rendemos tributo ao Sr. Ferro que não só reabilita os operativos como revela o esplendor de escola das escolas de pedreiros livres que antecederam as “landmarks” do Século das Luzes. Que esta contribuição não seja nunca mais olvidada e acresça ainda mais o patrimônio de todos nós, maçons.
Creomar Baptista
terça-feira, dezembro 21, 2010
Meditação - Algumas Anotações para os Amigos
O que é Meditação
“A concentração deve ser num objeto. Isto é muito importante tanto na prática do Dharma como na vida comum. A palavra tibetana para meditação e concentração é zhi NE; NE significa ‘residir’ ou ‘permanecer’, e ‘zhi’ significa em ‘paz’. Num sentido prático, então zhine significa viver pacificamente sem ocupação. Se não observarmos cuidadosamente, nossa mente parece até bastante pacífica, mas se nós realmente observarmos seu interior, ela não é nada pacifica. (...) A mente não é capaz de concentrar-se no mesmo objeto por um segundo”.
O que atrapalha a meditação são os fatores mentais, então:
“Dentre os nossos fatores mentais, as impurezas são mais fortes que as boas qualidades. Normalmente não tentamos controla-los e, mesmom quando tentamos, isto é muito difícil, porque por muito tempo tivemos o hábito de sempre segui-los. Concentração ou calma permanente ocorre quando nossos fatores mentais são purificados e, assim, nossa mente é capaz de demorar-se, pacificamente, num objeto”.
RABTEN, Geshe. A senda graduada para a libertação. Instruções orais de um lama tibetano. Brasília: Ed. Teosófica, 1993.
“Meditação é uma mente que se concentra em um objeto virtuoso e uma ação mental que é a causa principal de paz mental. Sempre que meditamos, estamos realizando uma ação que que nos fará experienciar paz interior no futuro”. (...) Um objeto virtuoso é aquele que nos faz desenvolver uma mente serena quando nos concentramos nele. Se nos concentrarmos em um objeto que nos faça desenvolver uma mente agitada, como raiva ou apego, isso indica que, para nós, o objeto é não-virtuoso. Também existem muitos objetivo neutros que não são virtuosos nem não-virtuosos”.
Gyatso, Geshe Kelsang . Como solucionar nossos problemas humanos - as quatro nobres verdades. São Paulo: Ed. Tharpa, 2009.
“Meditação é um método para familiarizar nossa mente com a virtude. Ao meditar, analisamos um objeto virtuoso ou nos concentramos nele”.
“Há dois tipos de meditação: a analítica e a posicionada. Fazemos meditação analítica quanto, tendo ouvido ou lido, uma instrução de Darma, contemplamos seu significado. Contemplando profundamente esse ensinamento, somos levados a tirar uma conclusão definitiva ou a desenvolver um estado mental virtuoso, os quais podem ser tomados como objeto de meditação posicionada. Se nos concentrarmos unificadamente nesse objeto e permanecermos assim por bastante tempo para nos familiarizar profundamente com ele, estaremos praticando a meditação posicionada. Em geral, a meditação analítica costuma ser chamada de “contemplação” e a posicionada, simplesmente, de “meditação”. A posicionada depende da analítica quem, por sua vez, depende de ouvir, ou de ler, as instruções do Darma”.
Gyatso, Geshe Kelsang . Introdução ao Budismo - uma explicação ao estilo de vida budista. São Paulo: Ed. Tharpa, 2004.
Postura Meditativa
“O lugar no qual praticamos a concentração deve ser limpo, calmo, próximo à Natureza e que nos seja agradável. O corpo deve também estar em boas condições, sem doenças. Colocar o corpo numa posição correta também ajuda. Para a meditação há sete aspectos diferentes sobre posição do corpo.
1. Se não for penosa, é melhor a postura “vajara” (Nota: do diamante) com as pernas cruzadas e os pés descansando nas coxas, voltados para o alto. Entretanto, se sentar nesta posição for doloroso e distrair a concentração, o pé esquerdo pode ficar preso sob a coxa direita e o pé direito pode descansar sobre a coxa esquerda.
2. O tronco deve estar tão reto e ereto quanto possível.
3. Os braços devem estar arqueados, não descansando ao lado do corpo ou empurrados para trás; eles devem estar em repouso, porém firmes. Os polegares devem estar ao nível do umbigo.
4. O pescoço deve estar ligeiramente curvado para frente com o queixo para dentro.
5. A boca e os lábios devem estar focados à frente, acompanhando os lados do nariz.
6. A boca e os lábios devem estar relaxados, nem abertos, nem fechados firmemente.
7. A língua deve pressionar gentilmente o palato.
“Estes são os sete elementos da postura vajra. Cada um simboliza os diferentes estágios da Senda, mas cada um possui também uma razão prática”.
RABTEN, Geshe. A senda graduada para a libertação. Instruções orais de um lama tibetano. Brasília: Ed. Teosófica, 1993.
Métodos para Tornar a Mente Estável
“Os textos de meditação ensinam nove métodos para cultivar a atenção, estabelecer a serenidade mental e tornar a mente mais estável. Lembremos que, nesse caso, a consciência plena consiste em que se permaneça continuamente atento ao objeto de concentração escolhido.
1. Concentrar a mente, ainda que de maneira breve no início, num objeto, conforme as instruções, evitando que ela se deixe levar pelas imagens ou pelos pensamentos discursivos.
2. Situar a mente continuamente sobre esse objeto, durante um período de tempo maior, sem se distrair. Para consegui-lo, temos de nos lembrar claramente dos ensinamentos de como manter a mente concentrada no seu suporte, guarda-los na memória e coloca-los em prática com cuidado.
3. Trazer a mente de volta ao seu objeto cada vez que percebemos que a distração a afastou dele. Para isso, temos de reconhecer que a mente esteve distraída, identificar a emoção ou o pensamento que provocou essa distração e utilizar o antídoto apropriado. Pouco a pouco, tornamo-nos capazes de mantê-la calma e estável durante longos períodos de tempo, tendo uma concentração mais clara.
4. Situar a mente com cuidado, quanto mais firme é a mente, ela é concentrada, mais tendência temos para meditar. Mas se a atenção ainda não for perfeita, conseguiremos não perder mais completamente o suporte da meditação e nos livrarmos das formas mais perturbadoras da agitação mental.
5. Controlar a mente: quando a concentração mergulha no torpor, reavivamos a acuidade, a clareza da presença atenta e renovamos a inspiração e o entusiasmo, considerando os benefícios da concentração perfeita (samadi).
6. Acalmar a mente. Quando a acuidade se torna muito restritiva e a concentração é abalada pela agitação mental sutil que toma a forma de uma pequena conversação discreta por trás da atenção, o fato de se considerarem os perigos da agitação e da distração acalma a mente, tornando-a clara e límpida, a imagem de um som puro emitido por um instrumento de música bem afinado.
7. Pacificar completamente a mente recorrendo à atenção sustentada e entusiasta a fim de abandonar todo apego às experiências meditativas. Estas podem revestir vários aspectos, tais como a felicidade, a clareza ou ausência de pensamentos discursivos, e se manifestar também por movimentos espontâneos de alegria ou de tristeza, de confiança inabalável ou de medo, de exaltação ou de desânimo, de certeza ou de dúvida, de renúncia às coisas deste mundo ou de paixão, de devoção intensa ou de vistas negativas. Todas essas experiências podem surgir sem razão aparente. Elas são o sinal de que mudanças profundas estão acontecendo em nossa mente. Precisamos evitar nos identificar com essas experiências e não lhes dar mais importância do que as paisagens que vemos desfilar pela janela de um trem.
Graças à atenção perfeitamente pacificada, essas experiências esmaecerão por si mesmas sem perturbar a mente, e esta conhecerá, então, uma profunda paz interior.
8. Manter a atenção concentrada em um ponto: depois de eliminar a inércia e a agitação mental, manter a atenção estável e clara em um ponto durante uma sessão de meditação. A mente é como uma lâmpada protegida do vento cuja chama, estável e luminosa, clareia com o máximo de sua capacidade. Basta um mínimo esforço para estabelecer a mente no fluxo da concentração em que ela se mantém, em seguida, sem dificuldade, permanecendo em seu estado natural, livre de restrições e perturbações.
9. Repousar num estado de perfeito equilíbrio: quando a mente está plenamente familiarizada com a concentração em um único ponto, ela permanece num estado de serenidade que acontece espontaneamente e se perpetua sem esforço“.
RICARD, Mathieu. A arte de meditar. Um guia prático para os primeiros passos na meditação. São Paulo: Ed. Globo, 2009.
“A concentração deve ser num objeto. Isto é muito importante tanto na prática do Dharma como na vida comum. A palavra tibetana para meditação e concentração é zhi NE; NE significa ‘residir’ ou ‘permanecer’, e ‘zhi’ significa em ‘paz’. Num sentido prático, então zhine significa viver pacificamente sem ocupação. Se não observarmos cuidadosamente, nossa mente parece até bastante pacífica, mas se nós realmente observarmos seu interior, ela não é nada pacifica. (...) A mente não é capaz de concentrar-se no mesmo objeto por um segundo”.
O que atrapalha a meditação são os fatores mentais, então:
“Dentre os nossos fatores mentais, as impurezas são mais fortes que as boas qualidades. Normalmente não tentamos controla-los e, mesmom quando tentamos, isto é muito difícil, porque por muito tempo tivemos o hábito de sempre segui-los. Concentração ou calma permanente ocorre quando nossos fatores mentais são purificados e, assim, nossa mente é capaz de demorar-se, pacificamente, num objeto”.
RABTEN, Geshe. A senda graduada para a libertação. Instruções orais de um lama tibetano. Brasília: Ed. Teosófica, 1993.
“Meditação é uma mente que se concentra em um objeto virtuoso e uma ação mental que é a causa principal de paz mental. Sempre que meditamos, estamos realizando uma ação que que nos fará experienciar paz interior no futuro”. (...) Um objeto virtuoso é aquele que nos faz desenvolver uma mente serena quando nos concentramos nele. Se nos concentrarmos em um objeto que nos faça desenvolver uma mente agitada, como raiva ou apego, isso indica que, para nós, o objeto é não-virtuoso. Também existem muitos objetivo neutros que não são virtuosos nem não-virtuosos”.
Gyatso, Geshe Kelsang . Como solucionar nossos problemas humanos - as quatro nobres verdades. São Paulo: Ed. Tharpa, 2009.
“Meditação é um método para familiarizar nossa mente com a virtude. Ao meditar, analisamos um objeto virtuoso ou nos concentramos nele”.
“Há dois tipos de meditação: a analítica e a posicionada. Fazemos meditação analítica quanto, tendo ouvido ou lido, uma instrução de Darma, contemplamos seu significado. Contemplando profundamente esse ensinamento, somos levados a tirar uma conclusão definitiva ou a desenvolver um estado mental virtuoso, os quais podem ser tomados como objeto de meditação posicionada. Se nos concentrarmos unificadamente nesse objeto e permanecermos assim por bastante tempo para nos familiarizar profundamente com ele, estaremos praticando a meditação posicionada. Em geral, a meditação analítica costuma ser chamada de “contemplação” e a posicionada, simplesmente, de “meditação”. A posicionada depende da analítica quem, por sua vez, depende de ouvir, ou de ler, as instruções do Darma”.
Gyatso, Geshe Kelsang . Introdução ao Budismo - uma explicação ao estilo de vida budista. São Paulo: Ed. Tharpa, 2004.
Postura Meditativa
“O lugar no qual praticamos a concentração deve ser limpo, calmo, próximo à Natureza e que nos seja agradável. O corpo deve também estar em boas condições, sem doenças. Colocar o corpo numa posição correta também ajuda. Para a meditação há sete aspectos diferentes sobre posição do corpo.
1. Se não for penosa, é melhor a postura “vajara” (Nota: do diamante) com as pernas cruzadas e os pés descansando nas coxas, voltados para o alto. Entretanto, se sentar nesta posição for doloroso e distrair a concentração, o pé esquerdo pode ficar preso sob a coxa direita e o pé direito pode descansar sobre a coxa esquerda.
2. O tronco deve estar tão reto e ereto quanto possível.
3. Os braços devem estar arqueados, não descansando ao lado do corpo ou empurrados para trás; eles devem estar em repouso, porém firmes. Os polegares devem estar ao nível do umbigo.
4. O pescoço deve estar ligeiramente curvado para frente com o queixo para dentro.
5. A boca e os lábios devem estar focados à frente, acompanhando os lados do nariz.
6. A boca e os lábios devem estar relaxados, nem abertos, nem fechados firmemente.
7. A língua deve pressionar gentilmente o palato.
“Estes são os sete elementos da postura vajra. Cada um simboliza os diferentes estágios da Senda, mas cada um possui também uma razão prática”.
RABTEN, Geshe. A senda graduada para a libertação. Instruções orais de um lama tibetano. Brasília: Ed. Teosófica, 1993.
Métodos para Tornar a Mente Estável
“Os textos de meditação ensinam nove métodos para cultivar a atenção, estabelecer a serenidade mental e tornar a mente mais estável. Lembremos que, nesse caso, a consciência plena consiste em que se permaneça continuamente atento ao objeto de concentração escolhido.
1. Concentrar a mente, ainda que de maneira breve no início, num objeto, conforme as instruções, evitando que ela se deixe levar pelas imagens ou pelos pensamentos discursivos.
