Gurdjieff

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quarta-feira, novembro 30, 2005

Mitos Fundadores (Continuação II)

Os mitos relacionados ao dilúvio chamam-nos a atenção porque estão associados a lendas tão velhas quanto as da Atlântida e Lemúria (Ilha lendária engolida pelo mar e pela primeira descrita por Platão) e a uma gama extensa de referências em diferentes culturas. Para os gregos do VIII século A.C. a decisão de extirpar os homens da terra por intermédio de um dilúvio partira de Júpiter (Zeus), que se convencera a punir os homens ímpios que violavam o juramento da hospitalidade (uma virtude, "árete", bastante cara à "Paidéia"), repelindo os pedintes. O encarregado da execução da sentença foi Netuno. Em Ovídio, genial poeta romano, este episódio marcante da história humana é descrita com arrebatado ardor (1):
"O deus dos mares fere a terra com um golpe de tridente; ela estremece e a água jorra abundantemente dos mais profundos abismos. Os rios, transbordando, inundam a terra, arrebatam o trigo, as árvores, os rebanhos, os homens e fazem ruir os templos e casas. Quando um palácio resiste à impetuosidade da torrente, a água o cobre inteiramente e as próprias torres ficam submersas sob as ondas. Já estavam a terra e o mar confundidos. Este busca asilo numa montanha, aquele se lança num barco, e rema sobre o mesmo lugar em que costumava cultivar (...)".
Exatamente como na estória bíblica do Gêneses, Zeus extermina a humanidade, mas não totalmente. Havia um homem justo no meio dos mortais, Deucalião, que os deuses resolvem poupar, assim como sua mulher, Pirra. Os dois refugiaram-se em um barquinho (a arca de Noé helênica?) , ancorando no monte Parnaso (ora, não era o monte Ararat na Turquia?) ao término do dilúvio. Netuno então ordenou aos Tritões que fizessem ressoar suas conchas para que as ondas regressassem ao oceano, a terra apareceu aos poucos e Deucalião gritou:
"Ó minha irmã, ó minha esposa! Tu és a única que se salvou; o sangue e o casamento nos uniram outrora; hoje as nossas desventuras comuns mais ainda nos devem unir. Onde quer que o sol atire os seus olhos, só a nós dois é que se vê sobre a terra; o resto está sepultado para sempre debaixo das águas (...)".
Eivado de toques líricos, o "Noé Grego" e sua mulher não eram tão rudes e prosaicos como o semita que fizera sua arca por ordem de Javé. Oraram em um templo dedicado a Têmis (a justiça), todo coberto de musgo e a Deusa lhes proferiu oráculos que garantiram o futuro da espécie humana na tera. Tomaram então de pedras, das quais, ao lançarem ao chão, nasceram os homens e as mulheres.

(1) MÉNARD, René. Mitologia greco-romana. v.1. São Paulo. Opus Editora: 1991.



terça-feira, novembro 29, 2005

Mitos Fundadores (Continuação)


Para os antigos vedas, aqueles que legaram à Índia os Unapanishads e seu sistema social, as "Eras" pelas quais atravessava a humanidade (de acordo com Rao Bahadur Row, citado por Helena Blavatsky na "Síntese da Doutrina Esotérica (1)) eram o Krita Yuga, o Treta Yuga, o Dvapara Yuga e os tempos atuais, a "Era de Ferro" (2) (como na mitologia grega), a "Kali Yuga (ou "Era da Deusa Kali"). Um Quadro muito antigo descreve a duração destas "Eras" em anos terrestres (anos do ciclo de vida do homem, pelos calendários solar ou lunar) e está apresentado logo abaixo, em uma tabela:


Anos
360 Dias Mortais 1
O Krita-Yuga contém 1.728.000
O Treta-Yuga contém 1.296.000
O Dvapara Yuga tem 864.000
O Kali-Yuga tem 432.000


