Muitos iniciantes no estudo do esoterismo e ocultismo se deparam após estudos avançados de Yoga ou do "Quarto caminho" com a cômoda possibilidade de empregar um "tipo de substância que, atuando sobre a "psiquê", induza a incursão célere em níveis "superiores" de consciência. A respota positiva a essa pergunta leva a opções como a do moderno "xamanismo" (em suas correntes e interpretações latino-americanas e brasileiras, inclusive) ou ao recurso a chás, cogumelos, infusões e beberagens associadas às idéias "à la Castañeda" em curso há cerca de três décadas.
Em sua magistral obra "O Quarto Caminho", um resumo de palestras realizadas em Londres para um seleto grupo de discípilos, Peter Ouspensky esclarece, de forma precisa e sucinta, toda a falácia subjacente às drogas e como o Sistema de Gurdjieff opõe-se veemente a elas. Por outro lado, o mesmo sistema rejeita abertamente os "vagabundos" ou indíviduos que sequer são capazes de dar um curso mínimo às suas vidas por reputá-los incapazes de dar, sequer, os passos iniciais no Trabalho.
"Pergunta: As drogas não podem nos pôr em contato com os centros superiores (1)?
Resposta: A idéia não é nova; as drogas foram usada nos tempos antigos, na Idade Média, nos Mistérios da Antiguidade, na magia, etc. Constatou-se que alguns estados interessantes resultavam de um uso inteligente das drogas. O sistema (2), no entanto, opõe-se a elas. O seu uso não dá bons resultados, porque elas não podem influir na consciência, faze-l a crescer. Entorpecendo os centros inferiores, as drogas podem nos pôr em contato com os centros superiores, mas isso não nos seria de nenhuma utilidade, porque só podemos nos lembrar na medida em que temos consciência. Visto que não a temos, a ligação com os centros superiores só resultará em sonhos ou inconsciência.
Todos esses estados de transe descritos, por vezes, nos livros, são um caminho muito perigoso. O ato de transportar-se a um transe está relacionado com a criação da imaginação no centro emocional superior, e isso é um beco sem saída. Se estivemos nele, não podemos sair nem ir adiante. A nossa idéia é controlar a imaginação; se, em vez disso, a convertemos, através de certos métodos, em imaginação no centro emocional superior, obteremos satisfação felicidade, mas, no fim das contas, trata-se apenas de dormir num nível superior. O verdadeiro desenvolvimento deve seguir duas linhas: desenvolvimento da consciência e desenvolvimento dos centros (3).
Além do mais, tais experiências são, em geral, desapontadoras, porque as pessoas geralmente consomem, na primeira experiência, todo o material que possuem para serem conscientes. Pode-se dizer o mesmo de todos os métodos de entorpecimento mecânicos e auto-hipnotizadores; dão os mesmos resultados que as drogas; adormecem os centros comuns, mas não podem aumentar a consciência. Mas, quando a consciência se desenvolver, os centros superiores não apresentarão nenhuma dificuldade. Admite-se que o centro emocional superior funciona no terceiro estado de consciência e o centro intelectual superior no quarto".
OBS:
(1) No sistema de Gurdjieff traçado por P.D. Ouspensky os centros intelectual e emocional superior não estão ativados no homem comum ou apenas acidentalmente. Em condições usuais de vida a “usina humana” não pode produzir as substâncias sutis (que Gurdjieff chamada de “hidrogênios” como combinações trinas de forças e elementos) para alimenta-lãs.
(2) O “Sistema” é o “Quarto Caminho” ou o “Caminho do Homem Astuto”, uma outra possibilidade em relação ao “Caminho do Faquir”, do “Monge” e do “Iogue” (definidos a partir do predomínio dos centros instintivo-motor, emocional e intelectual inferiores).
(3) Desenvolver os “Centros” é ter a capacidade de alimenta-los de forma adequada para funcionem com o seu próprio combustível.
Leo, leio seu Blog, e sei que você é adepto do Quarto Caminho.Conheci o G. a pouco tempo, e queria saber o que se faz com a energia sexual, acumulariamos energia com a abstinência sexual? ou acumulariamos energia praticando o coito anal? o que pensa sobre a energia/magia sexual?
ResponderExcluirobrigado
Olá Cassio. De modo algum as coisas se dão dessa forma. G. jamais falou em "abstinência sexual" nem mesmo seus discípulos Ouspensky, Nichol ou outros. Trata-se do uso correto do centro sexual, o que é bem diferente. Usar o centro sexual de forma correta é empregá-lo sem impregnar a atividade sexual com motivos dos centros emocional ou intelectual. Abraços, Leo.
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