2. Situar a mente continuamente sobre esse objeto, durante um período de tempo maior, sem se distrair. Para consegui-lo, temos de nos lembrar claramente dos ensinamentos de como manter a mente concentrada no seu suporte, guarda-los na memória e coloca-los em prática com cuidado.
3. Trazer a mente de volta ao seu objeto cada vez que percebemos que a distração a afastou dele. Para isso, temos de reconhecer que a mente esteve distraída, identificar a emoção ou o pensamento que provocou essa distração e utilizar o antídoto apropriado. Pouco a pouco, tornamo-nos capazes de mantê-la calma e estável durante longos períodos de tempo, tendo uma concentração mais clara.
4. Situar a mente com cuidado, quanto mais firme é a mente, ela é concentrada, mais tendência temos para meditar. Mas se a atenção ainda não for perfeita, conseguiremos não perder mais completamente o suporte da meditação e nos livrarmos das formas mais perturbadoras da agitação mental.
5. Controlar a mente: quando a concentração mergulha no torpor, reavivamos a acuidade, a clareza da presença atenta e renovamos a inspiração e o entusiasmo, considerando os benefícios da concentração perfeita (samadi).
6. Acalmar a mente. Quando a acuidade se torna muito restritiva e a concentração é abalada pela agitação mental sutil que toma a forma de uma pequena conversação discreta por trás da atenção, o fato de se considerarem os perigos da agitação e da distração acalma a mente, tornando-a clara e límpida, a imagem de um som puro emitido por um instrumento de música bem afinado.
7. Pacificar completamente a mente recorrendo à atenção sustentada e entusiasta a fim de abandonar todo apego às experiências meditativas. Estas podem revestir vários aspectos, tais como a felicidade, a clareza ou ausência de pensamentos discursivos, e se manifestar também por movimentos espontâneos de alegria ou de tristeza, de confiança inabalável ou de medo, de exaltação ou de desânimo, de certeza ou de dúvida, de renúncia às coisas deste mundo ou de paixão, de devoção intensa ou de vistas negativas. Todas essas experiências podem surgir sem razão aparente. Elas são o sinal de que mudanças profundas estão acontecendo em nossa mente. Precisamos evitar nos identificar com essas experiências e não lhes dar mais importância do que as paisagens que vemos desfilar pela janela de um trem.
Graças à atenção perfeitamente pacificada, essas experiências esmaecerão por si mesmas sem perturbar a mente, e esta conhecerá, então, uma profunda paz interior.
8. Manter a atenção concentrada em um ponto: depois de eliminar a inércia e a agitação mental, manter a atenção estável e clara em um ponto durante uma sessão de meditação. A mente é como uma lâmpada protegida do vento cuja chama, estável e luminosa, clareia com o máximo de sua capacidade. Basta um mínimo esforço para estabelecer a mente no fluxo da concentração em que ela se mantém, em seguida, sem dificuldade, permanecendo em seu estado natural, livre de restrições e perturbações.
9. Repousar num estado de perfeito equilíbrio: quando a mente está plenamente familiarizada com a concentração em um único ponto, ela permanece num estado de serenidade que acontece espontaneamente e se perpetua sem esforço“.
RICARD, Mathieu. A arte de meditar. Um guia prático para os primeiros passos na meditação. São Paulo: Ed. Globo, 2009.
segunda-feira, dezembro 13, 2010
O Lohan Chinês no British Museum
Desde 1914 um Lohan em cerâmica chinesa, um monge budista realizado, tem estado no British Museum. Esta figura é uma das oito figuras similares consideradas uma parte de um grupo que foi achado nas cavernas de uma localidade montanhosa perto de Yixian, em torno de oito milhas a sudoeste de Beijing, em 1912. A estátua tem a reputação em alguns círculos, de ser um exemplo de "arte objetiva".
Traduzido por Leo Frobenius de: http://www.octavearts.org.uk/the_lohan.htm
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Bem. Peço que observem detidamente a escultura do Lohan. Este título é o equivalente chinês do sânscrito "Arhat", aquele que obteve a quarta iniciação e está a pleno vapor caminhando rumo ao Adeptado. Tirem suas próprias conclusões sobre a obra, amparados pelo conceito de "arte objetiva" do Senhor Gurdieff (as pirâmides de Gisé, a catedral de Notre Dame, a esfinge).
Traduzido por Leo Frobenius de: http://www.octavearts.org.uk/the_lohan.htm
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Bem. Peço que observem detidamente a escultura do Lohan. Este título é o equivalente chinês do sânscrito "Arhat", aquele que obteve a quarta iniciação e está a pleno vapor caminhando rumo ao Adeptado. Tirem suas próprias conclusões sobre a obra, amparados pelo conceito de "arte objetiva" do Senhor Gurdieff (as pirâmides de Gisé, a catedral de Notre Dame, a esfinge).
"Durante os estágios seguintes da primeira, segunda e terceira Iniciações, o candidato desenvolve gradualmente a consciência búdica; mas na quarta Iniciação ele ingressa no plano búdico, e dali em diante ocupa-se em ascender firmemente pelos cinco subplanos inferiores do nirvânico, onde o ego humano tem os seu ser. (...) Na terminologia budista se chama Arhat a quem recebeu a quarta Iniciação, e significa o capaz, o benemérito, o venerável, o perfeito. Os hindus o chamam o Paramahansa, aquele que está acima ou além do Hamsa".
Leadbeater, C.W. Os mestres e a senda. Pensamento: São Paulo, 2006.
Fig 1. Inteira
Fig 2. Fronte
Fig 3. Lado Esquerdo
sexta-feira, novembro 26, 2010
Pequena Escala para Vencer os Vícios
Em ordens como a franco-maçonaria somos instruídos a "vencer nossos vícios e submeter nossas paixões". Os graus iniciais em seu acúmeno, o grau de mestre, expressam a caminhada evolutiva do maçom em direção à completude e à liberdade, pois abandonar o vício é tornar-se efetivamente livre. Os demais são aperfeiçoamentos de virtudes específicas e do entendimento de profundos aspectos filosóficos da nossa Arte Real,no caso do R.'.E.'.A.'.A.'.
De maneira geral, para todos os homens e mulheres existe uma escala de vícios, existindo vícios densos e vícios sutis. Vencer um determinado vício ou apego excessivo e aparentemente fora de controle é algo extremamente difícil para a maioria de nós. O vício nos escraviza, nos submete a ainda mais leis que aquelas que estão realmente estabelecidas no planeta terra. Ou seja, criamos para nós autorestrições totalmente desnecessárias, prejudicando a nós mesmos com maior ou menor grau de intensidade e também o próximo, como quando se abusa de drogas lícitas (como o álcool) ou ilícitas.
Alguns vícios, em minha opinião, são momentâneos ou extraordinários. Outros são decorrência de aspectos ruins herdados da fases pregressas de nossa vida impregnados em nossa essência. Outros são difíceis de aquilatar, pois repousam na "herança" cármica e estão presentes nos atómos permanentes do nosso corpo causal.
Os vícios momentâneos ou extraordinários parecem desaparecer quando suas causas imediatas deixam de se manifestar. Há pessoas que passam a beber em virtude da perda de um emprego e tão logo são contratadas por outra firma abandonam o vício. Não atuaram, entretanto, sobre a causa última que é sua fraqueza interna, mas tudo bem. O vício foi abandonado e não a prejudicará por algum tempo.
Nos casos de vícios herdados de fases pregressas de nossas vidas, foram hábitos e automatismos que se processam desde a infância os principais responsáveis pela sua manifestação. Nesse caso, o estudo de si e decorrente observação de si são mais importantes - não que não sejam para os outros casos. No caso do homem comum, ajuda psicológica de um "profissional" pode ser bem vindo, admitindo-se que este "profissional", ainda que inculque uma programação estranha à consciência do indivíduo, pode contribuir para mitigar os efeitos do vício.
No passados, clérigos e "benzedeiras" faziam isso. Nos séculox XIX e XX, bons hipnotizadores ou mesmerizadores por meio de sugestões ou correntes de "energia animal" poderiam auxiliar o paciente desde que este se predispusesse a tal. Atualmente, o psicanálise tenta a seu modo cumprir tal papel.
Outra possibilidade são os grupos formados por pessoas com os mesmos problemas. Os "Alcóolicos anônimos" são excelentes e louváveis, para dar um exemplo, em matéria redução e eliminação do alcoolismo. Sociedade antiga e muita séria, com certeza seus fundadores devem ser louvados como homens que mais fizeram pela humanidade que muitos líderes religiosos moralistas ou impostores de todo tipo.
O último caso é o mais difícil combater. A propensão ao vício está "dentro do indivíduo", é muito forte e pode se prolongar ao longo desta vida ou de outras. Todavia, a vontade inquebrantável e soberana se não pode erradicar definitivamente a má inclinação, pode domá-la e limitá-la à sua própria esfera. O processo pode perdurar muitos anos e pode ser bem complexo. Este autor que lhes fala tem longa experiência com vícios dessa natureza, que encontrou e encontra ainda hoje em si próprio. Na próxima postagem ele será abordado com mais calma e, oportunamente, abordaremos os "vícios sutis".
De maneira geral, para todos os homens e mulheres existe uma escala de vícios, existindo vícios densos e vícios sutis. Vencer um determinado vício ou apego excessivo e aparentemente fora de controle é algo extremamente difícil para a maioria de nós. O vício nos escraviza, nos submete a ainda mais leis que aquelas que estão realmente estabelecidas no planeta terra. Ou seja, criamos para nós autorestrições totalmente desnecessárias, prejudicando a nós mesmos com maior ou menor grau de intensidade e também o próximo, como quando se abusa de drogas lícitas (como o álcool) ou ilícitas.
Alguns vícios, em minha opinião, são momentâneos ou extraordinários. Outros são decorrência de aspectos ruins herdados da fases pregressas de nossa vida impregnados em nossa essência. Outros são difíceis de aquilatar, pois repousam na "herança" cármica e estão presentes nos atómos permanentes do nosso corpo causal.
Os vícios momentâneos ou extraordinários parecem desaparecer quando suas causas imediatas deixam de se manifestar. Há pessoas que passam a beber em virtude da perda de um emprego e tão logo são contratadas por outra firma abandonam o vício. Não atuaram, entretanto, sobre a causa última que é sua fraqueza interna, mas tudo bem. O vício foi abandonado e não a prejudicará por algum tempo.
Nos casos de vícios herdados de fases pregressas de nossas vidas, foram hábitos e automatismos que se processam desde a infância os principais responsáveis pela sua manifestação. Nesse caso, o estudo de si e decorrente observação de si são mais importantes - não que não sejam para os outros casos. No caso do homem comum, ajuda psicológica de um "profissional" pode ser bem vindo, admitindo-se que este "profissional", ainda que inculque uma programação estranha à consciência do indivíduo, pode contribuir para mitigar os efeitos do vício.
No passados, clérigos e "benzedeiras" faziam isso. Nos séculox XIX e XX, bons hipnotizadores ou mesmerizadores por meio de sugestões ou correntes de "energia animal" poderiam auxiliar o paciente desde que este se predispusesse a tal. Atualmente, o psicanálise tenta a seu modo cumprir tal papel.
Outra possibilidade são os grupos formados por pessoas com os mesmos problemas. Os "Alcóolicos anônimos" são excelentes e louváveis, para dar um exemplo, em matéria redução e eliminação do alcoolismo. Sociedade antiga e muita séria, com certeza seus fundadores devem ser louvados como homens que mais fizeram pela humanidade que muitos líderes religiosos moralistas ou impostores de todo tipo.
O último caso é o mais difícil combater. A propensão ao vício está "dentro do indivíduo", é muito forte e pode se prolongar ao longo desta vida ou de outras. Todavia, a vontade inquebrantável e soberana se não pode erradicar definitivamente a má inclinação, pode domá-la e limitá-la à sua própria esfera. O processo pode perdurar muitos anos e pode ser bem complexo. Este autor que lhes fala tem longa experiência com vícios dessa natureza, que encontrou e encontra ainda hoje em si próprio. Na próxima postagem ele será abordado com mais calma e, oportunamente, abordaremos os "vícios sutis".
quarta-feira, novembro 24, 2010
Cultivar Virtudes é mais Difícil que Levitar
Nossos verdadeiros poderes não são os "sidhis", faculdades latentes do homem descritas nos tratados clássicos. Muitos são aqueles que buscam os "sidhis", que são uma conquista progressiva para o operário comum do mundo da consciência individual . Em alguns momentos são úteis. Servem-nos como alavancas que nos dão fôlego para alcançar o verdadeiro alvo: a autorrealização. Em outras situações transformam-se em grossas cadeias de ferro que atam um condenado na masmorra do corpo físico, ao apego e ao auto-agarramento. Brinquedinhos da infância espiritual para muitos que se entretêm com a sensação de "poder" e os olhares crédulos da multidão.
Poderes dessa natureza são muito explorados hoje. Seu desenvolvimento torna-se alvo do trabalho, não um meio. Há "cursos" que ensinam a se projetar no "extrafísico", professores de "saltos levitativos", instrutores da "mediunidade".
