Gurdjieff

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Quem é Gurdjieff?

sexta-feira, junho 25, 2010

A Curta Vida do Homem como um Fenômeno Cósmico - Relações entre a Cristalização do Órgão Kundabuffer e o Raio de Criação no sentido de Gurdjieff

Vale do Capão, Chapada Diamantina. Foto do autor.
Estou em uma pousada no Vale do Capão, na Chapada Diamantina. A paisagem é bucólica, apaixonante como os picos dos Alpes, mais nova e menos imponente que os Andes mas transbordam mistérios da "mãe natureza". A temperatura é baixa e agradável, contrastando com o sempiterno calor da cidade de Salvador e a alta umidade do ar que me deixa enxaguado de suor durante todo o dia. Nas trilhas da Chapada colho pequenas amostras da flora local e cheiro seu aroma com o intuito de associá-lo a algo conhecido. As casas enormes dos cupins do mato abundantes por aqui me intrigam. Elas são feitas de terra amalgamada em substância secretada pelos pequenos insetos. Furo como uma espécie de "experiência científica" uma delas com o golpe de um pequeno martelo e centenas deles saem do seu reino. Intimamente me debato com certo sentimento de culpa por ter destruído trabalho tão belo e ao mesmo tempo me assaltam três idéias: em primeiro, a de que aquele "drama de proporções cósmicas" que abalou todo o "mundo dos cupins" partiu de um ato de vontade de minha parte (tomar o matelo e batê-lo na casinha). Outra foi a conclusão de que, do ponto de vista dos cupins,nada poderia ter sido antecipado, o choque com o meu martelo não poderia ser evitado. Elas são exatamente como nós, sujeitos a "leis superiores" e sujeitos ao acaso pois, assim como para nós, tudo para os cupins acontece. A terceira idéia é menos filosófica e se relaciona com o remorso que desencadeia ato tão brutal do ponto de vista dos valores "espirituais" ou o que nos ensinaram nos cursos de "bom mocismo" da religião da "Nova Era" quanto aos animais.
À noite volto para meu canto e durmo com o zunido das cigarras e os barulhinhos dos grilos. Ressinto-me de que ainda preciso um longo trabalho sobre mim mesmo para que as impressões que borbulham em meio tão rico possam ser assimilados pelo meu mecanismo interno e produzir as substâncias de ordem superior de que meu organismo realmente precisa.
Da varandinha do quarto vislumbro as montanhas que circundam o vale. Caminhando por ma trilha que conduz a um mirante, à tardinha, percebo que o efeito da tênue luz solar sobre as formas gigantescas ao longe compõe um espetáculo fascinante. Com a câmera reflex mais um tripé tiro algumas fotografias e usando meu lápis grafite faço esboços rápidos da paisagem em um caderno de desenho, para retocá-los depois. Espanto-me como a visão física das coisas pode mudar graças a meros deslocamentos do sol em sua carreira diurna. Assim como no mundo físico, nossa interpretação dos fenômenos também é sujeita às distorções de perspectiva. A forma como a luz incide ou não sobre nossa razão é que determina seu grau de objetividade.
Antes do anoitecer de ontem, ainda no mirante, contemplo o infinito. Tudo se cala e com os ouvidos capto apenas um som básico que reúne em um fio vibratória continuo as emanações de toda a natureza, o vento batendo nas pedras, os bichinhos e animais da caatinga, os resquícios da atividade humana em uma a vila próxima. Nestes momentos de intensa atividade consciente vieram-me à mente algumas implicações da idéia do raio de criação ensinada nas escolas e transmitida ao Ocidente por Georges Gurdjieff principalmente as relações entre os vários cosmos e a duração da vida do homem na atualidade.


