Ah, os filósofos gregos. Foram eles que irrefletidamente abriram caminho para o cristianismo. Oxalá a Grécia nunca houvesse produzido outros filósofos que os epicuristas e estóicos. Estes eram médicos da alma que faziam do pensamento um estilo de vida. Todos eles são culpados pelas idéias que se encontram no cerne da Teologia Cristã. A permanência, a eternidade, a unicidade de Deus. A inconstância do mundo fenomenal face ao universo das idéias, imutáveis, perfeitas. O Bem e o Belo, o misterioso "Logos". Sócrates e Platão, o Cristo e o Paulo da Atenas clássica. O mito da morte e ressurreição incorporado em Sócrates vítima, na verdade, da democracia ateniense. Platão, o homem que detestava a poesia. Sem ele a humanidade seria bem melhor, sem Homero, Píndaro e Safo nenhum de nós contemplaria o belo que aquele odioso falastrão só concebeu intelectualmente.
Claro que detestavam o teatro. O filósofo idealista era matéria satírica naqueles tempos. Supunham que a poesia e as artes em geral iludiam os homens. Os dois eram muito inferiores à Aristóteles, o primeiro filósofo a uma visão de mundo abrangente e com alto poder explicativo. O sábio estagirita não desprezava a cultura. Estudou-a, traçou-lhe as origens, fez fama como o primeiro grande crítico literário que se conhece. Remontou as origens da tragédia ao Ditirambo, da comédia nos cantos fálicos dos rituais de fertilidade. Dioniso, pai da verdadeira beleza, não a quimera abstrata de Platão.
Aristóteles foi admirado e desprezado pelos cristãos na idade média. Seu pensamento foi amesquinhado e privado do que tinha de original e eterno. Não a física, mas a sua admirável visão da beleza, construída como um contraponto à ignorância arrogante de Platão e sua escola. A tragédia, expressão mais alta do drama, provoca-nos a "katharsis", uma purgação das emoções pelo compartilhamento do terror e da piedade. Os cristãos jamais acolheriam plenamente em seu seio um filósofo da arte que, ademais, preferiu fugir a ser morto após a queda de Alexandre. Não tinha a vocação socrática para mártir.
Claro que detestavam o teatro. O filósofo idealista era matéria satírica naqueles tempos. Supunham que a poesia e as artes em geral iludiam os homens. Os dois eram muito inferiores à Aristóteles, o primeiro filósofo a uma visão de mundo abrangente e com alto poder explicativo. O sábio estagirita não desprezava a cultura. Estudou-a, traçou-lhe as origens, fez fama como o primeiro grande crítico literário que se conhece. Remontou as origens da tragédia ao Ditirambo, da comédia nos cantos fálicos dos rituais de fertilidade. Dioniso, pai da verdadeira beleza, não a quimera abstrata de Platão.
Aristóteles foi admirado e desprezado pelos cristãos na idade média. Seu pensamento foi amesquinhado e privado do que tinha de original e eterno. Não a física, mas a sua admirável visão da beleza, construída como um contraponto à ignorância arrogante de Platão e sua escola. A tragédia, expressão mais alta do drama, provoca-nos a "katharsis", uma purgação das emoções pelo compartilhamento do terror e da piedade. Os cristãos jamais acolheriam plenamente em seu seio um filósofo da arte que, ademais, preferiu fugir a ser morto após a queda de Alexandre. Não tinha a vocação socrática para mártir.
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