Porém, poucos se dão conta de que quais são os verdadeiros poderes do Ser humano, aqueles que dificilmente a maioria de nós desenvolve sem esforço hercúleo, disciplina moral, concentração e sabedoria. Amor, Compaixão, júbilo com o êxito do outro, imparcialidade. Desenvolvimento da paciência, renúncia, altruísmo.
É mais difícil cultivar virtudes que levitar. Mas a recompensa final é muitíssimo maior.
Poderes dessa natureza são muito explorados hoje. Seu desenvolvimento torna-se alvo do trabalho, não um meio. Há "cursos" que ensinam a se projetar no "extrafísico", professores de "saltos levitativos", instrutores da "mediunidade".
Porém, poucos se dão conta de que quais são os verdadeiros poderes do Ser humano, aqueles que dificilmente a maioria de nós desenvolve sem esforço hercúleo, disciplina moral, concentração e sabedoria. Amor, Compaixão, júbilo com o êxito do outro, imparcialidade. Desenvolvimento da paciência, renúncia, altruísmo.
É mais difícil cultivar virtudes que levitar. Mas a recompensa final é muitíssimo maior.
Novas Postagens
Passei por um período de três meses marcado por profunda introspecção e muito trabalho sobre mim mesmo. Como as ocupações da "vida profana" tomavam-me o restante do tempo, tirei férias do ofício de escritor enquanto não terminava a tarefa de vasculhar o meu Ser. Espero voltar agora, com maior regularidade e motivação para partilhar vivências íntimas.
sábado, agosto 21, 2010
Uso de Drogas e Estágios Superiores de Consciência - A Falsa Opção
Muitos iniciantes no estudo do esoterismo e ocultismo se deparam após estudos avançados de Yoga ou do "Quarto caminho" com a cômoda possibilidade de empregar um "tipo de substância que, atuando sobre a "psiquê", induza a incursão célere em níveis "superiores" de consciência. A respota positiva a essa pergunta leva a opções como a do moderno "xamanismo" (em suas correntes e interpretações latino-americanas e brasileiras, inclusive) ou ao recurso a chás, cogumelos, infusões e beberagens associadas às idéias "à la Castañeda" em curso há cerca de três décadas.
Em sua magistral obra "O Quarto Caminho", um resumo de palestras realizadas em Londres para um seleto grupo de discípilos, Peter Ouspensky esclarece, de forma precisa e sucinta, toda a falácia subjacente às drogas e como o Sistema de Gurdjieff opõe-se veemente a elas. Por outro lado, o mesmo sistema rejeita abertamente os "vagabundos" ou indíviduos que sequer são capazes de dar um curso mínimo às suas vidas por reputá-los incapazes de dar, sequer, os passos iniciais no Trabalho.
"Pergunta: As drogas não podem nos pôr em contato com os centros superiores (1)?
Resposta: A idéia não é nova; as drogas foram usada nos tempos antigos, na Idade Média, nos Mistérios da Antiguidade, na magia, etc. Constatou-se que alguns estados interessantes resultavam de um uso inteligente das drogas. O sistema (2), no entanto, opõe-se a elas. O seu uso não dá bons resultados, porque elas não podem influir na consciência, faze-l a crescer. Entorpecendo os centros inferiores, as drogas podem nos pôr em contato com os centros superiores, mas isso não nos seria de nenhuma utilidade, porque só podemos nos lembrar na medida em que temos consciência. Visto que não a temos, a ligação com os centros superiores só resultará em sonhos ou inconsciência.
Todos esses estados de transe descritos, por vezes, nos livros, são um caminho muito perigoso. O ato de transportar-se a um transe está relacionado com a criação da imaginação no centro emocional superior, e isso é um beco sem saída. Se estivemos nele, não podemos sair nem ir adiante. A nossa idéia é controlar a imaginação; se, em vez disso, a convertemos, através de certos métodos, em imaginação no centro emocional superior, obteremos satisfação felicidade, mas, no fim das contas, trata-se apenas de dormir num nível superior. O verdadeiro desenvolvimento deve seguir duas linhas: desenvolvimento da consciência e desenvolvimento dos centros (3).
Além do mais, tais experiências são, em geral, desapontadoras, porque as pessoas geralmente consomem, na primeira experiência, todo o material que possuem para serem conscientes. Pode-se dizer o mesmo de todos os métodos de entorpecimento mecânicos e auto-hipnotizadores; dão os mesmos resultados que as drogas; adormecem os centros comuns, mas não podem aumentar a consciência. Mas, quando a consciência se desenvolver, os centros superiores não apresentarão nenhuma dificuldade. Admite-se que o centro emocional superior funciona no terceiro estado de consciência e o centro intelectual superior no quarto".
OBS:
(1) No sistema de Gurdjieff traçado por P.D. Ouspensky os centros intelectual e emocional superior não estão ativados no homem comum ou apenas acidentalmente. Em condições usuais de vida a “usina humana” não pode produzir as substâncias sutis (que Gurdjieff chamada de “hidrogênios” como combinações trinas de forças e elementos) para alimenta-lãs.
(2) O “Sistema” é o “Quarto Caminho” ou o “Caminho do Homem Astuto”, uma outra possibilidade em relação ao “Caminho do Faquir”, do “Monge” e do “Iogue” (definidos a partir do predomínio dos centros instintivo-motor, emocional e intelectual inferiores).
(3) Desenvolver os “Centros” é ter a capacidade de alimenta-los de forma adequada para funcionem com o seu próprio combustível.
domingo, julho 25, 2010
Bestas, Homens e Deuses. Ferdinand Ossendowsky, Román Ungern Von Sterng e o Enigma do Rei do Mundo
A obra "Bestas, Homens e Deuses - O Enigma do Rei do Mundo" (em português publicado pela Editora Hemus), permaneceria desapercebido diante de muitos leitores caso não tivessem qualquer indicação das escolas de conhecimento. Um grande Best Seller nos anos 30, "Bestas, Homens e Deuses" foi escrito pelo aventureiro, historiador, engenheiro, geólogo, médico amador, explorador, cientista e Herói Polonês Ferdinand Ossendowisky. No Brasil, tornou-se particularmente conhecido através da tradução em fascículos na revista Dharana do livro "Le Roi du Monde", do polêmico francês Rénée Guénon. Talvez, seja, aliás, seu melhor livro. Um dos seus primeiros tradutores em solo brasileiro foi o Professor Henrique José de Sousa,fundador da Sociedade Brasileira de Teosofia, posterioriormente Batizada de "Sociedade de Eubiose. Queiramos ou não, sua vinculação à Guénon tornou-o conhecido do grande público estudioso do Esoterismo, sobretudo por ter sido um dos primeiros a descrever aspectos geográficos e de organização política do misterioso País de AGHARTA situada no interior da terra e da sua triarquia, composta pelo Brahytna, o Mahytma e o Mahanga, sob a égide do primeiro, o "Rei do Mundo".
Em "Bestas, Homens e Deuses", Ossendowisky recapitula suas aventuras no interior da Grande Rússia, quando fugiu das garras dos revolucionários vermelhos que consolidavam seu processo de destruição civilizatória. Como profundo conhecedor do território imperial, em particular da Sibéria, Ossendowisky traçou um plano de fuga que compreendia o perscurso a partir de Krasnojarsk até a transposição da fronteira com a Mongólia, entrando em território neutro. Neste ínterim, a obra não só revela a capacidade adaptativa dos polônes face à mais cruenta realidade e impiedade humana, em um mundo dominado por bolcheviques torpes, capazes dos atos mais vis em prol de sua própria promoção na máquina estatal. Ao mesmo tempo - e isto é seu traço mais importante - relata milagres e poderes jamais vistos por ocidentais e, ao final, sua descrição de estórias colhidas em lamaserias do Mongólia e personagens como o "Lama Vingador", dotado de poderes que aos não-orientais angariaram a fama de "miraculosos" ou "espetaculares". Na Mongólia, conheceu de perto os "sidhis" ou faculdades psíquicas mais avançadas como a profecia, a clarividência e a manipulação dos gunas (princípios da matéria) facultada aos grande iniciados.
Outro personagens que se sobressai no (e Ossendowsky conheceu, pessoalmente) é o Barão Ungern, o "Barão Louco", o maior Herói anti-bolchevique do período, profundametne caluniado pela História. Convertido ao Budismo e profundamente devoto da sabedoria do Oriente, o Barão Ungern foi considerado um "Dharmapala" entre os mongóis, ou seja, recebeu o alto título de "Protetor do Dharma". Mais tarde, vítima de traição, foi morto pelas hordas bolcheviques sanguinárias, passando a se inscrever entre os mártires da Nação Russa, hoje reconhecidos pelo atual Governo de Moscou.
Também na Mongólia - a versão do livro não deixa margem à dúvida - foi constatada a degradação do budismo, entregue a lamas bêbados e títeres pró-bolcheviques, muito distantes da tradição original.Na Mongólia, trava amizade com o "Buda Vivo", o "Buda Encarnado", pois o "Guardião do Misterioso e do Desconhecido vive na Mongólia, terra dos milagres e dos mistérios", sua Santidade Djebtsung Damba Hutuktu Khã, Bogdo Gheghen, pontífice de Ta Kure. Entre estes homens ele vem a saber da existência do enigmático Rei do Mundo e seu Reino, Agharta, no interior da Terra. Em Agartha, alguns povoss, como os Olets e os Calmucos aprenderam suas ciências misteriosas que trouxeram para a superfície da Terra.
"Em Agharta, os sábios panditas escrevem sobre tabuletas de pedra toda a ciência do nosso planeta e dos mundos. Os sábios chineses sabem disso. A ciência deles é a mais alta e a mais pura. A cada século, cem sábios da China se reúnem em um lugar secreto, à beira-mar, onde cem tartarugas imortais saem das profundezes do oceano. Sobre suas escamas, os chineses escrevem as conclusões, às quais a ciência chegou naquele século".
O Rei do Mundo traz em ocasiões determinadas sua mensagem aos homens. Uma das últimas entregue a um chefe tibetano em uma tabuleta de ouro advertia:
"O Rei do Mundo aparecerá a todos os homens quando chegar o tempo de levar os homens bons para a guerra contra os homens maus. O tempo, porém, não chegou ainda. Os piores da humanidade ainda não nasceram".
Quando nascerão? Que viva eternamente em paz a alma do inigualável Ferdinand Ossendowsky, que o bom karma conduziu à Mongólia e à divulgação destes grandes e inefáveis mistérios.
terça-feira, julho 20, 2010
Sufismo e Gurdjieff, Gurdjieff não é Sufismo e talvez seja SHAMS AL DIN DE TABRIZI
Ultimamente a última palavra da moda para os “esotéricos de ocasião” tem sido o “sufismo” do “bom tom“, o “mantra” perene. É possível ser “sufi” sem ser muçulmano assim como cabalista sem ser “judeu” e assim Madona e Jesus Luz podem adentrar comodamente um “templo cabalista” (sic) na moderna Jerusalém cheia de discotecas sem maiores problemas. Nada é tão velho ou tão moderno e já na antiga Roma Nero podia se dizer uma Adepto com A maior dos mistérios de Elêusis e Mitra e o camponês enriquecido da antiga Etrúria proclamar-se um Arúspice com um saco de Dinares na mão e uma boa recomendação.
Mas o “sufismo ocidental”, aquele “misticismo” água com açúcar tão ao gosto da classe média tampouco é tão atual, pois desde os anos 70 e 80 alguns “gurdjieffianos” espúrios tentaram associar loucamente as idéias do mestre Greco-armênio a esta ordem, trazendo à tona tanto corruptelas ridículas à la Idries Shah (o humorista anglo-afegão) até os modernos “sheiks” radicados no Brasil que se dão ao trabalho de filiar-se a antigas “tariqas” sufis e declamar a sua “Silsilá” e jamais tendo lido Gurdjieff (o que impede o seu modesto nível cultural ) e, muito menos, da composição musical de De Hartmann, impingerem-lhes o rótulo de “desconhecedores” da música oriental e “bastardos” do sufismo, porque jamais receberam a transmissão. Tanto os “Sheiks paraguaios” quanto à turba dos “artistas hasnamussem deslumbrados” daquela época se encontravam no mesmo caldeirão de interesses mundanos e sórdidos e só poderiam se encontrar em uma resultante: a crítica impiedosa e sem fundamentos ao mestre armênio.
Mas de que transmissão ou autoridade falam estes “estudiosos“? A vasta maioria deles não pratica o que é recomendado ao bom muçulmano, mas abrigando-se no conforto dos seus lares de classe média brasileira construíram “tariqas” qual aquelas casinhas de jardim que as crianças erguem entre as árvores e arbustos para se sentir escondidas do “bicho papão“. Alguns “teóricos” tupiniquins da “esotereologia inspirada no Maniqueu Brasileiro - uma bizarra, estranha, risível e calórica disciplina acadêmica - chamam o mestre armênio de “saher” ou “feiticeiro” e o criticam, insinuando sua possível introdução de uma falsificação do sufismo.
Mas a pergunta é clara: onde há alusão ao sufismo em Gurdjieff?
A resposta é igualmente translúcida. Em lugar algum. Gurdjieff ou seus discípulos jamais se remeteram ao sufismo como fonte do Quarto Caminho. Pelo contrário. O ensinamento era vinculado a uma tradição muito mais antiga e profunda, a confrarias dos antigo Oriente Médio e do Oriente mais remoto que remontavam à Assíria e civilizações estabelecidas muito antes que o Profeta estabelecesse sua própria religião em Makkah.