A formação rochosa da Chapada Diamantina faz parte de um subgrupo comportado pela Serra do Espinhaço no Brasil. Há cerca de um bilhão de anos atrás o Ser Vivo que é o planeta Terra foi depositando ao longo de sua evolução geólógica, umas sobre as outras, camadas rochosas e areníticas que resultaram na atual conformação da sua superfície que se assemelha às delicadas capas de um doce folheado. Há algumas centenas de milhões um movimento de “ejeção” propiciado pela peculiar dinâmica energética do “fogo interno” que arde nas camadas que circundam frenético núcleo terreno elevou estas paragens situadas na Bahia alguns metros. O mesmo ocorreu nos Andes, por isso este "autor" teve a oportunidade de colher várias amostras de conchas em povoados nos arredores de Cuzco, situados milhares de metros acima do nível do mar. Em sua esfera cósmica e no seu lugar no raio de criação que emana do Absoluto, o Planeta que habitamos não se encontra em uma posição confortável. Fica apenas um pouquinho acima do “pior lugar do universo”, a lua. Aqui as possibilidades de evolução do homem são muito pequenas, senão inexistentes. Só com “sofrimentos intencionais e trabalhos conscientes” o homem pode esperar alguma mudança em seu destino.A “cronologia geológica” é trilhões de vezes mais abrangente que a humana segundo a escala dos cosmos. Penso que não é possível comparar a vida do homem com a da terra por dois motivos. Em primeiro lugar, a terra “ab initio” tem uma fim determinado para sua existência e um período de vida estipulado. O homem também tem um fim determinado para sua existência - suprir um dos seus satélites,a lua ou Anulios de alimento, isto é, manter a pulsação do “raio de criação” , ou seja, a oitava cósmica, desde a origem à sua nota final , a lua. Se o fim a que tende o homem enquanto gênero é definido, sua duração vital nem sempre o foi. Hodiernamente, pequenas mudanças na "qualidade de vida do homem" (mais alimento físico, sistemas de saúde eficientes, melhores remédios ou menos guerras e violência urbana) alteram o que os "demógrafos" (esquisitos "especialistas" hasnamussem em "populações humanas")batizaram de "expectativa de vida" que, no geral, oscilam no intervalo compreendido entre uns 70 e 90 anos, no máximo. Mas nem sempre foi assim.
Antes que as conseqüências do órgão que fazia com que os seres humanos não vissem as coisas como elas realmente são - o órgão “Kundabuffer” de que Gurdjieff fala nos “Relatos de Beelzebub a seu Neto“- fossem cristalizadas na “psique” do homem (um termo adorado pelos modernos “hanasmussem-demagogos”, os psicólogos) - o homem vivia o número de anos que fossem necessários até que alcançasse a “razão objetiva”. Costumo dizer que as elevadas idades dos patriarcas bíblicos, de São Noé a São Matusalém, não são apenas alegóricas ou mesmo equivalentes à nossa atual “métrica etária” mas escritas com outros nomes que eram usados na alta antiguidade. Estas idades expressas em livros do Novo Testamento, para o horror dos "hermeneutas de salão", expressavam a real duração de suas vidas e talvez pecassem por serem inferiores ao termo real da existência daqueles homens e mulheres com nível elevadíssimo de Ser.
Ocorre, para ser mais exato, que no “plano da obra cósmica” o homem não é importante. Não interessa ao desenvolvimento da oitava descendente cósmica que o homem evolua.Muito pelo contrário. Se todos os homens fossem conscientes de si mesmos a lua não teria alimento e o grande mecanismo equilibrante concebido pelos maiores "engenheiros do universo" para remediar os efeitos do impacto de corpo celeste Condoor sobre o planeta há milhões de trilhões de anos não mais funcionaria. Haveria uma grande perturbação cósmica (uma nova "perturbação transalpânica", de acordo com a terminologia adotada pelo Sr. Gurdjieff)que influenciaria até mesmo os outros raios de criação, trazendo incessantes preocupações ao “TODO BONDOSO” e particularmente ao nosso “TODO GLORIOSO SOL”.
Na Idade Média - que outro grupo de "fazedores de intrigas", os "historiadores" competentemente transformaram em "Idade das Trevas" - os teólogos e pensadores sistematizaram visões do mundo como criado por um Grande Arquiteto do Universo manipulando seus instrumentos de trabalho, o esquadro e o compasso. Segundo orientações de um antigo povo de pescadores em busca de passatempo, os gregos, foram construídos mecanismos reais e representações gráficas do sistema solar como um conjunto de órbitas colocadas em movimento por meio de uma alavanca central impulsionada pelo “primum móbile”.
As teorias dos teólogos, válidas ou não a depender da escola escolhida, seja de Ptolomeu, Brahe ou Copérnico, podem ser aceitas como uma tentativa de compreender o sistema solar como um todo articulado e mutuamente dependente. Nesse sentido, os velhos filósofos que são alvos da zombaria e sarcasmo dos modernos “papagaios empolados da pseudo-ciência capitalista” estariam corretos. O “raio de criação” (o Absoluto, Todos os Mundos, a Via Láctea, o Sol, os Planetas, a Terra e a lua) iniciando-se no absoluto ou o dó original e a lua, o dó final, é organizado racionalmente. Seu primeiro semi-tom é preenchido pela vontade do absoluto em si. O segundo semi-tom pela vida orgânica sobre a terra, na qual está o gênero humano.
Se apenas um por cento da humanidade alcançasse a consciência objetiva, o raio de criação seria rompido. A destruição de todos os cosmos e raios de criação seria uma possibilidade objetiva. Isso então não é possível para a maioria das homens o que não significa que haja possibilidades. Estas possibilidades são dadas, mas apenas para alguns que entram em contato com as verdadeiras escolas. A escola cujos ensinamentos originais GURDJIEFF trouxe ao Ocidente é a ÚNICA que detém o real segredo da evolução do homem. Todas as demais tradições ficaram apenas com algumas migalhas daquele pão que fora feito com o fermento original dos GRANDES MESTRES que visitaram esse planeta nos principais momentos de sua história.
Antes que a Chapada Diamantina fosse sedimentada através da deposição de materiais esparsos, antes que se elevasse alguns metros acima de seu nível primordial, os grandes Mestres que conceberam este ensinamento e acompanharam os percalços da Terra e dos recentíssimos seres humanos já estavam por aqui. Alguns foram enviados em seu nome. Santo Ashieta Shiemah, São Moisés, Santo Buda, São Jesus, São Lama. Pouquíssimos homens de três cérebros ou três centros independentes foram iluminados por por um pequeno raio desse feixe de luz. Seus ensinamentos foram desvirtuados por seguidores inescrupulosos ou simplesmente escravizados no inferno real, o “reino da mecanicidade”.
Todos os verdadeiros adeptos possuíam longa vida no mundo físico, todos aqueles que viveram antes da cristalização do famigerado órgão “Kundabuffer” viviam até o alcance da consciência objetiva. Costumo dizer que a ênfase dada ao mundo físico neste Sistema é fundamental pois é a realidade material que temos como verdadeiro parâmetro. Qualquer discussão sobre "reencarnação" representa enorme perda de energia e lenha para a fogueira da imaginação, sem qualquer utilidade real para o Trabalho. O fato é que temos a chance de mudar nossa “cronologia” e nos aproximarmos da cronologia da Chapada Diamantina que é um pedaço rugoso da epiderme terráquea. Quiça podermos cristalizar elementos solares em nós. A única forma de fazê-lo é encetar o trabalho na linha do Gurdjieff, o QUARTO CAMINHO. O momento para tal é o AGORA, a união entre o horizontal e o vertical.

