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quarta-feira, novembro 16, 2005

Grosseiro Individualismo

O triunfo do individualismo mais grosseiro. Outro dia um cidadão acionava o órgão competente da Prefeitura contra uma Igreja. O "barulho" do sino o incomodava. Tocar um sino reúne um misto de talento e perseverança, afinal, trata-se de um instrumento musical. Mas este ao que parece não era um destes sinos tradicionais, como aquele que o corcunda de Notre Dame repicava aos trancos e barrancos.

Era um pequeno aparelhinho eletrônico com um amplificador e alto-falantes que, com certeza, nem possuía tanta potência assim. Duvido que a paróquia pudesse elevá-lo à altura de um monte de decibéis, ao ponto de atazanar o sono da figura. E mesmo que o fosse, não era hora de um brasileiro de bem, estar se levantando para o trabalho? Aí está o busílis da questão. Os tempos são outros, ninguém se ocupa de nada que não seja a própria vidinha e, ocasionalmente, da família.

Tamanho é o desrespeito por quaisquer valores que uma Igreja milenar, a Católica Apostólica Romana, é alçada ao mesmo nível do botequim da esquina freqüentado por arruaceiros contumazes. E o mais significativo em todo o episódio é que envolve (já consigo ouvir as vozes roucas dos pileques e tragadas de cigarros da esquerda se levantando contra mim ) a Igreja Católica. Ao acatar a denúncia do indivíduo em lugar de dar-lhe um chute no traseiro, a autoridade sancionou o ato sacrílego.

Um reles funcionário de quinto escalão engrossa as hostes deste movimento internacional contra a plataforma ética ocidental, destrói os fundamentos da civilização incorporados inocentemente num sino que ressoa há milênios. Ainda há pouco um oficial da PM causou escândalo ao entrar no Centro Espírita sem ser convidado. Foi exonerado. Qualquer leve objeção às práticas dos "Baha-is" ou dos muçulmanos fundamentalistas é tida como enxovalhar a liberdade de expressão. Mas o pequeno sino não pode bater na capela sem que os rigores da lei recaiam sobre o pobre pároco.

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