Nada havia tipicamente de origenm islâmica e o próprio Ouspensky, o São Paulo de Gurdjieff, deixa transparecer que o Quarto Caminho devia muito mais aos ensinamentos do cristianismo ortodoxo grego que a outra linhagem.
Nesse sentido, basta interpretar as inúmeras partituras de De Hartmann para piano para perceber a influência Grego ortoxa e também do sufismo,porém , não do sufismo de tipo turco apenas, mas da grande linha dos mestres sufis divinos que não se comunicaram através da transmissão física mas operaram por meios espirituais como o Iniguilável Shams Al Din de Tabriz (eu ponho essa grafia). Quem será Shams, que falou objetivamente sobre a ciência do SER do homem? Quem se aproxima dele? Os sufis ou simplesmente “sofistas“?
Mas o “sufismo ocidental”, aquele “misticismo” água com açúcar tão ao gosto da classe média tampouco é tão atual, pois desde os anos 70 e 80 alguns “gurdjieffianos” espúrios tentaram associar loucamente as idéias do mestre Greco-armênio a esta ordem, trazendo à tona tanto corruptelas ridículas à la Idries Shah (o humorista anglo-afegão) até os modernos “sheiks” radicados no Brasil que se dão ao trabalho de filiar-se a antigas “tariqas” sufis e declamar a sua “Silsilá” e jamais tendo lido Gurdjieff (o que impede o seu modesto nível cultural ) e, muito menos, da composição musical de De Hartmann, impingerem-lhes o rótulo de “desconhecedores” da música oriental e “bastardos” do sufismo, porque jamais receberam a transmissão. Tanto os “Sheiks paraguaios” quanto à turba dos “artistas hasnamussem deslumbrados” daquela época se encontravam no mesmo caldeirão de interesses mundanos e sórdidos e só poderiam se encontrar em uma resultante: a crítica impiedosa e sem fundamentos ao mestre armênio.
Mas de que transmissão ou autoridade falam estes “estudiosos“? A vasta maioria deles não pratica o que é recomendado ao bom muçulmano, mas abrigando-se no conforto dos seus lares de classe média brasileira construíram “tariqas” qual aquelas casinhas de jardim que as crianças erguem entre as árvores e arbustos para se sentir escondidas do “bicho papão“. Alguns “teóricos” tupiniquins da “esotereologia inspirada no Maniqueu Brasileiro - uma bizarra, estranha, risível e calórica disciplina acadêmica - chamam o mestre armênio de “saher” ou “feiticeiro” e o criticam, insinuando sua possível introdução de uma falsificação do sufismo.
Mas a pergunta é clara: onde há alusão ao sufismo em Gurdjieff?
A resposta é igualmente translúcida. Em lugar algum. Gurdjieff ou seus discípulos jamais se remeteram ao sufismo como fonte do Quarto Caminho. Pelo contrário. O ensinamento era vinculado a uma tradição muito mais antiga e profunda, a confrarias dos antigo Oriente Médio e do Oriente mais remoto que remontavam à Assíria e civilizações estabelecidas muito antes que o Profeta estabelecesse sua própria religião em Makkah.
Nada havia tipicamente de origenm islâmica e o próprio Ouspensky, o São Paulo de Gurdjieff, deixa transparecer que o Quarto Caminho devia muito mais aos ensinamentos do cristianismo ortodoxo grego que a outra linhagem.
Nesse sentido, basta interpretar as inúmeras partituras de De Hartmann para piano para perceber a influência Grego ortoxa e também do sufismo,porém , não do sufismo de tipo turco apenas, mas da grande linha dos mestres sufis divinos que não se comunicaram através da transmissão física mas operaram por meios espirituais como o Iniguilável Shams Al Din de Tabriz (eu ponho essa grafia). Quem será Shams, que falou objetivamente sobre a ciência do SER do homem? Quem se aproxima dele? Os sufis ou simplesmente “sofistas“?
Jorge Adoum, o Grande Mago Jefa
A vida do grande Jorge Adoum é misteriosa. Morou em vários países e partiu para a América do Sul muito cedo. Em Minas Gerais, passou pela antiga Palmyra, cidade de Santos Dumont, onde encontrou discípulos e admiradores. Segundo pessoas com as quais travei contato e o conheceram foi um homem bom, cordial e amigo, eivado daquela sabedoria peculiar que encontramos entre as velho Oriente Médio. Com suas humildes leituras Jorge Adoum passou por todos os ramos do conhecimento.
Não era um grande "doutor esotérico" aos olhos dos modernos "estudiosos acadêmicos do oculto" mas alguém que transformava em prática as migalhas que conseguia engolir. Este era seu grande mérito. Em seu livro "ADONAI", romance iniciático, podemos vê-lo lutando pela independência dos povos do Oriente Médio, buscando sua união sob a liderança do Rei Faiçal que se mostrou manipulável. Nada dessas atitudes mundanas foi frutífero, a não ser o mistério do amor que lhe mostrou o poder da verdadeira união mística.
Devido às cirscunstâncias da época e à lei do Karma que, implacável, girava uma manivela que levava o mundo ao domínio das novas e insensatas potências européias e aos EUA, a revolução árabe a a futura que se esboçava foram votadas ao fiasco. Submerso em Damasco e com poucos apoiadores, não restou a nosso herói outra opção senão a partida para a "terra prometida" para onde vários "patrícios", principalmente cristãos melquitas já haviam ido.
Jorge Adoum percebeu que a América o esperava e lá fez escola. Semeou o conhecimento entre aqueles que estavam dispostos a absorvê-lo e escolheu o ambiente das Lojas Maçônicas, que atuavam na vanguarda da sociedade, seu "locus" de convivência. Jorge Adoum, grande homem que, prestes a deixar o corpo físico, instrui àquele que se encarregara de divulgar parte de sua obra que ainda mostrar onde encontraria o restante dos manuscritos. E o fez. Nós te homeneagemos irmão Jorge Adoum por ser "O QUE É".
Não era um grande "doutor esotérico" aos olhos dos modernos "estudiosos acadêmicos do oculto" mas alguém que transformava em prática as migalhas que conseguia engolir. Este era seu grande mérito. Em seu livro "ADONAI", romance iniciático, podemos vê-lo lutando pela independência dos povos do Oriente Médio, buscando sua união sob a liderança do Rei Faiçal que se mostrou manipulável. Nada dessas atitudes mundanas foi frutífero, a não ser o mistério do amor que lhe mostrou o poder da verdadeira união mística.
Devido às cirscunstâncias da época e à lei do Karma que, implacável, girava uma manivela que levava o mundo ao domínio das novas e insensatas potências européias e aos EUA, a revolução árabe a a futura que se esboçava foram votadas ao fiasco. Submerso em Damasco e com poucos apoiadores, não restou a nosso herói outra opção senão a partida para a "terra prometida" para onde vários "patrícios", principalmente cristãos melquitas já haviam ido.
Jorge Adoum percebeu que a América o esperava e lá fez escola. Semeou o conhecimento entre aqueles que estavam dispostos a absorvê-lo e escolheu o ambiente das Lojas Maçônicas, que atuavam na vanguarda da sociedade, seu "locus" de convivência. Jorge Adoum, grande homem que, prestes a deixar o corpo físico, instrui àquele que se encarregara de divulgar parte de sua obra que ainda mostrar onde encontraria o restante dos manuscritos. E o fez. Nós te homeneagemos irmão Jorge Adoum por ser "O QUE É".
sexta-feira, julho 02, 2010
O Simbolismo na Maçonaria e o Trabalho - As Funções Intelectual Superior e Emocional Superior do Sistema de Gurdjieff
A Maçonaria tem sido definida ao longo do tempo por vários modos, entre eles como um “sistema de Moral, velado por alegorias e ilustrado por símbolos”. Nas instruções ministradas na Ordem, aspectos essenciais deste sistema são expostos paulatinamente, a partir da observância de rituais que remontam às “Escolas de Mistérios da Antiguidade”. Alguns autores que escrevem sobre a “Arte Real” ensinam que “quando a Maçonaria Livre e Aceita começou a ter uma vida própria, separada da Maçonaria Operativa, ela usava símbolos e emblemas para lembrar a seus membros os princípios morais e espirituais inerentes á sociedade. Ao longo do período em que se deu esse desenvolvimento, (...) o uso geral dos símbolos era uma prática comum e de uso cotidiano; assim, a sua incorporação em qualquer instituição esmerada, tal como a dos Maçons Especulativos, não seria nada extraordinária”.
Esses são os sistemas que, no passado, eram chamados de “Mistérios”, entre eles os do Egito, os da Pérsia, os de Elêusis, na Grécia e outros na Babilônia, Roma e nos grande centros da alta antiguidade. A esse respeito, na “Introdução sobre a Doutrina Esotérica” que abre a grande obra do Sr. Èdouard Schuré em português (“Os Grandes Iniciados”), enfatiza-se que “todas as religiões têm uma história exterior e uma história interior; uma aparente, outra oculta. Por história exterior entendo os dogmas e os mitos ensinados publicamente nos templos e nas escolas, reconhecidos no culto, e as superstições populares. Por história interior entendo a ciência profunda, a doutrina secreta, a ação oculta dos grandes iniciados, profetas ou reformadores que criaram, sustentaram, propagaram estas mesmas religiões“. Esta é a “tradição esotérica ou doutrina dos mistérios, é bastante difícil de discernir, pois ela se passa no fundo dos templos, nas confrarias secretas, e seus dramas mais surpreendentes se desenrolaram inteiramente no mais profundo das almas dos grandes profetas, os quais não confiaram suas crises supremas ou seus êxtases divinos a nenhum pergaminho e também a nenhum de seus discípulos”.
Estes círculos exotéricos e esotéricos delimitam a fronteira entre a humanidade mecânica e o trabalho isto é, entre a "Torre de Babel" ou o "Reino da Confusão das Línguas" e a busca através de "sofrimentos intencionais e esforços conscientes" do conhecimento de si. Podem ser vializados nas esferas concêntricas que demonstram as dimensões exotérica, mesotérica e esotérica da vida. A passagem de uma a outra compreende uma fase "transicional" de tomada de decisão, de rompimento da dualidade e formação da tríade no ser humano, isto é, a criação de uma linha contínua de resultados.
Com toda a sua sagacidade, o filósofo Greco-armênio, Georges Ivanovitch Gurdjieff, expressava sua interpretação das escolas de conhecimento e de mistérios como meios de transmissão de verdades arcanas que não poderiam ser traduzidas nos marcos da linguagem convencional. Segundo ele deveria haver uma “ciência objetiva”, uma unidade de todas as coisas e “procurava-se, pois, colocá-la em formas capazes de assegurar sua transmissão adequada, sem risco de deformá-las ou corrompê-las”.
Assim, “dando-se conta da imperfeição e da fraqueza da linguagem usual, os homens que possuíam a ciência objetiva tentaram exprimir a idéia da unidade sob a forma de ‘mitos’, ´símbolos’ e ‘aforismos’ particulares que, tendo sido transmitidos sem alteração, levaram essa idéia de uma escola a outra, freqüentemente de uma época à outra”. Estas idéias não atuavam sobre os estados convencionais, normais de consciência do homem mas sobre níveis superiores, o que ele denominava “centro emocional superior” e o “centro intelectual superior”. Ao primeiro, o “centro emocional superior”, destinavam-se os mitos, ao segundo, o “centro intelectual superior”, os símbolos.
A Maçonaria, portanto, elegeu como meio por excelência de aprendizagem a simbologia herdada tradições do passado que permeiam as instruções dos seus graus e seu Manual de Ritualística. Resultante da confluência mais recente das velhas Oficinas operativas de Roma e da Itália em seus albores, das corporações de ofício medievais e das contribuições dos filósofos herméticos e mestres da "Arte Real, esta nobre Ordem é a guardiã no Ocidente de um corpo de verdades que são incorporadas pelo Obr.'. através do trabalho consciente em Loj.'.. Isso significa que na verdadeira Maçonaria, assim como no "Trabalho", nenhuma transformação pode se operar sem que haja uma "harmonização" do Templo interno e do externo, do físico, do emocional e do intelectual. Tal como no "Quarto Caminho" nada é possível sem que os centros sejam harmonizados, tanto é que ao entrar no Temp.'. físico o cortejo de MM.'. deve, conduzido pelo M.'. de Cer.'., entrar em um "oceano de tranquilidade".
Na Maç.'., mais que em outras ordens, prerrogativas fundamentais do trabalho estão presentes. Em primeiro lugar, a necessidade de ser um bom "Chefe de Família", alguém que tenha responsabilidades e as cumpra. Ao contrário das falsas "ordens" de adolescentes (bruxaria, satanismo, simulacros da "Golden Dawn" e Thelema e mesmo da "Rosa Cruz" mercadológica) a Maçonaria exige que o M.'. seja trabalhador, tenha renda e seja fiel às suas obrigações no casamento e com a família.
Gurdjieff advertia que nenhum lunático ou vagabundo poderia ingressar no trabalho. Nenhum lunático ou vagabundo pode ser iniciado na Maçonaria.