segunda-feira, maio 03, 2010

A Vida Oculta na Maçonaria de Leadbeater

A Vida Oculta na Maçonaria de Leadbeater(*)

(*) Reprodução de postagem da comunidade "Teosofia" do Orkut

Na semana passada concluí uma pequena peça em que trabalho com alguns trechos da "Vida Oculta na Maçonaria" de Leadbeater, entre outros autores. Nada melhor que uma cuidadosa releitura para apontar aspectos positivos e negativos de um autor. Em alguém como o Sr. Leadbeater - cujo livro é tão afamado entre aqueles que buscam raízes "arcanas e proto-históricas" para a ordem - o raciocínio exuberante e as mais improváveis conjecturas sempre podem andar juntas. Mas gostaria de registrar minha opinião sobre o tema em tela:
1) O livro é delirante ao destacar as cerimônias "maçônicas" que o Sr. Leadbeater presenciou em sua vida no Egito. Em alguns pontos a gente quase é levado a dar gargalhadas tal a capacidade pictórica do autor em reconstruir aquelas cenas vistas por "clarividência" em uma "Loja Maçônica" egípcia. Outros devaneios de monta são as descrições dos utensílios e o recurso à "metodologia clarividente" sempre que lhe faltam os meios disponíveis. A descrição dos anjos auxiliando Saint Gérmain, "o chefe de ..." é simplesmente cinematogrática ...
2) Contrariando Mdme. Blavatsky e seu adorado Ragon - a quem tenho muitas críticas, pois se concentrava mais em dividir a ordem que em buscar uma plataforma unificadora - Leadbeater - foi grau 33 da co-Maçonaria], não da maçonaria, diga-se de passagem (nada contra os graus, apenas indico um ponto de choque com HPB que nesse assunto apoiava Ragon);
3) A visão de Leadbeater sobre os desafios dos três graus simbólicos da maçonaria não deixa de ser bem válida;
4) Em que pesem alguns exageros, a idéia da "cobertura do templo interior" manifestada por Leadbeater é digna de nota.

Bem, para que não pareça ser algo pessoal, recomendo aos amigos a leitura da Jules Boucher que ao comentar dezenas de autores maçônicos faz tabula rasa da pesquisa clarividente de Leabeater.

O que mais incomoda é que a literatura sobre o tema já era extensa na época em que foi publicada a obra cuja segunda tradução foi em 1928. À luz das modernas pesquisas, inclusive do que produziram os maçons operativos, a contribuição de C.W.L. se apequena ainda mais. Com alguma dose de generosidade, algumas interpretações do simbolismo podem ser bem vindas.

segunda-feira, abril 26, 2010

Notas sobre as Relíquias do Buda

Uma Visita às "Relíquias" do Buda


Dirigi-me pessoalmente à exposição das relíquias do Buda e seus discípulos no dia 25/04/2010, no Museu da Misericórdia que fica situado na Igreja da Misericórdia, logo na entrada do Pelourinho, Salvador.
Logo ao aproximar-me do Museu, acompanhado de meu filho, senti o enorme poder espiritual que fluía daqueles objetos. È indescritível o impacto que a presença da cristalização de um grande mestre espiritual produz sobre os homens. Ao entrar no recinto fomos conduzidos a um pequeno átrio, logo na entrada, onde foi exibido um curta metragem sobre a origem das "relíquias", seu significado, os mestres que as originaram e o percurso da mostra por uma série de países.
Em seguida fomos conduzidos ao salão principal da igreja que circumbulávamos no sentido horário, fixando-nos primeiramente nas relíquias de Buda, Tsongkhapa e outros. As duas primeiras eram muito brilhantes e esféricas, contando com uma "bolinha" maior que as outras. Delas emanava quase toda a energia vibracional de emitida por todo o conjunto. As duas certamente eram "colares de buda" em "strictu sensu".
Os monges e religiosos budistas exotéricos presentes pareciam bastante satisfeitos com os efeitos produzidos pelo espetáculo. Na verdade, estes eram mais oriundos do próprio caráter das relíquias (entre as quais, além das falsas pérolas havai os ossos e dentes de preceptores falecidos) que tendem a atrair os crédulos como em qualquer outra região.
Pouquíssimos ou talvez nenhum dos presentes sequer nutria uma fraca concepção do real alcance do que estava diante de seus olhos. O espesso véu da matéria e do engodo de "maya" cobria seus olhos presunçosos.