O total destas quatro Yugas perfaz um Maha-Yuga de 4.320.000. Setenta e um destes maha-Yuga formam o período do reinado de um Manu (306.720.000) e o reinado de 14 Manus é igual a 4.294.080.000 anos. Acrescentem-se os Sandhis (intervalos entre o reinado de cada Manu, de 25.920.000 anos e chegamos ao total desses reinos e interregnos de Catorze Manus que é de 1.000 Maha-Yugas que constituem um Kalpa, isto é um dia de Brahma. Levando em conta que a noite de Bhrama tem igual duração, um dia e uma noite de Brahma contêm 8.640.000.000 dias e um ano de Bhrama tem 360 dias e noites (3.110.400.000.000 dos nossos anos). Logo, 100 anos constituem um período ou idade de Bhrama, isto é, um Maha Kalpa de 311.040.000.000.000.

Falando do Senhor Caitan Mahaprabu, uma das encarnações de Krishna (os vedas e verdadeiros hindús crêem na reencarnação e em Avatares), adorado pelos "Gosvamis" (senhores dos sentidos, de Go, que pode significar "terra", "vaca" ou "sentidos" e swami, senhor), o sábio Bhaktivedanta Swami Prabhupadha (3) (fundador "Sociedade Internacional da Consciência de Krishna"), explica através de um belo poema em sânscrito de Rupa Gosvami o significado pleno da "Kali Yuga":

"anarpita-carim cirãt karunyavatirnah kalau
samapayutum unnatojjvala rasam sva-bhakti-sryiam
harih purata-sundara-dyuti-kadamba-sandipitah
sada hrdaya-kandare sphuratu vah saci-nandanah
(Caitanya-caratamrt, Adi 1.4).

O termo "kalau", em sânscrito, significa esta "Era", a de "Kali", "Era de Ferro", que segundo o Swami "(...) é muito contaminada, uma era de desavenças e discórdias. Rupa Gosvami diz que nesta era de Kali, em que tudo é discórdia e desavenças (...)", referindo-se à encarnação de Krishna diz: "(..)'Vós descestes para oferecer o mais elevado amor a Deus.' Samapayutum unnatojjvala-rasam: e não somente a mais elevada, mas também uma rasa, ou sentimento transcendental muito brilhante".

Em um mundo que a cada dia mais banaliza o sagrado, vale neste ponto - talvez adiantando outra temática - recordar como os oportunistas, vigaristas e "vendilhões do templo" banalizam a yoga, a arte milenar védica da União com o Cosmos, apresentando aos incautos versões desta ciência que se equiparam aos mais rudimentares exercícios físicos ocidentais, que aumentam a força física mas deixam irremediavelmente combalido o espírito, gerando os violentos rapazes que, embriagados, envolvem-se em incidentes homicidas, desastres nas estradas e enchem seus pais de dissabores.

Na "Era de Kali", os homens afastam-se do real significado do Yoga, cantado por Krishna do 'Bhagavad Gita" (4):

"Quando não tem nenhum desejo ardente, nenhum ódio,
Um homem anda a salvo entre as coisas
da luxúria e do ódio,
Obedecer ao Atman
É sua alegria tranqüila:
A tristeza se dissolve
Nesta paz transparente:
sua mente quieta
logo se estabelece na paz".

NOTAS:

(1) BLAVATSKY, Helena P. Síntese da doutrina secreta. São Paulo. Ed. Pensamento: s.d.
(2) Kali personifica a fúria feminina que deixa destruição e morte, vindo à terra em um momento de grave guerra entre Deuses e Demônios.
(3) PRABHUPADA, A.C. Bhaktivedanta Swami. ciência da auto-realização.Lisboa. The Bhaktivedanta Book Trust International. 1995.
(4) Há várias traduções do "Canto do Senhor" em português. O mais importante é que seja bilíngüe (cotejada pelo texto original em sânscrito).