Outras exigências da condição maçônica também são similares às do Trabalho. É indispensável uma vida sexual saudável e sem aberrações. Também é preciso tempo e recursos para cumprir obrigações maçônicas e socorrer aos homens. È fundamental a humildade porque no trabalho das oficinas todos os Obr.'. são iguais e regidos pelo nível. Em uma Loj.'. mesmo o Ven.'. M.'., caso transgrida os rituais ou a Lei Maçônica pode ser corrigido pelos IIr.'. O objetivo da Maçonaria, assim como no Grupo do Quarto Caminho ou a "Sangha" budista é escapar da "prisão do mundo material" e esse ato não se executa sem ajuda mútua. Por isso, equivocadamente, a Ordem foi confudida por tanto tempo como uma Sociedade de Socorro Mútuo. De certa forma não deixa de sê-lo.
Porém, ser Maçom não significa que se está no Trabalho Real.. No Trabalho Real de um Grupo Gurdjieff é preciso sempre estar trabalhando não apenas exteriormente mas sobretudo interiormente. Nas Loj.'. se diz um Ir.'. que está indisposto com outro Ir.'. não deve comparecer a suas reuniões para não comprometer a Egrégora. Porém, nem sempre este mandamento é levado a sério na prática. Em sentido amplo, no Trabalho, as coisas não são vistas tão "formalmente" e o mestre de um Grupo pode tomar decisões mais ou menos duras que soem como destempero ou demasiadamente violentas. Nesse sentido, o "Trabalho" transcende todo o resto e penetrar nele, como diria Nicoll, é submeter-se a mais Leis ainda que o comum dos mortais na Terra. É preciso estar ciente disso antes de tomar qualquer decisão preliminar sobre ele.
sexta-feira, junho 25, 2010
A Curta Vida do Homem como um Fenômeno Cósmico - Relações entre a Cristalização do Órgão Kundabuffer e o Raio de Criação no sentido de Gurdjieff
Vale do Capão, Chapada Diamantina. Foto do autor. |
Estou em uma pousada no Vale do Capão, na Chapada Diamantina. A paisagem é bucólica, apaixonante como os picos dos Alpes, mais nova e menos imponente que os Andes mas transbordam mistérios da "mãe natureza". A temperatura é baixa e agradável, contrastando com o sempiterno calor da cidade de Salvador e a alta umidade do ar que me deixa enxaguado de suor durante todo o dia. Nas trilhas da Chapada colho pequenas amostras da flora local e cheiro seu aroma com o intuito de associá-lo a algo conhecido. As casas enormes dos cupins do mato abundantes por aqui me intrigam. Elas são feitas de terra amalgamada em substância secretada pelos pequenos insetos. Furo como uma espécie de "experiência científica" uma delas com o golpe de um pequeno martelo e centenas deles saem do seu reino. Intimamente me debato com certo sentimento de culpa por ter destruído trabalho tão belo e ao mesmo tempo me assaltam três idéias: em primeiro, a de que aquele "drama de proporções cósmicas" que abalou todo o "mundo dos cupins" partiu de um ato de vontade de minha parte (tomar o matelo e batê-lo na casinha). Outra foi a conclusão de que, do ponto de vista dos cupins,nada poderia ter sido antecipado, o choque com o meu martelo não poderia ser evitado. Elas são exatamente como nós, sujeitos a "leis superiores" e sujeitos ao acaso pois, assim como para nós, tudo para os cupins acontece. A terceira idéia é menos filosófica e se relaciona com o remorso que desencadeia ato tão brutal do ponto de vista dos valores "espirituais" ou o que nos ensinaram nos cursos de "bom mocismo" da religião da "Nova Era" quanto aos animais.
À noite volto para meu canto e durmo com o zunido das cigarras e os barulhinhos dos grilos. Ressinto-me de que ainda preciso um longo trabalho sobre mim mesmo para que as impressões que borbulham em meio tão rico possam ser assimilados pelo meu mecanismo interno e produzir as substâncias de ordem superior de que meu organismo realmente precisa.
Da varandinha do quarto vislumbro as montanhas que circundam o vale. Caminhando por ma trilha que conduz a um mirante, à tardinha, percebo que o efeito da tênue luz solar sobre as formas gigantescas ao longe compõe um espetáculo fascinante. Com a câmera reflex mais um tripé tiro algumas fotografias e usando meu lápis grafite faço esboços rápidos da paisagem em um caderno de desenho, para retocá-los depois. Espanto-me como a visão física das coisas pode mudar graças a meros deslocamentos do sol em sua carreira diurna. Assim como no mundo físico, nossa interpretação dos fenômenos também é sujeita às distorções de perspectiva. A forma como a luz incide ou não sobre nossa razão é que determina seu grau de objetividade.
Antes do anoitecer de ontem, ainda no mirante, contemplo o infinito. Tudo se cala e com os ouvidos capto apenas um som básico que reúne em um fio vibratória continuo as emanações de toda a natureza, o vento batendo nas pedras, os bichinhos e animais da caatinga, os resquícios da atividade humana em uma a vila próxima. Nestes momentos de intensa atividade consciente vieram-me à mente algumas implicações da idéia do raio de criação ensinada nas escolas e transmitida ao Ocidente por Georges Gurdjieff principalmente as relações entre os vários cosmos e a duração da vida do homem na atualidade.
A formação rochosa da Chapada Diamantina faz parte de um subgrupo comportado pela Serra do Espinhaço no Brasil. Há cerca de um bilhão de anos atrás o Ser Vivo que é o planeta Terra foi depositando ao longo de sua evolução geólógica, umas sobre as outras, camadas rochosas e areníticas que resultaram na atual conformação da sua superfície que se assemelha às delicadas capas de um doce folheado. Há algumas centenas de milhões um movimento de “ejeção” propiciado pela peculiar dinâmica energética do “fogo interno” que arde nas camadas que circundam frenético núcleo terreno elevou estas paragens situadas na Bahia alguns metros. O mesmo ocorreu nos Andes, por isso este "autor" teve a oportunidade de colher várias amostras de conchas em povoados nos arredores de Cuzco, situados milhares de metros acima do nível do mar. Em sua esfera cósmica e no seu lugar no raio de criação que emana do Absoluto, o Planeta que habitamos não se encontra em uma posição confortável. Fica apenas um pouquinho acima do “pior lugar do universo”, a lua. Aqui as possibilidades de evolução do homem são muito pequenas, senão inexistentes. Só com “sofrimentos intencionais e trabalhos conscientes” o homem pode esperar alguma mudança em seu destino.A “cronologia geológica” é trilhões de vezes mais abrangente que a humana segundo a escala dos cosmos. Penso que não é possível comparar a vida do homem com a da terra por dois motivos. Em primeiro lugar, a terra “ab initio” tem uma fim determinado para sua existência e um período de vida estipulado. O homem também tem um fim determinado para sua existência - suprir um dos seus satélites,a lua ou Anulios de alimento, isto é, manter a pulsação do “raio de criação” , ou seja, a oitava cósmica, desde a origem à sua nota final , a lua. Se o fim a que tende o homem enquanto gênero é definido, sua duração vital nem sempre o foi. Hodiernamente, pequenas mudanças na "qualidade de vida do homem" (mais alimento físico, sistemas de saúde eficientes, melhores remédios ou menos guerras e violência urbana) alteram o que os "demógrafos" (esquisitos "especialistas" hasnamussem em "populações humanas")batizaram de "expectativa de vida" que, no geral, oscilam no intervalo compreendido entre uns 70 e 90 anos, no máximo. Mas nem sempre foi assim.
Antes que as conseqüências do órgão que fazia com que os seres humanos não vissem as coisas como elas realmente são - o órgão “Kundabuffer” de que Gurdjieff fala nos “Relatos de Beelzebub a seu Neto“- fossem cristalizadas na “psique” do homem (um termo adorado pelos modernos “hanasmussem-demagogos”, os psicólogos) - o homem vivia o número de anos que fossem necessários até que alcançasse a “razão objetiva”. Costumo dizer que as elevadas idades dos patriarcas bíblicos, de São Noé a São Matusalém, não são apenas alegóricas ou mesmo equivalentes à nossa atual “métrica etária” mas escritas com outros nomes que eram usados na alta antiguidade. Estas idades expressas em livros do Novo Testamento, para o horror dos "hermeneutas de salão", expressavam a real duração de suas vidas e talvez pecassem por serem inferiores ao termo real da existência daqueles homens e mulheres com nível elevadíssimo de Ser.
Ocorre, para ser mais exato, que no “plano da obra cósmica” o homem não é importante. Não interessa ao desenvolvimento da oitava descendente cósmica que o homem evolua.Muito pelo contrário. Se todos os homens fossem conscientes de si mesmos a lua não teria alimento e o grande mecanismo equilibrante concebido pelos maiores "engenheiros do universo" para remediar os efeitos do impacto de corpo celeste Condoor sobre o planeta há milhões de trilhões de anos não mais funcionaria. Haveria uma grande perturbação cósmica (uma nova "perturbação transalpânica", de acordo com a terminologia adotada pelo Sr. Gurdjieff)que influenciaria até mesmo os outros raios de criação, trazendo incessantes preocupações ao “TODO BONDOSO” e particularmente ao nosso “TODO GLORIOSO SOL”.
Na Idade Média - que outro grupo de "fazedores de intrigas", os "historiadores" competentemente transformaram em "Idade das Trevas" - os teólogos e pensadores sistematizaram visões do mundo como criado por um Grande Arquiteto do Universo manipulando seus instrumentos de trabalho, o esquadro e o compasso. Segundo orientações de um antigo povo de pescadores em busca de passatempo, os gregos, foram construídos mecanismos reais e representações gráficas do sistema solar como um conjunto de órbitas colocadas em movimento por meio de uma alavanca central impulsionada pelo “primum móbile”.
As teorias dos teólogos, válidas ou não a depender da escola escolhida, seja de Ptolomeu, Brahe ou Copérnico, podem ser aceitas como uma tentativa de compreender o sistema solar como um todo articulado e mutuamente dependente. Nesse sentido, os velhos filósofos que são alvos da zombaria e sarcasmo dos modernos “papagaios empolados da pseudo-ciência capitalista” estariam corretos. O “raio de criação” (o Absoluto, Todos os Mundos, a Via Láctea, o Sol, os Planetas, a Terra e a lua) iniciando-se no absoluto ou o dó original e a lua, o dó final, é organizado racionalmente. Seu primeiro semi-tom é preenchido pela vontade do absoluto em si. O segundo semi-tom pela vida orgânica sobre a terra, na qual está o gênero humano.
Se apenas um por cento da humanidade alcançasse a consciência objetiva, o raio de criação seria rompido. A destruição de todos os cosmos e raios de criação seria uma possibilidade objetiva. Isso então não é possível para a maioria das homens o que não significa que haja possibilidades. Estas possibilidades são dadas, mas apenas para alguns que entram em contato com as verdadeiras escolas. A escola cujos ensinamentos originais GURDJIEFF trouxe ao Ocidente é a ÚNICA que detém o real segredo da evolução do homem. Todas as demais tradições ficaram apenas com algumas migalhas daquele pão que fora feito com o fermento original dos GRANDES MESTRES que visitaram esse planeta nos principais momentos de sua história.
Antes que a Chapada Diamantina fosse sedimentada através da deposição de materiais esparsos, antes que se elevasse alguns metros acima de seu nível primordial, os grandes Mestres que conceberam este ensinamento e acompanharam os percalços da Terra e dos recentíssimos seres humanos já estavam por aqui. Alguns foram enviados em seu nome. Santo Ashieta Shiemah, São Moisés, Santo Buda, São Jesus, São Lama. Pouquíssimos homens de três cérebros ou três centros independentes foram iluminados por por um pequeno raio desse feixe de luz. Seus ensinamentos foram desvirtuados por seguidores inescrupulosos ou simplesmente escravizados no inferno real, o “reino da mecanicidade”.
Todos os verdadeiros adeptos possuíam longa vida no mundo físico, todos aqueles que viveram antes da cristalização do famigerado órgão “Kundabuffer” viviam até o alcance da consciência objetiva. Costumo dizer que a ênfase dada ao mundo físico neste Sistema é fundamental pois é a realidade material que temos como verdadeiro parâmetro. Qualquer discussão sobre "reencarnação" representa enorme perda de energia e lenha para a fogueira da imaginação, sem qualquer utilidade real para o Trabalho. O fato é que temos a chance de mudar nossa “cronologia” e nos aproximarmos da cronologia da Chapada Diamantina que é um pedaço rugoso da epiderme terráquea. Quiça podermos cristalizar elementos solares em nós. A única forma de fazê-lo é encetar o trabalho na linha do Gurdjieff, o QUARTO CAMINHO. O momento para tal é o AGORA, a união entre o horizontal e o vertical.
segunda-feira, maio 03, 2010
A Vida Oculta na Maçonaria de Leadbeater
A Vida Oculta na Maçonaria de Leadbeater(*)
(*) Reprodução de postagem da comunidade "Teosofia" do Orkut
Na semana passada concluí uma pequena peça em que trabalho com alguns trechos da "Vida Oculta na Maçonaria" de Leadbeater, entre outros autores. Nada melhor que uma cuidadosa releitura para apontar aspectos positivos e negativos de um autor. Em alguém como o Sr. Leadbeater - cujo livro é tão afamado entre aqueles que buscam raízes "arcanas e proto-históricas" para a ordem - o raciocínio exuberante e as mais improváveis conjecturas sempre podem andar juntas. Mas gostaria de registrar minha opinião sobre o tema em tela:
1) O livro é delirante ao destacar as cerimônias "maçônicas" que o Sr. Leadbeater presenciou em sua vida no Egito. Em alguns pontos a gente quase é levado a dar gargalhadas tal a capacidade pictórica do autor em reconstruir aquelas cenas vistas por "clarividência" em uma "Loja Maçônica" egípcia. Outros devaneios de monta são as descrições dos utensílios e o recurso à "metodologia clarividente" sempre que lhe faltam os meios disponíveis. A descrição dos anjos auxiliando Saint Gérmain, "o chefe de ..." é simplesmente cinematogrática ...