segunda-feira, abril 19, 2010

AS RELÍQUIAS DO BUDA - O VERDADEIRO "COLAR DE BUDA"

Algumas "relíquias" de Buda 

As Relíquias do Buda - O Verdadeiro Colar de Buda



As relíquias do Buda Sakiamuni foram oferecidas por Sua Santidade, o Dalai Lama ao Lama Zopa Rinpoche. Muitos outros mestres budistas uniram-se ao projeto e ofereceram relíquias para serem colocadas no coração da estátua do Buda Maitreia. Quando os corpos de mestres espirituais são cremados, entre suas cinzas surgem cristais parecidos com pérolas. Estes objetos são especiais porque guardam a essência das qualidades do mestre. As relíquias são evidências físicas de que ele desenvolveu muita compaixão e sabedoria antes da morte. Elas proporcionam uma oportunidade única de conexão espiritual com seres iluminados”.

O trecho acima foi reproduzido de um convite para a apresentação das relíquias do Buda Sakiamuni em capitais do Brasil. Não só deste Buda, mas discípulos notáveis como Maudgalyayana, Ananda e Sariputra e antecessores como o Buda Kasyapa. Quando estes mestres espirituais deixam a terra e são cremados surgem estas pequenas “pérolas” como testemunho de sua santidade.

Mas o que são estas pequeninas “pérolas” veneradas como relíquias do Buda por toda a extensão do Oriente? Os Budismos Exotéricos cegadas por cerimônias cuja chama espiritual oculta deixaram de compreender há muitos séculos não são capazes de compreender o que são estas “relíquias”, que não são cristalizações de virtudes ou “parâmitas” dos Budas mas representam a própria sobrevivência física e dos Budas e seu vínculo material com o presente e o passado.

Este misterioso ensinamento permaneceu oculto por séculos, talvez milênios, até que Georges Illitch Gurdjieff na série de revelações em Moscou no início do século XX trouxe a lume o segredo do “Colar de Buda”. Este termo não expressa a cadeia de reencarnações como usualmente é aceito, mas um vínculo permanente com Buda. A exposição ora realizada em várias capitais do Brasil, entre elas Salvador, pode trazer algumas destas peças entre as quais somente o verdadeiro clarividente saberia distinguir aquelas que são falsificações produzidas nos mosteiros tibetanos os verdadeiros “colares de Buda”.


Mas do que se tratam? O que são e qual é a verdadeira natureza destas relíquias?

Em “Fragmentos de um Ensinamento Desconhecido” Piotr Demianovich Ouspensky relata de forma conspícua observações magistrais de Gurdjieff sobre o “Colar de Buda”. Permitam-nos reproduzir estes preciosos argumentos:

Noutra ocasião, falávamos do Budismo do Ceilão. Eu expressava a opinião de que os budistas devem ter uma magia, cuja existência não reconhecem e cuja possibilidade é negada pelo Budismo oficial. Sem nenhuma relação com essa observação e enquanto mostrava minhas fotografias a G., falei-lhe de um pequeno relicário que vira numa casa amiga, em Colombo, onde havia, como de costume, uma estátua de Buda e, ao pé desse Buda, uma pequena dágaba (*) de marfim em forma de sino, isto é, uma pequena réplica cinzelada de uma verdadeira dágaba, interiormente vazia. Meus anfitriões abriram-na em minha presença e mostraram-me alguma coisa que era considerada uma relíquia, - uma pequena bola redonda, do tamanho de uma bala de fuzil de grosso calibre, cinzelada, segundo me parecia, numa espécie de marfim ou de nácar.
G. escutava-me atentamente.
- Não lhe explicaram a significação dessa bola? Perguntou.
-Disseram-me que era um fragmento de osso de um discípulo do Buda; que era uma relíquia sagrada de grande antiguidade.
- Sim e não, disse G.. O homem que mostrou o fragmento de osso, como você, diz, nada sabia ou nada queria lhe dizer. Pois não era um fragmento de osso, mas uma formação óssea particular que surge em torno do pescoço como uma espécie de colar, em decorrência de certos exercícios especiais. Já ouviu essa expressão: “colar de Buda”?
- Sim, disse, mas o sentido é completamente diferente. É a cadeia de reencarnações do Buda que chamam “colar de Buda”.
- È exato que esse seja um dos sentidos dessa expressão, mas falo de um outro sentido. Esse colar de ossos que rodeia o pescoço, sob a pele, está diretamente ligado ao que é chamado ‘corpo astral’. O corpo astral está, de certo modo, ligado a ele ou, para ser mais preciso, esse ‘colar’ liga o corpo físico ao corpo astral. Ora, se o corpo astral continua a viver depois da morte do corpo físico, a pessoa que possui um osso desse ‘colar’ poderá sempre se comunicar com o corpo astral do morto. Essa é a magia deles. Mas eles nunca falam dela abertamente. Tem, pois, razão, em dizer que têm uma magia, e temos aqui um exemplo dela. Isso não significa que o osso que viu seja verdadeiramente um osso. Encontrará ossos semelhantes em quase todas as casas; estou lhe falando apenas da crença que está na base desse costume.
E eu devia admitir uma vez mais que nunca encontrara tal explicação.
G. esboçou para mim um desenho que mostrava a posição dos ossinhos sob a pele; formavam na base da nuca, um semicírculo que começava um pouco adiante das orelhas.
Esse desenho relembrou-me de imediato o esquema ordinário dos gânglios linfáticos do pescoço, tais como são representados nos quadros anatômicos. Mas nada mais pude saber
”.