segunda-feira, novembro 28, 2005

Mitos Fundadores

Um tema que deve ser caro à "Ciência Mística" são os mitos fundadores que a humanidade acalenta desde seus mais tenros anos. Em todos os povos, em diversos continentes, da Eurásia à África, da América à Oceânia, um conjunto de idéias arcanas ("arché") faz-se presente nas representações culturais dos indivíduos, perenizadas em suas artes (especialmente na poesia e na prosa) ou em transcrições orais que passam de geração a geração.
Estes antigos mitos, comuns a povos tão díspares, exprimem eventos traumáticos que se sucederam no início da humanidade (como seria o caso do dilúvio) ou impressões místico-religiosas primevas que se fincaram como fundamentos de muitos cultos, alguns deles extintos, outros ainda vivos, sob novas denominações.
Da leitura de parte da produção escrita dos gregos, romanos, babilônios (e demais povos do "Crescente Fértil"), egípcios, hebreus e hindús, depreende-se que há dois tipos de mitos fundadores, segundo a sua abrangência e cinco segundo o número. Estes são mitos privativos da tradição indo-européia-semítica e aqueles últimos possuem menor nível de universalidade, abrangendo diferentes culturas.
Entre os mais importantes mitos fundadores está o do primeiro homem. O Adão bíblico, batizado "Adam Kadmon" pelos cabalistas, o "homem primordial". Outro mito fundador é do pecado original, Eva atraída pela serpente, dando a Adão o fruto da vida. A lenda do paraíso - com todo o seu significado ético - toma feitio distinto nas histórias de Prometeu e Pandora em Hesíodo, na queda queda dos Titãs, a "Titanomaquia" (por analogia, a queda de Lúcifer) e tantas outras idéias-mestras da humanidade. Prometeu, imortalizado em Ésquilo, aliás, é "Ankylométis" em grego, "habilidoso na arte da tramar" e capaz de desafiar Zeus, assim como Eva e a Serpente ludibriaram o Criador.
Por comer do "fruto da razão", Adão e sua descendência passaram a carregar o fardo do "pecado original" e "Do suor do teu rosto comerás o teu pão, até que tornes à terra, porque dela foste tomado; porquanto és pó, e ao pó tornarás", diz o Gênesis(1). Na Grécia, mais tarde, Hesíodo seria mais condescendente com o homem e mais otimista com o trabalho. O mesmo tema é gravado na mitologia grega, advertindo o poeta a seu irmão: "Ó Perses! Mete isto em teu ânimo: a luta malevolente teu peito do trabalho não afaste para ouvir querelas na Ágora e a elas dar ouvidos" (2).
Um segundo mito de especial significação esotérica é o dilúvio. Ele é bem claro nas tradições babilônicas, hebréias (semíticas em geral), grega e romana. Entre os babilônios, o relato do dilúvio aparece na "Epopéia de Gilgamesh", descoberta em tabuinhas cuneiformes por John Henry Layard, nas ruínas de Nínive. Seu inestimável valor foi reconhecido no encontro de dezembro de 1872 da Sociedade de Arqueologia Bíblica, em que, pela primeira vez, reconheceu-se uma nova descrição do dilúvio (3).
Da antiga literatura suméria (o sumeriano era uma língua, já à época, adstrita aos intelectuais, como o grego antigo e o latim) restaram cinco poemas relativos ao herói Gilgamesh e uma tábua, incompleta, tratava do dilúvio, não fazia parte do ciclo de Gilgamesh, mas foi nele incluído posteriormente. Há na realidade um Noé, nesta tábua, chamado Ziusudra ("ele viu a vida") e ainda um mais arcaico, datando da primeira metade do segundo milênio A.C., no qual o protagonista se chamava "Athrasis".