2) Contrariando Mdme. Blavatsky e seu adorado Ragon - a quem tenho muitas críticas, pois se concentrava mais em dividir a ordem que em buscar uma plataforma unificadora - Leadbeater - foi grau 33 da co-Maçonaria], não da maçonaria, diga-se de passagem (nada contra os graus, apenas indico um ponto de choque com HPB que nesse assunto apoiava Ragon);
3) A visão de Leadbeater sobre os desafios dos três graus simbólicos da maçonaria não deixa de ser bem válida;
4) Em que pesem alguns exageros, a idéia da "cobertura do templo interior" manifestada por Leadbeater é digna de nota.
Bem, para que não pareça ser algo pessoal, recomendo aos amigos a leitura da Jules Boucher que ao comentar dezenas de autores maçônicos faz tabula rasa da pesquisa clarividente de Leabeater.
O que mais incomoda é que a literatura sobre o tema já era extensa na época em que foi publicada a obra cuja segunda tradução foi em 1928. À luz das modernas pesquisas, inclusive do que produziram os maçons operativos, a contribuição de C.W.L. se apequena ainda mais. Com alguma dose de generosidade, algumas interpretações do simbolismo podem ser bem vindas.
(*) Reprodução de postagem da comunidade "Teosofia" do Orkut
Na semana passada concluí uma pequena peça em que trabalho com alguns trechos da "Vida Oculta na Maçonaria" de Leadbeater, entre outros autores. Nada melhor que uma cuidadosa releitura para apontar aspectos positivos e negativos de um autor. Em alguém como o Sr. Leadbeater - cujo livro é tão afamado entre aqueles que buscam raízes "arcanas e proto-históricas" para a ordem - o raciocínio exuberante e as mais improváveis conjecturas sempre podem andar juntas. Mas gostaria de registrar minha opinião sobre o tema em tela:
1) O livro é delirante ao destacar as cerimônias "maçônicas" que o Sr. Leadbeater presenciou em sua vida no Egito. Em alguns pontos a gente quase é levado a dar gargalhadas tal a capacidade pictórica do autor em reconstruir aquelas cenas vistas por "clarividência" em uma "Loja Maçônica" egípcia. Outros devaneios de monta são as descrições dos utensílios e o recurso à "metodologia clarividente" sempre que lhe faltam os meios disponíveis. A descrição dos anjos auxiliando Saint Gérmain, "o chefe de ..." é simplesmente cinematogrática ...
2) Contrariando Mdme. Blavatsky e seu adorado Ragon - a quem tenho muitas críticas, pois se concentrava mais em dividir a ordem que em buscar uma plataforma unificadora - Leadbeater - foi grau 33 da co-Maçonaria], não da maçonaria, diga-se de passagem (nada contra os graus, apenas indico um ponto de choque com HPB que nesse assunto apoiava Ragon);
3) A visão de Leadbeater sobre os desafios dos três graus simbólicos da maçonaria não deixa de ser bem válida;
4) Em que pesem alguns exageros, a idéia da "cobertura do templo interior" manifestada por Leadbeater é digna de nota.
Bem, para que não pareça ser algo pessoal, recomendo aos amigos a leitura da Jules Boucher que ao comentar dezenas de autores maçônicos faz tabula rasa da pesquisa clarividente de Leabeater.
O que mais incomoda é que a literatura sobre o tema já era extensa na época em que foi publicada a obra cuja segunda tradução foi em 1928. À luz das modernas pesquisas, inclusive do que produziram os maçons operativos, a contribuição de C.W.L. se apequena ainda mais. Com alguma dose de generosidade, algumas interpretações do simbolismo podem ser bem vindas.
segunda-feira, abril 26, 2010
Notas sobre as Relíquias do Buda
Uma Visita às "Relíquias" do Buda
Dirigi-me pessoalmente à exposição das relíquias do Buda e seus discípulos no dia 25/04/2010, no Museu da Misericórdia que fica situado na Igreja da Misericórdia, logo na entrada do Pelourinho, Salvador.
Logo ao aproximar-me do Museu, acompanhado de meu filho, senti o enorme poder espiritual que fluía daqueles objetos. È indescritível o impacto que a presença da cristalização de um grande mestre espiritual produz sobre os homens. Ao entrar no recinto fomos conduzidos a um pequeno átrio, logo na entrada, onde foi exibido um curta metragem sobre a origem das "relíquias", seu significado, os mestres que as originaram e o percurso da mostra por uma série de países.
Em seguida fomos conduzidos ao salão principal da igreja que circumbulávamos no sentido horário, fixando-nos primeiramente nas relíquias de Buda, Tsongkhapa e outros. As duas primeiras eram muito brilhantes e esféricas, contando com uma "bolinha" maior que as outras. Delas emanava quase toda a energia vibracional de emitida por todo o conjunto. As duas certamente eram "colares de buda" em "strictu sensu".
Os monges e religiosos budistas exotéricos presentes pareciam bastante satisfeitos com os efeitos produzidos pelo espetáculo. Na verdade, estes eram mais oriundos do próprio caráter das relíquias (entre as quais, além das falsas pérolas havai os ossos e dentes de preceptores falecidos) que tendem a atrair os crédulos como em qualquer outra região.
Pouquíssimos ou talvez nenhum dos presentes sequer nutria uma fraca concepção do real alcance do que estava diante de seus olhos. O espesso véu da matéria e do engodo de "maya" cobria seus olhos presunçosos.
Dirigi-me pessoalmente à exposição das relíquias do Buda e seus discípulos no dia 25/04/2010, no Museu da Misericórdia que fica situado na Igreja da Misericórdia, logo na entrada do Pelourinho, Salvador.
Logo ao aproximar-me do Museu, acompanhado de meu filho, senti o enorme poder espiritual que fluía daqueles objetos. È indescritível o impacto que a presença da cristalização de um grande mestre espiritual produz sobre os homens. Ao entrar no recinto fomos conduzidos a um pequeno átrio, logo na entrada, onde foi exibido um curta metragem sobre a origem das "relíquias", seu significado, os mestres que as originaram e o percurso da mostra por uma série de países.
Em seguida fomos conduzidos ao salão principal da igreja que circumbulávamos no sentido horário, fixando-nos primeiramente nas relíquias de Buda, Tsongkhapa e outros. As duas primeiras eram muito brilhantes e esféricas, contando com uma "bolinha" maior que as outras. Delas emanava quase toda a energia vibracional de emitida por todo o conjunto. As duas certamente eram "colares de buda" em "strictu sensu".
Os monges e religiosos budistas exotéricos presentes pareciam bastante satisfeitos com os efeitos produzidos pelo espetáculo. Na verdade, estes eram mais oriundos do próprio caráter das relíquias (entre as quais, além das falsas pérolas havai os ossos e dentes de preceptores falecidos) que tendem a atrair os crédulos como em qualquer outra região.
Pouquíssimos ou talvez nenhum dos presentes sequer nutria uma fraca concepção do real alcance do que estava diante de seus olhos. O espesso véu da matéria e do engodo de "maya" cobria seus olhos presunçosos.
segunda-feira, abril 19, 2010
AS RELÍQUIAS DO BUDA - O VERDADEIRO "COLAR DE BUDA"
Algumas "relíquias" de Buda |
As Relíquias do Buda - O Verdadeiro Colar de Buda
“As relíquias do Buda Sakiamuni foram oferecidas por Sua Santidade, o Dalai Lama ao Lama Zopa Rinpoche. Muitos outros mestres budistas uniram-se ao projeto e ofereceram relíquias para serem colocadas no coração da estátua do Buda Maitreia. Quando os corpos de mestres espirituais são cremados, entre suas cinzas surgem cristais parecidos com pérolas. Estes objetos são especiais porque guardam a essência das qualidades do mestre. As relíquias são evidências físicas de que ele desenvolveu muita compaixão e sabedoria antes da morte. Elas proporcionam uma oportunidade única de conexão espiritual com seres iluminados”.
O trecho acima foi reproduzido de um convite para a apresentação das relíquias do Buda Sakiamuni em capitais do Brasil. Não só deste Buda, mas discípulos notáveis como Maudgalyayana, Ananda e Sariputra e antecessores como o Buda Kasyapa. Quando estes mestres espirituais deixam a terra e são cremados surgem estas pequenas “pérolas” como testemunho de sua santidade.
Mas o que são estas pequeninas “pérolas” veneradas como relíquias do Buda por toda a extensão do Oriente? Os Budismos Exotéricos cegadas por cerimônias cuja chama espiritual oculta deixaram de compreender há muitos séculos não são capazes de compreender o que são estas “relíquias”, que não são cristalizações de virtudes ou “parâmitas” dos Budas mas representam a própria sobrevivência física e dos Budas e seu vínculo material com o presente e o passado.
Este misterioso ensinamento permaneceu oculto por séculos, talvez milênios, até que Georges Illitch Gurdjieff na série de revelações em Moscou no início do século XX trouxe a lume o segredo do “Colar de Buda”. Este termo não expressa a cadeia de reencarnações como usualmente é aceito, mas um vínculo permanente com Buda. A exposição ora realizada em várias capitais do Brasil, entre elas Salvador, pode trazer algumas destas peças entre as quais somente o verdadeiro clarividente saberia distinguir aquelas que são falsificações produzidas nos mosteiros tibetanos os verdadeiros “colares de Buda”.
Mas do que se tratam? O que são e qual é a verdadeira natureza destas relíquias?
Em “Fragmentos de um Ensinamento Desconhecido” Piotr Demianovich Ouspensky relata de forma conspícua observações magistrais de Gurdjieff sobre o “Colar de Buda”. Permitam-nos reproduzir estes preciosos argumentos:
“Noutra ocasião, falávamos do Budismo do Ceilão. Eu expressava a opinião de que os budistas devem ter uma magia, cuja existência não reconhecem e cuja possibilidade é negada pelo Budismo oficial. Sem nenhuma relação com essa observação e enquanto mostrava minhas fotografias a G., falei-lhe de um pequeno relicário que vira numa casa amiga, em Colombo, onde havia, como de costume, uma estátua de Buda e, ao pé desse Buda, uma pequena dágaba (*) de marfim em forma de sino, isto é, uma pequena réplica cinzelada de uma verdadeira dágaba, interiormente vazia. Meus anfitriões abriram-na em minha presença e mostraram-me alguma coisa que era considerada uma relíquia, - uma pequena bola redonda, do tamanho de uma bala de fuzil de grosso calibre, cinzelada, segundo me parecia, numa espécie de marfim ou de nácar.
G. escutava-me atentamente.
- Não lhe explicaram a significação dessa bola? Perguntou.
-Disseram-me que era um fragmento de osso de um discípulo do Buda; que era uma relíquia sagrada de grande antiguidade.
- Sim e não, disse G.. O homem que mostrou o fragmento de osso, como você, diz, nada sabia ou nada queria lhe dizer. Pois não era um fragmento de osso, mas uma formação óssea particular que surge em torno do pescoço como uma espécie de colar, em decorrência de certos exercícios especiais. Já ouviu essa expressão: “colar de Buda”?
- Sim, disse, mas o sentido é completamente diferente. É a cadeia de reencarnações do Buda que chamam “colar de Buda”.
- È exato que esse seja um dos sentidos dessa expressão, mas falo de um outro sentido. Esse colar de ossos que rodeia o pescoço, sob a pele, está diretamente ligado ao que é chamado ‘corpo astral’. O corpo astral está, de certo modo, ligado a ele ou, para ser mais preciso, esse ‘colar’ liga o corpo físico ao corpo astral. Ora, se o corpo astral continua a viver depois da morte do corpo físico, a pessoa que possui um osso desse ‘colar’ poderá sempre se comunicar com o corpo astral do morto. Essa é a magia deles. Mas eles nunca falam dela abertamente. Tem, pois, razão, em dizer que têm uma magia, e temos aqui um exemplo dela. Isso não significa que o osso que viu seja verdadeiramente um osso. Encontrará ossos semelhantes em quase todas as casas; estou lhe falando apenas da crença que está na base desse costume.
E eu devia admitir uma vez mais que nunca encontrara tal explicação.
G. esboçou para mim um desenho que mostrava a posição dos ossinhos sob a pele; formavam na base da nuca, um semicírculo que começava um pouco adiante das orelhas.
Esse desenho relembrou-me de imediato o esquema ordinário dos gânglios linfáticos do pescoço, tais como são representados nos quadros anatômicos. Mas nada mais pude saber”.
Ao visitante desatento tais observações sobre as “relíquias” dotadas do dom de cura e capazes de trazer inolvidáveis benefícios espirituais e físicos àqueles que por isso anseiam (assim como, supostamente o fazem as relíquias católicas ou de outras religiões) podem proporcionar-lhes um vislumbre do que dos resultados do contato físico com o elo cristalizado dos Budas. Essa é verdadeira “magia oriental” e suas relíquias – se verdadeiras – são os atributos físicos dos verdadeiros Santos.
