Gurdjieff

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domingo, junho 21, 2009

Pequena Cosmogênese - Stanislas de Guaïta"

“No princípio, na raiz do Ser, é o Absoluto. O Absoluto- que as religiões denominam Deus – é insuscetível de ser conceituado, e quem quer que pretenda defini-lo desnatura sua noção, colocando-lhe limites: “Um Deus definido é um Deus finito” (Èliphas Lévi).
Porém, desse insondável Absoluto emana eternamente a Díade Andrógina, formada por dois princípios indissoluvelmente unidos: o Espírito Vivificador e a Alma viva Universal (símbolo do mercúrio).
O mistério de sua união constitui o Grande Arcano do Verbo. Ora, o Verbo é Homem coletivo considerado em sua síntese divina, antes de sua desintegração. È o Adão Celeste antes de sua queda, antes que esse Ser Universal se modalizasse, passando da Unidade ao Número, do Absoluto ao Relativo, da Coletividade ao Individualismo, do Infinito ao Espaço e da Eternidade ao Tempo.
Sobre a Queda de Adão, eis algumas noções do ensinamento tradicional. Incitados por um móbil interior sobre cuja natureza intrínseca devemos silenciar aqui, móbil que Moisés (nome hebraico) denomina NAHASH e que definiremos, se quiseres, como sendo a sede egoística da existência individual, um grande número de Verbos fragmentários, consciências potenciais, vagamente despertadas em forma de emanação no seio do Verbo Absoluto, separou-se deste Verbo que continha.
Eles se destacaram – ínfimos submúltiplos – da Unidade-mãe que os havia criado. Simples raios deste sol oculto, dardejavam infinitamente nas trevas sua individualidade nascente, individualidade que almejavam ver independente de todo princípio anterior. Em suma, almejavam autonomia.
Contudo, como o radio luminoso goza apenas de uma existência relativa, com relação ao lume que lhe deu origem, esses Verbos, igualmente relativos, despojados de principio autodivino e de luz própria, obscureceram-se na medida em que se distanciaram do Verbo absoluto.
Eles se precipitaram na matéria, falácia da substância em delírio de objetividade; na matéria que é, para o Não-Ser, aquilo que o Espírito é para o Ser. Desceram até a existência elementar: até a animalidade, até o vegetal, até o mineral... Assim nasceu a matéria, que foi logo elaborada pelo Espírito, e o Universo concreto tomou um caminho ascendente, que remonta da pedra, apta à cristalização, até o homem suscetível de pensar, orar, aprovar o inteligível e se devotar a seu semelhante.
Essa repercussão sensível do Espírito cativo, que sublima as forças progressivas da Matéria e da Vida para empreender a saída de sua prisão, é constatada e estudada, sob o nome de Evolução, pela Ciência Contemporânea.
A Evolução é a Redenção Universal do Espírito. Evoluindo o Espírito reascende.
Todavia, antes de reacender, o Espírito decaíra. È o que chamamos de Involução.
Como o submúltiplo verbal se deteve em determinado ponto de sua queda? Que força permitiu que retrocedesse? Como a consciência adormecida de sua divindade coletiva pôde, enfim, despertar nele sob a forma ainda imperfeita da Sociabilidade? Há tantos mistérios profundos, que não poderíamos abordá-los aqui. Se a Providência estiver contigo, conseguirás compreendê-los.
Aqui me detenho. Já foste suficientemente conduzido pela senda. Eis-te munido de uma bússola oculta que, se não evitar que te desvies, pelo menos permitirá que sempre reencontres o caminho certo".
Guaita, Stanislas. No umbral do mistério. São Paulo, Martins Fontes, 1985.pp.94-95

sábado, junho 20, 2009

"Deus desce até o homem de gênio, enquanto o Mago ascende até Deus".
Stanislas de Guaïta

