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sábado, abril 27, 2013

JACK KEROUAC.Cenas de Nova York & outras viagens.

Jack Kerouac

"Eu simplesmente me deitava nos campos da montanha ao luar, com a cabeça na grama, e ouvia o reconhecimento silencioso das minhas angústias passageiras. - Sim, desse modo, tento atingir o Nirvana quando você já está nele, atingir o topo de uma montanha quando já está lá e tem apenas que permanecer - assim, permanecer na bem-aventurança nirvânica é tudo o que tenho a fazer, que você tem a fazer, sem esforço, sem caminho realmente, sem disciplina, mas saber que tudo é vazio e desperto, uma Visão e um filme da Mente Universal de Deus (Alaya-Jnanana) e permanecer mais ou menos sabiamente em meio a isso. - Porque o silêncio em si é o som dos diamantes que podem cortar tudo, o som da Vacuidade Sagrada, o som da extinção e da Bem Aventurança, esse silêncio de cemitério que é como o silêncio do sorriso de um bebê, o som da eternidade, da beatitude na qual certamente é preciso acreditar, o som de que jamais-houve-nada-senão Deus (que em breve eu ouviria em uma ruidosa tempestade no Atlântico. - O que existe é Deus em sua Emanação, o que não existe é Deus na sua serena Neutralidade, o que nem existe nem não existe é a divina aurora primordial do Céu Pai (este mundo neste exato instante). _ Por isso eu disse: 'Permaneça nisso, aqui não existem dimensões para quaisquer das montanhas ou mosquitos ou vias lácteas inteiras dos mundos'.
Porque sensação é vazio, envelhecimento é vazio. - Tudo é apenas a Dourada Eternidade da Mente de Deus, por isso pratique a bondade e a compreensão, lembre que os homens não são responsáveis por si mesmos, por sua ignorância e maldade, se deve ter pena deles, Deus se compadece porque o que há para se dizer a respeito de qualquer coisa visto que que tudo é apenas o que é, livre de interpretações - Deus não é 'aquele que alcança', ele é 'viajante' naquilo em que tudo é, o 'que subsiste' - uma lagarta,mil cabelos de Deus. _ Portanto, saiba sempre que isto é apenas você, Deus, vazio, desperto e eternamente livre como os incontáveis átomos da vacuidade em todos os lugares".

JACK KEROUAC.Cenas de Nova York & outras viagens. L&PM Pocket, Santa Maria, 2012. pp. 41 ee 42

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