(*) Santuário budista em forma de cúpula.
Mais informações sobre a exposição no Brasil em:
http://www.cebb.org.br/noticias/344-exposicao-reliquias-do-buda-brasil-2010
domingo, abril 18, 2010
Os Santos na Religião Universal
Os Santos na Religião Universal - Universalidade, Fenômenos e Possibilidades
Em todas a principais religiões exteriores do mundo se adoram indivíduos “santos” ou "santificados" (a diferença não é trivial porque alguém "santificado" não necessariamente é "santo" e um "santo" não é santificado mas santifica-se), seja no cristianismo, no islamismo, no judaísmo ou nas tradições orientais que não orbitam o paradigma “abrahâmico” (o hinduísmo, o budismo o zoroastrismo, o janaísmo etc) além de outras denominações . Um Santo ou Santa é sinônimo de pureza, perfeição, retidão, justiça. Um Ser que alcançou a perfeição ou iluminação.
São José de Cupertino |
Na Índia, pelo contrário, o Santo ganha corpo na figura humilde e despida de vaidades do “sadhu”, alguém que, a grosso modo, se esforça por despertar algo mais sutil em si mesmo através das inúmeras práticas espirituais que o povo da Índia recebeu como galardão. O festival “Kumbh Mela” de 2010,apresentado na fotogafia abaixo, mostra uma multidão desses Santos em uma das quatro cidades em que se realiza o encontro, sempre no período em que ocorre um determinado alinhamento dos astros. Não que apenas a Ìndia resguarde este imenso tesouro espiritual, mas no mundo ocidental o obscurantismo das religiões estabelecidas, no passado, casado com a vigilância autoritária da atual "sociedade da ciência" impedem que as pessoas acatem com naturalidade seus dons e ouçam o chamado da divindade.
No “Glossário Teosófico” de Helena Petrovna Blavatstky o termo sânscrito “Sâdhu” é descrito como possuindo o seguinte significado: “Bom, puro, justo, reto, virtuoso; agradável, belo, excelente. Como substantivo: um muni, um santo. [Santos, ascetas e também faquires que pratica o Yoga tântrico, isto é, magia]”. Na Índia a santidade é um fenômeno comum e onipresente. Como indicam relatos de diferentes pesquisadores espirituais ou, casualmente, visitantes bem pouco interessados em perscrutar os segredos da vida interna indiana, estes homens e mulheres são capazes de produzir em seus próprios corpos ou no mundo externo - compreendendo os outros homens e objetos materiais - maravilhas em que dificilmente se pode crer.
Estes dons aparentemente miraculosos são o que antigos tratados como os “Yoga Sutras” do sábio Patânjali denominam tecnicamente“sidhis” ou “perfeições”. estas faculdades se manifestam como conseqüência inevitável da prática da Yoga e do mergulho em níveis cada vez mais profundos da matéria mental. Não é bom que sejam voluntariamente perseguidas mas inevitavelmente vêem à tona, sendo que o iogue realmente alcança a maestria ao comprovar que está apto a resistir às tentações oferecidas por eles. No Ocidente Santa Tereza D’Àvila - muitos outros santos - era sujeita à levitação com inoportuna freqüência. Suas experiências místicas eram tão complexas que dizia “se entende, não entende como entende”. Assim como no Oriente, casos como a da levitação, da bi-locação (estar em dois lugares ao mesmo tempo) ou mesmo da invisibilidade são citados a “torto e direito”.
Estes são exatamente os mesmos fenômenos que marcaram as vidas do Cristo físico na Galiléia e pontuaram a passagem de Apolônio de Tyana pela terra. Incluem-se entre estes poderes a capacidade de entender sons emitidos por qualquer ser vivo, o conhecimento da mente dos outros, a invisibilidade do corpo, o conhecimento exato da hora do morte e o dom de pressagiar o futuro, o aumento da força física, o conhecimento do sistema solar, a imobilidade, a cessação da fome e da sede, a levitação e muitos outros. Aqueles sobre os quais se derrama o espírito santo ou se enroscam línguas de fogo falarão a língua dos anjos, ou seja, desenvolverão faculdades que contribuem para demonstrar aos incrédulos os limites de sua miserável existência física.
O “sadhu” não equivale ao pai de família que, tendo cumprido sua obrigação, passa a ingressar em uma fase da existência, mais contemplativa, abrindo mão de qualquer apego (“vairagya”). Ele se dedica integralmente à união com o Ser Absoluto. È um homem despojado de bens materiais - no limite das próprias roupas - e que perambula só ou em grupo em meio a um mundo que só ele sabe ou começa a perceber como uma simples ilusão, produto da disposição dos gunas em determinado momento.
Entre os hebreus, o ritual de ungir um menino e torná-lo “nazireu” (em hebraico, “separado, afastado”) embora revestido de caráter iniciático, deixa entrever que em tempos arcaicos o Senhor de Israel escolhia homens desde o berço para que cumprissem suas injunções. Em Juízes 13:5 se diz com relação à mãe de Sansão: “porque tu conceberás e terás um filho, sobre cuja cabeça não passará navalha, porquanto o menino será nazireu de Deus desde o ventre de sua mãe; e ele começará a livrar a Israel da mão dos filisteus”. A Sra. Blavatsky sugere que São Paulo era claramente um nazireu de nascença pois o capítulo 18 de Atos dos Apóstolos, versículo 18 é explicito em garantir que “Paulo, tendo ficado ali ainda muitos dias [em Corinto], despediu-se dos irmãos e navegou para a Síria, e com ele Priscila e Áquila, havendo rapado a cabeça em Cencréia porque tinha um voto”. Paulo, ademais, chegara ao grau de “Mestre Construtor” (I Coríntios, 3).
Junto a outros “Santos” como Sansão, Samuel, José (título nazireu segundo Blavatsky) não seria demasiado exagero incluir entre os modernos santos hebraicos (ou judeus) os grandes rabinos durante o exílio da Babilônia e após a queda do Templo foram os responsáveis pelas compilações dos grandes livros que compõem junto à Torah e o Tanach o Pentateuco e demais livros da Bíblia Judaica - o berço comum e repositório último da moderna tradição judaica. Estes recebiam títulos honrosos que denotavam não apenas respeito e admiração mas reconhecimento genuíno por seu exemplo de vida. Em termos espirituais o judaísmo reconhece ainda os “Tzadki” ou corretos cujo número é bastante pequeno, ou trinta e seis.
Na comunidade islâmica ou “Umma” ao lado da crença na linhagem ininterrupta dos “imames” (e da existência de um “imame vindouro” cuja semelhança com o “Buda Vindouro”, o “Messias” judaico ou o Jesus “ressuscitado” é mais ou menos óbvia) predomina até a atualidade em algumas localidades a crença nos poderes especiais de indivíduos e localidades que em nada se afastam do que no mundo católico e ocidental se associa aos Santos e locais sagrados de peregrinação onde são depositados os “Ex-votos”.
Para Mathew Gordon, “(...) em todo o mundo islâmico, persiste a crença de que indivíduos e linhagens de família podem ser privilegiados com poderes espirituais especiais ou com uma proximidade com o sagrado. Existe considerável sobreposição entre a veneração de tais ‘santos’ e os aspectos mais populares do sufismo, inclusive o uso do termo corânico wali Allah(“amigo de Deus”) para ‘santos’ tanto sufis quanto muçulmanos”.
E continua: “(...) O mundo islâmico mostrou muitas vezes desconforto, e mesmo uma nítida hostilidade, em relação a essas crenças e às práticas a elas associadas. Suas relações baseiam-se geralmente na idéia de que a santidade deveria ser atribuída somente a Deus, e nunca a Seres humanos. Para muitos muçulmanos comuns, porém, a idéia de “santos”, ou de santidade nos seres humanos não tem nada de censurável e a veneração dessas figuras tem sido parte importante de sua vida religiosa e espiritual até os dias de hoje. Estas crenças podem girar ao redor da piedade e reputação moral do ‘santo’ ou concentrar-se na capacidade dele de transformar o mundo físico (por exemplo, através da cura) ou de impor-se aos elementos naturais. Em muitas regiões do mundo islâmico esta presente a crença na baraka - uma benção espiritual que pode ser transmitida de um ‘santo’ ou de relíquias de um ‘santo’ (como seu túmulo) para o seguidor. Outras figuras santas aparecem mais como heróis populares famosos, por exemplo, por sua resistência diante de soberanos opressores”.
“(...) Por exemplo, a cidade de Marrakech no sul do Marrocos - muitas vezes mencionada como “o túmulo dos santos”, devido a grande numero de pessoas santas ali sepultadas - é associada particularmente a sete ‘santos’ que são celebrados em sete festivais de bairro”. Outros santos muçulmanos famosos são o egípcio Sayyd Ahmad Al-Badale (morto em 1276 D.C.) e Abd Sha Ghazi, em Karachi, Paquistão.
Os ensinamentos que se pode tirar da quase universal presença de santos, no Oriente é Ocidente é que a santidade é um estado acessível a todos os mortais. De acordo com a Lei da Evolução que é ascendente, não descendente, todos se tornarão santos um dia, seja porque possuam uma disposição inata do espírito - kármica - seja por mostraram-se retos na senda e alcançarem novos progressos. O caminho da efetiva iniciação, a real iniciação cujos percalços são espelhados nos símbolos e rituais especulativos é longo e tortuoso.
Se tomarmos um automóvel dirigindo-o em alta velocidade ou desembestarmos montados em um robusto cavalo através das íngremes montanhas dos Andes corremos o sério risco de despencar de um penhasco e perdermos o corpo físico. Na iniciação real em direção à Santidade a pressa ou à busca de atalhos é muito pior pois esta pode envolver muitas vidas e um pequeno desvio nos lançaria no fundo de um abismo que tomaria longo tempo para ser galgado.
O exemplo dos homens e mulheres santos de todas as partes do planeta é valioso para os buscadores porque os anima a perseguir o mesmo ideal virtuoso que os levou ao encontro da real identidade do “self” e à conquista do mundo ilusório, a liberdade. Estes seres, obedecendo à Lei Universal do Ajuste, romperam seus grilhões. Pouco podemos dizer sobre os mecanismos internos que os levaram ao êxito pois que isto foge aos nossos atuais possibilidades de compreensão. Estes são os homens realmente livres e maiores que os Anjos e os Deuses (Devas) porque vencendo a batalha contra o mal alcançarão primeiramente os céus e no futuro se tornarão Senhores do Sistema Solar.
segunda-feira, abril 12, 2010
OCULTISMO Versus CIÊNCIAS OCULTAS
OCULTISMO Versus CIÊNCIAS OCULTAS
Excerto
IN: BLAVATSKY, H.P. Ocultismo prático e as origens do ritual na igreja e na maçonaria. Clássicos Pensamento. São Paulo: Pensamento, 2010.
“Esta última palavra certamente se presta a equívocos, traduzida que foi da palavra composta Gupta-Vydia, ‘conhecimento secreto’. Conhecimento de quê, entretanto? Algumas palavras sânscritas podem nos ajudar.
Há quatro nomes (entre muitos outros) para designar as várias espécies de conhecimentos ou ciências esotéricas ou mesmo exotéricos Puranas. São elas: (1) Yajna-Vidya, conhecimento das forças ocultas que podem ser despertadas na natureza a partir de certas cerimônias e ritos religiosos; (2) Mahavidya, ou ‘magnífico conhecimento’, a magia dos cabalistas e das seitas Tantrika, quase sempre feitiçaria da pior espécie; (3) Guhya-Vidya, conhecimento das forças místicas que habitam o som (éter), presentes, por conseguinte, nos mantras (preces e ladainhas cantadas), segundo o ritmo e a melodia usadas; em outras palavras, um espetáculo de magia baseado no conhecimento das forças da natureza e em sua correlação; e (4) ATMA-VIDYA, palavra cuja tradução é simplesmente ‘conhecimento da alma’, verdadeira Sabedoria segundo os orientalistas, mas cujo significado é muito mais amplo do que esse”.
Esta última é a única modalidade de ocultismo que os teosofistas, aqueles que se consiram admiradores da ‘Luz no Caminho’ ( (Light on the Path), que se querem sábios altruístas, deveriam se esforçar por obter. Tudo o mais não passa de um ramo ou outro das ‘ciências ocultas’, ou seja, métodos que visam ao conhecimento da essência última de tudo que existe no reino na natureza - como os minerais, as plantas, os animais, logo, dos fatos que dizem respeito ao domínio da natureza material, por mais que tal essência continue continue invisível à compreensão da ciência.