Com efeito, o Noé Bíblico que constrói sua arca e recolhe os animaizinhos indefesos para procriar-lhes as espécies inspira-se em estórias que circulavam na Babilônia nos anos do exílio Judaico. Por trás de um Deus que cria a humanidade e se arrepende depois, decidindo exterminá-la pela água, está um segredo ainda maior: o milagre do arrependimento e da remissão dos pecados pela água, retomado no batismo cristão. Assim, cessada a intempérie, disse Deus a Noé (Gênesis, capítulo 9, v. 1-3; tradução de João Ferreira de Almeida):
1 Abençoou Deus a Noé e a seus filhos, e disse-lhes: Frutificai e multiplicai-vos, e enchei a terra.
2 Terão medo e pavor de vós todo animal da terra, toda ave do céu, tudo o que se move sobre a terra e todos os peixes do mar; nas vossas mãos são entregues.
3 Tudo quanto se move e vive vos servirá de mantimento, bem como a erva verde; tudo vos tenho dado (4).
Este não é o momento adequado para abordar o assunto, mas hoje se sabe que boa parte da "Torá" fora escrita na Babilônia. Talvez agrupe estórias esparsas reunidas pelos hebreus desde o cativeiro egípcio, pois muitos episódios do "Velho Testamento" são cópias quase literais de papiros famosos no Delta do Nilo. Outras versões retratam tradições babilônicas absorvidas pelos Hebreus em seus contatos com povos vizinhos. Independente disto, Noé e Adão, o homem primordial, são patrimônio conjunto de hebreus, cristãos, gregos e uma série de povos antigos.
Um outro mito freqüente entre os antigos é o das "Idades do Mundo". Para Hesíodo, em "Os Trabalhos e os Dias" ("Kai Erga Imerá") estas idades correspondiam às cinco raças, a de ouro, a de prata, a de bronze, e a dos Heróis e a de Ferro. A raça de Ferro, assim como a "Kali Yuga" dos vedas e hindús coincide cronologicamente com o tempo comum, ou seja, nossa era. Lamentava Hesíodo que:
"Antes não estivesse eu entre os homens da quinta raça,
mais cedo tivesse morrido ou nascido depois.
Pois agora é a raça de ferro e nunca durante o dia
cessarão de labutar e penar e nem à noite de se
destruir: e árduas angústias os deuses lhes darão.
Entretanto a esses males bens estarão misturados.
Também esta raça de homens mortais Zeus destruirá,
no momento em que nascerem com têmporas encanecidas.
Nem pai a filhos se assemelhará, nem filhos a pai; nem hóspedes a
hospedeiro ou companheiro a companheiro
e nem irmão a irmão caro será, como já haviam sido;
vão desonrar os pais tão logo estes envelhaçam
e vão censurá-los, com duras palavras, insultando-os;
cruéis, sem conhecer o olhar dos deuses e sem poder
retribuir aos velhos pais os alimentos;
[com a lei nas mãos, um do outro saqueará a cidade]
graça alguma haverá a quem jura bem, nem ao justo
nem ao bom; honrar-se-á muito mais ao malfeitor e ao
homem desmedido; com justiça na mão, respeito não
haverá; o covarde ao mais viril lesará com
tortas palavras falando e sobre elas jurará.
A todos os homens miseráveis a inveja acompanhará,
ela, malsonante, melevolente, maliciosa ao olhar.
Então ao Olimpo, da terra de amplos caminhos,
com os belos corpos envoltos em alvos véus,
à tribo dos imortais irão, abandonando os homens,
Respeito e Retribuição; e tristes pesares vão deixar
aos homens mortais. Contra o mal força não haverá!".
NOTAS:
(1) "Bíblia Sagrada. Tradução de João Ferreira de Almeida.
(2) Anônimo. A Epopéia de Gilgamesh. São Paulo. Martins Fontes: 2001.
(3) Hesíodo. Os trabalhos e os dias.São Paulo. Iluminuras: 2002; Hesíodo. Teogonia - a origem dos Deuses. São Paulo: Iluminuras: 2003