Ao visitante desatento tais observações sobre as “relíquias” dotadas do dom de cura e capazes de trazer inolvidáveis benefícios espirituais e físicos àqueles que por isso anseiam (assim como, supostamente o fazem as relíquias católicas ou de outras religiões) podem proporcionar-lhes um vislumbre do que dos resultados do contato físico com o elo cristalizado dos Budas. Essa é verdadeira “magia oriental” e suas relíquias – se verdadeiras – são os atributos físicos dos verdadeiros Santos.

(*) Santuário budista em forma de cúpula.

Mais informações sobre a exposição no Brasil em:

http://www.cebb.org.br/noticias/344-exposicao-reliquias-do-buda-brasil-2010

domingo, abril 18, 2010

Os Santos na Religião Universal

Os Santos na Religião Universal - Universalidade, Fenômenos e Possibilidades

Em todas a principais religiões exteriores do mundo se adoram indivíduos “santos” ou "santificados" (a diferença não é trivial porque alguém "santificado" não necessariamente é "santo" e um "santo" não é santificado mas santifica-se), seja no cristianismo, no islamismo, no judaísmo ou nas tradições orientais que não orbitam o paradigma “abrahâmico” (o hinduísmo, o budismo o zoroastrismo, o janaísmo etc) além de outras denominações . Um Santo ou Santa é sinônimo de pureza, perfeição, retidão, justiça. Um Ser que alcançou a perfeição ou iluminação.

São José de Cupertino
Há tempos atrás se acusava a Igreja Romana de haver moldado seu próprio politeísmo não só ao atribuir a triplicidade ao Divino mediante a aceitação do dogma da “Santíssima Trindade” - que caracterizava todas as religiões pagãs que a antecederam - mas também por introduzir em seu culto uma miríade de santos com estatura quase divina e que não raro ultrapassavam em muito sua condição de intermediários junto ao Todo-Poderoso Criador do Universo. Entre estes santos figuravam tanto exemplos comoventes de desprendimento e amor ao próximo como um Francisco de Assis, quanto potentados civis e religiosos que pelos mais torpes motivos políticos ou à força do uso do vil metal eram canonizados por Roma.

Na Índia, pelo contrário, o Santo ganha corpo na figura humilde e despida de vaidades do “sadhu”, alguém que, a grosso modo, se esforça por despertar algo mais sutil em si mesmo através das inúmeras práticas espirituais que o povo da Índia recebeu como galardão. O festival “Kumbh Mela” de 2010,apresentado na fotogafia abaixo, mostra uma multidão desses Santos em uma das quatro cidades em que se realiza o encontro, sempre no período em que ocorre um determinado alinhamento dos astros. Não que apenas a Ìndia resguarde este imenso tesouro espiritual, mas no mundo ocidental o obscurantismo das religiões estabelecidas, no passado, casado com a vigilância autoritária da atual "sociedade da ciência" impedem que as pessoas acatem com naturalidade seus dons e ouçam o chamado da divindade.

No “Glossário Teosófico” de Helena Petrovna Blavatstky o termo sânscrito “Sâdhu” é descrito como possuindo o seguinte significado: “Bom, puro, justo, reto, virtuoso; agradável, belo, excelente. Como substantivo: um muni, um santo. [Santos, ascetas e também faquires que pratica o Yoga tântrico, isto é, magia]”. Na Índia a santidade é um fenômeno comum e onipresente. Como indicam relatos de diferentes pesquisadores espirituais ou, casualmente, visitantes bem pouco interessados em perscrutar os segredos da vida interna indiana, estes homens e mulheres são capazes de produzir em seus próprios corpos ou no mundo externo - compreendendo os outros homens e objetos materiais - maravilhas em que dificilmente se pode crer.