O candidato tem que escolher decididamente entre a vida mundana e a vida do ocultismo. É inútil e vão tentar juntar as duas coisas, pois ninguém pode servir a dois senhores e satisfazer a ambos. Ninguém pode ao mesmo tempo servir ao corpo e à alma superior ou cumprir com seus deveres familiares e universais sem privar uma coisa ou outra de seus direitos; assim também, o aspirante ou se dispõe a ouvir a ‘vozinha’ e deixar de ouvir o choro de seus pequenos, ou bem atende a estes e permanece surdo à v voz da humanidade. Para todo homem casão que busca o verdadeiro ocultismo prático e não a sua filosofia teórica, isso seria uma tarefa interminável e enlouquecedora. Pois ele estaria sempre hesitando entre a voz impessoal do divino amor da humanidade e a voz do amor pessoal, terrenal. E isso somente conduz ao fracasso numa ou noutra direção, ou até mesmo em ambas. Pior que isso: todo aquele que, tendo se comprometido com o OCULTISMO, rende-se às delícias do amor ou da cobiça humana, sentirá imediatamente as conseqüências - será irresistivelmente arrastado do estado divino impessoal para o plano inferior da matéria. A autogratificação sensual ou mesmo mental implica a perda imediata das faculdades de discernimento espiritual; a voz do MESTRE não mais poderá ser distinguida da voz das próprias paixões ou mesmo daquela de um Dugpa, nem o certo do errado, nem a moral sadia do mero casuísmo”.
“Uma vez equivocados e ainda assim persistentes no equivoco, muitos se recusam a reconhecer os seus erros, afundando-se cada vez mais no lamaçal. E muito embora seja a intenção que em principio determina se a magia é branca ou negra, nem por isso o resultado da feitiçaria mais involuntária deixará de produzir um mau karma. Já se disse muitas vezes que feitiçaria é qualquer espécie de influência maléfica a que se procura expor o outro, fazendo com que sofra e, por conseguinte, provocando o sofrimento também de outros. O karma é como uma pesada rocha a despencar nas águas calmas da vida, produzindo círculos cada vez mais amplos que se estendem, longamente, quase ad infinitum.
Assim produzidas, as causas exigem efeitos posteriores como evidenciam as justas leis da retribuição.
Tudo isso poderia ser evitado em grande parte se as pessoas simplesmente renunciassem ao exercício de práticas cuja natureza ou importância elas não compreendem. Não se pode exigir que alguém carregue um fardo mais pesado do que suas forças permitem”.
Excerto
IN: BLAVATSKY, H.P. Ocultismo prático e as origens do ritual na igreja e na maçonaria. Clássicos Pensamento. São Paulo: Pensamento, 2010.
“Esta última palavra certamente se presta a equívocos, traduzida que foi da palavra composta Gupta-Vydia, ‘conhecimento secreto’. Conhecimento de quê, entretanto? Algumas palavras sânscritas podem nos ajudar.
Há quatro nomes (entre muitos outros) para designar as várias espécies de conhecimentos ou ciências esotéricas ou mesmo exotéricos Puranas. São elas: (1) Yajna-Vidya, conhecimento das forças ocultas que podem ser despertadas na natureza a partir de certas cerimônias e ritos religiosos; (2) Mahavidya, ou ‘magnífico conhecimento’, a magia dos cabalistas e das seitas Tantrika, quase sempre feitiçaria da pior espécie; (3) Guhya-Vidya, conhecimento das forças místicas que habitam o som (éter), presentes, por conseguinte, nos mantras (preces e ladainhas cantadas), segundo o ritmo e a melodia usadas; em outras palavras, um espetáculo de magia baseado no conhecimento das forças da natureza e em sua correlação; e (4) ATMA-VIDYA, palavra cuja tradução é simplesmente ‘conhecimento da alma’, verdadeira Sabedoria segundo os orientalistas, mas cujo significado é muito mais amplo do que esse”.
Esta última é a única modalidade de ocultismo que os teosofistas, aqueles que se consiram admiradores da ‘Luz no Caminho’ ( (Light on the Path), que se querem sábios altruístas, deveriam se esforçar por obter. Tudo o mais não passa de um ramo ou outro das ‘ciências ocultas’, ou seja, métodos que visam ao conhecimento da essência última de tudo que existe no reino na natureza - como os minerais, as plantas, os animais, logo, dos fatos que dizem respeito ao domínio da natureza material, por mais que tal essência continue continue invisível à compreensão da ciência.
O candidato tem que escolher decididamente entre a vida mundana e a vida do ocultismo. É inútil e vão tentar juntar as duas coisas, pois ninguém pode servir a dois senhores e satisfazer a ambos. Ninguém pode ao mesmo tempo servir ao corpo e à alma superior ou cumprir com seus deveres familiares e universais sem privar uma coisa ou outra de seus direitos; assim também, o aspirante ou se dispõe a ouvir a ‘vozinha’ e deixar de ouvir o choro de seus pequenos, ou bem atende a estes e permanece surdo à v voz da humanidade. Para todo homem casão que busca o verdadeiro ocultismo prático e não a sua filosofia teórica, isso seria uma tarefa interminável e enlouquecedora. Pois ele estaria sempre hesitando entre a voz impessoal do divino amor da humanidade e a voz do amor pessoal, terrenal. E isso somente conduz ao fracasso numa ou noutra direção, ou até mesmo em ambas. Pior que isso: todo aquele que, tendo se comprometido com o OCULTISMO, rende-se às delícias do amor ou da cobiça humana, sentirá imediatamente as conseqüências - será irresistivelmente arrastado do estado divino impessoal para o plano inferior da matéria. A autogratificação sensual ou mesmo mental implica a perda imediata das faculdades de discernimento espiritual; a voz do MESTRE não mais poderá ser distinguida da voz das próprias paixões ou mesmo daquela de um Dugpa, nem o certo do errado, nem a moral sadia do mero casuísmo”.
“Uma vez equivocados e ainda assim persistentes no equivoco, muitos se recusam a reconhecer os seus erros, afundando-se cada vez mais no lamaçal. E muito embora seja a intenção que em principio determina se a magia é branca ou negra, nem por isso o resultado da feitiçaria mais involuntária deixará de produzir um mau karma. Já se disse muitas vezes que feitiçaria é qualquer espécie de influência maléfica a que se procura expor o outro, fazendo com que sofra e, por conseguinte, provocando o sofrimento também de outros. O karma é como uma pesada rocha a despencar nas águas calmas da vida, produzindo círculos cada vez mais amplos que se estendem, longamente, quase ad infinitum.
Assim produzidas, as causas exigem efeitos posteriores como evidenciam as justas leis da retribuição.
Tudo isso poderia ser evitado em grande parte se as pessoas simplesmente renunciassem ao exercício de práticas cuja natureza ou importância elas não compreendem. Não se pode exigir que alguém carregue um fardo mais pesado do que suas forças permitem”.
quarta-feira, março 10, 2010
Jacob Böehme, o Sapateiro Alemão
Jacob Böehme, o Sapateiro Alemão
Se nós analisarmos a vida de Jacob Boehme, um pobre sapateiro alemão, ficaríamos deslumbrados e dificilmente acreditaríamos que alguém que veio de tão baixo na escala social da época - por favor, não me comparem com o Bóris Casoy - foi capaz de atingir tamanho nível de iluminação.
Isto prova que não foi alguém que surgiu do "nada" mas resultou de um longo processo evolutivo que atravessou várias vidas. Eu me lembro de quanto fiquei estupefato quando li Boehme pela primeira vez e me vi diante de algo que eu achava que fosse monopólio das religiões orientais. Algo que só me causou tanto espanto quanto ver uma gravura de um europeu que ilustrava exatamente o mesmo que os hindus chamavam de "chackras" no século XVIII: Johan Georg Gichtel.
Há bastante tempo também perdemos um grande mestre, o Sr. Ramakrishna, também conhecedor dos mais elevados ensinamentos dos Vedas apesar da pouca instrução formal e de ser filho de pais pouco ou nada instruídos.
Tudo isso me faz recordar que há dois meses falava com uma Professora "Doutora" em filosofia que veio de São Paulo para a Bahia e era especialista naquele individuo chamado Wittgenstein. Ela simplesmente nunca havia ouvido o nome de Böehme e esboçou um sorriso algo sarcástico quando disse que tudo e muito mais que o idealismo alemão pretende ter legado ao mundo Böehme adiantou. "Nunca ouvi falar dele em Heidelberg".
Pois bem. Ela nunca ouviu falar, mas Hegel, Schopenhauer, Bauer, Feuerbach e muitos outros ouviram sim.
Não adianta perder nosso tempo precioso tempo com esse tipo de gente porque tudo o que querem é tornar menos tediosa a passagem de um grupo de indivíduos que "curte" se entreter com os joguinhos da "mente concreta inferior" até mais que os malabarismos sexuais ou etílicos até mais agradáveis e menos danosos aos macrocosmos.
Do alto da minha ignorância de quem até de filósofo armênio aprendeu alguma coisa - não Gurdjieff, mas o Dr. Jacob Bazarian - eu diria que essa gente nunca ouviu falar da intuição superior e, muito menos, da sua causa...
* Cópia de postagem no dia 11/03/2010 no orkut. Comunidade Teosofia
Se nós analisarmos a vida de Jacob Boehme, um pobre sapateiro alemão, ficaríamos deslumbrados e dificilmente acreditaríamos que alguém que veio de tão baixo na escala social da época - por favor, não me comparem com o Bóris Casoy - foi capaz de atingir tamanho nível de iluminação.
Isto prova que não foi alguém que surgiu do "nada" mas resultou de um longo processo evolutivo que atravessou várias vidas. Eu me lembro de quanto fiquei estupefato quando li Boehme pela primeira vez e me vi diante de algo que eu achava que fosse monopólio das religiões orientais. Algo que só me causou tanto espanto quanto ver uma gravura de um europeu que ilustrava exatamente o mesmo que os hindus chamavam de "chackras" no século XVIII: Johan Georg Gichtel.
Há bastante tempo também perdemos um grande mestre, o Sr. Ramakrishna, também conhecedor dos mais elevados ensinamentos dos Vedas apesar da pouca instrução formal e de ser filho de pais pouco ou nada instruídos.
Tudo isso me faz recordar que há dois meses falava com uma Professora "Doutora" em filosofia que veio de São Paulo para a Bahia e era especialista naquele individuo chamado Wittgenstein. Ela simplesmente nunca havia ouvido o nome de Böehme e esboçou um sorriso algo sarcástico quando disse que tudo e muito mais que o idealismo alemão pretende ter legado ao mundo Böehme adiantou. "Nunca ouvi falar dele em Heidelberg".
Pois bem. Ela nunca ouviu falar, mas Hegel, Schopenhauer, Bauer, Feuerbach e muitos outros ouviram sim.
Não adianta perder nosso tempo precioso tempo com esse tipo de gente porque tudo o que querem é tornar menos tediosa a passagem de um grupo de indivíduos que "curte" se entreter com os joguinhos da "mente concreta inferior" até mais que os malabarismos sexuais ou etílicos até mais agradáveis e menos danosos aos macrocosmos.
Do alto da minha ignorância de quem até de filósofo armênio aprendeu alguma coisa - não Gurdjieff, mas o Dr. Jacob Bazarian - eu diria que essa gente nunca ouviu falar da intuição superior e, muito menos, da sua causa...
* Cópia de postagem no dia 11/03/2010 no orkut. Comunidade Teosofia
terça-feira, fevereiro 23, 2010
Entre Deus e o Diabo, o Diabo.
Em termos modais o homem se importa apenas consigo mesmo. Para quem não sabe, a "moda" é uma medida estatística de posição que indica o valor mais freqüente em uma certa distribuição. A forma mais freqüente do homem encarar a relação entre si mesm o e o Universo é julgar-se um monumento à beleza, perfeição e inteligência, imune à morte e superior em sua capacidade de julgamente a todas as coisas animadas e inanimadas.
Este é o homem, tal qual o conhecemos em seu estágio atual de evolução.
O homem pode ser judeu, cristão, muçulmano. Pode ser hindú, budista, zoroastriano. Pode ser ateu, "agnóstico", gnóstico ou druso. Mas não deixa de ser homem quanto a suas inclinações. Se dissessem à maioria dos maisfervorosos praticantes de qualquer uma das religiões estabelecidas que se passasse a adorar ao Diabo, Satanás, Iblis, Belzebub ou a um Rakshasa e em troca obtivesse a vida eterna ou ao menos alguns anos a mais de vida ele seria capaz de levantar mil bezerros de ouro à nova divindade.
Se assegurassem a um homem que o sacrifício de um amigo em um altar lhe trouxesse a tão sonhada imortalidade ele beberia bastante vinho, cheiraria ópio e botaria um tapa olho e, com o nariz tampado, executaria tão inglória tarefa.
No Ocidente ele talvez contratasse um bom assassino profissional e suas dores de consciência não seriam tão atrozes a ponto de impedi-lo de "curtir" a vida, esta preciosa dádiva do iluminismo. No Oriente talvez atribuisse à Deusa Kali alguma virtude intrinseca ao ato de matar e imortalidade angariada dessa forma fosse compreendida como um tributo à Brahma.
Claro que no Ocidente a justiça comum ainda poderia absolvê-lo e, talvez, buscando um bom psicólogo pudesse comprovar que tal atitude apenas respondeu a um impulso proveniente do seu "id".
Este é o homem, amaldiçoado por suas comezinhas preocupações com o que pensa ser o seu "Eu", com as fantasias que alimenta a respeito do que os outros pensam a respeito de si (como se os outros de fato possuissem um "pensar" independente) e com as ilusões a respeita do mundo que o cerca.
Que engraçado, hoje ouvi no meu trabalho a expressão "meio ambiente antropizado". Eu quero acreditar que esta é toda aquela partição do planeta terra poluída pela presença do homem atual.
A nua e crua verdade é que o homem quer perpetuar o engano.
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