Claude Debussy - Arte e Sinestesia

O compositor francês Claude-Achille Debussy (Saint-Gérmain-en-Laye, 1862; Paris, 1918) foi uma das personalidades musicais mais importantes do final dos novecentos e início deste brutal e contraditório Século, tendo falecido sob o impacto das bombardeios e o terror nas trincheiras da Primeira Guerra Mundial que fizeram com que muitos homens deixassem de perceber o artista de elevada estatura que se despedia do mundo material em meio os mais atrozes desvios resultantes da degradação da consciência humana que são a guerra e os regimes satânico-totalitários como o comunismo de tipo soviético.
Por suas inovações em harmonia, com novas combinações nos acordes sua extraordinária capacidade de explorar novas possibilidades ritmicas, Débussy despontava como continuador genial de precursores da música moderna como Liszt, Chopin e Mussogorsky, tendo se interessado vivamente por Richard Wagner na juventude, cuja obra estudou profundamente. Entre os contemporâneos, influenciou Bártok e nosso conterrâneo Villa Lobos, entre outros.
Ouvir uma composição para piano de Claude Debussy, muito especialmente um "arabesque" é uma experiência deliciosa. Literalmente deliciosa, agrada ao olfato, à visão, ao tato, às papilas gustativas e, por que não, à audição. È que a música do compositor francês cigano (pouquíssimos sabiam dessa sua faceta à época) contém tanta densidade, é tão encorpada, onipresente e "onipenetrante" - sobretudo quanto executada por um virtuose do piano que lhe acrescente ornamentos técnicos pessoais - que é como se a cheirássemos, a fitássemos, à sentissemos com os membros e a saboreássemos como uma dos aqueles pequeninos biscoitos molhados que desmancham na boca ou um licor italiano fino.
A música de Débussy é feita como pequenos mosaicos plenos de sentido, singularidades como "mônadas" que se desprendem nos quatro elementos e que percebemos através de todos os sentidos atuais e outros perdemos há muito tempo ou um dia poderemos adquirir. Ela atesta a veracidade e pertinência das observações realizadas por certos clarividentes como Charles E. Leadbeater ainda no alvorecer do século passado sobre a estrutura da matéria nos diferentes planos e arrozoados de que versam sobre a interessante capacidade de "cheirar sons e ouvir cheiros" comuns àqueles que possuem a visão superior desperta.
A junção do prefixo grego "sin" e a palavra "aesthesia" gera o termo "sinestesia" que, conceitualmente, expressa a relação de diferentes planos sensoriais. Tanto pode representar uma figura de linguagem como uma condição neurológica que, até pouquíssimo tempo, era vista por psiquiatras ou por este estranho e perigoso grupo formado na sociedade atual por "analistas e psicólogos" (os inquisidores modernos) como um sério distúrbio que merecia tratamento médico e cuidados específicos.
Este é sem dúvida um excelente objeto de estudo clarividente. Também excitante pois nos instiga a investigar a maneira como artista do calibre de Débussy, poetas, pintores e escultores puderam criar uma arte objetiva que reproduzissem em pessoas medianas a faculdade de perceberem fenômenos precipuamente captados por clarividentes ou pobres seres que sofrem de alterações neurológicas tão perigosas...

PS: Em recente edição de uma revista brasileira, todas as pessoas entrevistas pelo repórter e que "sofriam" dos dos "distúrbios sinestésicos" afirmaram se sentir muito felizes em sua atual condição que é vista como um dom, o que contraria a pobre perspectiva da psiquiatria.
Vejam aqui uma matéria interessantíssima: http://revistaepoca.globo.com/Revista/Epoca/0,,EDG78439-8055-481,00.html

quinta-feira, junho 18, 2009

Lento e Cansado

Havia colocado as minhas coisas em alguma espécie de alojamento em uma cidade que parecia ser O.P. tudo estava lá, porém o restante julguei haver esquecido em lugar relativamente ermo. Olho tudo em volto e decido caminhar em direção ao lugar ermo, sempre o mesmo visto em outras ocasiões: algo como o parque distante a que temos de ir buscar algo. Mas sempre que caminhamos naquela direção nos sentimos imensamente cansados, quase rastejamos. As forças nos faltam, nos sentimos incapazes de alcançar o que buscamos. Sentimo-nos exaustos ao despertar.

Os Três Cérebros - Les Trois Cerveaux

Estamos em uma ampla casa de campo. T.K.D está deitada na cama e chama C.B. Ela não se levanta do amplo leito e permanece dormindo, imersa em profundo sono. O recinto é vasto, conta com uma grande cozinha. O Sr. M., pai de V.R.N, levanta-se repentinamente diante de uma pia com armário em madeira. A pia não tem limites, não é cercada por janelas dá para um quintal onde aparece terra escavada. O pai de V.R.N, jocoso e brincalhão como lhe é de costume, fala que desenterrou três cérebros da chão. Penso com meus b0tões, três cérebros quentes e vivos não podem ter permanecido muito tempo na terra. Pergunto se ele havia chamado a Polícia, dando uma rotunda gargalhada ele diz que não. Tudo é muito estranho e ao mesmo tempo compreensível.

segunda-feira, junho 15, 2009

A Questão do Auto-Conhecimento - "O Barato saiu Caro"