Sadhus no Festival Kumbh Mela 2010


Estes dons aparentemente miraculosos são o que antigos tratados como os “Yoga Sutras” do sábio Patânjali denominam tecnicamente“sidhis” ou “perfeições”. estas faculdades se manifestam como conseqüência inevitável da prática da Yoga e do mergulho em níveis cada vez mais profundos da matéria mental. Não é bom que sejam voluntariamente perseguidas mas inevitavelmente vêem à tona, sendo que o iogue realmente alcança a maestria ao comprovar que está apto a resistir às tentações oferecidas por eles. No Ocidente Santa Tereza D’Àvila - muitos outros santos - era sujeita à levitação com inoportuna freqüência. Suas experiências místicas eram tão complexas que dizia “se entende, não entende como entende”. Assim como no Oriente, casos como a da levitação, da bi-locação (estar em dois lugares ao mesmo tempo) ou mesmo da invisibilidade são citados a “torto e direito”.

Estes são exatamente os mesmos fenômenos que marcaram as vidas do Cristo físico na Galiléia e pontuaram a passagem de Apolônio de Tyana pela terra. Incluem-se entre estes poderes a capacidade de entender sons emitidos por qualquer ser vivo, o conhecimento da mente dos outros, a invisibilidade do corpo, o conhecimento exato da hora do morte e o dom de pressagiar o futuro, o aumento da força física, o conhecimento do sistema solar, a imobilidade, a cessação da fome e da sede, a levitação e muitos outros. Aqueles sobre os quais se derrama o espírito santo ou se enroscam línguas de fogo falarão a língua dos anjos, ou seja, desenvolverão faculdades que contribuem para demonstrar aos incrédulos os limites de sua miserável existência física.

O “sadhu” não equivale ao pai de família que, tendo cumprido sua obrigação, passa a ingressar em uma fase da existência, mais contemplativa, abrindo mão de qualquer apego (“vairagya”). Ele se dedica integralmente à união com o Ser Absoluto. È um homem despojado de bens materiais - no limite das próprias roupas - e que perambula só ou em grupo em meio a um mundo que só ele sabe ou começa a perceber como uma simples ilusão, produto da disposição dos gunas em determinado momento.

Entre os hebreus, o ritual de ungir um menino e torná-lo “nazireu” (em hebraico, “separado, afastado”) embora revestido de caráter iniciático, deixa entrever que em tempos arcaicos o Senhor de Israel escolhia homens desde o berço para que cumprissem suas injunções. Em Juízes 13:5 se diz com relação à mãe de Sansão: “porque tu conceberás e terás um filho, sobre cuja cabeça não passará navalha, porquanto o menino será nazireu de Deus desde o ventre de sua mãe; e ele começará a livrar a Israel da mão dos filisteus”. A Sra. Blavatsky sugere que São Paulo era claramente um nazireu de nascença pois o capítulo 18 de Atos dos Apóstolos, versículo 18 é explicito em garantir que “Paulo, tendo ficado ali ainda muitos dias [em Corinto], despediu-se dos irmãos e navegou para a Síria, e com ele Priscila e Áquila, havendo rapado a cabeça em Cencréia porque tinha um voto”. Paulo, ademais, chegara ao grau de “Mestre Construtor” (I Coríntios, 3).

Junto a outros “Santos” como Sansão, Samuel, José (título nazireu segundo Blavatsky) não seria demasiado exagero incluir entre os modernos santos hebraicos (ou judeus) os grandes rabinos durante o exílio da Babilônia e após a queda do Templo foram os responsáveis pelas compilações dos grandes livros que compõem junto à Torah e o Tanach o Pentateuco e demais livros da Bíblia Judaica - o berço comum e repositório último da moderna tradição judaica. Estes recebiam títulos honrosos que denotavam não apenas respeito e admiração mas reconhecimento genuíno por seu exemplo de vida. Em termos espirituais o judaísmo reconhece ainda os “Tzadki” ou corretos cujo número é bastante pequeno, ou trinta e seis.

Na comunidade islâmica ou “Umma” ao lado da crença na linhagem ininterrupta dos “imames” (e da existência de um “imame vindouro” cuja semelhança com o “Buda Vindouro”, o “Messias” judaico ou o Jesus “ressuscitado” é mais ou menos óbvia) predomina até a atualidade em algumas localidades a crença nos poderes especiais de indivíduos e localidades que em nada se afastam do que no mundo católico e ocidental se associa aos Santos e locais sagrados de peregrinação onde são depositados os “Ex-votos”.

Para Mathew Gordon, “(...) em todo o mundo islâmico, persiste a crença de que indivíduos e linhagens de família podem ser privilegiados com poderes espirituais especiais ou com uma proximidade com o sagrado. Existe considerável sobreposição entre a veneração de tais ‘santos’ e os aspectos mais populares do sufismo, inclusive o uso do termo corânico wali Allah(“amigo de Deus”) para ‘santos’ tanto sufis quanto muçulmanos”.