Mais alguns Limites da Ciência

Sou um produto do século XX. Estudei matemática, física, química e biologia. Não deixo de consultar meu médico regularmente, uso antibióticos, interesso-me por astronomia. Leio bastante sobre técnicas para prolongar a longevidade e até mesmo a que está relacionada uma vida extensa e de boa qualidade. Na semana passada maravilhou-me um estudo científico que relaciona um determinado gene ao câncer. Retirando-o, pode ser inibida a reprodução desordenada de células que os médicos denominam "carcinogênese" mas também se acelera o processo de envelhecimento. Uma relação paradoxal entre os opostos.
O fato de respeitar a ciência não me tornou fanático por ela. Reconheço que muitas perguntas não foram ainda satisfatoriamente e, talvez, nunca o serão. Tomou ares de lugar comum a falta de precisão da medicina. Todos os dias nos deparamos com novas descobertas que contradizem tudo aquilo que havia sido dito há poucos anos ou meses. Não me surpreenderia se um grupo de pesquisadores australianos afirmassem em breve que fumar cigarros faz bem à saúde ou beber vodka aumenta a quantidade de neurônios no cérebro.
Na astronomia os estudos também são extremamente contraditórios e as "conclusões" instáveis. Houve mesmo a inflação do universo? Há defensores ardorosos desta tese, outras a afastam com desdém. O mesmo ocorre com a famosa teoria do "big-bang", que parece favorecer a tese cristã da criação "ex nihilo" (a partir do nada). Esta versão da origem do Universo coincide estranhamente com a visão neoplatônica do Uno e suas emanações ou do desdobrar do "ein soft" da cabala em "sephiróts" (ou hipóstases de Plotino). É bastante atraente para algumas religiões monoteístas mas não se sabe de quem a tenha provado, por enquanto.
As "dobras do universo" - e a pressuposta capacidade de nos remetermos a dimensões paralelas - ou as consequencias lógicas da teoria mais ampla da relatividade, como o espaço-curvo, têm servido mais para alimentar a imaginação dos escritores de roteiros para Hollywood que para ampliar nossa compreensão do funcionamento das coisas. Estas teorias - e outras que pululam no meio científico de hoje - soam extravagantes para os cérebros mais refinados e nos fazem, às vezes, acreditar que a parábola da criação do "Gêneses" é bastante racional (face ao que temos lido...)
Apesar dos astrônomos e físicos elaborarem modelos do universo, as certezas estão confinadas mais a estas construções racionais que à realidade. Mesmo com os poderosos telescópios - como o "Hubble" e aqueles dispostos em observatórios em terra - até hoje sequer conhecemos nosso próprio sistema solar (há coisa de um mês identificamos outro planeta e temos dúvidas se Plutão é mesmo um planeta ou apenas mais um objeto do "Cinturão de Kuipfer", uma vez que sua órbita é muito irregular).
E a matéria escura? Depois de termos negado o recurso teórico do éter (que fascinou tantos pensadores), cunhamos um outro conceito que não sabemos definir muito bem do que se trata, mas é útil para garantir a estabilidade de nossos modelos. Ela faz sentido por que nos dá um "quantum" adicional de matéria (espertamente chamada de "escura" e invisível") que ajuste nossas hipóteses a conclusões que deliberamente queremos tomar. Mais um "artifício de cálculo" que algo palpável.
E se nossos conhecimentos do universo e nossa Via Láctea são tão estreitos, o que dizer do que sabemos de nosso próprio planeta, a Terra. Nós ainda não a conhecemos, isto é inquestionável. Décadas após o lançamento de "Viagem ao Centro da Terra" do fantástico Júlio Verne, ainda ignoramos quase por completo o que existe no centro do planeta. Embora saibamos que a Terra não é oca (ao contrário do que pensam alguns fanáticos que sustentam esta doutrina esotérica), nada podemos asseverar com segurança sobre sua composição interior. Há projetos como lançar um bólido impulsionado por chumbo derretido em seu interior, provisionado com câmeras, porém este experimento é mais inviável que lançar sondas espaciais aos confins do sistema solar.
Em outras áreas do (des) conhecimento nossas limitações são ainda mais evidentes. Principalmente na biologia, na medicina, na economia, na física (sim, na física) e no terreno aparentemente árido e correto da matemática. Prosseguimos como viajantes cegos neste mundo que um dia sonhamos ter desvendado, do alto de nossa ignorância, propriedade indissociável da condição humana.
Como conclui Stephen W. Hawking em "Uma Breve História do Tempo" (1), tudo o que temos são modelos explicativos do comportamento das leis da universo. Os povos primitivos acreditavam que uma torre infinita de tartarugas sustentava a terra, nós referendamos a teoria da supercordas. "As duas descrevem o universo, ainda que a última o faça de maneira muito mais matemática e precisa do que a primeira. A ambas, entretanto, falta a evidência empírica: ninguém jamais viu uma torre gigante de tartarugas com a terra em seu topo; mas tampouco ninguém jamais viu uma supercorda".