Muitas pessoas vêm me procurar e falam que estão buscando a si mesmas. Costumeiramente se referem ao "Oráculo de Delfos" e repetem com insistência que o "conhecer a si próprio" é realmente o que importa, o resto é negligenciável. Em parte correta a resposta. Porém, apenas em parte.
Me deparo o tempo todo com homens e mulheres que admiram os "gurus" do auto-conhecimento (os dois termos separados mesmo por um traço). Um punhado deles é sumamente respeitável e merece que se teçam mil elogios às suas pessoas. Homens e mulheres que atravessaram momentos difíceis, aprenderam com seus erros e estão tentando mostrar uma das vias possíveis para que o homem possa se inteirar dos meandros do SER.
A outra parcela nem sempre é tão admirável. Como sabemos, estamos habitando um mundo pequeno no sistema solar que possui um silencioso, misterioso e incompreendido satélite chamado "lua", que segundo alguns mestres é alimentado pelo que emana da vida orgânica em seu planeta, na verdade um simples e útil alimento para a amiga que o circunda em 29,4 dias. Isso parece fazer sentido, dado o absurdo de vivermos em um lugar onde as pessoas deixam de lado o que realmente importa na vida real em troca da aquisição de bens e objetos aos quais se identificam e passam a fazer parte do seu próprio ser.
Um observador distante - como diria sábio Mestre - não compreenderia tal comportamento da massa cárnea que apelidamos de "humanidade". Bem, seus gurus também não o "compreendem", mas o "entendem" com seu cérebro tripartido e tentam eles mesmos obter a máxima quantidade possível de coisas que possam amealhar graças a estultície dos pobres discípulos que os ouvem com o ouvido esquerdo e os vêm com o olho direito, buscando um outro bem - muito mais sofisticado e "espiritual" - que os "Broshos", "Krushnamurtas" e os "Yenganandos" passaram a vender no mercado sob o título de "autoconhecimento".
O "auto-conhecimento" que ofertam ( e a toda curva de oferta corresponde uma curva de demanda e seu respectivo preço de equilíbrio) é conhecimento autista, auto-conhecimento como confesso esquecimento e embrutecimento de si mesmo. É a falsa convicção de que brandidas algumas palavrinhas mágicas como "karma", "dharma", "dharana" (extraídas preferencialmente de um "Mestre" hindu que nada mais poderá lhes enganar e basta contemplar com irônica distância as grotescas querelas "intelectuais" travadas pelos "pobres de espírito" que jamais tomaram contato com a "divina essência" que promana do novo guru.
Bem. O auto-conhecedor de si mesmo, além de enriquecer o guru - materialmente ou inflando-lhe o maléfico ego - nada acrescenta a si e, muitas vezes, cai em um lodaçal de esquecimento e ignorância de si maior que o pobre "erudito" escravizado pela letra morta dos livros. Esta, ao menos, se for boa, um dia pode fazer que um fósforo se acenda no interior da alma. O guru apenas vai lhe provocar um rombo no bolso e a decepção de constatar o erro persistente na jornada e o que "o barato acabou saindo caro".

quinta-feira, junho 11, 2009

Mediunidade X Necromancia

São costumeiras as alusões aos "espíritos brincalhões" a que se refere Allan Kardec em seus escritos. Auxiliado como diz ter sido pelas mais elevadas inteligências do passado clássico e da Idade Moderna quem somos nós para questionar o maior expoente do espiritismoo ocidental que apenas no Brasil conta com milhões de seguidores - mais que em sua pátria natal, a França, onde é visto como expressão discutível do positivismo levado à espiritualidade ou uma afirmação às avessas da "religião positivista" à La Auguste Comte.
Espiritismo entretanto equivale a necromancia mais crua. Não há outra maneira de se inteirar das intenções de seres - ou restos de seres - que habitam os outros planos e em especial o astral inferior que não seja sua evocação, a chamada dos mortos. Desde a mais longínqua antiguidade esta prática é condenada como o mais detestável, espúrio e danoso ato de magia negra, capaz de produzir consequências cármicas de magnitude incalculável sobre quem o pratica. Dois casos célegres de operações necromantes - não "teúrgicas" a bem dizer, pois envolvem exatamente o contrário do trabalho divino: o recurso do Rei Saul à necromante com o intuito de tomar conselho do profeta Samuel e a célebre e nefasta prática ritualista em que Èliphas Lévy buscava evocar o "espírito" do grande Apolônio de Tyana.
Os resultados relativos aos dois exemplos são bem conhecidos: em um deles a inevitável derrota do primeiro Rei de Israel e repugnante morte pela espada além da perpétua execração de seu nome real. No segundo, segundo as palavras do próprio mago - cuja estatura espiritual é inegável, apesar de todos os seus erros - a quase loucura e uma estranha atração pela morte.
Que estes e outros exemplos esclarecedores possam incutir nas pessoas, em particular aos brasileiros - facilmente seduzidos pela idéia idílica da mediunidade - que perturbar o tranquilo repouso e período de aprendidagem dos que se foram do "mundo cèu" é o pior dos crimes que se pode intentar contra um Ser do ponto de vista cármico. Por outro lado, aproximar de nosso plano os moradores demoníacos das Qliphot, o que fica abaixo do mundo mais inferior é loucura e perdição absoluta que pode acarretar atrasos substantivos na evolução espiritual de quem se sujeita a semelhante atitude.
Quero fazer notar, não obstante, que os dois seres a quem os "evocadores" se dirigiram nos exemplos foram dois Entes de grande estatura neste mundo, um dos mais inspirados profetas de Israel e aquele que, segundo relatos históricos (o de G.R.S. Mead representa síntese brilhante destes nos tempos atuais) por pouco não se igualou ao próprio Jesus de Nazaré em sabedoria e milagres operados diante das gentes. Não são estes, justamente, os "espíritos elevados" cujos ensinamentos orientam os espíritas? Será que se sentem mais confortáveis em se manifestar diante de alguns cidadãos e mais tímidos ou "vingadores" quando falam a Saul, o Rei Ungido de Israel por vontade de YHVH?