E continua: “(...) O mundo islâmico mostrou muitas vezes desconforto, e mesmo uma nítida hostilidade, em relação a essas crenças e às práticas a elas associadas. Suas relações baseiam-se geralmente na idéia de que a santidade deveria ser atribuída somente a Deus, e nunca a Seres humanos. Para muitos muçulmanos comuns, porém, a idéia de “santos”, ou de santidade nos seres humanos não tem nada de censurável e a veneração dessas figuras tem sido parte importante de sua vida religiosa e espiritual até os dias de hoje. Estas crenças podem girar ao redor da piedade e reputação moral do ‘santo’ ou concentrar-se na capacidade dele de transformar o mundo físico (por exemplo, através da cura) ou de impor-se aos elementos naturais. Em muitas regiões do mundo islâmico esta presente a crença na baraka - uma benção espiritual que pode ser transmitida de um ‘santo’ ou de relíquias de um ‘santo’ (como seu túmulo) para o seguidor. Outras figuras santas aparecem mais como heróis populares famosos, por exemplo, por sua resistência diante de soberanos opressores”.

“(...) Por exemplo, a cidade de Marrakech no sul do Marrocos - muitas vezes mencionada como “o túmulo dos santos”, devido a grande numero de pessoas santas ali sepultadas - é associada particularmente a sete ‘santos’ que são celebrados em sete festivais de bairro”. Outros santos muçulmanos famosos são o egípcio Sayyd Ahmad Al-Badale (morto em 1276 D.C.) e Abd Sha Ghazi, em Karachi, Paquistão.

Os ensinamentos que se pode tirar da quase universal presença de santos, no Oriente é Ocidente é que a santidade é um estado acessível a todos os mortais. De acordo com a Lei da Evolução que é ascendente, não descendente, todos se tornarão santos um dia, seja porque possuam uma disposição inata do espírito - kármica - seja por mostraram-se retos na senda e alcançarem novos progressos. O caminho da efetiva iniciação, a real iniciação cujos percalços são espelhados nos símbolos e rituais especulativos é longo e tortuoso.

Se tomarmos um automóvel dirigindo-o em alta velocidade ou desembestarmos montados em um robusto cavalo através das íngremes montanhas dos Andes corremos o sério risco de despencar de um penhasco e perdermos o corpo físico. Na iniciação real em direção à Santidade a pressa ou à busca de atalhos é muito pior pois esta pode envolver muitas vidas e um pequeno desvio nos lançaria no fundo de um abismo que tomaria longo tempo para ser galgado.

O exemplo dos homens e mulheres santos de todas as partes do planeta é valioso para os buscadores porque os anima a perseguir o mesmo ideal virtuoso que os levou ao encontro da real identidade do “self” e à conquista do mundo ilusório, a liberdade. Estes seres, obedecendo à Lei Universal do Ajuste, romperam seus grilhões. Pouco podemos dizer sobre os mecanismos internos que os levaram ao êxito pois que isto foge aos nossos atuais possibilidades de compreensão. Estes são os homens realmente livres e maiores que os Anjos e os Deuses (Devas) porque vencendo a batalha contra o mal alcançarão primeiramente os céus e no futuro se tornarão Senhores do Sistema Solar.

segunda-feira, abril 12, 2010

OCULTISMO Versus CIÊNCIAS OCULTAS

OCULTISMO Versus CIÊNCIAS OCULTAS
Excerto

IN: BLAVATSKY, H.P. Ocultismo prático e as origens do ritual na igreja e na maçonaria. Clássicos Pensamento. São Paulo: Pensamento, 2010.

“Esta última palavra certamente se presta a equívocos, traduzida que foi da palavra composta Gupta-Vydia, ‘conhecimento secreto’. Conhecimento de quê, entretanto? Algumas palavras sânscritas podem nos ajudar.
Há quatro nomes (entre muitos outros) para designar as várias espécies de conhecimentos ou ciências esotéricas ou mesmo exotéricos Puranas. São elas: (1) Yajna-Vidya, conhecimento das forças ocultas que podem ser despertadas na natureza a partir de certas cerimônias e ritos religiosos; (2) Mahavidya, ou ‘magnífico conhecimento’, a magia dos cabalistas e das seitas Tantrika, quase sempre feitiçaria da pior espécie; (3) Guhya-Vidya, conhecimento das forças místicas que habitam o som (éter), presentes, por conseguinte, nos mantras (preces e ladainhas cantadas), segundo o ritmo e a melodia usadas; em outras palavras, um espetáculo de magia baseado no conhecimento das forças da natureza e em sua correlação; e (4) ATMA-VIDYA, palavra cuja tradução é simplesmente ‘conhecimento da alma’, verdadeira Sabedoria segundo os orientalistas, mas cujo significado é muito mais amplo do que esse”.

Esta última é a única modalidade de ocultismo que os teosofistas, aqueles que se consiram admiradores da ‘Luz no Caminho’ ( (Light on the Path), que se querem sábios altruístas, deveriam se esforçar por obter. Tudo o mais não passa de um ramo ou outro das ‘ciências ocultas’, ou seja, métodos que visam ao conhecimento da essência última de tudo que existe no reino na natureza - como os minerais, as plantas, os animais, logo, dos fatos que dizem respeito ao domínio da natureza material, por mais que tal essência continue continue invisível à compreensão da ciência.