NOTAS:

(1) HAWKING, Sthephen. Uma breve história do tempo - do big bang aos buracos negros. São Paulo. Ed. Rocco: 1988. 30a Edição.

domingo, novembro 27, 2005

Ciência e Divino - Tortuosa Relação

A ciência praticada entre os antigos ignorava a tortuosa relação entre o saber e o divino. O conhecimento nascia e se desenvolvia em meio á religião, que era um aspecto do conjunto da vida social. Só o iluminismo produziu a separação definitiva entre ciência e filosofia – abrindo caminho para o ceticismo absoluto - pois Kant foi o último filósofo-cientista.

Mas o que chamam de “ciência”, baseada no “método experimental” (formulação de hipóteses, teste das hipóteses e rejeição ou aprovação de seus resultados em um continuum ) ou no instrumental das matemáticas e da lógica formal nada mais que descrever o funcionamento do mundo, anotar regularidades dos fenômenos (sua repetição) e ampliar a previsibilidade dos eventos naturais.

Descrever a natureza não é conhecê-la nem afirmar a “razão” (sentido) do que existe no mundo. Se Newton e os físicos aplicam os princípios da mecânica e admitem o domínio da “Lei da Gravidade”, apenas dizem: dadas a distância, a massa de dois objetos e uma constante gravitacional se produzirá tal atração. Nada é dito a respeito dos mistérios do mundo e o “porquê” dos fenômenos.

A ciência atual conhece quatro grandes forças da natureza que exprimem o inefável e místico princípio criador: o magnetismo, a eletricidade, a atração nuclear forte e atração nuclear fraca. Não houve cientista que até hoje pudesse dizer em que consistem estes princípios. É possível tão somente descreve-los por meio de equações, o que prova as limitações de todo o conhecimento científico.

A moderna cosmologia também nada diz sobre a origem real do Universo. Pensou-se, durante séculos, que antigos como Cláudio Ptolomeu no “Almagesto” estivessem errados em colocar o planeta Terra como centro do sistema solar e não faltaram aqueles, após Copérnico e Galileu, que caçoaram das verdades sagradas e do “misticismo” daqueles que sustentavam esta teoria. Este proceder dos antigos tinha significado muito mais espiritual, pois do ponto de vista lógico, tanto faz dizer que a terra gira em torno do sol quanto o contrário, pois o problema é apenas o de apontar referências.

A leitura dos cosmólogos é sensacional e abre novos horizontes. Suas especulações matemáticas – extremamente complexas – sobre o início dos tempos (uma “explosão inicial”, ou não, finitude ou infinitude do universo, homogeneidade, processos de formação da matéria) e as peculiaridades dos universos (no plural), da matéria comum e da matéria negra (invisível) são instigantes. Mas, toda esta teorização continua dizendo muito pouco sobre as razões que levam as coisas a se darem desta forma e não de outra.

