Lendo aos 40 anos a obra "A Queda" de Albert
Camus me dei conta, repentinamente, da grandiosidade do autor, traduzida
em sua habilidosa forma de captar o elevado conceito que o indivíduo da
espécie humana forma de si mesmo. É como se eu me visse retratado no
seu mundo interior, com as mesmas aflições, sofrimentos, angústias e
aquela típica inclinação terráquea de se enxergar bem no íntimo como
superior ao outro, um pequenino Deus separado do restante da humanidade.
Creio que qualquer pessoa experimentaria impressão análoga lendo os
seus livros, o que torna a sua obra realmente universal. Há uns vinte e
tantos anos atrás achei o mesmo livro tedioso.
"Mais voilá, j'étais du bon côté, cela suffisait à la paix de ma
conscience. Le sentiment du droit, la satisfaction d'avoir raison, la
joie de s'estimer soi-même, cher monsieur, sont de ressorts puissants
pour nous tenir debout ou nous faire avancer. Au contraire, si vous en
privez les hommes, vous les transformez en chiens écumants. Combien de
crimes commis simplesmente parce que leur auter ne pouvait supporter
d´être en faute!"