O candidato tem que escolher decididamente entre a vida mundana e a vida do ocultismo. É inútil e vão tentar juntar as duas coisas, pois ninguém pode servir a dois senhores e satisfazer a ambos. Ninguém pode ao mesmo tempo servir ao corpo e à alma superior ou cumprir com seus deveres familiares e universais sem privar uma coisa ou outra de seus direitos; assim também, o aspirante ou se dispõe a ouvir a ‘vozinha’ e deixar de ouvir o choro de seus pequenos, ou bem atende a estes e permanece surdo à v voz da humanidade. Para todo homem casão que busca o verdadeiro ocultismo prático e não a sua filosofia teórica, isso seria uma tarefa interminável e enlouquecedora. Pois ele estaria sempre hesitando entre a voz impessoal do divino amor da humanidade e a voz do amor pessoal, terrenal. E isso somente conduz ao fracasso numa ou noutra direção, ou até mesmo em ambas. Pior que isso: todo aquele que, tendo se comprometido com o OCULTISMO, rende-se às delícias do amor ou da cobiça humana, sentirá imediatamente as conseqüências - será irresistivelmente arrastado do estado divino impessoal para o plano inferior da matéria. A autogratificação sensual ou mesmo mental implica a perda imediata das faculdades de discernimento espiritual; a voz do MESTRE não mais poderá ser distinguida da voz das próprias paixões ou mesmo daquela de um Dugpa, nem o certo do errado, nem a moral sadia do mero casuísmo”.

“Uma vez equivocados e ainda assim persistentes no equivoco, muitos se recusam a reconhecer os seus erros, afundando-se cada vez mais no lamaçal. E muito embora seja a intenção que em principio determina se a magia é branca ou negra, nem por isso o resultado da feitiçaria mais involuntária deixará de produzir um mau karma. Já se disse muitas vezes que feitiçaria é qualquer espécie de influência maléfica a que se procura expor o outro, fazendo com que sofra e, por conseguinte, provocando o sofrimento também de outros. O karma é como uma pesada rocha a despencar nas águas calmas da vida, produzindo círculos cada vez mais amplos que se estendem, longamente, quase ad infinitum.
Assim produzidas, as causas exigem efeitos posteriores como evidenciam as justas leis da retribuição.
Tudo isso poderia ser evitado em grande parte se as pessoas simplesmente renunciassem ao exercício de práticas cuja natureza ou importância elas não compreendem. Não se pode exigir que alguém carregue um fardo mais pesado do que suas forças permitem”.

quarta-feira, março 10, 2010

Jacob Böehme, o Sapateiro Alemão

Jacob Böehme, o Sapateiro Alemão


Se nós analisarmos a vida de Jacob Boehme, um pobre sapateiro alemão, ficaríamos deslumbrados e dificilmente acreditaríamos que alguém que veio de tão baixo na escala social da época - por favor, não me comparem com o Bóris Casoy - foi capaz de atingir tamanho nível de iluminação.
Isto prova que não foi alguém que surgiu do "nada" mas resultou de um longo processo evolutivo que atravessou várias vidas. Eu me lembro de quanto fiquei estupefato quando li Boehme pela primeira vez e me vi diante de algo que eu achava que fosse monopólio das religiões orientais. Algo que só me causou tanto espanto quanto ver uma gravura de um europeu que ilustrava exatamente o mesmo que os hindus chamavam de "chackras" no século XVIII: Johan Georg Gichtel.
Há bastante tempo também perdemos um grande mestre, o Sr. Ramakrishna, também conhecedor dos mais elevados ensinamentos dos Vedas apesar da pouca instrução formal e de ser filho de pais pouco ou nada instruídos.
Tudo isso me faz recordar que há dois meses falava com uma Professora "Doutora" em filosofia que veio de São Paulo para a Bahia e era especialista naquele individuo chamado Wittgenstein. Ela simplesmente nunca havia ouvido o nome de Böehme e esboçou um sorriso algo sarcástico quando disse que tudo e muito mais que o idealismo alemão pretende ter legado ao mundo Böehme adiantou. "Nunca ouvi falar dele em Heidelberg".
Pois bem. Ela nunca ouviu falar, mas Hegel, Schopenhauer, Bauer, Feuerbach e muitos outros ouviram sim.
Não adianta perder nosso tempo precioso tempo com esse tipo de gente porque tudo o que querem é tornar menos tediosa a passagem de um grupo de indivíduos que "curte" se entreter com os joguinhos da "mente concreta inferior" até mais que os malabarismos sexuais ou etílicos até mais agradáveis e menos danosos aos macrocosmos.
Do alto da minha ignorância de quem até de filósofo armênio aprendeu alguma coisa - não Gurdjieff, mas o Dr. Jacob Bazarian - eu diria que essa gente nunca ouviu falar da intuição superior e, muito menos, da sua causa...

* Cópia de postagem no dia 11/03/2010 no orkut. Comunidade Teosofia