Jamais os cientistas saberão dizer por que os seres racionais surgiram neste pequeno planeta, por que motivo a vida está na terra e, até o momento, não foi encontrada em outras regiões do espaço e qual o sentido de nossa existência. Por que razões especialíssimas os elementos imprescindíveis à vida se achavam na Terra e por que motivo centenas de premissas para o brotar de seres animados se concretizaram aqui, não em outro lugar do Cosmos.

Estas explicações só nos podem ser dadas pela ciência esotérica, pela nova “Teoria Mística do Conhecimento”, jamais pelos cientistas.

sexta-feira, novembro 25, 2005

Novas Teses sobre o Mundo

13. O mundo dotado de uma lei interna de movimento que estabelece proporções entre sexos e o termo da vida das pessoas, de ambos os sexos (Lei da Natureza). "A natureza ama esconder-se" (Heráclito).

14. A luta pela vida como princípio eterno e um dos componentes da Lei da Natureza enquanto Lei Superior de regulação das sociedades humana.

15. A falácia do "Natura non facit saltus". O "eterno retorno" como imperativo lógico-dialético.
15. O Uno e o Trino. O três aspectos do Uno. Manifestações exteriores do objeto (hipóstases). O objeto em si ("Uno") é incompreensível e inefável.

16. A "causa primeira" pode ser intuída ou vista em suas emanações (arrebatamento místico).
17. Da "Lei do Eterno Retorno" depreende-se a cadeia perpétua dos silogismos Tese-Antítese-Síntese ... Tese (ad infinutum).

19. O "destino". Erro daqueles que não acreditam no destino e supõe que o indivíduo sempre determina o seu rumo nesta terra. Da "Lei da Natureza" decorre como conseqüência lógica o poder do destino sobre a vida dos homens.

20. O "Pai, o Filho e o Espírito Santo". Deus, Alma, Espírito. "Psiqué" e "Pneuma". "Hagion Pneumaticon". Nada mais incompreendido que a distinção entre os conceitos de alma e espírito, cujo esclarecimento é a chave para a compreensão do princípio máximo da Trindade (o "Trino", explicado como a "santíssima trindade" cristã, egípcia, grega ou babilônia).

22. As fontes necessárias do conhecimento são duas: a razão e o arrebatamento místico.

23. A magia como conhecimento do "super-natural" (supra-natural) que é diferente da "Meta ta physica" (metafísica = "além da física"). A magia considera o arrebatamento místico como fonte do conhecimento, a metafísica a especulação lógico-formal ou lógico-dialética.

24. O "Homem" não historicamente realiazável no mundo pós-iluminista. O "Homem" se reduz ao "homem" (Universal contra particular). O "homem" não-determinado atual aparece como amálgama de atributos externos não-jungidos ao conceito universal de homem (este ponto necessita de explicação dada a sua complexidade).

25. O "homem-grupo" contra o "homem-sociedade". O homem presentificado como reflexo imediato não-consciente do grupo que engolfa sua alma ("psiqué"). Há um contraste nítido com o homem antigo que consciente e por imperativo da vontade coloca as pedras de uma sociedade que espelha o seu pensar. Não se verifica nos tempos passados a contradição ("contradictio") "homem-sociedade" mas homem = sociedade. Negativamente, o "homem" terráqueo hodierno é composto de elementos de um amálgama indeterminado e não-direcionado (aqui chamado de "grupo social", por contraposição a "societas").

26. Um princípio comum a todos os pensadores e homens de bom senso desde o começo do mundo: amai-vos uns aos outros como eu vos amei, ou como sentenciou o Logos, "O primeiro mandamento é: amarás o teu próximo como a ti mesmo". Imperativo categórico de Kant e do rabino Hillel. Em nosso sistema natural o mandamento é alterado: "Ama o teu próximo como a ti mesmo, mas se padeceres de fome, coma-o".

Igreja Católica

Por quê ser católico? Por que a Igreja Católica Apostólica Romana representa a linha de continuidade com a Antiguidade Clássica. Estranho não?